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SALTOS A FAVOR DO VENTO. ÚLTIMAS COMPETIÇÕES.

Por • 21 Dez , 2012 • Categoria: 09. ONTEM FOI NOTÍCIA - HOJE É HISTÓRIA Print Print

Publicamos hoje o 7.º é último artigo de uma série da autoria do Coronel Pára-quedistas José Guilherme Mansilha, dedicados ao pára-quedismo civil em Portugal. Este testemunho pessoal, recheado de protagonistas e de pequenos grandes acontecimentos esquecidos no tempo ou de muitos desconhecidos, é um enorme contributo para a história do pára-quedismo, civil mas também militar, em Portugal e nas suas antigas Colónias. Foi para nós um privilégio poder publicá-lo!

Saída de aeronave em voo num salto para "precisão".

José Mansilha em salto para "precisão" numa competição na Alemanha. Nota-se bem o altímetro acoplado ao pára-quedas de reserva - ventral.

Neste último artigo desta série, homenageando aqueles que, desinteressadamente, deram o seu contributo durante 13 anos, 1964/1977, tornando este desporto uma realidade para civis e militares do então Império Colonial Português, recordamos com saudade o jovem capitão Carlos Bragança Moutinho, a que chamámos Pai do Pára-quedismo Desportivo Português.

O capitão pára-quedista Carlos Bragança Moutinho em 1964 no Regimento de Caçadores Pára-quedistas.

O capitão pára-quedista Carlos Bragança Moutinho em 1964 no Regimento de Caçadores Pára-quedistas.

Foi aqui, no Regimento de Caçadores Para-quedistas (RCP), que iniciou em 1964 a sua obra. Além do contributo como praticante e dinamizador legou-nos um trabalho, desconhecido de muitos, que constitui um documento histórico: o livro que escreveu, “Histórias e Técnicas do Pára-quedismo“. Foram publicados apenas 2000 exemplares que esgotaram rapidamente. Descreve em pormenor o início de uma actividade que se perpetuou: a história dos grandes pioneiros e a forma como as suas técnicas evoluíram. Cita-se parte da Nota do Autor “Por não haver nada escrito em português sobre o assunto, e sabendo a ideia e conceitos errados que a maioria tem, levou-me a publicá-lo para que o meio civil tivesse, igualmente, possibilidade de se documentar”. Terá sido o único livro publicado no mundo com uma condensação tão completa. Foi o primeiro português credenciado pela FAI, Federação de Aeronáutica Internacional, com a licença para fazer arbitragens internacionais e para organizar Torneios e Campeonatos. Era um homem do ar. Optara pela carreira de piloto da Força Aérea Portuguesa (FAP). Integrou um grupo que seguiu para o Canadá para se especializar em aviões a jacto, surgidos recentemente. Foi-lhe detectado um problema de visão que o impediu de terminar o curso. Regressou a Portugal, deixou a FAP, regressando à Escola do Exército. Teve de escolher outro curso, optando pelo de Infantaria. Quando o terminou ofereceu-se para o Batalhão de Caçadores Para-quedistas (BCP), voltando à FAP, que integrava esta Unidade.

Tinha uma altura superior à média, consequentemente um peso e velocidade de descida maior. Com os pára-quedas desse tempo aterrava-se a favor do vento. A velocidade de aterragem era uma resultante do somatório das velocidade do vento, que podia ir até 7m/s, velocidade de descida do pára-quedas, que aumentava com o peso do pára-quedista, e da velocidade horizontal própria do pára-quedas. Esta derivava de um conjunto de fendas horizontais e verticais da calote, por onde saía o ar empurrando o pára-quedas. Através de dois manobradores o pára-quedista comandava a direcção e a velocidade do pára-quedas. O somatório podia atingir valores da ordem dos 10 metros por segundo (36 Km/hora) que aumentaria se no momento da aterragem houvesse uma rajada. Apesar de as zonas de aterragem serem preparadas para que o choque com o solo fosse suavizado, utilizando materiais mais favoráveis, areia ou burgau, o embate em terra podia ser muito duro.

Bragança Moutinho era um estudioso de assuntos relacionados com o desenvolvimento do pára-quedismo e da queda-livre mundiais. Como ele próprio descreve, tendo fracturado uma perna e mais tarde a outra, e encontrando-se em convalescença de uma das fracturas, para superar o ócio decidiu seguir as sugestões do coronel pára-quedista Mário de Brito Monteiro Robalo, que comandou o RCP durante a guerra de África, e do capitão pára-quedista Alfredo Rodrigues, homem que, nas suas palavras, “impossibilitado de saltar talvez para o resto da vida, se tem dedicado com o maior entusiasmo a estes e outros assuntos procurando, dar a máxima projecção às Tropas Pára-quedistas. O seu exemplo que considero ímpar faz-me respeitá-lo como homem e admirá-lo como o maior impulsionador do prestígio dos “Boinas Verdes” para além do meio militar“. Meteu mãos à obra e nasceu o livro.

As fracturas incapacitaram-no para a competição. Apenas saltava com condições meteorológicas favoráveis mas, imparável no seu entusiasmo, não só escreveu o livro como se dedicou à arbitragem.

