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ESPAÇO MEMÓRIA, EM SÃO JACINTO

Por • 15 Abr , 2012 • Categoria: 03. REPORTAGEM, 14.TURISMO MILITAR Print Print

S. Jacinto, entre a Ria de Aveiro e o Oceano Atlântico, é uma pequena povoação e freguesia do Concelho de Aveiro que acolhe unidades militares desde 1918. Nada de invulgar, mas já o será a particularidade, talvez mesmo única no nosso país, de “S. Jacinto Militar” ter começado por ser uma unidade da Marinha, depois da Força Aérea e hoje do Exército.

São Jacinto militar tem um passado multifacetado de 94 anos de história que agora pode ser visitado no "Espaço Memória".

São Jacinto militar tem um passado multifacetado de 94 anos de história que agora pode ser visitado no "Espaço Memória".

O “Espaço Memória” instalado no Regimento de Infantaria n.º 10, a actual unidade, tem a grande virtude de concentrar num único local, de modo eficaz e com muita dignidade – austera, diga-se, ali não há luxos! – estes quase 100 anos de história militar. Com uma desarmante simplicidade, própria de quem sabe o que faz, em três pequenas salas de um edifício que já conheceu muitos usos, o visitante fica com uma imagem completa do que tem sido a presença militar em S. Jacinto e mesmo a sua repercussão em vários pontos do globo!
A informação base, aquela que mostra de modo cronológico as alterações organizacionais, os eventos, as simbologias heráldicas, os factos marcantes que em S. Jacinto tiveram lugar ano após ano, estão distribuídos por três painéis, um por cada sala, um para cada ramo das Forças Armadas. Ali estão a Marinha e a sua Aviação Naval, a Força Aérea incluindo o Corpo de Tropas Pára-quedistas e o Exército com os Aerotransportados, em boa hora renomeados Pára-quedistas que nunca deixaram de ser, e ainda a memória histórica do Regimento de Infantaria N.º 10, unidade que antes da atribuição desta designação a S. Jacinto por ocasião da chamada “Transformação” do Exército em 2004, já tinha longos antecedentes em vários pontos do país.
Não vamos aqui fazer nós a história da presença militar em S. Jacinto e dos factos a ela associados, isso está bem feito neste “Espaço Memória” e merece uma visita. Vamos apenas descrever sumariamente o que vimos.

O edificio do "Espaço Memória" (ao centro) está bem perto da porta-de-armas da unidade e pretende-se que este seja mais um ponto de atracção turistica de S. Jacinto. Como é sabido, hoje em dia, o chamado "turismo militar" é um segmento com muito potencial de crescimento.

O edifício do "Espaço Memória" (ao centro) está bem perto da porta-de-armas da unidade e pretende-se que este seja mais um ponto de atracção turística de S. Jacinto. Como é sabido, hoje em dia, o chamado "turismo militar" é um segmento com muito potencial de crescimento.

Desde logo a implantação “geográfica” do local, bem perto da porta-de-armas facilitando o acesso de visitantes vindos do exterior, mas também de vários “pontos de interesse” histórico-cultural. A capela da unidade, o monumento aos mortos da unidade, o FTB cedido pelo Museu do Ar, mas também àquilo que ano após ano se vem tornando o novo “centro da unidade”, a parada junto ao mastro da Bandeira Nacional/Casa da Guarda.
O edifício foi recuperado, parte ainda está nesse processo, e quer no exterior quer no interior está o mais simples possível e com o essencial para ser funcional.

A obra emblemática da unidade, da autoria de Keil do Amaral, domina esta entrada. Em cima, 3 das excelentes imagens de Miguel Amaral que muito enriquecem este espaço.

A obra emblemática da unidade, da autoria de Keil do Amaral, domina esta entrada. Em cima, 3 das excelentes imagens de Miguel Amaral que muito enriquecem este espaço.

O “Espaço Memória” é composto por uma sala ampla, com poucas peças, propositadamente, disponibilizando espaço para actividades que ali se queiram fazer ou mesmo para concentrar visitantes para ouvir um guia, por exemplo. É dominada pela fotografia em grandes dimensões da Torre de Controlo da Base Aérea, obra de Keil do Amaral que para muitos foi e é o ex-libris da unidade, hoje ocupada pelo comando e estado-maior do 2.º Batalhão de Infantaria Pára-quedista.

Segue-se a sala dedicada à Aviação Naval, que inclui além do painel cronológico, um conjunto de ilustrações de Miguel Amaral com todas as aeronaves usadas pela Marinha, peças de pequenas dimensões das mais diversas, um ponto multimédia e, chamando a atenção, uma curiosa estrutura que simula um hidroavião “Grumman” e serve a dois tempos para mostrar a simbologia usada nas aeronaves e, pela porta, passar para a outra sala, a dedicada à Força Aérea.

Cópias dos docuemntos originais que oficializaram a entrega (venda!) pela aviação naval francesa a Portugal dos materiais e instalações de S. Jacinto.

Cópias dos documentos originais que oficializaram a entrega (venda!) pela aviação naval francesa a Portugal dos materiais e instalações de S. Jacinto.

