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“IN MEMORIUM” – ANTÓNIO JOSÉ MALVA ANTUNES (1958 – 2018)

Por • 12 Nov , 2018 • Categoria: 02. OPINIÃO Print Print

Escrever sobre alguém que conhecemos e morreu é sempre muito difícil, doloroso mesmo, mas paradoxalmente fácil, afinal de contas estou a recordar um amigo sobre o qual sei o que dizer, estivemos juntos em muitas ocasiões. Desejava nunca escrever estas linhas, mas é o mínimo que posso fazer, partilhar aquilo que sei deste camarada pára-quedista que tive o privilégio de conhecer. O Malva Antunes faleceu subitamente no passado dia 28 de Outubro, foi colaborador do Operacional, iria continuar, tinha planos para isso.

António José Malva Antunes, faleceu no passado dia 28 de Outubro de 2018 aos 60 anos de idade. Tenente-Coronel na situação de Reforma, era um amigo e foi colaborador do Operacional.

Não vou fazer neste texto a resenha de toda a carreira militar do Tenente-Coronel do Serviço-Geral Pára-quedista António José Malva Antunes, não tenho elementos para isso. Vou deixar o meu testemunho sobre situações que conheci, servindo eu com ele, ou sobre factos sobre que testemunhei, e assinalar aspectos marcantes do seu percurso militar que foram a seu tempo do meu conhecimento. Socorri-me de amigos para confirmar algumas datas e detalhes em que a memória me poderia trair. Não há aqui nada do tipo “disseram-me que”, não, o que aqui está é o meu testemunho e não se trata do elogio fácil com generalidades, escrevo sobre factos. Necessariamente incompletos, muito mais haveria a dizer.

O Malva Antunes foi incorporado na Base Escola de Tropas Pára-quedistas em 1977, voluntário com 18 anos, depois de ter estado nos EUA como emigrante um par de anos. Refiro este aspecto porque uma das suas qualidades era a especial aptidão para falar inglês, facto que mais tarde como veremos foi muito importante na sua vida, quer como militar quer depois de passar à Reserva.

Eu ingressei nas Tropas Pára-quedistas Portuguesas em Janeiro de 1980, destinado ao Curso Geral de Milicianos da BETP, em Tancos. Já na recta final do Curso de Combate – 5 meses depois de incorporado e antes do Curso de Pára-quedismo – realizaram-se os exercícios finais. Os alunos do CGM passaram a ser comandantes de pelotão e de secção da Companhia de Pára-quedistas 311. Calhou-me ser comandante do pelotão do Alferes Miliciano Pára-quedista Malva Antunes. O briefing para o heli-assalto, de Tancos para a Serra da Amêndoa, foi supervisionado por ele e eu agora comandava os soldados do Malva Antunes! Julgo que não consigo transmitir a quem me lê o que era para nós, alunos, olhar na altura para um Alferes Pára-quedista comandante de um Pelotão das “companhias operacionais” ; o que era, olhar para Soldados Pára-quedistas, já com mais de um ano de “operacional”, com dezenas de exercícios. O eventual futuro Aspirante que ainda nem pára-quedista era, lançado às feras, esperava o pior e…seja o que Deus quiser! O Alferes Malva Antunes deixava correr, não interferia, só acompanhava com uma pergunta ou outra sobre o que eu ía dizendo com a carta 1/25.000 na frente. Embarque nos AL III, voo até ao objectivo, umas voltas apertadas, eu bem tentava identificar o local, “portas”, salto para o solo, correr, mas onde raio está o objectivo, alguma confusão, tiros (de salva), lá se deu o assalto, alguns inimigos fugiram, vamos iniciar a perseguição, radiotelefonista, cartas, comandantes de secção, vamos ver o itinerário – onde certamente vamos sofrer emboscadas – e…o Alferes Malva Antunes, “senhor comandante de pelotão, onde está a sua G-3?” F…estou feito, vou eliminar já, pensei!