O IV Campeonato de Pára-quedismo do CISM, Conselho Internacional do Desporto Militar, ia realizar-se em 1970 na Alemanha. Portugal, através da Comissão de Educação Física e Desportos das Forças Armadas, chefiada pelo tenente-coronel da Força Aérea Lélio de Almeida Ribeiro, com o apoio do comando do RCP, candidatara-se à organização do V CISM, em 1971: foram mandados à Alemanha, integrando a equipa, dois elementos para recolherem informação que pudesse ajudar e facilitar a sua organização em Portugal no ano seguinte, o coronel pára-quedista do corpo de Estado-Maior, Fausto Pereira Marques e o tenente-coronel Lélio Almeida Ribeiro. Este seguiu para a Alemanha dois dias antes e regressou dois dias depois. O tenente-coronel Bragança Moutinho foi escolhido para organizar e treinar a nossa equipa.

Com a guerra em África e a intensa preparação em Tancos de militares para a sustentar, não sobrava tempo para desporto extra. Apenas o de manutenção obrigatória que se estendia até perto das dez da manhã. O RCP fazia recrutamento directo. Tratando-se de uma tropa de voluntários integrava muitos “mancebos” que ainda não tinham idade para o serviço militar obrigatório. Os jovens voluntários faziam na Unidade provas de admissão e toda a formação militar: recruta, curso de pára-quedismo, instrução de combate, curso de cabos e de furriéis, instrução de armas ligeiras: espingarda Mauser, Pistola Metralhadora FBP (Fábrica Braço de Prata, onde era construída), e morteiros de 60. E de armas pesadas, que incluíam metralhadoras pesadas, morteiros de 81mm, lança granadas foguete e mais tarde canhão sem recuo. E ainda a instrução de especialidades: comunicações, amanuenses, enfermeiros, maqueiros, cozinheiros, padeiros, etc. Os oficiais e sargentos que se encontravam em intervalo de comissões de serviço no ultramar integravam essa instrução. Assim, os homens da queda-livre, treinavam durante o tempo de desporto geral. Começavam ao nascer do dia mas, às dez da manhã, estavam nos seus postos de trabalho diário. A nomeação de Braga Moutinho veio revolucionar esta situação. Graças à simpatia e apreço que o comando do RCP tinha pelo seu trabalho, “impôs” condições. Os treinos começaram a ser feitos na zona de saltos do Arrepiado, onde passavam todo o dia. Para lá se deslocavam equipas de apoio: arbitragem, balizagem, dobragem de pára-quedas, saúde e alimentação. Tudo o necessário para que os estagiários tivessem apenas uma preocupação: o treino. A permanência de um helicóptero SA-330 Puma permitia um máximo rendimento. Era frequente fazerem-se seis saltos por dia. Os elementos da equipa foram dispensados de todo o serviço de escala.

Foi este o cenário que o major Mansilha encontrou quando regressou da Beira, Moçambique. Estava a atingir o final da 3.ª comissão de serviço no Ultramar e foi requisitado para tomar parte nos treinos. A comissão foi dada por terminada. Tinha 220 saltos de abertura manual. Nos 15 dias de treino em que participou fez mais 77. Todos com o novo pára-quedas francês, Olympique, que acabara de chegar. Bem mais evoluído, com grande capacidade de manobra e maior velocidade horizontal, o tempo de adaptação foi muito curto para toda a equipa.


JULHO 1970 – IV CISM – ALEMANHA

A equipa portuguesa foi constituída pelos major Mansilha, capitães Arlindo Mendes e Lemos Costa e tenentes Avelar de Sousa, Gaspar e Cavaco. O tenente-coronel Moutinho participou como Juiz Internacional. Foi para ele um treino pois viria a assumir as funções de Juiz Chefe no V CISM em Portugal. A presença do treinador constitui sempre um grande apoio para uma equipa.

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Da esq, Cor Fausto Marques,  ten Avelar de Sousa, maj Mansilha, capitão Lemos Costa, tenente Gaspar, capitão Arlindo Mendes, tenente Cavaco, cabo dobrador de pára-quedas e oficial alemão junto da delegação “Ataché”

Da esquerda Cor. Fausto Marques, Ten. Avelar de Sousa, Maj. Mansilha, Cap. Lemos Costa,Ten. Gaspar, Cap. Arlindo Mendes, Ten. Cavaco, dobrador de pára-quedas e oficial alemão "Ataché",junto da delegação portuguesa.

