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MUSEU DA AVIAÇÃO MILITAR EM SZOLNOK (HUNGRIA) – CONCLUSÃO

Por • 29 Nov , 2018 • Categoria: 03. REPORTAGEM, 07. TECNOLOGIA, 14.TURISMO MILITAR Print Print

Depois de no primeiro artigo sobre este Museu da Aviação Militar de Szolnok termos feito uma caracterização geral e iniciado a visita pela área coberta, hoje vamos até ao ar-livre ver a as suas principais atracções: a colecção de caças MiG, os helicópteros e os sistemas de defesa aérea.

Do MiG 15 aos MiG 29, passando por muitas das versões do MiG 21, este museu tem uma excelente colecção destes caças que a então União Soviética e alguns países da sua órbita produziram: voaram e combateram um pouco por todo o mundo.

Área descoberta

Actualmente esta área tem expostas cerca de 30 aeronaves, asa fixa e rotativa, e ainda uma série de misseis, viaturas, radares, dos antigos sistemas de defesa aérea do país. É também aqui que existe um “parque infantil” e um antigo armazém dos caminhos-de-ferro adaptado com diversões para crianças. O “ponto forte” aqui é a colecção de caças Mikoyan-Gurevich MiG, de origem soviética, dos quais registamos os seguintes: Mig-15BISZ; UTI MiG-15; MiG-17PF; MiG-19PM; MiG-21F-13; MiG-21PF; MiG-21U-400; MiG-21U-600; MiG-21MF; MiG-21BISZ 75A; MiG-21 BISZ 75AP; MiG-23 UB; MiG-23 MF; MiG-29B!

Esta imagem dá uma ideia da colecção de caças MiG que o museu apresenta. Vamos apenas apresentar alguns deles!

Um L-200 Morava fabricado na Checoslováquia que foi usado na Hungria pelo Ministério do Interior (na fuselagem a palavra Policia) e apenas com 2 unidades.

O L-29 Dolphin avião de treino usado pelo Exército Popular entre 1964 e 1984. Foram recebidos 18 da Checoslováquia e o museu assinala o facto dos dois astronautas húngaros – Bertalan Farkas e Béla Magyari – terem treinado com este tipo de aeronave, além de poder usar pistas de relva sem problemas.

O L-39ZO Albatros, também oriundo da Checoslováquia que veio substituir o Dolphin como avião de treino. Este é a versão armada e foram usados 20 até 2009.

O primeiro helicóptero a servir na Hungria, o MIL MI-4A (código NATO Hound). Só foram comprados 2 e serviram apenas entre 1955 e 1958.

O MIL MI-8T (código NATO Hip-C), helicóptero de transporte que neste caso foi armado com “pods” de foguetes. A Hungria comprou 49 à URSS e estão ao serviço desde 1969.

Um MIL MI-9 (código NATO Hip-G), versão Posto de de Comando Aerotransportado, com capacidade no compartimento de carga para 4 a 5 pessoas no posto de comando e 3 a 4 nas consolas radio. Versão do MI-8 também é conhecida por MI-8IV.

O MIL MI-24D (código NATO Hind) foi o primeiro helicóptero de ataque adquirido pela Hungria, em 1978, recebeu 30, e estiveram operacionais até 2002. É um dos helicópteros de origem soviética mais conhecidos (e eficazes!) do mundo, usado em combate em várias guerras e continentes. Ainda hoje.

O MIL MI-24 D “Tweety I” foi o primeiro helicóptero a ter, em 2000, uma “pintura decorativa” nas Forças de Defesa da Hungria. Esta aeronave pertenceu ao 87.º Regimento de Helicópteros de Ataque “Bakoni”, foi originalmente comprado à URSS em 1980.

O MiG 15 BISZ (código NATO Fagot B), caça de primeira geração que serviu na Hungria entre 1962 e 1975 em número de 104! Em cima à esquerda vista frontal do mesmo avião, note-se o armamento e na foto da direita, a versão de treino, o UTI MiG-15 (código NATO Midget), sem armamento e dois lugares, dos quais a Hungria usou 49 entre 1951 e 1974.

Mig-17PF (código NATO Fresco) que a Hungria usou entre 1955 e 1974 e dos quais recebeu 12 aparelhos. A “bola” branca no centro da entrada de ar é a protecção de um pequeno radar.

MiG-19 PM (código NATO Farmer), o primeiro caça supersónico de fabrico soviético. Entre 1959 e 1974 a Hungria utilizou 12 destes aparelhos que também tiveram extenso uso no universo dos países apoiados pela URSS.Curiosamente, no museu é apresentado como “combateu com sucesso contra aviões americanos”, sem concretizarem, mas fazendo uma busca, de facto lá nos surgem várias situações.

MiG-21 BISZ 75A (código NATO Fishbed-L). A Hungria operou 15 destes aparelhos entre 1975 e 2000. Uma das várias versões do MiG-21 que o museu expõe. Também um dos aviões mais difundidos no mundo, nas suas várias versões calcula-se que tenham sido fabricados a partir de 1955 cerca de 10.000, dos quais alguns ainda estão operacionais.

MiG-23UB (código NATO Flogger C), versão de treino dos quais a Hungria recebeu 4 aparelhos que serviram entre 1979 e 1997. Na vista frontal é bem notória a “geometria variável” das asas, aqui recolhidas ao máximo.

MiG-23 MF (código NATO Flogger B), caça de terceira geração de geometria variável. Interceptor de grande manobrabilidade e capaz de descolar/aterrar em pistas curtas. 12 serviram na Hungria entre 1979 e 1997.

O SZU-22M3 (código NATO Fitter-J), caça bombardeiro de ataque ao solo, também com asas de geometria variável, foi usado na Hungria entre 1984 e 1997 que recebeu 12 destes aviões.

