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INFORMAÇÃO PÚBLICA EM TEMPOS DE FACEBOOK

Por • 14 Mar , 2013 • Categoria: 11. IMPRENSA Print Print

A rede social “facebook”, entre outras, é hoje um dos veículos que muitas Forças Armadas e Forças de Segurança usam para comunicar com a sociedade. Tendo vantagens pela rapidez e informalidade com que chega a milhares de internautas, exige dos utilizadores institucionais uma atenção especial. Vamos ver o que se passou com um caso recente em Portugal.

A profusão de páginas no facebook que abordam temas ligados à Defesa Nacional, Forças Armadas e Forças e Serviços de Segurança, é uma realidade com a qual as instituições têm de viver.

A profusão de páginas no facebook que abordam temas ligados à Defesa Nacional, Forças Armadas e Forças e Serviços de Segurança, é uma realidade com a qual as instituições têm de viver. Muitas já o utilizam outras utilizarão.

Panorama geral
A nível institucional nesta área da Defesa Nacional, Forças Armadas e Forças de Segurança destacam-se em Portugal (dados dos últimos dias de Fevereiro de 2013, os números a seguir às instituições referem-se a “gostos”, “amigos” ou “seguidores”, que foi possível identificar): a página da Policia de Segurança Pública (87.888) e a da Guarda Nacional Republicana (13.608), a do Ministério da Defesa Nacional (941), Marinha (12.637), Força Aérea (4.456), Liga dos Combatentes (3.084) e a Cruz Vermelha Portuguesa (7.060). Na Força Aérea há também várias esquadras que têm as suas próprias páginas, como por exemplo as 751 (5.510), 101 (661), 301 (1.490) e também a Policia Aérea (3.253). O Exército ainda não aderiu a esta modalidade mas, por exemplo, a sua Brigada Mecanizada tem uma página (1.166), assim bem como alguns regimentos, a título “oficioso” ou mesmo “associativo”. Entre outros, o Regimento de Lanceiros II (3.748), o Regimento de Cavalaria III (1.465), o Regimento de Infantaria N.º 14 (1.698), o Regimento de Infantaria n.º 3 (1.041), o Regimento de Infantaria n.º 15 (875). Mas também os estabelecimentos de ensino do Exército, Colégio Militar (4.937), o Instituto dos Pupilos do Exército (2.763) e o Instituto de Odivelas (2.657) e alguns museus, como o Museu Militar de Elvas (3.165).

Quer na área da Força Aérea quer da Marinha também há bastantes páginas não-oficiais que veiculam informação “quase-oficial”, como por exemplo a do Museu do Ar (1.944), a Escola de Fuzileiros (3.435) ou o Grupo de Amigos do Museu da Marinha (2.067), só para dar três exemplos. Nas Forças de Segurança, há ainda muitas páginas “sectoriais” de carácter oficial, de que são exemplos as páginas do Comando Metropolitano de Lisboa (6.029), o Corpo de Intervenção da PSP (840), o Centro de Inactivação de Explosivos e Segurança em Subsolo (21) ou a GNR como a Unidade de Intervenção (219), Esquadrão Presidencial (333), Brigada de Trânsito (15.365), Grupo de Intervenção Cinotécnico (1.792).

Todos estes números apresentam grandes diferenças, naturalmente devido ao interesse que as páginas despertam mas também, note-se, com o tempo que já têm “no ar”. Haverá que ter isso em conta para eventuais comparações, o que não é aqui o caso. Pretende-se mostrar a grande diversidade de páginas e não hierarquiza-las em termos de audiências.

Há depois uma imensidão de páginas de associações, ligadas a estas temáticas, que acabam por veicular muita informação, embora naturalmente de modo não-oficial. A nível do associativismo sócio-profissional militar todas as associações têm páginas – Associação de Oficiais das Forças Armadas (2.169), Associação Nacional de Sargentos (2.612) e Associação de Praças – e bem assim como os Sindicatos e Associações das Forças de Segurança – entre outros, a Associação de Profissionais da Guarda (1.376 seguidores), a Associação Nacional de Oficiais da Guarda (1.206) a Associação Nacional de Guardas da GNR (988), o Sindicato Nacional da Policia (1.680), o Sindicato Carreira de Chefes (1.173), o Sindicato Independente dos Agentes de Policia (976), ou o Movimento Pró-Sindical da Policia Marítima e a Associação Sindical da Policia judiciária, sem pretender esgotar a listagem, apenas dar uma ideia da profusão de páginas onde a informação circula, mesmo não entrando na área das Associações de Antigos Combatentes ou as ligadas por exemplo às unidades de elite, Pára-quedistas, Operações Especiais, Fuzileiros e Comandos.

