OPERAÇÃO “SILVEIRA”, PÁRA-QUEDISTAS TREINAM REACÇÃO IMEDIATA
Por Miguel Machado • 2 Dez , 2013 • Categoria: 03. REPORTAGEM PrintNas Forças Armadas Portuguesas o espírito de missão não é expressão de circunstância, nem declaração sem sentido real. É prática corrente pese embora o ambiente geral do país. A suposta inactividade militar que por vezes se ouve pela imprensa não passa de uma “ideia feita” ao sabor de algumas conveniências. O Operacional foi ver um exercício, mais um daqueles de que ninguém fala, mas acontecem, e cumprem a sua finalidade: manter forças em elevado grau de prontidão.
Todos os dias militares portugueses estão envolvidos quer em missões reais dentro e fora do território nacional, quer em actividades de instrução e treino operacional. A falta de recursos, sendo uma realidade que limita sobretudo o reequipamento adequado e o treino operacional, permite ainda assim a manutenção de exercícios, quase e sempre mais limitados no tempo do que em épocas anteriores – gastam-se menos munições, horas de vôo, combustíveis, alimentação, etc. – destinados a garantir que em caso de necessidade, o país tenha militares preparados para intervir. Nas chamadas “forças de reacção imediata”, destinadas principalmente a actuar num curto espaço de tempo e a longas distâncias, o treino e a articulação entre unidades de vários ramos e especializações são uma necessidade absoluta.
Enquanto as Forças Armadas Portuguesas realizavam o exercício “Lusitano 2013” na Região Autónoma da Madeira (de 18 a 27 de Novembro, com grande cobertura mediática e ainda bem!), no qual foi certificada a Força de Reacção Imediata (FRI) do Estado-Maior General das Forças Armadas que fica em standby para 2014 e mostrar naquela região a capacidade de articulação com outras entidades, nomeadamente a Protecção Civil, o 1ºBatalhão de Infantaria Pára-quedista (1BIPara), que até ao final de 2013 integra a componente terrestre desta FRI, planeou e executou em 21NOV13 a operação “Silveira 2013” (*).
Esta operação, executada em apenas 24 horas, decorre de um cenário, já utilizado no exercício ZEUS 13, que engloba três países fictícios, com características semelhantes às verificadas nos Teatros de Operações onde Portugal tem ou pode participar com forças no âmbito do Espaço Estratégico de Interesse Nacional, e cuja situação de segurança tem vindo a degradar-se, não havendo condições de segurança para os cidadãos nacionais permanecerem na região.
Neste país fictício, a situação degrada-se rapidamente e há necessidade de evacuar rapidamente um pequeno grupo de cidadãos nacionais que se encontravam em missão diplomática. Perante a súbita degradação da situação de segurança e com o avolumar do grau de ameaça aos cidadãos nacionais é activada a FRI e é decidido superiormente enviar o 1BIPara para executar esta operação, activando-se também duas aeronaves Hércules C-130 da Esquadra 501 da Força Aérea Portuguesa para a execução da projecção da força.
Efectuado um rigoroso planeamento, o 1BIPara preparou 208 militares para serem projectados por salto em pára-quedas, conquistar um objectivo em profundidade e proceder à evacuação dos cidadãos nacionais.
Efectuado o salto e a reorganização, iniciou-se o deslocamento táctico apeado e a conquista de um objectivo que se constituiu como a cabeça-de-ponte aérea para a realização da operação de evacuação de cidadãos nacionais não-combatentes, e, “pelo caminho” houve que enfrentar um grupo de forças insurgentes que desenvolveu ataques contra as forças internacionais e organizações não-governamentais.
Este exercício foi mais uma oportunidade para incrementar e aperfeiçoar a capacidade de planeamento, coordenação, execução e controlo de uma Operação Aerotransportada e de uma operação de Evacuação de Não-Combatentes em ambiente incerto.
Participaram neste exercício 222 militares do 1BIPara, e 15 viaturas de várias tipologias, tendo ainda sido empregues dois C-130 da Esquadra 501 da Força Aérea Portuguesa. Saltaram em pára-quedas de abertura automática 208 militares, 104 em cada passagem pela zona de lançamento.
Foi assim mais uma vez testado o plano de alerta, carregamento, transporte e projecção do 1BIPara para a execução de uma Operação Aerotransportada.
De Setembro a Dezembro de 2012 o 1BIPara organizou e aprontou o núcleo inicial da Land Component Command da FRI 2013, tendo a força sido certificada pela Inspecção Geral do Exército. Desde 01 de Novembro de 2011 até 31 de Dezembro de 2013, o 1BIPara garante a prontidão da força que se encontra em stand-by – categoria 2 (5 dias Notice To Move). Segue-se com esta responsabilidade – muito importante senão imprescindível se Portugal tiver que lançar uma operação exclusivamente nacional -, o outro batalhão de pára-quedistas da Brigada de Reacção Rápida, o 2BIPara, recém chegado de 6 meses no Kosovo e que agora foi certificado para esta nova tarefa no “Lusitano 2013”.
Com a operação “Silveira” o 1BIPara encerra um ciclo operacional de dois anos como componente terrestre da FRI que foi iniciado em Setembro de 2011 e de que se destaca a participação na operação real “Manatim” ocorrida em Abril de 2012, aquando da instabilidade na República da Guiné-Bissau.
(*) Nome da Zona de Lançamento em pára-quedas que foi utilizada.
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