MUSEU DA AVIAÇÃO MILITAR EM SZOLNOK (HUNGRIA) 1.ª Parte
Por Miguel Machado • 28 Nov , 2018 • Categoria: 03. REPORTAGEM, 07. TECNOLOGIA, 14.TURISMO MILITAR, EM DESTAQUE PrintA pouco mais de uma hora de viagem de comboio de Budapeste, em Szolnok, está aberto ao público desde 1 de Setembro de 2016 o novo Museu da Aviação Militar da cidade e da Hungria. Tem uma grande colecção de aviões de caça de origem soviética – apresentada como a maior da Europa Central e Oriental – bastantes helicópteros, uma área considerável dedicada a sistemas antiaéreos e muito mais como aqui mostramos.
Caracterização geral
O RepTár – Szolnoki repülőmúzeum, que podemos traduzir como Museu da Aviação Militar, chama desde logo a atenção por ser novíssimo! Toda a infraestrutura visitável foi feita de raiz ou adaptada dos edifícios de uma antiga estação de caminho-de-ferro – a mais antiga da Hungria, datada de meados do século XIX – impecavelmente recuperada e adaptada. A área geral do museu é de 60.000m2, com 4.500m2 de área coberta.
Praticamente tudo o que está exposto tem legendas em húngaro e inglês, as principais salas do museu e as aeronaves expostas na área coberta estão ainda dotadas de suportes informativos interactivos. O museu tem wi-fi gratuita e pode-se descarregar uma aplicação com o guia. Em papel, em língua inglesa, há apenas um desdobrável disponível com uma planta do museu. Dispõe também de cafetaria, restaurante e loja de recordações/livros. Todos os funcionários do museu que abordamos falavam inglês…excepto a funcionária da loja.
Chega-se facilmente a pé ao museu desde a estação de caminho-de-ferro da cidade – 15 minutos – mas há transportes públicos para fazer o trajecto. O preço de entrada ronda os 7,00€ durante a semana e 8,00€ aos fins-de-semana. Desde Budapeste (Keleti), ida-e-volta em comboio directo, o bilhete custa cerca de 12,00€.
A área coberta do museu dedicada à exposição de aeronaves (cerca de 16) é um hangar novo, no qual há ainda, no rés-do-chão, um pequeno espaço para projecção de filmes e no primeiro andar uma área para exposições temporárias, uma sala de cinema e uma área onde se podem utilizar simuladores de Mig-29. Este primeiro andar do Hangar tem ligação com o edifício principal – a antiga Estação – no qual se encontram várias salas com uma exposição sobre a História da Aviação Militar na Hungria, da responsabilidade de uma entidade do Ministério da Defesa dedicada à História Militar. Neste hangar há ainda muitos motores de aeronaves e “despojos” de aeronaves de várias origens que caíram ou foram abatidas durante a 2.ª Guerra Mundial na Hungria e ali permanecem para contar um pouco da sua história.
A maioria das aeronaves estão no exterior – umas 30 – bem assim como os sistemas de defesa aérea, e, talvez por ser um museu recente ou então constantemente mantido, a realidade é que as aeronaves estão muito bem conservadas ou pelo menos pintadas! Em outros museus do género que temos visto as aeronaves ao ar-livre estão sempre num estado de conservação muito deficiente. Aqui não. Nesta área exterior, bem assim como num outro edifício recuperado, há espaços para entretenimento de crianças.
A MH 86. Szolnok Helikopter Bázison (86.ª Base de Helicópteros da Força Aérea da Hungria), nos arredores da cidade manteve durante uns anos – não consegui averiguar quantos – um “museu da aviação” junto aos seus muros. Muitas das aeronaves que aqui estão daí vieram e pelas imagens desse museu que vimos, outras deverão ainda vir a integrar a colecção deste museu. Estarão em reparação? Não sabemos, mas há espaço para elas. Na realidade sendo este novo museu muito rico em termos de aviação de caça e helicópteros por exemplo, não tem um único avião de transporte e no velho museu havia.
