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EXÉRCITO ENVIA BLINDADOS PANDUR PARA A RCA

Por • 19 Jul , 2018 • Categoria: 01. NOTÍCIAS, 04 . PORTUGAL EM GUERRA - SÉCULO XXI Print Print

Em breve serão enviadas como reforço das forças portuguesas na República Centro Africana, seis viaturas blindadas de rodas Pandur II 8×8 em diferentes versões. Depois do Kosovo e Lituânia estes blindados que vieram substituir as velhinhas Chaimite, rumam agora pela primeira vez a África. 

O reforço das forças portuguesas na MINUSCA decorre naturalmente da situação de segurança neste país no qual a comunidade internacional tenta restabelecer a paz, muitas vezes pela força das armas.

O agravar da situação de segurança no teatro de operações da RCA era uma realidade e a decisão de enviar estes meios blindados vem conferir às nossas forças em presença, uma maior protecção e poder de fogo. É um reforço muito considerável se levarmos em linha de conta que nenhuma das viaturas actualmente à disposição da 3.ª Força Nacional Destacada (FND) tem a protecção blindada das Pandur e o seu armamento – e outro que certamente também será enviado para aumentar o poder de fogo da força – vem acautelar situações que qualquer comandante, qualquer chefe militar, tem obrigação de prever. Em todo o caso note-se que as Pandur não vão substituir as HMMWV, são viaturas diferentes cada uma tem as suas missões e nem todas as que elas cumprem podem ou sequer devem ser atribuídas às Pandur, como adiante veremos.

6 Viaturas da Brigada de Intervenção

Em concreto estão prontas a serem projectadas projectadas:

2 Viatura Blindada de Rodas PANDUR II 8X8 Infantry Carrier Vehicle (ICV) do Regimento de Infantaria 14 (Viseu);

2 Viatura Blindada de Rodas PANDUR II 8X8 Remote Weapon Station (RWS) do Regimento de Cavalaria 6 (Braga);

1 Viatura Blindada de Rodas PANDUR II 8X8 Recovery Vehicle (REC) do Regimento de Infantaria 14 (Viseu);

1 Viatura Blindada de Rodas PANDUR II 8X8 Medical Evacuation Vehicle (MEV) do Regimento de Infantaria 13 (Vila Real).

Um reforço deste tipo vai exigir também um cuidado especial na manutenção destas viaturas e uma cadeia logística – Portugal/RCA – adequada para que estejam disponíveis e prontas a ser empregues a qualquer momento. Tudo indica ainda que os condutores e os chefes de viatura serão das unidades de origem das viaturas, da Brigada de Intervenção, e não da unidade base da FND, a qual será a partir de Setembro o 2.º Batalhão de Infantaria Paraquedista, do Regimento de Infantaria 10 (S. Jacinto-Aveiro) da Brigada de Reacção Rápida. Quando as Pandur foram empregues no Kosovo houve as duas situações, viaturas atempadamente entregues à brigada que ia ser projectada e que preparou todo o pessoal da guarnição; e o que agora irá acontecer, condutores e chefes de viatura das unidades de origem, sendo a “infantaria embarcada” da Brigada que cumpria a missão .

Viatura Blindada de Rodas PANDUR II  8X8 Infantry Carrier Vehicle (ICV)

Emprego operacional

Diz quem conhece a situação no teatro de operações que a sua utilização prioritária será sempre em Bangui, a capital, onde a situação de segurança até já levou a declarações preocupadas do Secretário-Geral da ONU. Tendo em conta a experiência operacional dos Páras em Bangui, em cujos combates de rua as suas viaturas HMMWV foram o principal instrumento quer para protecção do pessoal quer para derrubar bloqueios montados nas estradas e ruelas e ainda pelo uso das 12,7mm montadas nas torres, as Pandur, são um “valor acrescentado” à força.

De igual modo num hipotético cenário defensivo das “bases portuguesas” em Bangui (MINUSCA e EUTM) – não esqueçamos que uma delas está no aeroporto internacional, principal porta de entrada/saída do território quer em paz quer em situação de eventual missão de evacuação de não combatentes –  as viaturas são boa opção para realizar operações  dentro da cidade em direcção ao ponto de exfiltração. A inclusão de uma viatura “recovery” e outra “ambulância” mostra exactamente a preocupação em ter as condições mínimas para  “não deixar ninguém para trás” em caso de emprego táctico fora da base principal.