É sempre muito interessante ver de perto os equipamentos que os pioneiros da aviação usavam nas suas máquinas voadaoras.

É sempre muito interessante ver de perto os equipamentos que os pioneiros da aviação usavam nas suas máquinas voadoras...

Bem assim como os utensilios usados na manutenção das aeronaves!

...bem assim como os utensílios usados na manutenção das aeronaves!

A "fuselagem" e "asa" é uma contrução que remete para os hidroaviões metálicos "Grumman" que foram usados pela Marinha (Escola de Aviação Naval Almirante Gago Coutinho) em S. Jacinto

A "fuselagem" e "asa" é uma construção que remete para os hidroaviões metálicos "Grumman" que foram usados pela Marinha (Escola de Aviação Naval Almirante Gago Coutinho) em S. Jacinto.

Já “deste lado” estamos perante réplica da porta de um C-130. Foi uma excelente ideia, bem concretizada, e não há para-quedista que ali passe que não sinta a tentação de fazer a “posição à porta”. A cereja em cima do bolo serão as luzes (verde/vermelho)!
Esta sala tem vários elementos de interesse dos quais destacamos, um hélice de T-6 que já esteve num restaurante em S. Jacinto, foi vendida e agora regressou à Base e foi pintada com as cores originais, o conjunto de (réplicas) de todos os Guiões usados pelas diferentes unidades e sub-unidades que aqui estiveram desde que a Força Aérea substituiu a Marinha em S. Jacinto e um conjunto de pára-quedas dorsais e ventrais, usados no período em que os “páras” ali estiveram. Também tem um ponto multimédia e outros elementos alusivos quer aos aviões quer aos pára-quedistas.

O "lado Força Aérea" do "Grumman" com uma aproximação à porta de um C-130.

O "lado Força Aérea" com uma aproximação à porta de um "Hércules" C-130, avião que muito diz aos pára-quedistas.

Em primeiro plano os Guiões Heráldicos que fizeram história em S. Jacinto e em segundo plano uma hélice de T-6, pintada com as suas cores originais ao tempo da estadia destes aviões nestas paragens.

Em primeiro plano os Guiões Heráldicos que fizeram história em S. Jacinto e em segundo plano uma hélice de T-6, pintada com as suas cores originais ao tempo da estadia destes aviões nestas paragens.

Computador? Aparelho de navegação aérea para instrução que resolvia (1950) os principais cáculos de navegação aérea, navegação visual e estimada!

Computador? Aparelho de navegação aérea para instrução que resolvia (1950) os principais cálculos de navegação aérea, navegação visual e estimada!

Painel dedicado à Força Aérea. Há outro para a Marinha e Exército e contêm um enorme e rigoroso manacial de informação. Muito mais do que parece à primeira vista.

Painel dedicado à Força Aérea. Há outro para a Marinha e Exército e contêm um enorme e rigoroso manancial de informação. Muito mais do que parece à primeira vista.

Os pára-quedas automáticos (dorsais) e os reservas (ventrais) que foram usados em S. Jacinto pelos pára-quedistas nesta zona de saltos bem singular (e bonita!) mas com alguns riscos. Em segundo plano um "pára" na "saída à porta" e um ponto multimédia bem curioso (porta de avião!).

Os pára-quedas automáticos (dorsais) e os reservas (ventrais) que foram usados em S. Jacinto pelos pára-quedistas nesta zona de saltos bem singular (e bonita!) mas com alguns riscos. Em segundo plano um "pára" na "saída à porta" e um ponto vídeo bem curioso (porta de avião!).

mais três ilustrações de Miguel Amaral (Templar Squadron), feitas propositadamente para este Espaço Memória.

Mais três ilustrações de Miguel Amaral (Templar Squadron), feitas propositadamente para este Espaço Memória.

E de novo estamos na sala da entrada com uma nota muito especial para um simples mas significativo memorial aos militares mortos nas missões de apoio à paz e humanitárias. Nunca é demais recordar que o primeiro militar português a morrer nesta missões foi o Soldado Pára-quedista Fernando Sérgio da Silva Teixeira, do Batalhão de Pára-quedistas 21, em 20 de Novembro de 1992. Também nesta sala, o painel cronológico alusivo ao Exército, dominado pelas missões expedicionárias que os militares de S. Jacinto têm levado a cabo desde 1996 e…são muitas. O 2.º BIPara aliás deve ser das unidades, senão a unidade, das Forças Armadas Portuguesas que mais missões destas cumpriu.

O Coronel Pára-quedista Nuno Cardoso, comandante do RI 10, junto ao painel do Exército. Recusa protagonismo - vi-me aflito para o fotografar! - e remete-nos para os oficiais, sargentos, praças e civis da unidade que colocaram o projecto neste ponto.

O Coronel Pára-quedista Nuno Cardoso, comandante do RI 10, junto ao painel do Exército. Recusa protagonismo - vi-me aflito para o fotografar! - e remete-nos para os oficiais, sargentos, praças e civis da unidade ( e as entidades exteriores, civis, da Marinha, Exército e Força Aérea) que colocaram o projecto neste ponto.

A participação de S. Jacinto na Missão ISAF no Afeagnistão também já aqui é lembrada.