Também na área da Protecção Civil que em muitos casos tem interligação com as missões militares e policias, temos, entre outros, a Autoridade Nacional de Protecção Civil (15.315), a Empresa de Meios Aéreos (4.739) e depois os Bombeiros como por exemplo as páginas dos Bombeiros Portugueses (92.112) ou da Escola Nacional de Bombeiros (6.986) e muitas outras.

Por fim, não para completar porque isso já é impossível dado o constante nascimento de páginas, mas para dar uma ideia do universo em que estes assuntos são tratados, há um sem número de páginas facebook de pessoas, empresa, associações, grupos de amigos, que abordam as mais diferentes e por vezes especializadas matérias. É aqui que inserimos o Operacional (3.618) e outros como o Pássaro de Ferro (1.638), Walkarouns (726), a Associação Nacional da Policia Aérea (332) ou a Associação Portuguesa de Veículos Militares (188).

Sendo certo que em muitas destas páginas nada que afecte o funcionamento da Instituição Militar ou das Forças e Serviços de Segurança é publicado de modo regular, também é certo que, pontualmente isso pode acontecer e…acontece. E, relembra-se, estamos apenas a falar de facebook, não entramos em outras redes sociais nem em blogues.

Um caso de estudo, “A boina de cor verde para a GNR”
Para se ter uma noção de como estes veículos de informação podem causar alguns danos não só à imagem pública das instituições e, potencialmente, ao seu normal funcionamento, escolhemos um caso recente e, até ver, sem consequências de maior. O que interessa aqui mostrar é o “caminho” que a informação segue, como se desenvolve e o que haveria a fazer para que o assunto em causa tivesse “morrido antes de nascer”! Não está aqui em causa o assunto em si, muito menos as pessoas intervenientes.

O Caderno de Encargos e a descrição da "boina de cor verde"

O Caderno de Encargos e a descrição da "boina de cor verde"...

...são documentos publicados em Diário da República e que o site oficial da GNR publicita.

...são documentos publicados em Diário da República e que o site oficial da GNR publicita.

Datas e factos
Em 13 de Novembro de 2012 foi publicado em Diário da República o “Concurso Publico N.º 16/DRL/DA/2013“, para “Aquisição de boinas“; o respectivo Caderno de Encargos, referia que os bens a adquirir eram “boina de cor verde, com calota, modelo GNR” em número de 11.000 por um preço base de 125.400,00€, sendo estes documentos públicos e estando disponíveis no site da GNR como é de lei. Esclarece-se que “calota”, neste caso, é o símbolo da GNR.
A descrição da “boina de cor verde” era a normal de uma boina em termos de composição deste artigo de fardamento e dizia-se no mesmo caderno de encargos que havia um “protótipo (da boina) na Guarda Nacional Republicana“, onde este estava para avaliação dos interessados em concorrer. No Programa do Concurso Público (documento também público) refere-se que a decisão de contratar foi do Comandante Geral da GNR por despacho de 31 de Outubro de 2012 e que o critério de adjudicação será o do “preço mais baixo“.

Dois dias depois, em 15 de Novembro de 2012, a Lusa faz noticia sobre novos fardamentos da GNR, com base em declarações do Presidente da Associação Sócio Profissional Independente da Guarda (ASPIG), mas nas quais não há qualquer referência à boina, verde ou de outra cor, noticia esta transcrita em vários jornais.