Depois do assalto, para trabalhar na carta tinha-a encostado, esquecida, e claro logo “recuperada” por um soldado. Primeira lição ali levei, não como praxe nem com prepotência, mas como um camarada mais velho. Ele cumpriu a sua missão, ajudando-me a cumprir a minha! Podia ter-me achincalhado perante os seus homens, eram casos que aconteciam nestes exercícios, não o fez, fez o que lhe competia. E foi assim o resto do exercício.

NA BETP assisti depois a aspectos da carreira do “BA” – sigla pela qual era afectuosamente tratado pelos camaradas, e eu acabei a pouco e pouco por vir a ser um deles – e que significava “Belo Antunes”! Na realidade o BA tinha feito culturismo, coisa que hoje seria vulgar, mas na época dava-lhe um “cabedal” que o distinguia! Isso e outra coisa hoje comum mas nesses tempos, nos oficiais, raríssima, tinha uma tatuagem do Grifo dos pára-quedistas!

O Capitão Malva Antunes na BOTP 2 unidade onde serviu muitos anos em diversas funções, operacionais e administrativas.

Numa cerimónia de Passagem à Disponibilidade fazendo a leitura do expediente, sendo comandante o Coronel Terras Marques

Num dos eventos da União Portuguesa de Pára-quedistas e Pára-Clube Nacional Os Boinas Verdes, aqui na companhia do Presidente da delegação francesa, François Rabut.

Mas o BA não era só “cabedal” e quem isso pensasse, enganava-se! O BA foi dos primeiros oficiais milicianos a fazer, em 1981, o Curso de Instrutores de Pára-quedismo – que dava direito a usar a invejável “combinação de saltos” que só os oficiais e sargentos instrutores podiam usar –  e nesse mesmo ano foi o primeiro oficial miliciano a fazer o Curso de Precursores, o que era e é considerado um dos mais importantes cursos da área aeroterrestre. Poucos milicianos o fizeram na história das tropas pára-quedistas!

Por esta altura eu fui para a BOTP 1 Monsanto/Lisboa e depois regressei à BETP e o BA para a BOTP 2, S. Jacinto/Aveiro, de onde foi, já como Tenente, frequentar o Curso de Formação de Oficiais para o Quadro Permanente da Força Aérea que terminou em 1984 e regressou à BOTP 2. Foi assim na BOTP 2 em 1986 que nos voltamos a encontrar, quando ali fui colocado depois de ter eu próprio terminado o CFO, também como Tenente Miliciano. Agora éramos os dois oficiais do QP, Serviço-Geral Pára-quedista.

Sei que esteve uns anos, julgo que dois, a comandar uma Companhia de Pára-quedistas (a CP 211), o que era muito raro para um oficial do nosso quadro – o SGPQ era um “Quadro Técnico” da Força Aérea –  no Corpo de Tropas Pára-quedistas, por regra, apenas desempenhávamos funções em sub-unidades de apoio nos batalhões operacionais (as CCS), um ou outro nos seus estado-maiores e em funções administrativas e logísticas nas unidades territoriais. No Grupo Operacional Aeroterrestre, no Grupo Operacional de Apoio de Serviços e no Centro de Cães de Guerra, serviam muitos oficiais SGPQ.

Em 1992 o Capitão Malva Antunes foi condecorado –  imposição da condecoração pelo Coronel Terras Marques Comandante da BOTP 2 – em breve iria rumar à Ex- Jugoslávia como Observador Militar da ONU.

