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REINO UNIDO CORTA ORÇAMENTO DA DEFESA E AUMENTA VENCIMENTO AOS MILITARES

Por • 3 Abr , 2013 • Categoria: 01. NOTÍCIAS Print Print

No Reino Unido têm sido feitos grandes cortes nos orçamentos de defesa mas ao mesmo tempo o governo acaba de aumentar os vencimentos dos militares, acima daquilo que será aplicado aos restantes servidores públicos, por reconhecer os particulares sacrifícios da profissão militar.

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Por essa Europa fora os cortes na Defesa são uma realidade, com muitos países a reverem por exemplo, os quantitativos de novos materiais mais dispendiosos (navios, aviões, helicópteros, blindados, etc), mantendo no entanto o fornecimento às forças em operações daqueles que consideram indispensáveis. Na Alemanha é notícia a redução do número de helicópteros NH-90 e Tigre que as suas forças armadas vão receber, em Espanha, o governo estuda um crédito excepcional de mais de mil milhões de euros às indústrias de defesa para não cortar muito os programas de aquisição já em curso (carros de combate Leopard, veículos blindados Pizarro, Lince e Nyala, Submarinos S-80, caças Eurofighter, A-400M, helicópteros NH90 e Tigre, e outros) e muitos mais exemplos podem ser dados. Note-se no entanto que mesmo numa altura de retracção de dispositivos no Afeganistão, estes países (Alemanha e Espanha) colocaram novos helicópteros de ataque “Tigre” naquele teatro de operações (o que custa muito dinheiro), não só para efectivamente apoiarem as suas forças como naturalmente para testarem o material em operações.

Espanha colocou este mês de Março de 2013, três helicópteros de combate Tigre, oficialmente para "dar protecção nas operações de retirada da força espanhola"

Espanha colocou este mês de Março de 2013, três helicópteros de combate Tigre, oficialmente para "dar protecção nas operações de retirada da força espanhola" (Foto Ministério da Defesa de Espanha).

Em sentido inverso nos investimentos em material militar, países como o Brasil, Índia, China e outros na América do Sul, Ásia e África, aumentam e muito os seus orçamentos de defesa e enchem as revistas da especialidade de páginas e páginas de contratos. Entre os grandes beneficiários, os países europeus que mantém indústrias de defesa. Como se pode ver nos quadros do SIPRI (Stockholm International Peace Research Institute), nos 10 países que maior volume de vendas de armamento efectuaram em 2012, 7 são europeus e nos que mais compraram, apenas 1, a Turquia que sendo europeu também está bem dentro do médio oriente.

Os 10 maiores exportadores de armamento do mundo em 2012.

Os 10 maiores exportadores de armamento do mundo em 2012.

Os 10 maiores compradores de armamento em 2012. Um único país europeu, a Turquia, que está bem dentro da Ásia.

Os 10 maiores compradores de armamento em 2012. Um único país europeu, a Turquia, que está bem dentro da Ásia.

Seja como for, mesmo na Europa, há outras realidades que não só restrições e desinvestimento. Em França o Presidente da República anunciou que o orçamento da defesa se vai manter, a Polónia quer comprar mais 100 Leopards para duplicar o número de carros de combate que já tem; a Marinha italiana, retira de serviço navios obsoletos mas espera em breve receber dois novos submarinos, está no programa do avião F-35B e acaba de transformar a sua infantaria de marinha numa nova brigada; a Dinamarca estuda a substituição dos seus F-16 por um caça mais moderno e escolhe substituto do M-113; a Suécia está a receber 130 novos veículos blindados de rodas “Patria AMV”, vai comprar 60 novos caças Gripen E e modernizar os Gripen C/D; a Grécia (sim a Grécia) quer adquirir duas fragatas modernas e aviões de patrulha marítima; a Bélgica já começou a receber os NH90 e encomenda dois novos navios patrulha oceânica; a Áustria pensa comprar novos veículos blindados 8X8 enquanto moderniza os seus Pandur I 6×6 e prevê a aquisição de UAV’s; a Holanda está a receber 20 NH 90;  Alemanha está a receber quase 300 viaturas blindadas Boxer 8X8, além de vários outros programas de vulto; a Noruega com ambiciosos programas de reequipamento em termos aeronáuticos e navais, vai modernizar os seus 56 Leopards 2A4 e não deixa de ir comprando mais viaturas blindadas 4X4, e a lista podia continuar…isto é um processo continuo na generalidade dos países.
Apresentam-se estes dados, muito sintéticos, não porque qualquer um destes países ou o Reino Unido sobre o qual a seguir falaremos, sejam exemplos a copiar ou possam ser considerados por nós como iguais, nada disso, apenas para que não transpareça a ideia, muito usual entre nós, de que reformas na defesa, equivale a investimento zero.