O local escolhido, Bruchsal, oferecia um cenário que foi muito bem explorado. O círculo de aterragem encontrava-se no centro de um anfiteatro natural de colinas, à disposição do público. Estas eram interrompidas no lado Norte, expandindo-se o nível do terreno por uma vasta zona cujo nível subia ligeiramente. Aí estavam montadas as tendas de apoio e as das equipas. Pena que a intensidade do vento, com direcções muito variáveis, tenha sido uma constante no decorrer do campeonato. Refere-se um episódio pitoresco, felizmente sem consequências, que ofereceu algum risco. Quando o helicóptero da equipa se encontrava em linha de subida surgiu da cabine de pilotos um dos elementos da tripulação que, aparentando algum nervosismo, repetia a palavra “aus, aus, aus…“. Valeu-nos a linguagem gestual: abandonar a aeronave! Fizemo-lo com alguma precipitação. O tempo de voo até saltarmos era muito longo, pois o helicóptero subia até à altitude de lançamento, voando em círculos em linha de espera. Encurtavam assim o intervalo de tempo entre os lançamentos. Após a descolagem nós folgávamos as tiras do arnês, chegando a tirar o pára-quedas de reserva e o capacete. Perante a insistência do tripulante lançámo-nos porta fora tal com estávamos. Todos com o arnês folgado, Lemos Costa sem pára-quedas de reserva e o Mansilha sem capacete. A altitude era baixa pelo que foi um salto de abertura imediata. As cadernetas de saltos registam uma saída a 650 m, com um retardo (tempo entre a saída da aeronave e a abertura do pára-quedas) de 3”. Aterrámos curto tempo depois da abertura, sem qualquer outro incidente, num campo de “nabiças”. Um agricultor, de boca aberta, olhava para os invasores. Foram uns momentos de emoção. Para a nossa juventude apenas mais uma história para contar. Recolheu-nos pouco depois um outro helicóptero. Cremos que o aparelho estava com problemas de potência e não conseguia ganhar altura, antes pelo contrário. No caso da tripulação ter que fazer uma aterragem de emergência seria mais seguro fazê-la sem carga.

Após um salto, o então major José Mansilha, pousa para a posteridade a pedido do dobrador de pára-quedas alemão e mulher.

Após um salto, o então major José Mansilha, pousa para a posteridade a pedido do dobrador de pára-quedas alemão e mulher.

Resultados do campeonato Relatório do, coronel Fausto Marques

Resultados do campeonato & Relatório do coronel Fausto Marques.

Combinação de salto do IV CISM Emblemas significativos para o portador desta combinação

Emblemas significativos para o portador desta "combinação de salto", usada no IV CISM.

Concorreram 15 equipas, 78 concorrentes. A classificação Final foi: 1º França; 2ºÁustria; 3º USA; 4º Brasil; 5º Alemanha; 6º Bélgica; 7º Espanha; 8º Suíça; 9º Portugal; 10º Holanda; 11º Vietname; 12º Turquia ; 13º Grécia;  14º Costa do Marfim; 15º Itália, que não pontuou pois concorreu só com um elemento.

No relatório do coronel Fausto Marques lê-se “...Alguns elementos da equipa, procurando contrabalançar com golpes de energia e com bastante risco, as falhas técnicas resultantes do pouco conhecimento dos pára-quedas, realizaram aterragens muito duras que lhes provocaram perda de capacidades físicas para a continuação das provas. Assim o major pára Mansilha actuou muito diminuído fisicamente depois do seu terceiro salto, e o cap. pára Lemos Costa, nos saltos de precisão em grupo e em alguns saltos de estilo…” Mais à frente escreve: “…Salienta-se o comportamento do major pára Mansilha que tendo sofrido um forte traumatismo num joelho, no segundo dia de provas, com diagnóstico de possível fractura do menisco, continuou a prova acabando por classificar-se como o melhor elemento da equipa portuguesa.” Não ligando às críticas dos juízes aterrava, perigosamente, só com a perna saudável, encolhendo a outra.

A classificação individual final foi: 1.º Felix, França; 2.º Cshoelpple, USA; 3.º Hardouin, França; 29.º Mansilha; 32º Avelar de Sousa; 40º Arlindo Mendes; 43º Lemos Costa; 44º Cavaco. Em Estilo, 26º Mansilha; 30.º Avelar de Sousa; 40.º Lemos Costa; 42.º Arlindo Mendes; 46.º Cavaco. Em Precisão individual, 40.º Avelar de Sousa; 42.º Mansilha; 44.º Cavaco; 48.º Arlindo Mendes; 55.º Lemos Costa.
Nos saltos de precisão foram conseguidos bastantes ZEROS pelas equipas concorrentes. Os pára-quedas Olympique eram magníficos. Mas aumentavam a violência do choque com o solo.

Foi apresentado e feita uma demonstração por um americano de testes de prova, um novo tipo de pára-quedas, “Asa”, ainda em fase de estudo, que impressionou os concorrentes. Efectuou um salto em que aterrou contra o sentido do vento, com grande suavidade. Anunciava-se uma revolução neste desporto com a aproximação dos “Strato Claude“.

O adeus dos concorrentes com as palavras "See you in Portugal"!

O adeus dos concorrentes com as palavras "See you in Portugal"!

O relatório do coronel Fausto Marques esclarece ainda que o III CISM se realizou em 1968 em Réus, Espanha. A organização, que era suposta caber a Marrocos, falhou, pelo que Espanha ofereceu aquela cidade, a cerca de 100 km de Barcelona, para a concretização do campeonato. Portugal não concorreu. Pelo mesmo relatório se apura que no II CISM, no Brasil, entre 8 países concorrentes Portugal se qualificou em 7.º lugar. De salientar que tendo os USA alcançado o 1.º lugar com 5.778 pontos, Portugal alcançou 5.133 pontos. O alferes Arlindo Mendes foi o primeiro classificado da equipa portuguesa. Esta foi penalizada por um salto de precisão de aterragem em que o major Mansilha, devido a uma má saída, não atingiu o círculo. Num artigo de um jornal da época lê-se: “o 7º lugar pode ser considerado uma pequena victória se olharmos aos pontos conseguidos: 1.º USA com 5778 pontos; 2.º França, com 5 736; 3.º Brasil, com 5636; 4.º Bélgica com 5567; 5.º Áustria com 5476; 6.º Itália, com 5328; 7:º Portugal, com 5133; 8.º Marrocos, com 2963“.

