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SR. PRESIDENTE DO SINDICATO DOS OFICIAIS DE POLÍCIA, OS MORTOS MERECEM RESPEITO!

Por • 13 Out , 2013 • Categoria: 02. OPINIÃO, 11. IMPRENSA, EM DESTAQUE Print Print

Tem sido frequente, nas páginas dos jornais, a troca de argumentos entre elementos qualificados das duas forças de segurança mais numerosas em Portugal, muitas vezes a roçar a ofensa, sobre vários aspectos das suas realidades e do que querem para o futuro. É uma triste realidade, evitável, mas agora, o Presidente do Sindicato dos Oficiais de Polícia foi longe de mais e deveria, no mínimo, clarificar o que disse ou retratar-se.

Não há mortos ao serviço da Pátria de 1.ª ou de 2.ª, todos deram a vida pelo bem comum e como tal devem ser respeitados. Os de Aljubarrota como os de Alcácer Quibir, ou de La Lys como os de Chaimite, os de Goa como os de Gadamael, os da Bósnia-Herzegovina como os do Afeganistão. Merecem respeito e não devem ser usados em tricas politicas e corporativas.

Não há mortos ao serviço da Pátria de 1.ª ou de 2.ª, todos deram a vida pelo bem comum e como tal devem ser respeitados. Militares, policias e outros servidores do Estado. Caídos no estrangeiro ou em território nacional, merecem igual respeito, morreram no cumprimento do dever. Uns e outros, não devem ser usados em tricas politicas e corporativas.

É verdade no melhor pano cai a nódoa mas é sempre tempo de a limpar! Na edição de 10OUT13 do “Diário de Noticias”, Hélder Andrade, Presidente do Sindicato de Oficiais de Polícia, escreve sobre horários de trabalho, por sinal até com vários argumentos muito válidos, mas às tantas decide afirmar “Só na PSP, sem contabilizar as outras Polícias, camaradas de profissão que infelizmente também já tiveram as suas vítimas, morreram mais elementos ao serviço da causa pública nos últimos 30 anos do que nos três ramos das Forças Armadas juntos”.

 Estranhíssima afirmação por dois motivos principais:

 1. Não está suportada em números, é portanto no mínimo duvidosa, e as Forças Armadas nunca divulgaram os números dos seus militares que morreram em serviço “nos últimos 30 anos”;

2. Hélder Andrade diz logo de seguida, sobre as condições militar e policial, que “São realidades nobres e distintas, mas de igual valor e mérito”.

Pois aí devia ter ficado, nesta igualdade, evitando a tentativa desnecessária e muito duvidosa de menorizar as Forças Armadas.

Em Belém, junto ao Monumento aos Mortos no Ultramar há uma placa onde estão os Militares Portugueses Mortos em Missões de Paz. Ali estão, colocados pela Liga dos Combatentes, 16 nomes das Forças Armadas e 2 da Guarda Nacional Republicana que faleceram no exterior do território nacional.

Note bem Hélder Andrade que os mortos no cumprimento do dever em Portugal – “nos últimos 30 anos” – marinheiros, soldados, aviadores, esses, só os ramos das Forças Armadas saberão quais são e deveria documentar-se junto da Marinha, Exército e Força Aérea, antes de escrever.

E, já agora, porquê nos “últimos 30” e não nos “últimos 100”, ou nos “últimos 10”, porque lhe dá jeito?

Insere o mesmo texto, mais uma contradição, um post scriptum de respeito pelos combatentes da última guerra que Portugal travou no então Ultramar (o que lhe fica naturalmente bem), mas não tira daí as devidas conclusões para o argumento do número de mortos vs respeito!

No entanto, o motivo primeiro que me levou a escrever estas linhas, é que independentemente dos números que Hélder Andrade, em nome da verdade e do rigor, consiga recolher e divulgar para limpar a “nódoa” que escreveu, não posso deixar de dizer que lhe ficou mal. Muito mal mesmo Sr. Oficial de Polícia – imagino que isso ainda seja no mínimo tão importante como ser sindicalista – vir “argumentar” com os números dos mortos ao serviço da Pátria. Não é coisa que se traga à colação de modo tão ligeiro. Cada morto ao serviço da Pátria, polícia ou militar, não equivale a um simples algarismo, tem nome, e o seu sacrifício pelo bem comum merece tal respeito que está acima das tricas políticas e corporativas que no seu texto estão em causa e que aos mortos e suas famílias nada dizem.

Miguel Silva Machado

Torres Vedras, 12 de Outubro de 2013

 

 

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