VISITA AO “DE RUYTER”
Por Miguel Machado • 11 Abr , 2012 • Categoria: 03. REPORTAGEM, 14.TURISMO MILITAR PrintO Porto de Lisboa recebe frequentemente navios de guerra estrangeiros e raras são as vezes que estes não estão disponíveis para receber visitas. Em 7 e 8 de Abril de 2012 dois navios do “Standing NATO Maritime Group One” (SNMG1), estiveram abertos ao público e nós também aproveitamos para uma curta visita. Começamos pelo “De Ruyter”.
O “De Ruyter” é uma das 4 Fragatas de Comando e Defesa Aérea da “Koninklijke Marine”, a Real Marinha Holandesa, pertencente à classe “De Zeven Provinciën”. Entraram ao serviço entre 2001 e 2005 (a “De Ruyter” em 2004) e são as mais modernas desta marinha a qual ainda mantém 2 “M, “Multipurpose”, (ou “Karel Doorman”), as que restaram das 8 originais desta classe.
Só a título de curiosidade aqui fica um pouco da história destas “M” uma vez que a Marinha Portuguesa também tem duas no seu efectivo: em 2005 e 2007 a Holanda vendeu duas ao Chile (“Abraham Van Der Hulst”, agora “Almirante Blanco Encalada” e “Tjerk Hiddes”, agora “Almirante Riveros”) em 2007 e 2008 duas à Bélgica (“Karel Doorman”, agora “Leopold I” e “Willem van der Zaan”, agora “Louise-Marie) e em 2009 e 2010, duas a Portugal (“Van Nes”, agora “Bartolomeu Dias” e “Van Galen”, agora “D. Francisco de Almeida”. Restam assim as “Van Amstel” e “Van Spejk”, estando no entanto a Marinha Holandesa já a estudar os navios que as irão substituir por volta de 2023-2024.
Mas voltando à “De Ruyter” (classe “De Zeven Provinciën”), o navio que neste momento comanda a SNMG1 – vem embarcado o comandante da força, o comodoro holandês Ben Bekkering – e passa por Lisboa no âmbito da operação “Active Endeavour” (OAE). Trata-se genericamente de uma operação da NATO, iniciada em 2001, e na qual se desenvolvem acções de combate ao terrorismo e de recolha de informações tendo em vista o seguro uso do mar. Portugal participa (participava?) regularmente na OAE quer com fragatas da Marinha quer com aviões P-3 da Força Aérea.
Este navio holandês, no comando da SNMG1 (composta também pelos “Rheinland Pfalz” da Alemanha, “Charlottetown” do Canadá e “Álvaro de Bazan” de Espanha), escalou Lisboa no regresso do Mediterrâneo onde ainda há poucos dias efectuou exercícios com o porta-aviões USS Enterprise, e antes, levado a cabo outra série de exercícios na região de Creta, onde se simulou o combate contra alvos aéreos e navais em simultâneo, com o emprego de armas ligeiras, lança-granadas, misseis e canhões de tiro rápido.
A visita decorreu com o navio atracado no Terminal de Passageiros de Santa Apolónia, a jusante do Jardim do Tabaco, e havia grande afluência de público: o assunto interessa a muita gente! Como se calcula nestas ocasiões não há possibilidade de ver grandes detalhes do navio, nomeadamente do seu interior. Assim o que fizemos foi um “circuito turístico” onde se tomou contacto com os principais sistemas de armas. É isso que as fotos ilustram como não podia deixar de ser. Mostramos o que vimos, deixamos alguns dados genéricos fornecidos no navio que podem interessar e assinalamos alguns detalhes.
O “HNLMS De Ruyter” (“HNLMS” significa His/Her Netherlands Majesty’s Ship, ou em holandês/dutch “Hr. Ms”. É o equivalente ao nosso NRP – Navio da República Portuguesa), assim como os outros navios da classe, os HNLMS De Zeven Provinciën, HNLMS Evertsen e HNLMS Tromp, são fragatas que têm, segundo a Marinha Holandesa, duas importantes missões: a de “Comando”, no sentido de ter a capacidade de dirigir as operações de outras unidades/forças; a de “Defesa Aérea” porque está equipada com meios que o permitem, garantindo a protecção a uma esquadra. No entanto esta designação “defesa aérea” pode induzir em erro porque, como se verá pelas imagens – e pela curta descrição acima feita de um exercício – o navio dispõe de sistemas de detecção, seguimento e armas, capazes de destruir alvos nas diferentes dimensões.
A tecnologia “stealth” é uma das mais evidentes características destes navios, o formato e ângulos da sua estrutura, havendo cada vez menos áreas em que se “anda ao ar livre”!
Algumas características
Os navios desta classe foram construídos na Holanda pelo “Koninklijke Schelde Groep” de Vlissingen. Alemanha e Espanha também participaram no projecto na fase de design.
Sendo um navio com elevado grau de automação tem uma guarnição relativamente reduzida para as suas dimensões, 204 dos quais 22 pertencem ao Estado-Maior da força e 10 à tripulação e apoio ao helicóptero NH90.
O navio tem 144m de comprimento, um deslocamento de 6.048 toneladas (para dar uma ideia comparativa com as nossas “Vasco da Gama”, isto são, respectivamente, mais 30 metros e mais 2.848 toneladas) e velocidade máxima de 30 nós (60Km/h). Tem três sistemas de propulsão: 2 Turbinas a gás Rolls Royce; 2 motores diesel Stork Wärtsilä ; 4 Geradores Diesel Alsthom Paxman
Armamento
Dispõe de um VLS Vertical Launch System (VLS) para mísseis composto por 5 módulos de 8 células de lançamento. Cada célula pode alojar 1 ou 8 misseis, consoante este for “Standard” ou “Sea Sparrow”. No total o VLS pode alojar 40 “Standard” ou 160 “Envolved Sea Sparrows” ou uma mistura de ambos.
A peça é uma “Oto Breda” 127/54 para alvos terrestres e navais, calibre 127mm, um peso de 38 toneladas e cadência de tiro máxima 40 tiros por minuto. Pode atingir alvos até 30 quilómetros de distância.
Miguel Machado é
Email deste autor | Todos os posts de Miguel Machado