O 8.º Contingente Nacional no Afeganistão – designação da última Força Nacional Destacada que Portugal ali empenhou – publicou um interessante livro, retrospectiva de toda a participação militar portuguesa na International Security Assistance Force desde 2002, uma obra que resume bem o que foi esta longa missão para 3.200 militares portugueses.

PORTUGAL, 12 ANOS DE PARTICIPAÇÃO NA ISAF, LIVRO DO 8.º CONTINGENTE NACIONAL, é desde logo uma compilação de dados rigorosos sobre as muito diferentes componentes das sucessivas missões que os três ramos das Forças Armadas Portuguesas e ainda a Guarda Nacional Republicana, ali desempenharam. E só isto não era trabalho fácil, tantas foram as alterações na composição da força, os tempos diferenciados de permanência no Afeganistão e as variadíssimas tarefas levadas a cabo. É também na parte final a tradicional publicação que muitos contingentes editaram, mas aqui, e é justo assinalar a modéstia deste 8.º, com relativamente pouco espaço, certamente porque houve que o dividir com todos os outros! Acresce que o livro foi iniciativa deste Contingente, elaborado a partir de Cabul, e foi necessário recorrer a muita gente em Portugal, sabendo-se que os arquivos oficiais, nomeadamente os audiovisuais sobre o Afeganistão, são de uma pobreza tremenda. Nunca houve uma politica centralizada de recolha de imagens de qualidade (nesta e nas restantes missões internacionais), para memória futura. Ainda assim estamos perante um bom produto final!

Quanto ao conteúdo em si, como se pode avaliar pelo índice, o assunto Afeganistão e ISAF é enquadrado com elementos que permitem a quem não esteja familiarizado com o tema, entrar nele com facilidade. Antes, duas “fitas de tempo” bem feitas ajudam também a perceber quer a participação nacional quer os acontecimentos mundiais e locais, mais significativos. Segue-se então a descrição exaustiva das diferentes componentes que Portugal empenhou no Afeganistão. Uns que serão relativamente conhecidos, como a participação do C-130, dos Comandos, dos Pára-quedistas, outros que muito pouca gente terá noção que existiram, como os bombeiros, controladores aéreos e meteorologistas da Força Aérea, a participação dos Fuzileiros, Policia do Exército e GNR e ainda os destacamentos médicos, informações militares, formadores para a Academia da Força Aérea local e mesmo os militares que ali cumpriram a sua missão em cargos internacionais, por vezes em lugares de razoável importância.

A parte final do livro é dedicada ao 8.º Contingente Nacional e aqui entra-se naturalmente em maior detalhe acerca do trabalho desenvolvido e não apenas nas questões organizacionais, efectivos e missões principais.

Publicamos uma série de páginas do livro que ilustram o que acabamos de escrever, especialmente a grande diversidade de tarefas que foram desempenhadas pelos militares portugueses. Permitimo-nos realçar um aspecto que tem a ver com a “ideia feita” em muita gente no nosso país, até mesmo em militares, sobre o trabalho desenvolvido “como força de combate”. Todas as tarefas foram importantes e fomos parte do esforço global da comunidade internacional no apoio às autoridades afegãs, mas por textos e fotos no capítulo dedicado à QRF (Força de Reacção Rápida – 2005 a 2008) fica clara a intensa actividade operacional desta componente da participação portuguesa – embora aqui se pudesse ter ido mais longe ainda, achamos nós – não faltando inúmeras operações, resultados e baixas.

O livro tem formato 30x22cm, 142 páginas profusamente ilustradas, e foi edição do 8.º Contingente Nacional / ISAF, em Dezembro de 2014, não estando disponivel no mercado livreiro.