Depois de num primeiro artigo termos abordado a participação das pequenas e médias empresas na exposição DSEi 2013 – Defense, Security and Equipment international – hoje olhamos para a participação de países e grandes empresas. A dimensão deste evento, no qual estivemos presentes a convite do Grupo “MILÍCIA”, justificará ainda mais dois artigos, um subordinado ao mesmo assunto do presente e um último dedicado exclusivamente a viaturas. Esperamos assim dar aos nossos leitores uma ideia aproximada do que foi a edição 2013 da DSEi.
O Eurofighter ‘Typhoon FGR4 que entrou ao serviço das RAF em 2003, deverá ser retirado a partir de 2015, prevendo-se que até 2030 cerca de 107 destes aviões de combate se mantenham ao serviço.
A exposição contou naturalmente com uma grande participação do Reino Unido, mostrando um evidente entrosamento entre as grandes empresas e as forças armadas, com muitos militares a ajudarem na demonstração dos seus equipamentos. Mas muitos outros países apostaram forte neste evento e muitos deles de pequena dimensão mas que surpreendem pela variedade dos materiais que fabricam e vendem no mercado internacional. Ou seja, além dos países que nos habituamos a ver como grandes fabricantes, como os EUA, França, Alemanha, Israel, África do Sul, Índia, Suécia, Brasil, Espanha, Noruega (só para citar alguns), há uma série deles que estão bem activos neste competitivo mercado mundial. Não vamos citar todos mas os pavilhões da Dinamarca, Estónia, Bulgária, Chile, República Checa, Eslováquia, Emiratos Árabes Unidos (por exemplo), estavam bem recheados de diverso tipo de material de fabrico local e ambição global!
Os últimos dados divulgados pela organização da DSEi 2013, mostram um claro aumento no número de participantes em todas os segmentos:
32,169 visitantes profissionais – mais 13% que os 28,440 da última edição (2011, a feira realiza-se de dois em dois anos;
1,489 expositores internacionais oriundos de mais de 50 países;
40 pavilhões internacionais, contra 30 em 2011;
97 delegações oficiais de visita ao certame, mais 30% que em 2011;
1,034 visitantes classificados como VIP, mais 20% que em 2011.
Portugal esteve representado pela “EID” – Empresa de Investigação e Desenvolvimento de Electrónica, SA, do Grupo EMPORDEF – Empresa Portuguesa de Defesa SGPS SA(*), mostrando os seus equipamentos de electrónica e comunicações. Estes têm obtido algum sucesso a nível internacional, nomeadamente nos sistemas navais, tendo no decurso desta DSEi 13 sido anunciado que a Rohde & Schwarz os havia seleccionado para integrarem a equipa desta empresa de renome mundial que vai fornecer o sistema integrado de comunicações para o novo navio de combate da marinha do Reino Unido, o “Type 26 Global Combat Ship”. A EID tem créditos firmados nesta área naval com mais de 100 navios dotados com os seus equipamentos, nomeadamente nas marinha de guerra de Portugal, Reino Unido, Holanda, Austrália, Espanha e Brasil. Seja como for pavilhão nacional, mostra bem que em termos de indústria de defesa, Portugal tem um longuíssimo caminho a percorrer. Áreas que já mantivemos com alguma pujança, hoje estão completamente desaparecidas e não se conhecem tentativas de inverter a situação. Das muitas oportunidades perdidas que podíamos aqui expor, apenas uma: o projecto Pandur. A este propósito note-se que a Pandur II 8X8 estava na feira muitíssimo discreta (uma miniatura e um pequeno filme a passar) no enorme sector da General Dynmamics, a qual deu prioridade a outras viaturas blindadas que ali expôs.
A foto-reportagem que apresentamos, e que terá continuidade num artigo seguinte, pretende dar uma imagem geral, muito geral necessariamente, dado o número de expositores e países como acima se refere.
Deixamos ainda de parte a componente “viaturas” porque só por si ela dará um quarto e último artigo.
O sector da britânica Thales – participa em quase todos os maiores programas de fornecimento de sistemas de armas às forças armadas britânicas, tal é a sua dimensão e sectores em que opera – tinha em destaque o Watchkeeper WH 450.
O sector “defesa” da Rolls-Royce fabrica motores para uma enorme quantidade de aeronaves e outros sistemas de armas terrestres e navais.
Sendo fabricado com novos materiais, o M777 (da BAE Systems), rebocado, com calibre 155mm, pesa pouco mais de 4 toneladas e é considerado muito manobrável e adaptado a unidade de reacção rápida. C-130, Chinook ou Osprey podem transportar esta arma. Foi adoptado pelo Exército e pelos Marines dos EUA.
Os sistemas autónomos estão em todo o lado e em franca expansão. Aqui uma demonstração do “Halcyon” USV (unmanned surface vehicle) o qual transportava consigo outros sistemas autónomos. Criado inicialmente para a “guerra de minas” evoluiu depois para outras finalidades, nomeadamente para operar veículos submarinos autónomos, sonares, etc. Recentemente testou com sucesso um sistema sueco de neutralização submarina de minas (série Saab Seaeye).
Um dos gigantes europeus da indústria de armamento, a MBDA missile systems. Trata-se de uma empresa com 10.000 funcionários e fábricas em França, Alemanha, Reino Unido, Itália e EUA. Os seus “donos” são a BAE Systems, a EADS e a Finmeccanica. Fornece cerca de 90 países do mundo com misseis, tendo em 2012 vendido 3.000 dos mais diversos tipos (terra, mar e ar).