O Malva foi promovido a Capitão em 1988 e em 1991 terminou o seu curso de línguas na Universidade de Coimbra. Como todo os militares que nesses tempos estudavam, sem haver dispensas, fui testemunha do esforço que esta licenciatura lhe deu e dos fins-de-semana em que isso era a sua única ocupação! Foi também por esta época que os seus conhecimentos de inglês eram colocados ao serviço quer da instituição militar quer do Pára-Clube “os Boinas Verdes” em diversas actividades não raras vezes bem apara além das horas de serviço, em vários locais do país, em tarefas nada fáceis. Conhecido desde sempre por “ser bom a inglês” e agora “com estudos” (mesmo que apenas por sua conta e esforço!), o Malva era sempre “requisitado”! Mas, como aliás com todos os outros nesses tempos, era tudo em acumulação, as funções normais na unidade tinham que ser cumpridas!

O meus contactos com o Malva nestes tempos eram diários, mas naturalmente que cada um tinha a sua vida, ele em Coimbra e eu em Aveiro e nada de especial recordo embora tenhamos trabalhado juntos em várias ocasiões quer nas nossas funções normais na unidade quer em proveito do associativismo pára-quedista, especialmente nos tempos em que o Coronel Terras Marques comandou a BOTP 2.

Oficiais do Corpo de Tropas Pára-quedistas em Zagreb. Da esquerda, Capitão Dias Martins, Major Cordeiro Simões, Major Brito Antunes (que estava na ECMM) e Capitão Malva Antunes.

Em 1992 uma reviravolta na rotina militar em Portugal ia começar a ter lugar – a época das missões de paz dava os seus primeiros passos – e o Malva esteve entre os primeiros que se ofereceram para prestar serviço na Ex-Jugoslávia. Recordou o próprio no artigo que escreveu para o Operacional: «Em Janeiro ou Fevereiro de 1992, estava colocado na BOTP2 em S. Jacinto, o então Comandante, Coronel Terras Marques, mandou reunir na Sala de Operações da Unidade todos os Capitães presentes na Unidade. No decorrer da mesma fez uma breve exposição sobre a evolução recente da situação na ex-Jugoslávia e questionou quem seria voluntário para uma missão naquele conflito porque se previa o envio de Oficiais da patente de Capitão para aquele teatro de operações embora a data e as condições não fossem conhecidas. Ofereceram-se voluntários os Capitães: Cordeiro Simões, Dias Martins, José Mendes e Malva Antunes. Entretanto eu tinha terminado no ano anterior a minha formação na Universidade de Coimbra e ponderava iniciar um Mestrado na minha área de interesse mas ao mesmo tempo sentia que devia avançar mais um passo na minha formação areo-terrestre e decidi candidatar-me ao curso de SOGAS. Em Julho estava no Hospital da Força Aérea a completar o estágio de Fisiologia de Vôo com os restantes camaradas de curso quando, no final de vários quilómetros de corrida com dois daqueles camaradas e de algumas peripécias algo anedóticas, sou chamado à central telefónica para receber uma chamada urgente de S. Jacinto: o Comandante informou-me que teria que estar no dia seguinte no EMGFA para ser “brifado” na repartição de Informações e logo de seguida receber ordem de marcha para a ex-Jugoslávia. Abriu-se um capítulo diferente na minha vida profissional, familiar e pessoal que haveria de deixar uma marca indelével.»

Eu também estava nessa sala que ele refere e também era capitão, recordo bem o que pensei: “Para a ex-Jugoslávia? Fazer o quê? Sem ir uma unidade? Não, eu não alinho nisso, só se me nomearem, voluntário não!” Hoje, passados 26 anos, bem sei que isto pode soar mal para mim, ridículo até, tendo em atenção a vulgaridade que é participar numa missão exterior, mas é a realidade. Naqueles tempos, depois de anos e anos sem missões militares reais – o Ultramar tinha acabado há 17 anos – apenas se havia iniciado, poucos meses antes, uma missão também na ex-Jugoslávia dos observadores da CEE (União Europeia), uma novidade e com relatos pouco encorajadores quer pelas tarefas quer pelas condições no terreno, mesmo que então houvesse muito pouca informação, pouco se sabia, só quando algum regressava. Muitos de nós hesitavam em “embarcar” nestas missões aparentemente pouco militares ou pelo menos assim as entendíamos à época. Acrescia a estranheza de se avançar para a Europa quando o que muitos pensávamos era que o nosso “próximo campo de batalha” seria …África.