MAIO 1971 – II TORNEIO DE PÁRA QUEDISMO DO CENTRO DE TREINO DO EXÉRCITO BELGA
A Bélgica organizava torneios anuais em tudo idênticos ao CISM. Aí tomámos contacto com uma cultura bem diferente. Em termos económicos, por exemplo, os blocos de apontamentos eram feitos aproveitando as costas de folhas de cartas topográficas desactualizadas. Eram cortadas em vários tamanhos, conforme o destino. Reciclar e aproveitar já eram para eles um acto normal.
Os muros que separavam o quartel do resto da cidade eram constituídos por postes de madeira com cerca de meio metro de altura, ligados por um fio de arame normal. Eram um “muro” sobre o qual ninguém passava.
As refeições de oficiais, sargentos, praças e pessoal civil eram tomadas num único refeitório, em sistema “self-service“. Numa das portas de saída estacionava diariamente um Peugeot topo de gama. De quem seria aquela “bomba”? Interrogávamo-nos. Um dia vimos a empregada que recebia as bandejas e despejava as sobras de comida para um contentor de lixo, a entrar nele e a arrancar!

Foi lá que demos os primeiros saltos de balão. Com nevoeiros matinais muito prolongados, era um sistema prático e económico para a formação de pessoal. Os novos páras faziam apenas um salto de avião, o último do curso.

Balões para lançamento de pára-quedistas, na Bélgica.

Balões para lançamento de pára-quedistas, na Bélgica.

Usando este “meio de transporte aéreo” a equipa recebeu o brevet Belga, aproveitando as horas matinais enquanto o nevoeiro não levantava. O 1.º salto foi uma sensação nova e estranha. Depois de uma saída para o desconhecido, denso nevoeiro em que não se via um “palmo à frente do nariz”, caía-se na vertical, com grande afundamento. O estômago colava-se à garganta. Tempos infindos até sentir o amigo choque de abertura do para-quedas. Pouco depois divisavam-se ténues contornos das formas do solo. Ligado com um cabo de aço a uma roldana “guincho”, associada a uma viatura pesada, o balão subia até mil metros, permitindo saltos de queda livre.

A equipa que esteve na Bélgica em 1971. Da esquerda, Cavaco, Mota, Arlindo e Mansilha.

A equipa que esteve na Bélgica em 1971. Da esquerda, Cavaco, Mota, Arlindo e Mansilha.

Foi chefe da delegação o coronel Fausto Pereira Marques. Representaram Portugal os majores Mansilha e Arlindo Mendes e os tenentes Mota e Cavaco. Foram treinadores os majores Arlindo e Mansilha, que se revezavam, comentando os saltos um do outro. Esclarece-se que Portugal era o único país com uma equipa só de oficiais. A grande maioria tinha um capitão como chefe de delegação sendo as equipas constituídas por sargentos, cabos e soldados, normalmente pára-quedistas civis.
A classificação geral por equipas foi: 1ª França; 2ª USA; 3ª Itália; 4ª França/ETAP; 5ª Alemanha; 6ª Bélgica/I; 7ª Bélgica/II; 8ª Holanda; 9ª Portugal; 10ª R. D. Congo; 11ª Espanha; 12ª Grécia.
A classificação final dos portugueses, entre 50 concorrentes, foi: 22.º Mansilha; 36.º Mota; 39.º Arlindo; 42.º Cavaco. A classificação individual em estilo foi: 24.º Mansilha; 30.º Arlindo Mendes; 37.º Mota e Cavaco. A de precisão foi: 20.º Mansilha; 33.º Mota; 41.º Cavaco; 42.º Arlindo Mendes. Mansilha foi premiado com um capacete de salto.

SETEMBRO DE 1971 – V CISM – SINTRA – PORTUGAL

Seguiu-se o V CISM, em Portugal. O treino da equipa foi orientado pelo major Mansilha, que recorreu à ajuda do major Arlindo Mendes. A equipa foi constituída pelos majores Mansilha e Arlindo Mendes e capitães Mário Pinto, Avelar de Sousa, Rogério Mota e Agostinho Cavaco. Iniciado em Tancos onde se fez um mês de treino, continuou em em Sintra na Base Aérea N.º 1 (BA 1). Com competições intervaladas de curtos meses, a equipa atingiu um nível apreciável. Foi nomeado Juiz Chefe do Campeonato o tenente-coronel Bragança Moutinho.
Encontrando-se no Ultramar em comissão de serviço na Guiné, o capitão Avelar de Sousa, que já revelara qualidades naturais para este tipo de desporto no ano anterior na Alemanha, onde alcançou o primeiro lugar da equipa em precisão e o segundo em estilo e no resultado final, aproveitou umas férias para treinar e participar no V CISM.

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Equipa, saudada pelo gen Sá Viana Rebelo e pelo CEMFA general Nascimento.

Equipa saudada pelo Ministro da Defesa Nacional, general Sá Viana Rebelo e pelo Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Nascimento.