Já para deslocamentos longínquos como todas as FND têm feito nas suas missões, é muito pouco provável que isso venha a acontecer, pelas dificuldades que as “estradas” e “pontes” apresentam no interior do território tendo em vista o peso da viatura.

A 4.ª FND terá assim mais capacidades que as anteriores mas isso não deve fazer esquecer que os problemas com as viaturas HMMWV que estão identificados continuam, muitas das missões dos blindados 4X4 vão ter que continuar a ser cumpridas.

Viatura Blindada de Rodas PANDUR II 8X8 Remote Weapon Station (RWS)

Viatura Blindada de Rodas PANDUR II 8X8 Medical Evacuation Vehicle (MEV)

Viatura Blindada de Rodas PANDUR II 8X8 Recovery Vehicle (REC)

As diferentes versões da viatura Pandur II 8X8 que o Exército Português dispõe, estando assinaladas as que serão empregues na RCA.

Segurança e autonomia

Nunca é demais lembrar, os portugueses na RCA, quer os que estão na missão da ONU quer na missão da EU, são um efectivo muito reduzido quando comparado com a dimensão das forças multinacionais em presença. Portugal tem 160 militares (dos quais 90 operacionais) na MINUSCA que dispõe de 12.000 militares; e 40 na EUTM RCA que dispõe de 200. O apoio aéreo disponível da MINUSCA é muito limitado, um par de helicópteros, e muitos contingentes têm limitações no emprego não podendo por isso, em muitas ocasiões, ser considerados como um garantia de apoio em caso de necessidade. França consegue – se ela própria não estiver a necessitar, note-se bem!– “meter sobre” o teatro de operações uma parelha de aviões Mirage vindos do Chade, que inclusive já treinaram com o nosso TACP, para apoio aéreo próximo. Desconhecemos no entanto, por exemplo, quanto tempo demoram a chegar e quanto tempo têm depois disponível – quantos minutos? –  para cumprir a missão e regressar.

A partir de Portugal imaginamos que haja planos de contingência – há sempre mas isso nunca é admitido e assim mesmo é que deve ser – mas a capacidade de projecção estratégica portuguesa é o que se sabe, e a RCA fica mesmo longe! Não vamos especular quanto tempo demoraria a chegar apoio desde Lisboa, mas não será coisa rápida, havendo ou não disponível apoio de países aliados ou amigos, na Europa ou em outras paragens.

Ou seja, a força portuguesa está em grande medida entregue a si própria. Sendo certo que a avaliação das ameaças por quem está no terreno é uma preocupação constante para antecipar problemas, também é certo que pode haver surpresas desagradáveis, e por isso este reforço é relevante! Não há muito tempo (Abril 2018), só a título de exemplo, as forças francesas e da ONU (MINUSMA) no aeroporto de Tombouctou (Mali), que ali têm um dispositivo militar muito robusto que até inclui helicópteros de ataque e diferentes tipos de blindados, foram atacadas em força por grupos rebeldes. Estes fizeram uso de morteiros ou lança-granadas, carros armadilhados, e suicidas com coletes explosivos, causando 9 feridos franceses e 1 morto e 9 capacetes azuis feridos. As expressões que o Estado-Maior General das Forças Armadas de França, claramente apanhados de surpresa, usou para classificar o ataque foram: inédito e manhoso!

O reforço que o Exército, as Forças Armadas Portuguesas, vão enviar para a República Centro Africana é uma medida cautelar acertada, mostra bem o risco acrescido que corremos quando nos envolvemos em operações multinacionais fora da NATO num contexto muito complexo e de evolução difícil de prever.

 

Sobre as viaturas Pandur pode ler também no Operacional:

VBR 8X8 TP PANDUR II 12,7

UM DIA EM VISEU COM A “INFANTARIA DA BEIRA” (I)

UM DIA EM VISEU COM A “INFANTARIA DA BEIRA” (II)

“DIA DO EXÉRCITO 2012”, NO PARQUE D.CARLOS I (CALDAS DA RAINHA)

VÍDEO-REPORTAGEM: TRANSPOSIÇÃO DO RIO TEJO DURANTE EXERCÍCIO “ORION 15”

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EXÉRCITO PREPARA-SE PARA GRANDES EXERCÍCIOS MULTINACIONAIS

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