Em Darovar na Croácia.

O Malva estava entre os primeiros a avançar no âmbito dos pára-quedistas e foi mesmo o primeiro oficial SGPQ a participar nestas novas missões das Forças Armadas Portuguesas. Mais uma vez, era caso para dizer “o BA não é só cabedal” e senti à data orgulho nisso, era um dos nossos!  Anos mais tarde, a segunda vez que estive na Bósnia, esta numa missão de curta duração, haveria de me encontrar com o Malva, ía ele numa (sensível) missão ao serviço de uma entidade oficial exterior às Forças Armadas, mais uma vez seleccionado pelas suas qualidades pessoais e conhecimento a região. Voltaria ainda em 2000 como veremos.

Mas, em 1992 e 1993, o Malva não se limitou a ir e a cumprir a sua missão, aliás com desembaraço e profissionalismo – posso destacar por exemplo o facto de, em Março de 1993, ter comandado no terreno a primeira missão dos Observadores da ONU às posições bósnias no Monte Igman, região junto a Sarajevo que também ficou na triste história deste conflito – após a sua chegada ao TO, por sua iniciativa, enviou relatórios informais para a BOTP 2, nos quais alertava para determinadas características da região e do conflito. Trabalhando eu no Gabinete de Comando da BOTP 2, tinha acesso a esses “telefaxs”, escritos à mão, em que o Malva fornecia informação muito relevante para uma eventual preparação de unidades expedicionárias, possibilidade que já na altura se colocava.

Terminada a missão na Bósnia em 1995 o Major Malva Antunes viria a desempenhar mais uma missão inédita para um oficial do seu Quadro, foi convidado para leccionar, no Instituto de Altos Estudos Militares em Pedrouços, a cadeira de língua inglesa. Ali se manteve por 3 anos e mais uma vez mostrou as suas qualidades passando a usar na manga esquerda do dólman a cobiçada insígnia de professor dos “Altos Estudos Militares”.

No inicio de 1994 o ainda capitão Malva Antunes, comanda um destacamento de Precursores que acabou de efectuar um salto automático a partir de um C-212 Aviocar para a Ria de Aveiro por ocasião da visita do CEME, General Cerqueira Rocha à agora Área Militar de São Jacinto.

Novembro de 1997, o Major Malva Antunes no C-130 que o levou até à Bósnia e Herzegovina numa missão em proveito de um organismo do Estado exterior às Forças Armadas.

Foi por esta altura que mais uma vez as nossas carreiras se cruzaram e o Malva Antunes voltou a colocar os seus conhecimentos ao serviço do Exército, sendo o responsável pela tradução de livros editados pela Secção de Informação, Protocolo e Relações Públicas do Gabinete do Chefe do Estado-Maior do Exército, onde eu trabalhava, tarefas naturalmente de muita responsabilidade – afinal de contas eram “livros de prestígio” do Exército, prefaciados pelo Chefe do Estado-Maior – realizadas como sempre em acumulação com as funções normais. Recordo pelo menos dois, o “Soldados – Soldiers” em 1998 e o “Património do Exército – the Army’s Heritage” em 2000.

Viseu 1998, por ocasião do lançamento do livro de prestigio do Exército, “Soldados/Soldiers” do qual foi responsável pela tradução para inglês. Da esquerda: Major Malva Antunes, Major Miguel Machado, Mestre Homem Cardoso – autor, Margarida Oliveira – designer, Tenente-Coronel Villa de Brito, Chefe da Secção de Relações Públicas do Exército.

Com o Major José Barbosa, ostentando no uniforme n.º 1 a cobiçada insígnia de Professor do Instituto de Altos Estudos Militares, onde leccionava língua inglesa.