Dezassete dias depois, em 29 de Novembro de 2012, o blogue “Guarda do Futuro” que veicula informação recolhidas nos media e nos sites oficiais sobre a GNR, publica uma noticia sobre os novos fardamentos da GNR, com link para os cadernos de encargos, e uma fotografia de uma boina de cor verde, igual à dos pára-quedistas. Note-se que mais de dois anos antes, em 2010, este blog (a 29MAI) tinha mostrado imagens do novo fardamento da GNR, não estando ainda prevista a boina. Em Junho e Agosto deste mesmo ano, outro blog, o “A Voz do Policia” e “Bombeiros para Sempre”, haviam também publicado fotos do novo fardamento da GNR, onde além dos chapéus se vê a boina em uso na GNR (verde/azul/dourado). Circula também desde 2010, na internet (http://pt.scribd.com/doc/31433049/RUGNR), um projecto de Regulamento de Uniformes da GNR, que se referia a uma “Boina de cor preta” e descrevia-a como “confeccionada em lã de cor preta. No perímetro do bordo inferior é aplicada uma faixa develudo verde com 3,5 cm de largura. Entre as cores preta e verde é aplicado um soutachedourado de 2 mm de largura. É rematada, na parte inferior, por uma carneira de cor preta.À frente e sobre o lado esquerdo, na costura das cores preta e verde, é aplicada a calota GNR forrada a veludo verde“, ou seja, a tradicional boina que a Guarda começou a usar nas suas unidades de intervenção.

O blog "Guarda do Futuro" publicou esta fotografia em

O blog "Guarda do Futuro" publicou esta fotografia em Novembro de 2012 e passou despercebida.

Três meses depois da publicação do concurso público, em 14 de Fevereiro de 2013, o jornal “O Crime” publica artigo sobre o novo fardamento e refere-se à boina nestes termos «…boina verde-escuro é uma opção do Tenente-General Comandante Geral, Luís Newton Parreira, que não gostou do boné no anterior modelo apresentado em 2010… …Há também militares que preferiam o boné em lugar da boina apenas porque a pala protegia os olhos em dias de sol forte. Prevaleceu a opção militarizada onde, se chuva civil não molha militar, o sol também não ofusca o olhar. E há sempre o recurso a óculos de sol… …14 mil boinas verdes com calotas, em tecido 100% pura lã e forro 100% viscose de cor preta…». Neste artigo aparece uma foto de uma boina (tudo indica, pelo formato, retirada do referido blog), mas sendo a página a preto e branco, para o caso não adianta muito.

O jornal "O Crime" publica artigo sobre os novos uniformes em 13FEV2013.

O jornal "O Crime" publica artigo sobre os novos uniformes em 14FEV2013 e de seguida...

...a 17FEV13 é publicada a foto que, via partilhas do facebook, vai desencadear a reacção dos pára-quedistas.

...a 17FEV13 é publicada a foto (certamente sem qualquer intenção malévola mas objectivamente errada) que via partilhas do facebook, vai desencadear a reacção dos pára-quedistas.

Três dias depois deste artigo, em 17 de Fevereiro de 2013, a Associação Nacional dos Guardas da GNR, publica na sua página no facebook, esta noticia do Jornal “O Crime” e uma composição fotográfica em que aparecem artigos de uniforme da GNR em fotos do referido desfile de 2010 e, uma boina verde da exacta tonalidade da usada pelas Tropas Pára-quedistas Portuguesas.
De imediato surgem nessa página facebook comentário à cor da boina, por ser igual à dos pára-quedistas, esta imagem é partilhada por mais de três centenas de páginas (isto atinge vários milhares de pessoas) e tem mais de uma centena de comentários. Inevitavelmente muitos antigos e actuais pára-quedistas vêem a composição fotográfica (que aliás lá permanecia em 12MAR2013) e a confusão instala-se na “rede”.

O facebook enche-se de comentários indignados de pára-quedistas, em algumas reuniões de confraternização que frequentemente ocorrem pelo país o assunto é debatido e a indignação cresce. Prepara-se mesmo uma acção legal, nos tribunais no fim-de-semana de 23 e 24 de Fevereiro, para contestar a decisão da GNR. O assunto ganha velocidade nas redes sociais.

Nova fotografia e legenda é publicada no facebook da ANAG-GNR em 25FEV2013, mas a confusão já estava instalada...

Nova fotografia e legenda é publicada no facebook da ANAG-GNR em 25FEV2013, mas a confusão já estava instalada...

...e as alusões oficiais á cor da boina da Guardia Civil ainda vieram trazer mais duvidas.

...e as alusões oficiais à cor da boina da Guardia Civil ainda vieram trazer mais dúvidas. É semelhante à dos pára-quedistas portugueses, ou pelo menos não é claramente diferente.

O assunto chega à imprensa diária no "Diário de Notícias" de 26FEV13.

O assunto chega à imprensa diária no "Diário de Notícias" de 26FEV13.

