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GENERAIS & ALMIRANTES A MAIS

Por • 13 Set , 2012 • Categoria: 02. OPINIÃO Print Print

Poucas coisas reúnem tanto consenso na opinião publicada em Portugal como esta afirmação que serve de título. Para muitos é uma verdade absoluta e o mal dos males. Logo, para os políticos no governo, uns cortes no seu número são uma oportunidade como poucas de ficar bem na fotografia. E os militares, calados ou pouco convencidos, têm-se posto a jeito, donde resulta que pode mesmo ser verdade. Não o nego nem é esse o objectivo deste texto.

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Distintivos dos postos de oficias generais dos três ramos das Forças Armadas Portuguesas.

A questão aqui é que não se resolvendo o problema de uma vez por todas, há sempre um general ou almirante “a mais” para justificar notícias e cimentar na opinião pública uma convicção muito negativa sobre quem devia estar acima de todas as suspeitas. Triste sina que um oficial tem, depois de passar mais de trinta anos de serviço, atingir um dos postos mais elevados da carreira, e passar a ser considerado desde logo um encargo insuportável para a Nação.

Mas há afinal ou não generais e almirantes a mais? Parece-me que a resposta só pode ser dada, com rigor, se quem de direito escrever que Forças Armadas quer e para fazer o quê. Quando o anunciado novo “sistema de forças” estiver aprovado, é fácil haver uma decisão sobre quais os lugares que devem ser ocupados por oficiais generais. Haverá lugares que devem ser desempenhados por outros postos? Estruturas que podem desaparecer?
Nenhum plano concreto foi divulgado mas anuncia-se agora a redução de 200 militares (em 18.000) e é o próprio ministério da defesa a realçar o número de generais e almirantes que serão reduzidos. Não se sabe de fonte oficial, dados estatísticos da Defesa Nacional desde 2009, os tais que permitiriam uma análise justa a toda esta problemática, mas isto já se sabe. É a nossa realidade.

O que interessava mesmo saber é se a capacidade operacional das Forças Armadas – batalhões completos em pessoal e armados convenientemente, navios de guerra e polivalentes, aviões e helicópteros devidamente guarnecidos, equipados e mantidos – será mantida, reduzida ou aumentada? Temos o que necessitamos e somos capazes de manter, ou andamos aqui a jogar com detalhes para empatar?
O que devia preocupar mesmo e ser motivo de debate e análise é o facto das nossas forças no exterior, cada vez menos, não estarem devidamente equipadas e armadas. A Comissão de Defesa da Assembleia da República, por exemplo, há quantos anos não vai ao terreno ver as forças portuguesas com os seus olhos?
Até o recurso a empréstimos tem sido utilizado não só como excepção mas já como regra. Isto é muito diferente de partilhar capacidades, isto é pedir! Não será assim que os nossos aliados nos olharão de igual para igual.

Agora o que é altamente penoso é ver os lugares mais elevados da hierarquia das Forças Armadas ciclicamente denegridos de ânimo leve. Não acontece com nenhuma outra categoria de topo da administração pública.

Já agora, a questão do número de deputados, morreu?

Houve e há maus generais e almirantes? Claro que sim, indiquem-me o grupo profissional em que só os excelentes e sem mácula chegam ao topo? Houve e há bons e maus praças, sargentos e oficiais.
Um oficial general é um Soldado que serve o seu país. Nos últimos 50 anos tivemos alguns que se distinguiram em campanha e começamos a ter generais e almirantes que cumprem as novas missões internacionais com reconhecida competência.
Gostava muito que atingir a categoria de oficial general fosse mais do que uma honra para os próprios, que a instituição militar apure a triagem e que os portugueses, a começar pelos mais altos responsáveis da Defesa Nacional, os olhassem senão com admiração pelo menos com respeito.

Este artigo foi originalmente publicado no “Diário de Notícias” em 13 de Setembro de 2012. Veja aqui!

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