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OPERAÇÃO “SILVEIRA”, PÁRA-QUEDISTAS TREINAM REACÇÃO IMEDIATA

Por • 2 Dez , 2013 • Categoria: 03. REPORTAGEM Print Print

Nas Forças Armadas Portuguesas o espírito de missão não é expressão de circunstância, nem declaração sem sentido real. É prática corrente pese embora o ambiente geral do país. A suposta inactividade militar que por vezes se ouve pela imprensa não passa de uma “ideia feita” ao sabor de algumas conveniências. O Operacional foi ver um exercício, mais um daqueles de que ninguém fala, mas acontecem, e cumprem a sua finalidade: manter forças em elevado grau de prontidão.

O 1.º Batalhão de Infantaria Pára-Quedista da Brigada de Reacção Rápida termina agora um intenso ciclo de treino e mesmo emprego operacional. Um exemplo entre muitos outros nas Forças Armadas Portuguesas que deve ser do conhecimento público.

O 1.º Batalhão de Infantaria Pára-Quedista da Brigada de Reacção Rápida termina agora um intenso ciclo de treino e mesmo emprego operacional. Um exemplo entre muitos outros nas Forças Armadas Portuguesas e que deve ser do conhecimento público.

Todos os dias militares portugueses estão envolvidos quer em missões reais dentro e fora do território nacional, quer em actividades de instrução e treino operacional. A falta de recursos, sendo uma realidade que limita sobretudo o reequipamento adequado e o treino operacional, permite ainda assim a manutenção de exercícios, quase e sempre mais limitados no tempo do que em épocas anteriores – gastam-se menos munições, horas de vôo, combustíveis, alimentação, etc. – destinados a garantir que em caso de necessidade, o país tenha militares preparados para intervir. Nas chamadas “forças de reacção imediata”, destinadas principalmente a actuar num curto espaço de tempo e a longas distâncias, o treino e a articulação entre unidades de vários ramos e especializações são uma necessidade absoluta.

Enquanto as Forças Armadas Portuguesas realizavam o exercício “Lusitano 2013” na Região Autónoma da Madeira (de 18 a 27 de Novembro, com grande cobertura mediática e ainda bem!), no qual foi certificada a Força de Reacção Imediata (FRI) do Estado-Maior General das Forças Armadas que fica em standby para 2014 e mostrar naquela região a capacidade de articulação com outras entidades, nomeadamente a Protecção Civil, o 1ºBatalhão de Infantaria Pára-quedista (1BIPara), que até ao final de 2013 integra a componente terrestre desta FRI, planeou e executou em 21NOV13 a operação “Silveira 2013” (*).

Esta operação, executada em apenas 24 horas, decorre de um cenário, já utilizado no exercício ZEUS 13, que engloba três países fictícios, com características semelhantes às verificadas nos Teatros de Operações onde Portugal tem ou pode participar com forças no âmbito do Espaço Estratégico de Interesse Nacional, e cuja situação de segurança tem vindo a degradar-se, não havendo condições de segurança para os cidadãos nacionais permanecerem na região.

Neste país fictício, a situação degrada-se rapidamente e há necessidade de evacuar rapidamente um pequeno grupo de cidadãos nacionais que se encontravam em missão diplomática. Perante a súbita degradação da situação de segurança e com o avolumar do grau de ameaça aos cidadãos nacionais é activada a FRI e é decidido superiormente enviar o 1BIPara para executar esta operação, activando-se também duas aeronaves Hércules C-130 da Esquadra 501 da Força Aérea Portuguesa para a execução da projecção da força.

Efectuado um rigoroso planeamento, o 1BIPara preparou 208 militares para serem projectados por salto em pára-quedas, conquistar um objectivo em profundidade e proceder à evacuação dos cidadãos nacionais.

Efectuado o salto e a reorganização, iniciou-se o deslocamento táctico apeado e a conquista de um objectivo que se constituiu como a cabeça-de-ponte aérea para a realização da operação de evacuação de cidadãos nacionais não-combatentes, e, “pelo caminho” houve que enfrentar um grupo de forças insurgentes que desenvolveu ataques contra as forças internacionais e organizações não-governamentais.

Este exercício foi mais uma oportunidade para incrementar e aperfeiçoar a capacidade de planeamento, coordenação, execução e controlo de uma Operação Aerotransportada e de uma operação de Evacuação de Não-Combatentes em ambiente incerto.

Participaram neste exercício 222 militares do 1BIPara, e 15 viaturas de várias tipologias, tendo ainda sido empregues dois C-130 da Esquadra 501 da Força Aérea Portuguesa. Saltaram em pára-quedas de abertura automática 208 militares, 104 em cada passagem pela zona de lançamento.

Foi assim mais uma vez testado o plano de alerta, carregamento, transporte e projecção do 1BIPara para a execução de uma Operação Aerotransportada.