Mas como mostramos nas fotos deste artigo vários outros aviões a jacto estão no museu, quer versões de treino quer de combate, aos quais se juntam os helicópteros, dos mais antigos como o MIL MI-4A de 1955 aos MIL-MI-24D, passando pelos MI-8T e MI-8P e MI-9.

Muito mais naturalmente haveria para dizer sobre estas aeronaves, muitas delas marcaram épocas, conheceram várias guerras por todo o mundo ao serviço de outros países que receberam material de origem soviética. Vários entraram em combate com aeronaves americanas e/ou de outros países da NATO, cedidas a terceiros.

Uma nota ainda para dois F-104G Starfighter, um oriundo da Força Aérea da Alemanha – que recebeu o impressionante número de 915 destes aviões – e outro da Força Aérea Turca. O antigo museu tinha aeronaves “ocidentais” como um Hawker Hunter Mk 58 ou dois Saab, um o J 32 Lansen e o J-37 Viggen, além de vários aviões de transporte, que certamente ainda irão enriquecer no futuro o acervo deste museu.

MiG-29B (código NATO Fulcrum), recebidos da Rússia em 1993 e que estiveram ao serviço até Dezembro de 2010. A Hungria operou 28 destes aviões que foram substituídos pelos JAS-39 Gripen dos quais receberam 14, sendo 2 de instrução.

O L-39ZO Albatros “Capeti II” é um dos L-39 fabricados na Checoslováquia mas que a Hungria recebeu da Alemanha Oriental em 1994. Este foi retirado de serviço em 2009 e está aqui com a pintura decorativa que assinala a sua permanência na Força Aérea da Hungria. “Cápeti II” ou seja, Tubarão II porque o Tubarão I é o MiG 21 que abaixo mostramos.

MiG-21BISZ 75AP, com esta pintura decorativa e apelidado de “Cápeti I” – o primeiro avião húngaro a receber este tipo de pintura – para ser exibido num festival aéreo em 1992, durante o qual fazia o papel de inimigo da patrulha acrobática húngara, os “Égi Huszárok” (Hussardos do Ar). Criados em 1991 tratava-se de uma parelha de MiG-21BISZ com as cores operacionais (camuflado) e este MiG que desempenhava o papel de inimigo nas demonstrações.

O F-104G Starfighter, oriundo da Força Aérea da Alemanha Federal – que recebeu o impressionante número de 915 destes aviões – e outro da Força Aérea Turca. Na foto frontal é bem visível a pequeníssima envergadura desta aeronave que não ficou conhecida pelas melhores razões, devido ao elevado numero de acidentes mortais que teve, sobretudo na Alemanha.

Na área destinada aos sistemas de defesa aérea, pode ser visto toda uma panóplia de misseis, sistemas de transporte, sistemas de vigilância e detecção, e ainda painéis com a explicação detalhadas de como funcionada a defesa área da Hungria com o Pacto de Varsóvia e a localização das suas unidades. Nestes tempos, aliás como na maioria dos países de regime comunista, a defesa anti-aérea estava ligada às forças aéreas, motivo porque hoje este museu tem uma importante componente neste tipo de sistemas de armas. A Hungria chegou a ter 14 batalhões de defesa anti-aérea que defendiam Budapeste, Dunaújváros (80 km a sul da capital) e Borsod (200km a Nordeste de Budapeste) muito perto da fronteira com a Eslováquia.

O grande sector dedicado à defesa aérea tem uma série de expositores com as características de todos os sistemas expostos (misseis, radares, viaturas, postos de comando) e ainda a explicação da história e organização desta importante componente do Exército Popular da Hungria enquanto permaneceu no Pacto de Varsóvia. Neste quadro em destaque está a organização e localização das suas unidades em 1989.

Os principais (ou todos?) os tipos de misseis anti-aéreos usados estão aqui expostos com diferentes tipos de suportes para transporte e para lançamento. Em primeiro plano um lançador SM-90M com um míssil de treino V-755 (o real era o S-75 Dvina – código NATO SA-2 Guideline). À direita o lançador quadruplo para mísseis de treino V-601P no lançador 5P73 (para mísseis Neva – código NATO “Goa”). Em fundo um radar de reconhecimento P-19 autotransportado.

Depois da 2.ª Guerra Mundial a Hungria não empenhou a sua força aérea em nenhum conflito, mas integrou o Pacto de Varsóvia e preparou-se para a guerra na Europa, atravessando sucessivas modernizações tendo atingindo o seu ponto máximo em meados da década de 1980 com cerca de 300 aeronaves de combate. Em 1991 a Hungria abandona esta organização militar que em breve seria extinta e em 1999 tornou-se membro de pleno direito da NATO.

O país tem participado em missões internacionais – Portugal aliás foi seu parceiro no Kosovo, onde a Hungria se mantém depois da nossa retirada – e os seus meios aéreos registam missões de transporte para o Iraque em 2003 e a partir do mesmo ano a Força Aérea assumiu a gestão do aeroporto de Kabul no Afeganistão por duas vezes. Também neste país técnicos da Força Aérea Húngara estiveram entre 2003 e 2013 a formar pilotos locais e nisso envolveram helicópteros MI-17 Húngaros. Mais recentemente, em 2014 e 2015 os JAS-39 Gripen húngaros participaram em missões de defesa do espaço aéreo da Eslovénia e dos países Bálticos.

Em resumo, um museu que quanto a nós vale bem a pena visitar, conte com várias horas para isso!

 Leia aqui a 1.ª Parte deste artigo:  MUSEU DA AVIAÇÃO MILITAR EM SZOLNOK (HUNGRIA)

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