PRONTOS PARA O KOSOVO!
Por Miguel Machado • 3 Mar , 2013 • Categoria: 03. REPORTAGEM, EM DESTAQUE PrintO 2º Batalhão de Infantaria Paraquedista realizou o exercício chamado “de certificação” no processo de preparação das forças expedicionárias. O “Operacional”, através do major Rui Pais dos Santos, assistiu e transmite ao leitores o que se passou. De modo sintético e claro, aqui fica uma boa imagem do que fazem hoje os nossos militares no Kosovo. Esta é a parte substancial do contributo directo de Portugal para a Paz na Europa nos tempos que correm.
Decorreu de 25 de fevereiro a 01 de março, na região de Leiria, o exercício final de aprontamento e de certificação das forças portuguesas que irão em meados de março para o Kosovo.
O 2º Batalhão de Infantaria Paraquedista (2ºBIPara), agora certificado no exercício Pristina 131, irá assumir a missão de batalhão de manobra da reserva tática do Comandante da Kosovo Force (Kosovo Tactical Reserve Maneuver Battalion – KTM), no final de março.
Nesta missão poderá ter, entre outras tarefas, de conduzir operações de reserva através dos meios terrestres orgânicos ou aéreos da componente aérea da KFOR, reforçar os Multinational Battlegroup (MNBG), efetuar missões de vigilância das fronteiras, escoltas, patrulhas, checkpoints, operações anticontrabando e, conduzir operações de controlo de tumultos (crowd and riot control – CRC), dispondo para isso de capacidade de proteção em situações de alteração da ordem pública.
Como corolário de um ciclo de treino com uma duração de cerca de seis meses, o Exercício Pristina 131 visou avaliar a proficiência do 2ºBIPara na execução de tarefas essenciais e proceder à sua certificação como Força Nacional Destacada para o Kosovo. Realizado em Leiria, transformou a cidade para efeitos de exercício, em Krisovica, numa alusão à divida cidade de Mitrovica, no Kosovo. Neste esforço de “relocalização” do Kosovo, o Regimento de Artilharia 4 (RA4) foi também transformado no Campo de New Stamp. As tarefas atribuídas ao 2ºBIPara tentaram espelhar as mais significativas ou críticas que esta força poderá ter de desempenhar no Kosovo. Para possibilitar que o treino decorresse num ambiente o mais próximo possível da realidade, tornou-se necessário materializar os incidentes que tem caraterizado a situação vivida no Kosovo, tendo para esse fim, o RA4 disponibilizado uma bataria para atuar como força de cenário. No total este exercício envolveu cerca de 400 militares.
O Exercício Pristina 131 conduzido no sistema LIVEX (com a participação de forças no terreno) consistiu na atribuição ao 2ºBIPara de missões, de natureza e duração diversificada para serem planeadas e executadas. Enquanto as mesmas decorriam, os militares do RA4 injetavam incidentes que obrigavam a uma reação por parte do 2ºBIPara, sendo esta reação avaliada pela equipa de arbitragem formada por militares do Comando e Estado-Maior da BrigRR com experiência no Kosovo. Após a resolução do incidente, a equipa de arbitragem transmitia ao Comandante da força a sua avaliação, tentando desta forma contribuir para a melhoria do (já por si elevado) desempenho dos militares do 2ºBIPara.
As situações treinadas e avaliadas englobaram desde atividades logísticas e administrativas de rotina, até à resolução de uma situação de perturbação da liberdade de movimentos (FoM), com a edificação de uma barricada, acompanhada da alteração da ordem pública (existência de um tumulto). Esta última é uma tarefa de elevada complexidade, mas com alguma recorrência no Kosovo, tendo já sido, por mais que uma vez, atribuída a forças portuguesas. As tarefas de índole operacional desempenhadas pelo 2ºBIPara incluíram a segurança física a Propriedades com Estatuto Especial (property with designated special status – PrDSS), a monitorização de pontos importantes, o patrulhamento, a operação de postos de controlo de veículos (VCP) e a realização de escoltas a VIP e a PDSS (person with designated special status). Durante a realização destas tarefas, as forças de cenário recriaram diversos incidentes, dos quais se salientam, a utilização de palavras de ordem contra as forças multinacionais, as tentativas de intrusão nos PrDSS, a interferência nas escoltas, a passagem de material proibido pelos VCP e as alterações de ordem pública. Além destes incidentes, as equipas de avaliação injetaram diversos constrangimentos, como por exemplo, avarias em viaturas, ferimentos em militares, pedidos de apoio de parte da população local e falhas nos sistemas de comunicações.
As forças armadas portuguesas estão presentes na KFOR desde julho de 1999, tendo, no ano de 2005, assumido a prestigiosa missão de constituir o batalhão de manobra da reserva tática do Comandante da Kosovo Force. Esta força que já passou por diversas configurações, desde março de 2011, é constituída por um Batalhão formado por militares portugueses e húngaros, composta por Comando, uma Companhia de Comando e Serviços (CCS) e duas Companhias de Manobra (uma portuguesa e outra húngara). O Comando e a CCS integram militares portugueses e húngaros.
O 2.º BIPara da Brigada de Reacção Rápida substituirá no Kosovo o Agrupamento Índia da Brigada Mecanizada.
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