REVISTA “BOINA VERDE”, 50 ANOS DE PUBLICAÇÃO
Por Miguel Machado • 22 Fev , 2016 • Categoria: 08. JÁ LEMOS E... PrintA “revista de informação das tropas paraquedistas”, editada agora pelo Regimento de Paraquedistas da Brigada de Reacção Rápida do Exército Português, acaba de lançar uma edição comemorativa, o seu número 244, no qual assinala os 50 anos, longevidade não muito vulgar na imprensa militar portuguesa.
Este número comemorativo da revista “Boina Verde” tem um formato ligeiramente maior que o normal e um conteúdo dedicado à temática que lhe dá capa. Os artigos inseridos – ver índice – procuram não só dar ao leitor uma ideia de factos marcantes na história das tropas pára-quedistas portuguesas, com destaque mais do que natural para os anos da guerra em África, época em que os pára-quedistas se cobriram de glória, mataram, morreram e ficaram feridos, mas definiram muito do que viria a ser a sua idiossincrasia no futuro – e muita coisa hoje se mantém nas actuais gerações de boinas verdes – mas também insere referência à missão de paz na Bósnia que este ano assinala o seu 20.º aniversário. Outra componente desta revista é um olhar para si própria quer através de entrevista com o 1.º director quer numa “passagem em revista”, necessariamente sintética mas justa, dos principais marcos desta aventura já com meio século! Para um corpo de tropas que está também este ano a comemorar o seu 60.º aniversário, é digno de realce!
Este ano, a 23 de Maio, quando milhares de boinas verdes – já se ultrapassou mais uma barreira, a dos 46.000! – convergirem para Tancos, para a sua “Casa Mãe”, que já foi Batalhão e Regimento de Caçadores Pára-quedistas, Base Escola de Tropas Pára-quedistas, Escola de Tropas Aerotransportadas e Escola de Tropas Pára-quedistas, tendo agora, em 2015, sido designado Regimento de Paraquedistas, vão assinalar não só mais um aniversário, mas acima de tudo, recordar em ambiente de camaradagem aquilo que foi o seu esforço e dedicação por uma causa que se mantém viva. Hoje como ontem, em circunstâncias políticas e sociais muito diferentes, jovens portugueses, infelizmente um número reduzido, continuam a oferecer-se para servir nas Tropas Pára-quedistas. Correndo menores perigos e tendo na maioria dos aspectos melhores condições que outrora, os jovens de hoje que se oferecem para as tropas pára-quedistas, aqueles que garantem a sua perenidade, merecem a nossa admiração e encorajamento. Talvez até por serem menos, pelas circunstâncias exteriores às tropas pára-quedistas e mesmo às forças armadas que têm que enfrentar para ali chegar, são dignos seguidores dos que os antecederam. São seus herdeiros, fazem o que têm a fazer muitas vezes de modo diferente mas alcançam os objectivos e a organização pára-quedista continua viva. Os boinas verdes cumprem missões das mais variadas, hoje, do Kosovo ao Iraque, do Mali a Angola, como em anos recentes no Afeganistão, Timor-Leste e Bósnia e Herzegovina, ou, mais longínquos, em Timor, Angola, Moçambique e Guiné.
Isto aplica-se também à revista “Boina Verde”! Muita coisa mudou desde o jornal que nasceu no Batalhão de Caçadores Pára-quedistas n.º 21 em Belas/Luanda, ou da revista colorida em que se transformou em 1982 no Comando do Corpo de Tropas Pára-quedistas, em Monsanto/Lisboa e das transformações profundas que esta sofreu depois, em 2008, desde a sua nova “base de partida”, a então Escola de Tropas Pára-quedistas. Como tudo na vida, com altos e baixos, com apupos e aplausos, a revista continua a ser muito lida e acarinhada pela generalidade dos pára-quedistas. Muitos já deixaram o serviço activo e é através dela que seguem as alterações que a “sua tropa” vai ultrapassando, as inovações tecnológicas e organizacionais que vão sendo introduzidas, os exercícios, as missões internacionais, e, as recordações de tempos que já passaram, os “seus”, e criaram as bases para que hoje as tropas pára-quedistas portuguesas permaneçam na vanguarda do que melhor as Forças Armadas Portuguesa têm ao seu dispor para enfrentar, mesmo com carácter de urgência, as ameaças da actualidade, aquilo que colocar em causa o bem-estar e progresso da nossa sociedade.
Miguel Machado é
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