A EADS, outro gigante europeu, com muitos produtos em serviço um pouco por todo o mundo. Portugal afastou-se de alguns programas mas adquiriu à EADS o C-295M.
Portugal não entrou no programa A400, entrou e saiu do NH-90 sem nunca receber este tipo de aeronaves e recebeu mas não aceitou o EC-635. Este último tipo de helicóptero está ao serviço das forças especiais da Jordânia, das forças armadas da Suíça e de outros países. As forças especiais da Alemanha, acabaram de escolher uma versão muito semelhante, o EC 645.
A Lockheed Martin dos EUA, uma da maiores empresas do mundo na área da defesa, com sistemas de armas para terra, mar e ar.
Outro grande na área da defesa, espaço, e equipamentos não-militares, a americana ATK. De satélites a munições de pequeno calibre, são muitas as áreas de actividade da empresa.
O pequeno RF-7850M-HH, Multiband Networking Handheld radio, do gigante Harris, uma das estrelas da exposição, mas com um preço de acordo com as suas elevadas capacidades.
Outra grande empresa de comunicações dos EUA a L3 apresentou vários sistemas de comunicações via satélite, como este GCS Hawkey III Lite, facilmente transportável e que garante comunicações de voz, video e dados.
A área do Brasil incluía muitas empresas de diferentes áreas, como a Queiroz Galvão que trabalha na implantação de sistemas de vigilância, monitorização e controle terrestre e marítimo, de que são exemplos: “Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul”; “Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras”; “Sistema Integrado de Proteção de Estruturas Estratégicas Terrestres”.
A EMGEPRON, com capitais públicos, tem vários projectos de construção naval (fragatas, corvetas e patrulhas), na reparação, nas munições para diferentes finalidades e outras áreas de interesse militar.
Os países nórdicos estiveram presentes em força na feira. Na foto o Joint Strike Missile fabricado pelo Kongsberg Gruppen, que deverá equipar os F-35 noruegueses e que se destina a ser empregue contra alvos terrestres e navais.
Outra empresa nórdica (Noruega, Suécia e Finlândia) a Nammo, especializada em munições de diversos tipos e com instalações na Europa, Canadá, EUA e Austrália.
A conhecida Saab tem uma enorme intervenção na área da defesa, sendo um grupo com muitos produtos na área da aviação, sistemas terrestres, navais e na área da segurança/policias. Em primeiro plano o “subrov” que pode ser lançado a partir do tubo de torpedos de um submarino e capaz de ser utilizado para muitas tarefas, como inspecções submarinas, corte de redes/cabos, guerra anti-minas, e ainda para tarefas acima da linha de água ligadas, por exemplo, a comunicações e guerra electrónica.
O navio da Marinha de Guerra da Suécia para guerra de minas, o “Ulvon”, da classe “Koster”, um dos que podia ser visitado em Londres.
A alemã Rheinmetall AG, com intervenção em várias áreas e grande intervenção no sector da defesa que vai das viaturas blindadas aos sistemas de defesa área, passando pelos projectos do “soldado do futuro” e sistemas de simulação entre muitos outros.
Outra empresa alemã esta que expunha aqui um avançado sistema de detecção de agentes químicos.
Uma das empresa belgas presentes, a conhecida FN (Fabrique Nationale de Herstal) que mantém a venda de produtos consagrados, como a FN Mag 7,62X51mm NATO. Segundo a fábrica mais de 200.000 unidades estão em serviço no mundo desde 1958 em mais de 90 países.
Outra empresa belga, esta dedicada a sistemas integrados de visualização do campo de batalha, espaço, comando e controlo e controlo do espaço aéreo.
Várias também as empresas espanholas presentes, aqui a “Navantia” com um modelo do navio de projecção estratégico D. Juan Carlos I.
Uma das estrelas mediáticas da exposição foi este UAV “tipo pássaro”, da companhia espanhola Expal Shepherd-Mil, capaz de voar cerca de 60 minutos. Como muitos outros produtos nesta área dos “drones”, este ainda não está vendido mas a empresa espera que ele seja adquirido em breve. Tem variadas capacidades destinadas a missões militares ou das forças de segurança.
O único representante nacional a nível de expositores, a EID – Empordef.
O sistema integrado de comunicações da EID está a funcionar em mais de 100 navios das Marinhas de Guerra de portugal, Reino Unido, Espanha, Holanda, Uruguai e Brasil.
Os sistemas para emprego “em terra” são bem conhecidos dos nossos militares e estão em uso nos três ramos das Forças Armadas.
Uma curiosidade para encerrar esta reportagem. O Bloodhound SSC, veículo destinado a tentar bater o recorde de velocidade terrestre. Na área das tecnologias “de ponta” não raras vezes a colaboração entre entidades militares e empresariais produz bons resultados para ambos.
(*)A EMPORDEF, SGPS, SA é a holding das indústrias de defesa portuguesas cuja actividade consiste na gestão de participações sociais detidas pelo Estado em sociedades ligadas directa ou indirectamente às actividades de defesa, como forma indirecta de exercício de actividades económicas.
Leia aqui outros artigos sobre esta exposição:
DSEi, LONDRES 2013 (I)
PAÍSES E GRANDES EMPRESAS NA DSEi LONDRES (III)