Em 25 de Fevereiro a ANAG-GNR actualiza a informação no seu facebook alterando a cor da boina publicada e em 26 de Fevereiro de 2013, mais de três meses depois da publicação do Caderno de Encargos, mas apenas 9 dias depois de ter surgido no facebook a foto da boina verde igual à dos pára-quedistas, o “Diário de Noticias” publica um artigo de meia-página com o título “bombástico” de «50.000 páras em guerra contra a GNR».
Neste artigo a GNR foi ouvida e confrontada com a indignação dos pára-quedistas que temem ver a cor verde banalizada, ao que o porta-voz da Guarda refere que a boina não tem a mesma cor que a dos pára-quedistas, mas «…verde escuro, azeitona, quase preto… …a mais próxima daquela cor é da Guardia Civil (espanhola)…». Acresce que são levantadas neste artigo, à margem desta questão da cor, por arrastamento, aspectos relativos ao concurso público: a despesa em tempos de crise; o facto do concurso preceder a aprovação do Regulamento de Uniformes (que ainda não foi aprovado – em 12MAR1013); a GNR já dispor de outras boinas em uso. Tudo temas que claramente não agradarão à Guarda.
Aparentemente a GNR não foi capaz de convencer o jornalista do “Diário de Noticias” da diferença de cores que referiu existir, uma vez que o artigo foi publicado com grande tónica nesta questão da cor e não nos outros aspectos que se referem.

Ainda no próprio dia 26 de Fevereiro de 2013 publico no meu facebook, primeiro a noticia do DN e depois de receber as fotos por mão amiga, as duas boinas lado a lado...

Ainda no próprio dia 26 de Fevereiro de 2013 publico no meu facebook, primeiro a noticia do DN e depois de receber as fotos por mão amiga, as duas boinas lado a lado...

No entanto, no mesmo dia 26 de Fevereiro de 2013 (ao final da manhã), suponho que por ter sido o “porta-voz informal” da indignação junto do “Diário de Noticias”, recebo as fotos que publico de imediato no meu facebook (acima). As imagens, clarificadoras, chegaram-me por via não-oficial e por alguém que me pretendeu esclarecer sobre a matéria. Faço então chegar as fotos ao “Diário de Notícias” e no dia seguinte, 27 de Fevereiro de 2013, este publica noticia com uma foto colorida, as duas boinas lado a lado, uma das tropas pára-quedistas e outra um protótipo da nova boina da GNR, onde a diferença é notória. Ou seja, esta foto foi-me enviada no dia em que o assunto chegou à imprensa nacional; 10 dias depois de ter “nascido” no facebook o “caso”; 3 meses depois de uma primeira foto errada ter sido divulgada na “web”.

Esta pequena noticia, bem ilustrada, esvaziou o assunto. A foto "mágica" podia ter sido feita meses antes e a sua divulgação em tempo, por exemplo pelas redes sociais institucionais da Guarda.

Esta pequena noticia, bem ilustrada, esvaziou o assunto. A foto "mágica" podia ter sido feita meses antes e divulgada em tempo, por exemplo, pelas redes sociais institucionais da Guarda.

Ambas as notícias do “Diário de Noticias” são colocadas no facebook e espalham-se por diversas páginas (nomeadamente a ANAG-GNR que também se empenha em corrigir a informação) e chegam a milhares de leitores. A preparação da acção legal contra a GNR por usurpação da cor da boina foi suspensa e, de momento, mesmo sem estarem convencidos que a boina por acção do tempo não fique confundível com a sua boina verde, os pára-quedistas envolvidos nada farão.

O assunto morreu nos media e esmoreceu muitíssimo no facebook.

Lições
Este “caso” podia ter sido evitado? Podia e devia. Vamos alinhar aqui alguns aspectos que parecem ter sido negligenciados e que nos levam a crer que se tivessem sido devidamente avaliados levariam ao esvaziamento do assunto antes de ele ter começado. Repete-se, isto é um artigo didáctico, o que nos interessa não é “atirar pedras” a ninguém, apenas reflectir sobre a comunicação nos novos suportes como o facebook e ver, neste caso prático, o seu potencial.