O Campeonato foi seriamente afectado pelo vento, que insistiu em soprar acima dos 7 metros/segundo, intensidade máxima admitida. A época do ano prometia ser a melhor mas o bom tempo esperado só chegou nos últimos dias. Apenas se cumpriu o número mínimo de saltos para que a competição fosse homologada. Em baixo, um artigo de um jornal da época. Os textos deste e de outros jornais escrevem uma História do Campeonato, que a Revista N.º149/150 “Mais Alto” da FAP e o N.º 1758 do “Século Ilustrado” completam. O major Mansilha conserva um dossier com uma boa reportagem, em fotografia e texto, que reúne esses artigos.

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Da esq. Mansilha, Cavaco, Mário Pinto e Mota

Da esquerda Mansilha, Cavaco, Mário Pinto e Mota

Vento e frio marcaram o CISM em Portugal.

Vento e frio marcaram o CISM em Portugal.

Para além do vento, quer o treino quer o campeonato foram prejudicados pelo círculo de aterragem. Inicialmente em areia, era suposto criar-se em torno do alvo um círculo, com 5 metros de raio, de burgau, pequenos seixos que suavizavam em muito o choque com o solo. Uma manhã, ao chegarmos à zona de aterragem, deparámos com o círculo coberto por “calhaus”, muitos dos quais ultrapassando os 5 cm de diâmetro. Iniciou-se um processo de reclamações que de nada serviu: “Que assim estava muito bem!” Ainda hoje não se entende a razão, nem de quem foi a teimosia e a responsabilidade. Talvez dificuldades de aquisição. Foi pena porque tirando este incidente a organização do campeonato foi impecável e muito apreciada. O Presidente da Comissão executiva do V CISM foi o então brigadeiro piloto aviador Mendes Quintela; o Secretário-geral o tenente-coronel Lélio Ribeiro; o Secretário Técnico o coronel Fausto Pereira Marques.
Garantimos que as outras equipas rejeitariam o círculo e continuámos os treinos. Se as aterragens eram duras, devido ao vento, aqueles “pedregulhos” tornaram-nas perigosas. A luta inglória durou até à chegada das equipas concorrentes. Rejeitaram o círculo. Os brasileiros riam-se e diziam “vocês querem nos matá côs paralelepípedo!…” Na manhã do dia seguinte, dia de provas, o centro do círculo fora substituído por areia. Restou uma coroa circular de calhaus, à volta da areia, onde muitos aterravam.

No solo, os juízes atentos a mais uma aterragem para determinar o ponto de impacto.

No solo, os juízes atentos a mais uma aterragem para determinar o ponto de impacto.

Apesar dos esforços que precederam a competição Portugal não foi bafejado pela sorte. Viveram-se momentos difíceis. O campeonato, devido ao vento, só começou no terceiro dia. A festa foi marcada no quarto dia pela trágica morte do sueco, tenente Thorkel Seth, único representante daquele País. Num salto em que saiu demasiado perto do alvo, penso que para não pontuar, fez o “cut away” da calote principal (accionar uns fechos que libertavam a calote). Esta separava-se do equipamento e o atleta entrava de novo em queda livre, abrindo o reserva. O salto seria anulado. Depois da abertura do pára-quedas principal o punho devia ser recolocado no seu suporte no arnês, ficando apenas o cabo extrator pendurado. O esquecimento desta operação levava a que se perdessem punhos frequentemente. Para o evitar cravara-se uma esfera na extremidade do cabo de aço extrator. Esta ficava presa à traqueia, tubo dentro do qual corre o cabo de aço, e o punho no suporte no arnês. O malogrado sueco não colocou o punho no suporte deixando-o pendurado. Quando abriu o para-quedas de reserva, o pára-quedas extrator, pequeno pára-quedas que impulsionado por uma mola puxa o outro, enrolou-se no cabo de aço. A abertura do reserva ficou assim comprometida, problema que o pára-quedista não teve possibilidade de resolver, embatendo no solo.
Logo que o corpo foi removido, e para que os concorrentes reagissem normalizando-se o campeonato, o juiz chefe disse ao chefe da equipa: “Mansilha, prepara o teu pessoal para saltar, já!“. O chefe da equipa foi o primeiro a sair do helicóptero. O ânimo e a sensação não foram muito agradáveis.
Durante os treinos assistíramos à morte de uma pára-quedista civil que fazia o seu primeiro salto de queda-livre. Saiu de olhos cerrados e, numa bonita posição de aspas, assim se manteve até ao embate fatal. Evidentemente que todo o desporto radical implica riscos. Mas estes dois acidentes mortais foram demasiado próximos um do outro.

À esquerda os dois filhos do tenente PILAV Orlando Bettencourt. À minha esquerda os meus dois lilhos

À esquerda os dois filhos do tenente PILAV Orlando Bettencourt. À minha esquerda os meus dois filhos

A RTP fez uma interessante entrevista à equipa, que se encontra gravada em DVD, bem assim como uma interessante reportagem do campeonato com imagens ar-ar pouco vulgares naqueles tempos.
Mansilha fez o estilo em 10,1”, batendo o record português. Salto bom internacionalmente, o que lhe mereceu o elogio de velhos amigos concorrentes de outros países. Conquistou também o único zero da equipa, neste e em todos os campeonatos anteriores. No decorrer dos treinos os majores Arlindo Mendes e Mansilha registaram nas suas cadernetas de saltos vários tempos de estilo da ordem dos 11″.