Armas do 1.º Batalhão de Infantaria Pára-quedista que se encontra aquartelado no Regimento de Infantaria N.º 15, da Brigada de Reacção Rápida do Exército Português.

Armas do 1.º Batalhão de Infantaria Pára-quedista que se encontra aquartelado no Regimento de Infantaria N.º 15 (Tomar), da Brigada de Reacção Rápida do Exército Português.

De Setembro a Dezembro de 2012 o 1BIPara organizou e aprontou o núcleo inicial da Land Component Command da FRI 2013, tendo a força sido certificada pela Inspecção Geral do Exército. Desde 01 de Novembro de 2011 até 31 de Dezembro de 2013, o 1BIPara garante a prontidão da força que se encontra em stand-by – categoria 2 (5 dias Notice To Move). Segue-se com esta responsabilidade – muito importante senão imprescindível se Portugal tiver que lançar uma operação exclusivamente nacional -, o outro batalhão de pára-quedistas da Brigada de Reacção Rápida, o 2BIPara, recém chegado de 6 meses no Kosovo e que agora foi certificado para esta nova tarefa no “Lusitano 2013”.

Com a operação “Silveira” o 1BIPara encerra um ciclo operacional de dois anos como componente terrestre da FRI que foi iniciado em Setembro de 2011 e de que se destaca a participação na operação real “Manatim” ocorrida em Abril de 2012, aquando da instabilidade na República da Guiné-Bissau.

Equipar em Tancos com todo o material e armamento. 208 militares do 1.ºBIPara iriam embarcar para o último salto operacional de um intenso e prolongado período de actividade.

Equipar em Tancos com todo o material e armamento. 208 militares do 1.ºBIPara iriam embarcar para o último salto operacional de um prolongado período ao serviço da Força de Reacção Imediata do Estado-Maior General das Forças Armadas.

Dois Hércules C-130 da Esquadra 501 da Força aérea Portuguesa garantiram o transporte aéreo e lançamento em pára-quedas da força.

Dois Hércules C-130 da Esquadra 501 da Força Aérea Portuguesa garantiram o transporte aéreo e lançamento em pára-quedas da força.

52 pára-quedistas equipados e armados para combate em cada C-130. Não sobra grande espaço..

52 pára-quedistas equipados e armados para combate em cada C-130. Não sobra grande espaço…

Na aproximação à Zona de Lançamento as ordens sucedem-se e os largadores verificam o "enganchar".

Na aproximação à Zona de Lançamento as ordens sucedem-se e os largadores verificam o “enganchar”.

Os "fechos de enganchar" ligam o pára-quedas ao "cabo de ancoragem". Quando o militar se lança no espaço é isto que permite a "abertura automática" do pára-quedas.

Os “fechos de enganchar” e as suas “tiras extractoras” ligam o pára-quedas ao “cabo de ancoragem” do avião. Quando o militar se lança no espaço isto que permite a “abertura automática” do pára-quedas.

A escassos minutos da ZL os "load masters" abrem as portas e preparam-nas para o lançamento dos pára-quedistas.

A escassos minutos da ZL os “load masters”, tripulantes do C-130, abrem as portas e preparam-nas para o lançamento dos pára-quedistas.

Por esta altura as aeronaves já estão no rumo de lançamento.

Por esta altura as aeronaves já estão no rumo de lançamento.

os "load masters" já entregaram as portas aos largadores, e dentro de segundos vai ser dada a ordem de "Em posição!", na qual o primeiro militar de cada "patrulha de salto" aguarda a "luz verde".

Os “load masters” já entregaram as portas aos largadores, dentro de segundos vai ser dada a ordem de “Em posição!” Na foto note-se, em cada porta, o largador colocado de modo que ninguém possa sair antes do tempo próprio e o ajudante de largador controla a patrulha.

Foi dada a ordem de "Em posição" e o 1.º militar de cada patrulha de salto, está à porta, aguardando a ordem de "Já" dada pelos largadores  quando a luz verde substituir a vermelha.

Foi dada a ordem de “Em posição!” e o 1.º militar de cada patrulha de salto, está à porta, aguardando a ordem de “Já” dada pelos largadores quando a luz verde substituir a vermelha.

"Já!", instantaneamente os primeiros pára-quedistas saltam pelas duas portas do C-130.

“Já!”, instantaneamente os primeiros pára-quedistas saltam pelas duas portas do C-130.

Em segundos, 26 militares saltam por cada porta do C-130.

Em segundos, 26 militares saltam por cada porta do C-130, cabendo aos largadores manter a cadência,  permitindo boas saídas da aeronave e evitando problemas com as tiras extractoras. Estas vão ficar agarradas ao avião e cabe aos largadores a sua recolha.

Numa só passagem 104 pára-quedistas, armados e equipados para combate estão no ar a verificar se a abertura do pára-quedas decorreu sem incidentes.

