G-28 & MG-5 NA UNIDADE DE PROTEÇÃO DA FORÇA (I)
Por Miguel Machado • 11 Out , 2015 • Categoria: 07. TECNOLOGIA, EM DESTAQUE PrintNo último dia de Setembro de 2015 a espingarda de precisão HK G-28 7,62mm, foi apresentada a uma audiência seleccionada, no Campo de Tiro, em Alcochete. O Operacional esteve presente e mostra, em dois artigos, esta e a metralhadora HK MG-5 7,62mm, ambas já em serviço na Unidade de Proteção da Força Aérea Portuguesa, que também acaba de receber duas novas viaturas tácticas ligeiras (blindadas).
A HK G-28 7,62mm que foi apresentada pela Defmat, Ldª, o representante em Portugal da Heckler & Koch, está fotografada nesta reportagem, é uma das variantes desta espingarda de precisão que a marca alemã comercializa. Com pequenas modificações em relação ao “modelo base” –genericamente conhecido por G-28 E2 Cal. 7,62mm x 51 NATO – a HK dispõe de versões mais “aligeiradas” para Patrulha/Infantaria (G-28 E3) e ainda outras versões com diferente comprimento de cano para finalidades especificas.
A HK MG-5 7,62mm, já apresentada em Portugal em Outubro de 2014, está também na dotação da Unidade de Proteção da Força (UPF), e os participantes nesta apresentação utilizaram a arma na carreira de tiro. Esta arma, bem como uma outra novidade para muitos dos presentes, as novas viaturas tácticas ligeiras (blindadas) da UPF, equipadas com reparo para esta metralhadora MG-5 (ou para a MG-3), serão objecto do próximo artigo.
HK G-28 E2 7,62mm
Trata-se de uma arma de precisão, o que na terminologia americana e em geral nos exércitos ocidentais, é conhecida pela sigla DMR (designated marksman rifle). Destinada a ser operada por militares com algum grau de especialização de modo a tirar partido das suas capacidades e não a ser distribuída “em massa”, tipo arma padrão de um exército. Em alguns países, este tipo de espingarda é distribuído nas unidades de infantaria, por exemplo, uma por secção (de dez militares), ou a alguns dos elementos de destacamentos de forças especiais. Note-se que também não é uma arma “sniper”, preenche esse intervalo entre a de distribuição geral e a “sniper”, o que permite às unidades que dela dispõem uma capacidade acrescida para bater com grande probabilidade de sucesso, alvos a 600 ou mesmo 800m.
Em Portugal, especialmente nas Forças Armadas, pelas vicissitudes que se conhecem em relação à modernização do armamento individual e que mantém em uso material praticamente obsoleto, convém deixar claro que atingir alvos a estas distâncias só é possível com um equipamento que é básico na generalidade dos exércitos modernos e por cá ainda uma raridade, o uso generalizado de miras ópticas. Se isto é verdade para todos os soldados de infantaria, mais ainda naturalmente para os especialistas que vão usar estas armas DMR. Acrescente-se que além da arma e do sistema de pontaria, as munições, a formação e o treino regular do operador, são elementos imprescindíveis para se conseguir “acertar no alvo”.
A G-28, uma modificação militar da arma de uso civil MR.308 (esta passa à história pelo seu uso por Chris Kyle “american sniper”) é semelhante à HK-417 (tem muitos componentes que são interoperáveis) mas apresenta ao mesmo tempo diferenças substanciais que fazem dela uma arma superior para a finalidade a que se destina. Por exemplo, a caixa do mecanismo de disparo é em aço (a 417, é em alumínio) e tem uma precisão garantida por fábrica – até o cano registar 20.000 tiros – de 10 tiros num diâmetro de 4,5cm a 100m (esta “relação” é conhecida tecnicamente por “1,5 MOA” –Minute Of Arc).
A arma da UPF está equipada com mira telescópica HK- Schmidt & Bender 3-20×50 PMII com filtro laser DIN EN 207-L4 e Aimpoint Micro-T1 4 Moa, este para uso numa situação táctica em que o atirador seja surpreendido e necessite de fazer um disparo com pouca preparação, levar a arma à cara, apontar o “ponto vermelho” do Aimpoint no alvo e disparar. Já a mira telescópica exige formação e treino para tirar partido das suas potencialidades. Apenas para ilustrar o que significam os “aumentos” nas miras telescópicas – e esta tem de 3 a 20 – se um alvo estiver a 100metros, com os 20 aumentos ela aparece ao atirador a 5m! Fácil ver a vantagem que confere ao atirador no momento de apontar.
Uma nota ainda para o supressor de som, importante por reduzir o ruído causado pelo disparo como por evitar em determinados tipos de ambientes tácticos o levantamento de poeiras à boca do cano, os quais podem identificar a posição do atirador.
Os detalhes da arma estão bem explicados na figura abaixo (note-se que a arma da UPF usada nesta apresentação não estava equipada com o módulo laser nem com o punho de assalto).
Na apresentação em sala que iniciou este dia no Campo de Tiro, unidade da Força Aérea, mas que tem na sua missão a atribuição de disponibilizar “…aos outros ramos das Forças Armadas, às forças de segurança e às indústrias de defesa, os espaços e a segurança necessários para a execução das práticas e experiências com armamento de treino ou real…”, foram ainda abordados aspectos relativos aos sistemas de visão nocturna que as armas apresentadas podem usar e as suas potencialidades.
Na carreira de tiro a maioria dos presentes senão mesmo todos tiveram oportunidade de usar a arma, não houve falta de munições (curiosamente ainda da já extinta fabricação nacional, considerada por todos de excelente qualidade), e assim ficou cumprida a finalidade desta apresentação. Permitir um contacto directo com a HK G-28, saber das suas capacidades, aferir sumariamente as características desta arma que já está testada em combate por alguns exércitos e que certamente agradaria a muitos dos presentes usar nas missões que o Estado Português lhes confere na defesa e segurança de Portugal.
Leia aqui a segunda parte deste artigo, no qual se apresenta também a Viatura Táctica Ligeira (Blindada) Nissan: G-28 & MG-5 NA UNIDADE DE PROTEÇÃO DA FORÇA (II)
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