SÃO JACINTO ASSINALA DIA DA UNIDADE
Por Miguel Machado • 24 Fev , 2016 • Categoria: 01. NOTÍCIAS PrintNo próximo dia 18 de Março, o Regimento de Infantaria 10, unidade que garante a continuidade da presença militar na península de S. Jacinto (Aveiro), comemora o seu dia festivo e, em simultâneo, o 20.º aniversário da partida para a Bósnia do 2.º Batalhão de Paraquedistas, o mesmo que nesse dia vai receber o seu Estandarte Nacional para mais uma missão expedicionária: Kosovo.
O programa das festividades começa já dia 11 de Março com um desfile militar na Avenida Dr. Lourenço Peixinho na cidade de Aveiro, e encerra-se no dia 18, na “Base” de S. Jacinto, com a tradicional cerimónia militar (ver abaixo o programa completo).
Este ano os actos oficiais têm significado acrescido, por dois motivos principais: porque se comemoram 20 anos que desta mesma unidade, designada ao tempo Área Militar de S. Jacinto, partiu para a missão da NATO na Bósnia e Herzegovina (IFOR/NATO), o então 2.º Batalhão de Infantaria Aerotransportado e o Destacamento de Apoio de Serviços – num total de mais de 900 militares; porque, coincidências da história, este mesmo batalhão, agora 2.º Batalhão de Infantaria Paraquedista, vai nesta cerimónia receber o seu Estandarte Nacional para rumar mais uma vez aos Balcãs, agora ao Kosovo onde integrará a força da NATO ali em acção, a KFOR.
Estandarte Nacional
O envio de forças expedicionárias do Exército para missões nos teatros e operações onde já se encontram contingentes nacionais é um processo contínuo e que obedece a um ciclo pré-definido. Em condições normais a cada seis meses nova força substitui a que se encontra em operações. Ao mesmo tempo em Portugal uma outra inicia a fase de preparação para, passados seis meses, rumar ela ao estrangeiro.
Um dos momentos que antecedem a partida e marcam, com algumas excepções, o final da preparação do contingente que vai avançar para uma missão no exterior do território nacional, é a cerimónia de entrega do Estandarte Nacional. E pode-se perguntar porque assim é? Na realidade não só muitas das unidades expedicionárias são constituídas “ad-hoc” para a missão, ou seja, são criadas apenas para esse fim e extintas no seu final, como outras existentes não dispunham de estandarte nacional, por tal não estar previsto para tal tipo de unidade. Simplificando, pode dizer-se que até ao inicio das missões de paz dos anos 90, só tinham estandarte nacional as unidades tipo Regimento ou aquelas que tinham “quartel próprio”. Os batalhões, integrados em regimentos ou brigadas à luz dos regulamentos vigentes não tinham direito ao seu uso.
Claro que sendo essas unidades expedicionárias (batalhões, companhias ou mesmo simples equipas/destacamentos) projectadas para um país estrangeiro e estando a actuar integradas em forças multinacionais (ou mesmo isoladas) teve toda a pertinência dotar-se essas unidades com os símbolos nacionais.
Assim nasceu nos nossos tempos a cerimónia de entrega do Estandarte Nacional que vai acompanhar a força e do mesmo modo a cerimónia de “devolução” à chegada. Para algumas unidades esta última cerimónia assinala o seu fim e para outras, apenas mais uma missão cumprida.
“Portas abertas” em S. Jacinto
Neste dia 18, uma sexta-feira, o comando do Regimento de Infantaria 10, informa que a unidade tem as “portas abertas” a todos os antigos militares e civis da unidade, não é necessário convite para entrar e assistir quer aos actos oficiais na parte da manhã quer à jornada prevista para a parte da tarde, a qual será dedicada a actividades de convívio entre os pára-quedistas das várias gerações e seus familiares, nomeadamente os que serviram Portugal na Bósnia e Herzegovina.
Neste dia a SIC televisão estará em S. Jacinto para dar continuidade ao trabalho de reportagem em curso, destinado a um programa evocativo da primeira missão na Bósnia da autoria, curiosamente, por um jornalista – Aurélio Faria – também ele “veterano”, como tantos outros colegas de profissão, deste teatro de operações. Esta primeira missão na Bósnia foi também, entre outras coisas, uma oportunidade para muitos jornalistas portugueses – inicialmente apenas da imprensa nacional mas depois muitos da imprensa regional também por ali passaram – tomarem contacto com aquela realidade de forças portuguesas em operações depois da guerra em África (1961-1975). O que o país soube da missão nesse ano de 1996 foi o resultado do trabalho dos profissionais da informação.
Kosovo
Os anos passam e a missão no Kosovo, em termos de duração da participação portuguesa com unidades de escalão batalhão, já ultrapassa a da Bósnia e Herzegovina (1996-2007 com batalhões, depois até apenas 2012 com elementos destacados). Na realidade Portugal enviou uma unidade escalão batalhão para a KFOR em 1999, retirou-a em 2001, voltou a enviar em 2005 e…continua, a cada seis meses, a rodar a Força Nacional Destacada. Sendo certo que hoje a unidade portuguesa integra pessoal húngaro, portanto o nosso efectivo é reduzido (na ordem dos 180 militares, ver organograma) a realidade também é que o comando da força é português.
O Operacional tem publicado muitas reportagens sobre as várias missões no Kosovo, e ainda sobre a preparação das forças em Portugal. Abaixo deixamos um conjunto de links que permitirão a quem tenha interesse, uma boa panorâmica do que têm sidos estes anos de empenho de Portugal na manutenção da paz naquela região da Europa.
As missões no Kosovo e a sua preparação no Operacional:
RECEPÇÃO EM BRAGA AOS CONTINGENTES VINDOS DA LITUÂNIA E DO KOSOVO
KOSOVO: OPERAÇÃO “SOLIDARIEDADE”
NO KOSOVO PELA SEGURANÇA DA EUROPA
AVALIAÇÃO DA PRONTIDÃO PARA O COMBATE DO 1.º BIPARA
PÁRAS & PANDUR TREINAM PARA O KOSOVO
KOSOVO: PORTUGUESES IMPULSIONAM NOVO CONCEITO DE EMPREGO TÁCTICO
KOSOVO: PORTUGAL REDUZ EFECTIVOS MAS MANTERÁ COMANDO DA “RESERVA TÁCTICA”
KOSOVO: 1ºBATALHÃO DE PÁRA-QUEDISTAS INICIA MISSÃO
1BIPara/FND/KFOR RUMO AO KOSOVO
PORTUGUESES EM DESTAQUE NA KFOR (KOSOVO)
KOSOVO: AS OPERAÇÕES DE CERCO E BUSCA
KOSOVO: BATALHÃO PORTUGUÊS NA KFOR TV
KOSOVO: A ÚLTIMA MISSÃO DA CHAIMITE
EXERCICIO “APOLO 10” NO DISTRITO DE SANTARÉM
Leia também no Operacional, sobre S. Jacinto:
DE S. JACINTO PARA O KOSOVO EM NOME DE PORTUGAL
ESPAÇO MEMÓRIA, EM SÃO JACINTO
REGIMENTO DE INFANTARIA N.º 10, O Espaço e a Memória
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