Numa só passagem 104 pára-quedistas, armados e equipados para combate, estão no ar a verificar se a abertura do pára-quedas decorreu sem incidentes.

Aqui já se prepara a aterragem, largando o equipamento e armamento que fica suspenso por um cabo ligado ao arnês do pára-quedas.

Aqui já se prepara a aterragem, largando o equipamento e armamento que fica suspenso por um cabo ligado ao arnês do pára-quedas.

Verifica-se a direcção do vento, manobra-se para evitar um ou outro obstáculo no solo e..."aperta-se bem" para preparar o impacto no solo.

Verifica-se a direcção do vento, manobra-se para “anular” alguma da sua velocidade e para evitar um ou outro obstáculo no solo e…”aperta-se bem” para preparar o impacto no solo.

Impacto forte, por vezes mesmo violento, num dia em que o vento não está "nos mínimos". Este militar, por qualquer motivo, não conseguiu libertar a mochila o que lhe vai dificultar os movimentos...

Impacto forte, por vezes mesmo violento, num dia em que o vento não estava “nos mínimos”. Este militar, por qualquer motivo, não conseguiu libertar o equipamento (mochila e arma) o que lhe prejudicou a aterragem e vai dificultar os movimentos…

...e assim as manobras para controlar a calote insuflada por uma rajada de vento forte torna-se mais difícil.

…e assim as manobras para controlar a calote, insuflada por uma rajada de vento forte, torna-se mais difícil. Não raramente a força do pára-quedas é superior à do homem e só a aplicação das técnicas correctas permite o seu controlo sem danos pessoais.

Aqui o pára-quedista suspendeu o equipamento antes da aterragem (note-se o cabo por entre as pernas do militar) e agora domina a calote.

Aqui o pára-quedista suspendeu o equipamento antes da aterragem (note-se o cabo por entre as pernas do militar) e agora domina a calote do pára-quedas.

Segue-se a "dobragem sumária", destinada a colocar o pára-quedas dentro de uma bolsa apenas para o transportar.

Segue-se a “dobragem sumária”, destinada a colocar o pára-quedas dentro de uma bolsa apenas para o transportar.

Hoje em dia, ao contrário do que era normal anteriormente, os pára-quedistas, logo após o empacotamento do pára-quedas, colocam a arma em posição de ser utilizada. Neste caso.. o pára-quedista uma G-3 arma que já tinha deixado de ser usada pelos pára-quedistas.

Hoje em dia, ao contrário do que era normal anteriormente, os pára-quedistas logo após o empacotamento do pára-quedas, colocam a arma em posição de ser utilizada. Neste caso curiosamente o pára-quedista usa uma G-3 7,62mm, destinada a ser usada com o HK 79, lança granadas de 40mm.

Estes militares fazem um pequeno alto, ainda na ZL - mantendo a segurança periférica - a aguardar a chegada da restante secção.  Um dos militares usa a Gali 5,56mm AR (com bipé e carregador de 50 munições).

Estes militares fazem um pequeno alto, ainda na ZL – mantendo a segurança periférica – a aguardar a chegada da restante secção. Um dos militares usa a Gali 5,56mm ARM (com bipé).

A reorganização e o deslocamento até ao ponto onde se deixam os pára-quedas é sempre fisicamente exigente. O equipamento individual dos pára-quedistas portugueses (comum a todo o Exército), está claramente a necessitar de uma modernização.

A reorganização e o deslocamento até ao ponto onde se deixam os pára-quedas é sempre fisicamente exigente. O equipamento individual dos pára-quedistas portugueses (comum a todo o Exército), está claramente a necessitar de uma modernização que o torne semelhante ao dos nossos parceiros internacionais, mais prático e com melhores capacidades.

Nestas missões de treino, procede-se à recolha dos pára-quedas e assinalam-se eventuais avarias. A operação "Silveira"  segue  de imediato.

Nestas missões de treino, procede-se à recolha dos pára-quedas e assinalam-se eventuais avarias no material ou incidentes/acidentes.

O salto em pára-quedas (mesmo em treino, é sempre "a sério"), não só testa o militar do ponto de vista psicológico como só o combate o fará, como não raras vezes provoca lesões de gravidade variável. Neste salto, 8 militares evacuados por lesões na aterragem.

O salto em pára-quedas (mesmo em treino, é sempre “a sério”), não só testa o militar do ponto de vista psicológico como só o combate o fará, como não raras vezes provoca lesões de gravidade variável. Neste salto, 8 militares evacuados por lesões na aterragem.

Terminada a reorganização, recolhidos os pára-quedas e evacuados os feridos, a operação "Silveira" vai continuar.

Terminada a reorganização, recolhidos os pára-quedas e evacuados os feridos, a operação “Silveira” vai continuar.

(*) Nome da Zona de Lançamento em pára-quedas que foi utilizada.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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