A participação de S. Jacinto na Missão ISAF no Afeganistão também já aqui é lembrada.

Os pára-quedistas de S. Jacinto têm pago o "preço do sangue" nestas missões de Apoio à Paz e Humanitárias. As missões em S. Tomé e Principe e Angola, Timor e Afeganistão deixaram aqui a sua dose de dor. Não os esquecemos!

Os pára-quedistas de S. Jacinto têm pago o "preço do sangue" nestas missões ditas de Apoio à Paz e Humanitárias. As missões em S. Tomé e Príncipe e Angola, Timor e Afeganistão deixaram aqui a sua dose de dor. Não os esquecemos!

E bem assim como com os "anteriores Regimentos de Infantaria 10". As placas em fundo, réplicas (em cima) de uma colocada no anterior Batalhão de Infantaria de Aveiro e (em baixo) no Castelo de Bragança.

E bem assim como com os "anteriores Regimentos de Infantaria 10". As placas em fundo, réplicas (em cima) de uma colocada no anterior Batalhão de Infantaria de Aveiro e (em baixo) no Castelo de Bragança, lembram mortos na Guerra do Ultramar e na Grande Guerra.

O Reims-Cessna FTB-337G oferecido pelo Museu do Ar está, junto ao Espaço memória mas vai ficar em definitivio junto à entrada da unidade.

O Reims-Cessna FTB-337G oferecido pelo Museu do Ar está junto ao Espaço Memória mas vai ficar em definitivo junto à entrada da unidade.

Já no exterior, ainda sem suporte nem lugar definitivos, um FTB 337-G, afectuosamente conhecido por “puxa-empurra” pela disposição dos seus dois motores, oferecido recentemente pelo Museu do Ar. Aeronave muito significativa para S. Jacinto e que aqui se manteve até à saída da Força Aérea da península.

Muito há aqui para ver, bastantes detalhes e informação bem interessante e rigorosa. Pode não parecer mas a investigação e recolha de elementos foi trabalho de anos. Valeu a pena!

E, por fim, um aspecto que certamente passará despercebido aos mais novos mas que é um sinal do espírito muito especial, “de S. Jacinto”, que vem de longe. Tremeu por altura da polémica transferência de ramo nos anos 90 do século XX, por força de diferentes senão mesmo opostas idiossincrasias em presença, mas está afinal bem vivo. Nada mais do que o hábito de honrar os que nos antecederam, sem distinções quanto às cores dos uniformes. Se nos tempos da Força Aérea e Corpo de Tropas Pára-quedistas sempre ali se lembraram os pioneiros da Marinha, também hoje os Pára-quedistas do Exército pegam em todo o legado de “S. Jacinto Militar”, assumem-no como seu independentemente da sua origem, e divulgam-no. Bem hajam!

A Aviação Naval sempre foi recordada em S. Jacinto e regularmente militares que ainda serviram nesta componnete da Marinha visitavam S. Jacinto para honrar essa memória.

A Aviação Naval sempre foi recordada em S. Jacinto e regularmente militares que ainda serviram nesta componente da Marinha visitavam S. Jacinto para honrar essa memória.

Os pára-quedistas hoje do Exército não esquecem os seus heróis na guerra do ultramar, quando estavam na Força Aérea e a sua "casa-mãe", Tancos.

Os pára-quedistas hoje do Exército não esquecem os seus heróis na guerra do ultramar, quando estavam na Força Aérea e a sua "casa-mãe", Tancos.

Este edificio já teve várias utilizações, quer na Força Aérea quer no Exército e essas memórias vão ficando. Também assim se cultiva o espirito de corpo que tão necessário é em tempos dificeis. Na guerra como na paz.

Este edifício já teve várias utilizações, quer na Força Aérea quer no Exército e essas memórias vão ficando. Também assim se cultiva o espírito de corpo que tão necessário é em tempos difíceis.

O monumento com o pára-quedista "Em posição", é sem dúvida uma das imagens de marca da unidade. Construído em 1994 é da autoria de Libertário Alves Ferreira. Ali estão incritos os nomes dos mortos da unidade desde a chegada dos pára-quedistas a S. Jacinto.

O monumento com o pára-quedista "Em posição", é sem dúvida uma das imagens de marca da unidade. Construído em 1994 é da autoria de Libertário Alves Ferreira. Ali estão inscritos os nomes dos mortos da unidade desde a chegada dos pára-quedistas a S. Jacinto em 1977.

Entre o Atlântico e a Ria de Aveiro, S. Jacinto militar, o Regimento de Infantaria N.º 10. Em breve, escolas, empresas e associações que procuram a unidade para ali efectuarem diferentes actividades, têm agora no "Espaço Memória" mais um motivo de interesse.

Entre o Atlântico e a Ria de Aveiro, S. Jacinto militar, o Regimento de Infantaria N.º 10. Escolas, empresas e associações que procuram a unidade para ali efectuarem diferentes actividades, têm agora no "Espaço Memória" mais um motivo de interesse.

Veja aqui, no canal Youtube do “Operacional”, um pequeno filme deste “Espaço Memória”:

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