Uma aterragem no alvo Certificado de ZERO, assinado e entregue pelo ten cor Moutinho

Uma aterragem no alvo (areia com Burgau à volta).

Certificado de "ZERO", assinado e entregue pelo tenente-coronel Moutinho.

Certificado de "ZERO", assinado e entregue pelo tenente-coronel Moutinho.

Resultado final de precisão: 1º França; 2º E.U.A.; 3º Áustria; 4º Brasil; 5.º Alemanha; 6º Suíça; 7º Itália; 8º Espanha; 9º Bélgica; 10º Portugal; 11º Iraque; 12º Grécia; 13º Irão; 14º Turquia; 15º Argentina. Não pontuaram Costa do Marfim e Tailândia. Pelos registos da caderneta verifica-se que se fizeram 2 saltos de Estilo e 4 de Precisão. Nos dois saltos de estilo, o primeiro começou as voltas para a esquerda, o segundo começou para a direita (veja-se o artigo publicado no Operacional em 27 Jan 2012 “Primeiros Passos da Queda Livre Desportiva em Portugal“). Quanto a classificações individuais apenas foram encontrados resultados parciais de três saltos de precisão: 1.º salto, 13.º Mota com 0,16 metros; 17.º Mendes com 0,36 metros; 49.º Cavaco com 02.15 metros; 54.º Mansilha com 02,81 metros; 65.ª Sousa com 04,42 metros; 67.º Mário Pinto com 04,62 metros; 2.º salto de precisão individual, 1.º Mansilha com 00,00 metros; 28.º Sousa com 01.23 metros; 34.º Mendes com 02,09 metros; 47.º Cavaco com 03.07 metros; 59.º Mota com 03.22 metros; 4.º Salto 24.º Mansilha com 00.43 metros; 39.º Avelar de Sousa com 01.33 metros; 45.º Mendes com 02.90 metros; 59.º Cavaco com 03.07 metros. Pelo troféu que se mostra em baixo verífica-se quem foi o melhor classificado português.

Taça atribuída ao major Mansilha.

Taça atribuída ao major Mansilha.

MAIO 1972 – SCHAFFEN – BÉLGICA. III Troféu do Torneio do Exército Belga

Neste torneio a equipa foi constituída pelos majores Mansilha e Arlindo e tenentes Gaspar e Cavaco.

Não existe história deste torneio. Apenas os resultados. Precisão por equipas: 1º França/EIS; 2º Itália; 3.º Alemanha; 4.º Holanda; 5º França/ETAP; 6º USA; 7º Portugal; 8º Espanha; 9º Grécia; 10º R. D. do Congo; 11º Bélgica/I; 12.º Bélgica/II. A média de precisão dos 4 saltos dos franceses, 16 aterragens individuais, foi de 00,05 metros. Os franceses apresentavam sempre a melhor equipa de França, todos sargentos ajudantes; a média dos italianos foi 01,02; a nossa foi 06,14 metros. Os Zeros sucediam-se uns aos outros. Este tipo de provas estava moribundo. Os americanos, tendo várias equipas de alto nível, concorriam apenas com uma, que nunca era a mesma. A classificação final da equipa portuguesa foi: 21.º Mansilha; 28.º Arlindo; 28.º Cavaco; 30.º Gaspar. Seguiu-se um interregno nos CISM de pára-quedismo de cerca de 4 anos.

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Da direita, Arlindo Mendes, Gaspar, Cavaco e Mansilha

Da direita, Arlindo Mendes, Gaspar, Cavaco e Mansilha.

Aterragem do major Mansilha no círculo. Repare-se no para-quedas de reserva pendurado apenas pelo mosquetão esquerdo. Fazia-se essa manobra pouco antes da aterragem, para melhorar a visão do alvo.

Aterragem do major Mansilha no círculo. Repare-se no pára-quedas de reserva pendurado apenas pelo mosquetão esquerdo. Fazia-se essa manobra pouco antes da aterragem, para melhorar a visão do alvo.

AGOSTO 1976 – VI CISM – ESPANHA – SAN XAVIER

Em Agosto de 1976 realizou-se em Espanha o último campeonato do CISM com provas de Estilo e Precisão.

Concorreram 25 países. A nossa equipa, tendo como treinador o major Arlindo Mendes e chefe equipa o capitão Cavaco, era formada pelo tenente Rogério Mota e primeiros-sargentos Machado, Xavier e Barroso. As classificações foram: em Estilo, 44.º Cavaco; 51.º Machado; 58.º Xavier; 77.º Barroso; 84.º Mota. Em Precisão, 33.º Xavier; 41.º Machado; 45.º Cavaco; 83.º Mota e 99.º Barroso.
Tendo acompanhado a equipa a San Javier, como chefe de delegação, o tenente-coronel Mansilha efectuou seis saltos, um deles com abertura automática, para ganhar o brevet Espanhol. Foi com emoção que recebeu o seu sexto e último brevet de pára-quedista, o espanhol. Brevet da grande maioria dos pioneiros do pára-quedismo português formados em 1955 em Alcantarilla. O 22.º Curso Básico de Paracaidismo. Começou com 232 voluntários tendo terminado com 192.

