DSEi, LONDRES 2013 (I)
Por Miguel Machado • 23 Set , 2013 • Categoria: 03. REPORTAGEM, EM DESTAQUE PrintA exposição DSEi 2013 – Defense, Security and Equipment international – acabou de terminar e constituiu a sua maior edição até hoje. Realizada no ExCel London – parque de exposições – envolveu 1.500 expositores de 55 países e teve mais de 30.000 visitantes profissionais de 120 países. Estivemos presentes a convite do “Grupo MILÍCIA” e contamos o que vimos. Neste primeiro artigo debruçamo-nos sobre o universo das empresas de menor dimensão ali presentes, aquelas que se dedicam a “nichos de mercado”.
Todos temos razoavelmente a noção que esta actividade envolve em todo o mundo enormes quantias de dinheiro, que o seu contributo para a economia dos países produtores de armamento e equipamento destinado à defesa e segurança é muito grande, ou pelo menos razoável. A título de exemplo, refira-se que no país que acolhe este evento a cada dois anos, esta indústria emprega 300 000 pessoas e gera mais de 41 mil milhões de euros anualmente. É uma actividade que ali decorre de “mãos dadas” com as Forças Armadas Britânicas, sabendo-se que funcionários das empresas acompanham as forças em operações e notando-se no evento visitado, uma presença dos militares britânicos, uniformizados, em muitos dos espaços das firmas fornecedoras a colaborar na divulgação dos seus materiais.
Estas feiras são uma oportunidade para quem negoceia neste meio tomar contacto com as novidades que vão sendo lançadas no mercado – muitas mesmo nestes eventos para obter notoriedade mundial – e não raras vezes fazer ali negociações e compras.
O facto de esta área de actividade gerar no seu conjunto muitos milhões tal não significa que todas as empresas do meio sejam enormes multinacionais, ou grupos estatais, há na realidade uma grande quantidade de micro, pequenas e médias empresas que estão com sucesso neste competitivo mercado. Produzem algumas vezes apenas um artigo específico ou mais comumente uma linha de artigos dentro de uma área particular (por exemplo, empresas que só fabricam óculos, ou mosquetões, ou luzes de sinalização ou granadas de fumo, ou embalagens para água, ou contentores, etc), e assim, sempre a inovar e a desenvolver esse “nicho”, conseguem vender no mercado mundial, não necessitam de grandes contratos e vendas de muitos milhões para alcançarem o sucesso. Não se entenda no entanto que estamos perante empresas de “vão de escada”, com um pequeno escritório e um funcionário, nada disso. Estamos perante empresas dinâmicas, muito ligadas às realidades operacionais, aos “homens do terreno”, sabendo o que é necessário, o que resulta e o que não resulta no campo de batalha, com grande capacidade de adaptação às circunstâncias, e que por vezes se associam a outras firmas que desenvolvem produtos complementares para participar nestas exposições e assim alcançarem clientes do mundo inteiro. Em alguns casos os seus países apoiam a participação nestes eventos e disponibilizam espaços nas suas “áreas nacionais”.
Esta realidade julgamos não estar muito divulgada entre nós e por isso aqui a trazemos. Pela sua natureza, por vezes mesmo familiar ou de pequena dimensão, estas empresas têm pouco acesso aos media que estão vocacionados para a área da defesa e segurança, sempre mais atentos aos grandes contratos de equipamentos e sistemas de muita notoriedade, como navios, aviões, armas e veículos e, claro, ainda menos para a imprensa generalista. Esta não raras vezes olha para a indústria de defesa e segurança, e até para estes eventos com ideias preconcebidas, desconhecendo a realidade de uma actividade que enquanto o mundo for o que é – onde o crime, o terrorismo e a guerra são uma ameaça presente no nosso dia-a-dia, quer em sociedades desenvolvidas quer nas outras – não as poderemos dispensar e, bem antes pelo contrário, deveremos desenvolver quer por motivos de ordem económica quer de segurança, logo contribuindo para o bem-estar geral.
Aqui fica uma foto reportagem dedicada sobretudo a estas empresas de pequena e média dimensão. Num artigo seguinte, daremos espaço aos grandes fabricantes de material militar e aos sistemas de armas mais complexos.
Sobre a DSEi 2013 leia também:
PAÍSES E GRANDES EMPRESAS NA DSEi LONDRES (II)
PAÍSES E GRANDES EMPRESAS NA DSEi LONDRES (III)
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