Segue-se uma colocação no Comando das Tropas Aerotransportadas como Chefe de Gabinete do Major-General Manuel Bação da Costa Lemos e em acumulação desempenhou as funções de Chefe da 5.ª Repartição da Brigada Aerotransportada Independente e, a partir de Agosto de 1999, Chefe de Redacção da Revista Boina Verde. Nestes tempos também pude testemunhar como colaborador regular que era da Revista, e pelas trocas de impressões que mantivemos, o interesse que lhe dedicou e as intenções a nível de conteúdos que queria implementar. Uma nova missão internacional veio no entanto alterar os planos, e o Malva Antunes rumou à Bósnia e Herzegovina onde cumpriu uma missão na SFOR/NATO como oficial de ligação na brigada de comando italiano – foi aliás agraciado com uma condecoração deste país – e depois, em Janeiro de 2001, embarcou para Timor-Leste, onde foi Oficial de Operações do Estado-Maior do Sector Central da Força das Nações Unidas, a UNTAET. Também aqui, mais uma vez, um cargo relevante, tanto mais que este era destinado organicamente para oficiais oriundos da Academia Militar e com o Curso de Estado-Maior.

Foi a última missão no activo que o Tenente-Coronel Malva Antunes cumpriu. Regressou de Timor-Leste, ainda esteve um período no Comando da Brigada Ligeira de Intervenção em Coimbra, bem perto de casa, e passou à Reserva no início de 2003.

Não passou muito tempo e o Malva Antunes iniciou então uma nova actividade profissional, a de professor de linguística inglesa, primeiro numa instituição privada, a International House e depois, numa instituição pública britânica, o British Council. Foram muitos e bons anos de trabalho árduo, a ministrar aulas em Portugal, no Reino Unido – era qualificado pela Universidade de Cambridge e leccionou cursos de linguística inglesa preparando alunos não-ingleses para acesso às universidades deste país e também era examinador – e até (em 2015/2016) no Abu Dabi. Tal como na vida militar nesta segunda actividade que abraçou com entusiasmo o Malva Antunes era meticuloso, exigente, profissional.

O BA foi um lutador, tudo o que teve, foi conquistado, com inteligência, muito trabalho, persistência. Nada lhe foi dado. Não era certamente perfeito, todos temos os nossos defeitos e o BA não era excepção. Ao longo da sua carreira militar ganhou muitos amigos mas também quem não convivesse bem com o seu modo de ser franco, directo, por vezes até brincalhão, e talvez quem não suportasse o sucesso alheio. A vida é assim mesmo, não pretendo criar ilusões, o Malva também teve que lutar contra a discriminação e as injustiças – e sempre o vi fazer isso de frente, falando de igual para igual por vezes com quem se julgava superior. Conseguiu!

No funeral em Ançã, antigos pára-quedistas de todas as patentes e origens, seus amigos, aqueles que hoje o tratavam por “Tó Zé” despediram-se com um sentido “grito do pára-quedista” que ainda aqui ecoa e vai continuar na memória.

A toda a sua família e em especial aos filhos Jessi e Jael – com 37 e 34 anos de idade respectivamente, felizmente encaminhados na vida, ela em Londres como consultora de moda e ele por cá como administrador hospitalar – perante a irreparável perda, só posso deixar uma palavra de confiança: certamente que as características diferenciadoras do seu ser em vós permanecerão!

Até sempre camarada e amigo Malva Antunes!

Miguel Silva Machado, 11NOV2018

 

Rogatica, Posto de Comando do Batalhão português na Bósnia e Herzegovina, Novembro de 1997. Até Sempre camarada e amigo Malva Antunes!

 

Leia aqui o artigo do TCor. Malva Antunes sobre a sua experiência como Observador Militar das Nações Unidas na ex-Jugoslávia:

UM PÁRA-QUEDISTA OBSERVADOR MILITAR

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