O "brevet"  de pára-quedista militar espanhol (governo de Franco, hoje ostenta a coroa Real).

O "brevet" de pára-quedista militar espanhol (governo de Franco, hoje ostenta a coroa Real).

Caderneta de saltos, com os efectuados em Espanha assinaldos.

Caderneta de saltos, com os efectuados em Espanha assinalados.

Fez uma estrela com dois sargentos espanhóis, Mimenza e Paredes e outra com os primeiros-sargentos Xavier e Barroso. Temos um vazio no que respeita à presença do coronel Curado Leitão. Teria integrado a delegação ou teria sido um acompanhante? A verdade é que fomos com ele a Múrcia onde compramos uma caneca de cerveja no restaurante Rincon del Pepe, (José), local de reunião dos alunos de pára-quedismo portugueses nos tempos livres.

Os portugueses continuavam a usar o já velhinho pára-quedas Olympique. Eram também usados por muitos concorrentes, mas transformados, com a adaptação do “cut away” da calote principal. Chamavam-nos “os malucos dos portugueses”. Diversos acidentes tinham levado a que essa medida fosse aplicada. Se necessário recorrer ao pára-quedas de reserva deixou de existir o risco de as duas calotes se enrolarem. Por documentação guardada pelo major Xavier, Portugal classificou-se a meio da tabela. A ele devo a publicação destes resultados. Foi chefe da delegação no CISM de 1992. Recorda que este teve lugar em Granada, Espanha. Terão sido concorrentes os capitão Nortadas Pereira, sargentos Lopes, Nogueira, Moreira da Silva e Calado. Na prova de relativo ficamos em 4º lugar, muito boa classificação. Na precisão não se recorda, mas não foi boa.
Verifica-se na Internet que estes campeonatos ainda se mantêm, em diversas modalidades. Apenas mudaram o tipo de provas: CISM
Entrava-se na era dos pára-quedas “asa”, dos quais já assistíramos a uma demonstração no IV CISM, que revolucionariam este desporto. Os saltos individuais de Precisão de Aterragem perderam o interesse. Havia uma grande lista de Zeros e por conseguinte de vencedores. Também o estilo, com equipamentos de aerodinâmica muito avançada, os dois pára-quedas colocados no dorso, adaptando-se ao corpo do pára-quedista como se dele fizessem parte, foram um golpe fatal nas provas de estilo. Começou a era das suaves aterragens contra o vento, do trabalho relativo com seis a oito pára-quedistas, sendo a classificação baseada no trabalho relativo das equipas: mudança de figuras, aquilo a que chamámos “os bailados aéreos”, seguido de precisão de aterragem.

O coronel Mansilha ainda fez 4 saltos com este pára-quedas, o Strato Cloud. Foram a sua despedida. A adaptação à “asa” era muito rigorosa. Tinham-se deslocado a Tancos dois franceses que deram um pequeno “curso de pilotagem” aos que se encontravam na unidade. Passou depois a ser dado pelo pioneiro capitão Gaspar. Mais velho do que o autor, ainda hoje faz um salto no dia dos pára-quedistas e também em campeonatos civis. Os “velhos craques” que entretanto chegavam à unidade, eram dispensados do curso. Recebiam uma pequena instrução e “aí vai disto!…” como dizia o “velhote” coronel Alcino Ribeiro antes de sair a porta do avião.

No quarto e último salto travou demasiado na chegada ao solo, o que terá levado a calote a ficar para trás, desviando o centro de gravidade do conjunto homem pára-quedas. Mal os “calcanhares” tocaram levemente no solo, suportando o peso do corpo, este caíu para trás. O “craque” cometeu um erro básico do pára-quedismo. Amparou a queda com a mão direita, que ainda hoje se recente, pois mais tarde teve de ser operada. Uma das primeiras regras que se aprendem no curso de para-quedismo é a protecção, na aterragem, das partes mais frágeis do corpo. As pernas bem apertadas uma com a outra e ligeiramente flectidas e os braços, dobrados pelos cotovelos e colados ao peito. As mãos, bem fechadas, agarrando as tiras de suspensão, fazendo tracção às tiras de trás ou da frente, conforme a direcção do vento, puxando-as para o peito, entre os ombros. Nas aterragens de queda-livre os braços vêm virados para cima, comandando os manobradores. Corre-se um maior risco de fracturas nas partes frágeis pelo que se torna proibitivo usar as mãos para proteger o corpo. Sendo uma “máquina” muito sofisticada o novo para-quedas permite aterragens muito leves. Mas tornam-se perigosas, mesmo mortais, se mal manobradas. Um dos nossos bons pára-quedistas de demonstração, o Coronel Luís Krug, perdeu a vida numa aterragem. O “Strato Cloude” admitia manobras incríveis como “quase rodar sobre si mesmo 360 graus, (embora com maior afundamento). Manobra que, executada a uma altura de segurança ofereceria um mínimo de risco, tornava-se perigosa, e mesmo mortal, se feita sobre a aterragem. Foi o que aconteceu.
A grande capacidade de “planar” dos pára-quedas asa levou ao nascimento de um novo desporto, o Parapente. Permite que desportistas voem sem saltar de um avião. Bastam um ponto alto para se lançarem e ventos favoráveis.

