PÁRA-QUEDISTAS PORTUGUESES E CANADIANOS EM ALTER DO CHÃO
Por Miguel Machado • 30 Out , 2015 • Categoria: 03. REPORTAGEM PrintNo decurso do exercício NATO “Trident Juncture 15” (TJ 15) que está a decorrer em vários países europeus e também em Portugal, o Operacional foi ver um lançamento de pára-quedistas enquadrado nas actividades de “treino cruzado”, realizado junto a Alter do Chão, na Zona de Lançamento da Silveira. Veja no final deste artigo a vídeo-reportagem.
O TJ 15 está a movimentar em toda a área de operações (Portugal, Espanha e Itália) um enorme volume de forças de vários países da NATO, alguns dos quais deslocaram para as áreas onde decorrem as acções tácticas meios e efectivos pouco usuais. Em Portugal, os três ramos das Forças Armadas também empenham meios significativos – à nossa dimensão – e disso têm dado conta os serviços de informação pública da NATO, EMGFA, Marinha, Exército e Força Aérea, fundamentalmente através das redes sociais, mas também, aqui e ali, despertando alguma atenção dos media convencionais.
O Operacional teve oportunidade de assistir àquilo que estes canais de informação pública divulgaram como “mass drop” (lançamento de pára-quedistas em massa), envolvendo tropas pára-quedistas portuguesas do 1.º Batalhão de Infantaria Pára-quedista da Brigada de Reacção Rápida e canadianas do 3.º Batalhão do Royal 22 Regiment.
Na realidade esta ainda foi uma fase do chamado “treino cruzado” em que as forças dos diferentes países – muitas vezes sem historial de trabalho conjunto regular – antes de uma operação, realizam uma mesma matriz de treino e uniformizam técnicas, táctcias e procedimentos (TTP) para adquirir a desejável familiarização com armamento e equipamento a ser empregue pelas unidades em futuras operações. É uma fase que podemos considerar prévia mas na realidade de enorme importância para alcançar o sucesso na operação propriamente dita seja ela um exercício seja uma intervenção real.
Assim, na parte a que assistimos e sabemos ter sido a preparação para uma acção a ter lugar dentro de dias, à noite, num lançamento em pára-quedas já inserido na manobra táctica que estará em curso na de Tancos, Arripiado e Santa Margarida, envolvendo outras forças multinacionais (algumas portuguesas) de uma brigada de comando canadiano, o “mass drop” (na realidade esta designação parece-nos um pouco “inflacionada” para consumo dos media), envolveu 236 militares (112 portugueses e 124 canadianos), da 11.ª Companhia de Pára-quedistas do 1ºBIPara e a Companhia “A” (Airborne) do 3 Batalhão do Royal 22 Regiment. 5 Hércules C-130 (2 Canadianos, 2 USA e 1 Dinamarquês) garantiram o transporte aéreo e lançamento a partir do Aeródromo Militar de Tancos (AMT), não tendo nesta ocasião sido empregue o Transal C-160 (Alemanha) que também tem apoiado estas actividades de treino cruzado em Tancos.
O comando do batalhão canadiano na qual esta companhia “A” está inserida e ao qual a companhia do 1BIPara foi dada em reforço estava estacionado na área do AMT; a ZL da Silveira foi operada por um Destacamento de Precursores do Batalhão Operacional Aeroterrestre do Regimento de Pára-quedistas da Brigada de Reacção Rápida.
A capacidade pára-quedista do Exército Canadiano está hoje(1) circunscrita à existência de uma companhia de Pára-quedistas num Batalhão que integram cada um dos Regimentos de Infantaria (3º Batalhão do The Royal Canadian Regiment, 3º Batalhão do Princess Patricia´s Canadian Light Infantry, 3º Batalhão do Royal 22 Regiment.
Já na próxima semana, o exercício “Trident Juncture” vai incluir a conquista de uma “cabeça-de-ponte aérea” executada por esta componente aerotransportada luso-canadiana, tendo como ZL o Arripiado e os pára-quedistas – como manda a doutrina de emprego – vão ter que aguentar firmes face ao inimigo até à chegada de forças amigas mais numerosas e com meios mais pesados. O modo como decorreu o lançamento e o espírito reinante no final da reorganização, mostram que os pára-quedistas estão prontos!
(1) O Canadian Airbone Regiment foi extinto por decisão politica em 1995 no decurso dos acontecimentos resultantes do seu emprego na Somália no final de 1992 na denominada “Operation Deliverance”.
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