NO FORTE DO BOM SUCESSO
Por Miguel Machado • 26 Fev , 2010 • Categoria: 01. NOTÍCIAS, 14.TURISMO MILITAR Print
Aproveitando uma visita à exposição de fotografia “Dois olhares sobre o Afeganistão” que está patente no Forte do Bom Sucesso em Lisboa, aqui deixamos algumas sugestões para uma futura visita.
Quem se interessa por temática militar tem ali vários pontos de interesse, sugerimos aqui alguns mas não esgotamos o assunto. Até porque o Museu da Liga dos Combatentes que ali está instalado, encontra-se a receber melhoramentos e desde já fica a promessa de uma nova visita para dar conta das novidades.
Dois olhares sobre o Afeganistão
Esta exposição fotográfica de Ângelo Lucas e Roger Leymoyne está patente ao público até ao final do mês de Fevereiro e inclui um conjunto de 30 imagens seleccionadas por estes dois fotojornalistas. Estes olhares de um português e um canadiano sobre a realidade que percepcionaram em visitas que fizeram, separados e em datas muito variadas (entre 1996 e 2009), dão sobretudo uma imagem do povo afegão – “…A maior parte das minhas fotografias não são do conflito, mas das suas vitimas…“, diz Roger Lemoyne – e, só marginalmente, de alguma presença militar. De grande qualidade estética, estas fotografias são, no dizer de Ângelo Lucas “... algumas peças do puzzle, aquelas que mais nos enchem a alma e persistem na memória.”
Sendo interessante este conjunto de imagens, mesmo merecendo ser olhadas com calma e pensadas, não preenchem muito tempo. Assim sendo não podemos deixar de alertar para alguns outros elementos de interesse ali dsponiveis.
Artilharia de Costa
Desde logo para os aficionados da artilharia de costa uma vez que aqui está o único local em Portugal Continental onde se pode ter livremente acesso, físico, a uma bateria de costa. É verdade, enquanto o Museu da Artilharia de Costa previsto para a antiga bateria da Parede não “arranca”, aqui os visitantes podem ver, em detalhe, duas torres com peças geminadas de 5,6cm/48 (estas peças por vezes aprecem referenciadas com 5,7cm). Destinadas ao antigo “Comando da Defeza Marítima de Lisboa”, foram instaladas em 1950 e deveriam bater pelo fogo as eventuais “vedetas rápidas” que se aproximassem da capital. Esta era a última linha de defesa do Porto de Lisboa, esperando-se que os navios inimigos começassem a ser batidos primeiro pelas peças de 23,4cm, depois pelas de 15,2 cm e se conseguissem passar, então o Bom Sucesso” entraria em acção.
Guerra do Ultramar
O Forte apresenta ainda muitas armas pesadas que foram usadas na Guerra do Ultramar e mesmo um Carro de Combate. Trata-se de um M5A1, idêntico aos 3 que rumaram a Angola em 1967 e serviram em Nambuangongo, extraordinária epopeia, bem portuguesa, descrita em detalhe no livro “Elefante DunDum” do falecido João Mendes Paulo. Material da Marinha como um bote zerbo e metralhadoras Oerlinkon 20mm e da Força Aérea como o “nariz e cokpit” de um Fiat G-91 também ali podem ser vistos. Alguma material capturado pelas forças portuguesas em África marca ainda presença.
Guerras e períodos anteriores também ali têm elementos museológicos, sobretudo artilharia.
Aos Combatentes do Ultramar
O Forte envolve, como a maioria dos leitores bem saberá, o Monumento aos Combatentes do Ultramar e nas suas paredes viradas para terra, a lista nominal dos portugueses que morreram nesse conflito. Para este efeito foi considerado ter esta guerra em defesa do então Ultramar começado em 1958 no Estado Português da Índia. Também já lembrados em moldes semelhantes, os mortos nos conflitos da actualidade, os das Operações de Paz e Humanitárias.
Sobre esta temática leia também:
COMEMORAÇÕES DO 91º ANIVERSÁRIO DO ARMISTÍCIO E 86º ANIVERSÁRIO DA LIGA DOS COMBATENTES
MILITARES PORTUGUESES MORTOS EM MISSÕES DE PAZ
91º ANIVERSÁRIO DA BATALHA DE LA LYS
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