1. A questão de fundo, o uso generalizado de uma boina pela GNR, uma decisão potencialmente conflituosa, não foi, até ao momento, explicada publicamente. Mesmo que o possa ter sido internamente em círculos relativamente restritos (desconhece-se), poderia ter sido apresentada justificação pública a partir do momento em que o assunto foi objecto de notícia na imprensa generalista ou mesmo quando começou a circular nas redes sociais. Certamente haverá razões de vária ordem para a adopção da boina – poderiam/deveriam estar preparadas para divulgação em caso de necessidade – o que teria esvaziado esta parte do problema;

2. A cor da boina, dadas as mais do que conhecidas sensibilidades que sempre há no meio militar com os símbolos das tropas de elite, em Portugal e em qualquer país do mundo (*), deveria desde o início ter sido bem definida. Não foi nos documentos legais publicados até hoje, quando o foi verbalmente à comunicação social tal não ficou claro. Pior a alusão a várias tonalidades, nomeadamente a uma boina estrangeira, lançou mais confusão. A divulgação (não-oficial) da foto com as duas boinas lado a lado, colocou finalmente o caso no seu devido lugar. Se tal tem sido feito primeiro junto do blog “Guarda do Futuro” e depois da ANAG-GNR o assunto teria muito provavelmente terminado nesse momento;

3. A publicação pela ANAG-GNR de uma fotografia da boina de cor verde no facebook, foi no fundo a “faísca” que incendiou este assunto. Meses antes, o blog “Guarda do Futuro” havia publicado foto idêntica e nada se tinha passado. Nem tinha sido corrigido por parte da instituição…. O facebook com o sistema de “partilhas” potencia e muito a disseminação dos temas publicados. Perante a fotografia publicada pela ANAG-GNR manteve-se o erro, ninguém interveio para o corrigir, mas agora a disseminação foi “viral”, antes de ter sido corrigida. A monitorização dos novos suportes tipo facebook e blogs, pelo menos os que mais directamente abordam assuntos ligados a uma determinada instituição – e entre eles estão certamente os dos sindicatos e associações sócio-profissionais – deve ser feita pelos departamentos de comunicação dessas instituições.

Aqui, no nosso entender, a conjugação fatal foi: não se ter antecipado o potencial de conflito que a referência no Caderno de Encargos a uma “boina de cor verde” (sem nenhuma caracterização dessa cor) provocaria inevitavelmente junto dos antigos e actuais pára-quedistas militares portugueses (curiosamente, também confundiu muitos militares da Guarda, eles próprios desconhecedores da tonalidade da boina); a falta de monitorização dos novos suportes de divulgação de informação ou (desconhece-se qual foi o caso) a desvalorização do alcance daquilo que publicam.

O “remédio” está à vista, informação clara e atempada.

Conclusão
Independentemente das questões de fundo – boina e cor – que não são objecto deste artigo, aqui temos um caso em que a publicação de uma fotografia (errada) na página facebook de uma associação profissional, por sinal até com relativamente pouca divulgação (1.088 “gostos” em 12MAR2013), consegue desencadear uma pequena “tempestade” que envolve alguns milhares de pessoas nas redes sociais e, em poucos dias, chega à imprensa generalista colocando de algum modo em causa uma instituição de âmbito nacional.

A permanecer a falta de informação objectiva sobre o assunto, certamente que a matéria em causa ganharia ainda maior relevância pública, nomeadamente por via das acções legais em preparação e a sua divulgação.

A simples publicação de uma foto, esclarecedora, clarificou a questão em menos de 24 horas, mostrando à evidência que se tal tem acontecido para corrigir o erro – que permaneceu adormecido por mais de 60 dias! – o assunto não teria certamente qualquer desenvolvimento.

A monitorização dos novos veículos de informação (facebook e outros) é uma necessidade para as instituições públicas às quais se exige capacidade de resposta nos mesmos termos (texto e imagem) e tempos (minutos ou horas e não dias, muito menos semanas ou meses).

As boinas em uso na Guarda Nacional Republicana:

A primeira boina que a GNR usou no seu batalhão operacional e que remete para a tradição para as cores da Guarda.

A primeira boina que a GNR usou no seu batalhão operacional e que remete para a tradição, para as cores da Guarda. Unidade de Intervenção.

O Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro.

O Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro.

Grupo de Intervenção Cinotécnico

Grupo de Intervenção Cinotécnico

(*) Nos EUA por exemplo, quando o Exército adoptou uma boina preta para todos os seus militares (excepto unidades de elite), os Rangers que usavam essa cor, desenvolveram todos os esforços possíveis para o evitar – até no Congresso – e, não tendo conseguido anular esse acto, conseguiram alterar a sua própria cor e passaram a usar a cor “beje” (semelhante à do GIPS).

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