Reino Unido
As reformas e cortes estão a ser profundos: tropas regressam da Alemanha até 2019, bases são fechadas no Reino Unido, navios e aviões têm sido retirados de serviço, unidades do exército são amalgamadas, mas não se fique com uma ideia errada, este país continua a investir muito na Defesa. Por exemplo, para melhorar instalações militares, para compensar as que fecham, vão ser investidos quase 2 mil milhões de libras (esperando uma poupança anual de 240 milhões de libras – cá quando se fecha algo alguém sabe a poupança que daí advém?). Ou seja, só para melhorar meia dúzia de aquartelamentos no Reino Unido, este país gasta tanto quanto todo o nosso orçamento anual para a Defesa Nacional. Nos próximos 10 anos o Reino Unido vai gastar em material militar 60 mil milhões de libras.

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Para quem se interesse por isto, num país onde a transparência é levada a sério, está publicado o Relatório que fez a recomendação, aceite pelo governo britânico, de aumentar os militares, em média 0,5% acima dos restantes servidores público que receberão 1% de aumento. O documento mostra não só os vencimentos em detalhe, posto por posto e por ramos – ali não há igualdade entre os ramos em questão de vencimentos – e especializações, e ainda os suplementos remuneratórios que se aplicam aos militares que desempenham tarefas específicas: de pilotos e tripulantes de aeronaves a submarinistas e mergulhadores, passando por várias subespecializações dentro do pára-quedismo a técnicos de neutralização de explosivos ou a instrutor de montanhismo ou enfermagem, entre outros.

Tudo bem então? Nem por isso, por lá espera-se um aumento dos preços no consumidor bem superior (3,2%) logo, militares ou não, os servidores públicos britânicos também não têm motivos para grandes alegrias, mas é um sinal importante.

Os valores brutos são naturalmente muito superiores aos nossos – o nível de vida também é muito diferente – e nem vale a pena fazer comparações nesse campo. Não é esse o objectivo, aqui o que nos parece pode ser retido é:

1. A atitude do governo para com a profissão militar por um lado – muitíssimo difícil em Portugal pela situação de desconfiança/inveja que há entre sectores da administração, já existentes há muito mas agora estimulada por agentes políticos e mediáticos, acrescida dos supostos desequilíbrios sector “público versus privado” que têm sido propagandeados;

2. Por outro o sistema de pagamento inclui um grande número de suplementos remuneratórios – muitos mais do que entre nós, agora que por cá se fala que isso é “inadmissível” – naquelas áreas em que tal se justifica pelas funções/missões desempenhadas ou pelas particularidades da vida militar.

Quem quiser ver o relatório que deu origem a este aumento e onde estão discriminados em grande detalhe os vencimentos e suplementos dos militares britânicos (até comodoro/brigadeiro general), veja «2012 -13 Pay Review Body reports published» e clique em “Armed Forces”. Para os outros oficiais generais terá que clicar em “Senior salaries“.

Para quem se interessar pelas linhas gerais das reformas na defesa no Reino Unido pode ver aqui informação oficial com algum detalhe.

Se quiser ver o que o site oficial do Exército Britânico informa sobre vencimentos, veja aqui: Pay.

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