1977 – VI TORNEIO DE PÁRA QUEDISMO DO CENTRO DE TREINO DO EXÉRCITO BELGA
Foi chefe da delegação o tenente-coronel Mansilha. A equipa foi constituída pelos capitão Fernandes, 1.º sarg Casaca Ferreira, 1º sarg Xavier, e 1.º sarg Catarino. Terá sido o último torneio com provas de estilo e precisão de aterragem!? Só consultando os arquivos dos belgas se teria a certeza. A traiçoeira memória, emoldurada pela falta de documentação, levam a crer que já se praticou trabalho relativo de equipa seguido de aterragem de precisão.

. Da dta 1.º sarg Casaca Ferreira; ten-cor Mansilha; 1º sarg Xavier; ataché belga; cap Fernandes; 1.º sarg Catarino e, sem farda, o alf Ledo, que acompanhou a equipa

Da esquerda, Cap. Fernandes, 1Sar. Catarino, TCor. Mansilha, 1Sar Xavier, Alf. Ledo e 1Sar. Casaca Ferreira.

Nesta foto acima, sem farda, o Alferes Ledo, que acompanhou a equipa. Ele e o alferes Merino foram dois bons executantes. Mostram-se imagens do alferes Merino, utilizando o novo tipo de equipamento e de “trabalho relativo” de equipa, um testemunho da evolução verificada.

Capa da revista "Boina Verde" de Setembro de 1987. O alferes Merino numa foto de Alfredo Serrano Rosa.

Capa da revista "Boina Verde" de Setembro de 1987. O alferes Merino numa foto de Alfredo Serrano Rosa.

“Bailado Aéreo de Sonho”. De sonho é também o equipamento!

“Bailado Aéreo de Sonho”. De sonho é também o equipamento!

Este artigo encerra a série sobre a História do pioneirismo em Portugal do para-quedismo desportivo, civil e militar. Não foi o resultado de uma perna partida mas sim de uma longa convalesça após uma grande cirurgia, que dura há mais de um ano.

Espera-se ter trazido boas recordações aos praticantes de então e boa informação a todos os que se interessam por esta actividade. Que constitua, registado que foi na Internet, uma base de partida a ser completada, por alguém que possua mais informação. Obrigado àqueles que o possibilitaram, e que de qualquer forma contribuíram: sublinha-se o grande apoio do livro História e Técnicas de Pára-quedismo do coronel Carlos de Bragança Moutinho, a boa colaboração do tenente-coronel Albano Marques de Carvalho, da Exma. Senhora Dona Helena Revés Pedrosa, do major José Xavier e, de uma forma muito especial, do engenheiro Valter Antunes Carmelo. Reuniu uma biblioteca de imagem, em fotografia e filme, muito valiosa para a história do pára-quedismo civil.

Não esquecendo todos os Amigos que tomaram parte nestas competições, gostaríamos de recordar dois que já nos deixaram. Recentemente, o tenente-coronel Agostinho Cavaco. Foi um exemplo do que pode a perseverança. Não tendo, naturalmente, as melhores condições para a competição, assegurou a continuação do pára-clube de Luanda dando cursos civis de salto automático e de queda-livre e treinando-se a ele próprio. Tornou-se o pára-quedista português com mais saltos. Integrou a equipa portuguesa nas competições que se seguiram ao II CISM e obteve um título de campeão nacional.
O tenente-coronel Arlindo Mendes, bom amigo que nos deixou há muitos anos. Praticante muito equilibrado em estilo e precisão, tínhamos uma grande amizade e uma relação de trabalho muito saudável, em cooperação e desportivismo. Revezávamo-nos no treino da equipa. Tomou parte em todos os CISM incluíndo o primeiro, em Pau, França. Depois deste estivemos presentes em todos os torneios e campeonatos. Marcado que ficou o autor pelo salto no Brasil, em que se desclassificou, pedia-lhe sempre para largar a equipa nos saltos de precisão em grupo. Não falhava. Recorda-se, com alguma nostalgia, a sua cara, deformada pelo vento quando espreitava para o solo, orientando o piloto com a mão direita: mais para a esquerda, mais para a direita, está bom!

Ao “Operacional”, salientando o trabalho, ajuda, colaboração e grande paciência do tenente-coronel Miguel da Silva Machado, o nosso sentido Bem Hajam. Desejamos longa vida a este blogue e a todos os que o têm mantido. Vêm reunindo um valioso e variado espólio de documentos que enriquecem o nosso Património Histórico.

Saída em grupo num "salto de precisão" pela equipa portuguesa numa competição internacional.

Saída em grupo num "salto de precisão" pela equipa portuguesa numa competição internacional.

Leia aqui outros artigos do Coronel José Guilherme Mansilha no “Operacional”:
PIONEIROS DO PÁRA-QUEDISMO CIVIL PORTUGUÊS
II CISM – BRASIL 1965
ESTÁGIOS DE QUEDA LIVRE EM PORTUGAL
PRIMEIROS PASSOS DA QUEDA LIVRE DESPORTIVA EM PORTUGAL
DEMONSTRAÇÕES, TORNEIOS E CAMPEONATOS CIVIS DE PÁRA-QUEDISMO
CLUBE “A LA MINUTE-FLAMINGOS”
HISTÓRIA E TÉCNICAS DO PÁRA-QUEDISMO

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