Sendo uma cidade muito ligada ao pára-quedismo militar e civil – até na estação de caminho-de-ferro há vitrinas com referências a esta actividade – aliás este Agosto de 2018 realizou-se aqui o 42º Campeonato Mundial Militar de Pára-quedismo do Conselho Internacional do Desporto Militar (e já não é a primeira vez), com 372 atletas de 37 países (este ano Portugal não participou), o museu tem poucas referências a estas tropas que na Hungria, este ano, assinalam o seu 100.º aniversário. Fui informado que esteve patente uma exposição temporária no museu…até 30 de Setembro.
Para terminar esta caracterização geral e iniciar a visita só uma referência interessante. A União Europeia apoiou a construção do museu com cerca de 6,5 milhões de euros.
Hangar
Com capacidade para 16 aeronaves no solo – algumas outras, tipo planadores estão suspensas – e sem apertos, o que aqui podemos ver de mais interessante foi, entre outras aeronaves, as seguintes que destacamos: um MIG-21UM – versão de instrução – ao qual se pode ter acesso ao cockpit e o mesmo para um Jakovlev Jak-52; partes de um Iljusin IL-2M-3 Sturmovik soviético abatido durante a 2.ª Guerra Mundial e descoberto em 1999 por pescadores no lago Balaton; um dos 8 Messerschmitt BF 108 Taifun comprados à Alemanha que serviram na Real Força Aérea da Hungria entre 1937 e 1945; Aero-45 Osprey apresentado como o orgulho da indústria aeronáutica da Checoslováquia, foi um bimotor que voou a partir de 1947. Até 1963 a Aero Vodochody construiu 590 unidades. Na Hungria vários foram usados pela Força Aérea, Exército, Policia e Serviço Nacional de Ambulâncias. Um deles pelo menos voou até 1972; Jakovlev Jak-11 avião de treino muito bem-sucedido foi fabricado na União Soviética entre 1946 e 1956. Na Hungria começou a servir em 1950 e era muito útil porque tinha o meso sistema de navegação radio que o MIG 15. Foram recebidos 64 unidades, 19 das quais fabricadas na Checoslováquia.
Nos helicópteros podemos ver um Kamov Ka-26 (código NATO Hoodlum) fabricado na antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas – e do qual a Hungria recebeu 23 unidades que usou no seu Exército Popular entre 1970 e 1990. Embora fosse um helicóptero desenhado sobretudo para missões civis na Hungria só os militares o usaram. O Mil MI – 1 (código NATO Hare), de origem soviética (1948), também fabricado na Polónia como este exemplar, tendo este servido no Exército Popular entre 1960 e 1982. Foi um helicóptero muito apreciado na Hungria que usou 25 unidades e o precursor de vários outros nas suas unidades aéreas, e na Hungria serviu também no Ministério do Interior até 1986. O Mil MI – 2 (código NATO Hoplite) era um helicóptero destinado primariamente a uso civil, concebido na URSS mas fabricado sob licença na Polónia a partir de 1961. Na Hungria o Exército Popular recebeu 32 para substituir o MI 1 a partir de 1982 e foi usado na Força Aérea até 2000 (aqui em Szolnok) mas a Policia ainda usa alguns.
Ainda uma referência para uma curiosa “aeronave sem piloto” de fabrico húngaro, o K-001 Bat, que chegou a voar em testes 28 horas com piloto em 1995 e 1996, mas nunca foi dotada dos sistemas de controlo remoto, e o projecto foi abandonado.
No próximo artigo vamos ver a parte ao ar-livre, onde aliás se encontram o maior número de aeronaves. Não só, mas acima de tudo aviões MiG, helicópteros e sistemas de defesa aérea.
Na área destinada aos sistemas de defesa aérea, pode ser visto toda uma panóplia de misseis, sistemas de transporte, sistemas de vigilância e detecção, e ainda painéis com a explicação detalhadas de como funcionada a defesa área da Hungria nos tempos do Pacto de Varsóvia e a localização das suas unidades.
(em breve) Leia aqui MUSEU DA AVIAÇÃO MILITAR EM SZOLNOK (HUNGRIA) 2.ª Parte
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