Tancos, 23 de Maio de 2011, a Escola de Tropas Pára-quedistas assinalou o seu 55.º Aniversário. Milhares de antigos e actuais pára-quedistas militares portugueses, vindos dos quatro cantos do país e alguns do estrangeiro, juntaram-se mais uma vez na “Casa-Mãe” das Tropas Pára-quedistas Portuguesas para assistir à cerimónia militar e participar nesta jornada de convívio e memória que é o Dia dos Pára-quedistas.

O lema do Batalhão de Instrução mantém-se no actual Batalhão de Formação da Escola de Tropas Pára-quedista e é paradigmático do modo como os boinas verdes encaram a instrução.

A Escola de Tropas Pára-quedistas (ETP) é hoje uma unidade da Brigada de Reacção Rápida do Exército Português que forma militares na área do pára-quedismo militar dos três ramos das Forças Armadas e apronta o Batalhão Operacional Aeroterrestre desta brigada. Está organizada em Comando, Estado-Maior, Direcção de formação e Divulgação, Companhia de Comando e Serviços, Batalhão Operacional Aeroterrestre e Batalhão de Formação. Está localizada junto do Aeródromo Militar de Tancos e muito perto da Zona de Lançamento do Arripiado, dispõe de áreas de instrução variadas e tem uma infra-estrutura que acolhe cerca de mil pessoas numa área de 30 hectares.
Muitos são os cursos na área aeroterrestre que aqui são ministrados, destacando-se os Cursos de Pára-quedismo, Cursos de Operações Aeroterrestres, Curso de Chefes de Salto de Abertura Manual, Curso de Precursores e de Auxiliares de Precursores, Cursos de Abertura Automática com Asa, Curso de Instrutor de Pára-quedismo, Curso de Instrutor de Queda-Livre Operacional, Curso de Queda-Livre, Curso de Piloto Tandem, Curso de Inspector de Abastecimento Aéreo, Curso de Operador de Abastecimento Aéreo, Curso Técnico de Equipamento Aeroterrestre, Curso para Dobradores de Pára-quedas. Outros cursos como a Formação Geral Comum, Treinador/Tratador de Cães Militares preenchem a actividade de formação aqui ministrada, a qual está desde sempre associado ao lema “Instrução Dura, Combate Fácil” do memorável Batalhão de Instrução, agora Batalhão de Formação.

A Parada Alferes Pára-quedista Mota da Costa, morto em combate em Angola no dia 8 de Maio de 1961, acolheu este ano o 55.º aniversário da inauguração do Batalhão de Caçadores Pára-quedistas.

Manhã cedo Cerimónia de Homenagem pelas Associações de Pára-quedistas no Monumento aos Mortos em Combate.

Na Capela da Unidade a Missa de Acção de Graças. Em primeiro plano o antigo Capelão Pára-quedista César Fernandes.

Ainda a cerimónia militar não começou já a Escola está repleta de antigos pára-quedistas e muitos familiares.

O Chefe do Estado-Maior do Exército, General Pinto Ramalho, presidiu às cerimónias deste ano.

Neste dia os Guiões das antigas unidades pára-quedistas saem do Museu das Tropas Pára-quedistas e comparecem na Parada. Os "páras" de hoje orgulham-se dos que os antecederam.

O Coronel Pára-quedista Frederico Almendra que em breve termina o seu comando da Escola de Tropas Pára-quedistas.

A ETP faz muito mais do que isto, mas aqui reside sem dúvida o essencial da sua missão, formar pára-quedistas. E já formou mais de 45.000!
Muito haveria a dizer das tarefas que a ETP tem cumprido (descarregue no fim do artigo o discurso do Comandante em pdf.), mas destacam-se apenas duas: a colaboração dos seus militares com a Esquadra 501 da Força Aérea Portuguesa no exigente processo que conduziu à certificação dos novos C-295M – aeronave que segundos muitos pára-quedistas que ouvimos excede as melhores expectativas -; o envolvimento da Escola no levantamento em Tancos daquilo que poderá ser o primeiro Centro de Excelência da NATO em Portugal, o NATO Airborne and Airmobility Center of Excelence.

O Tenente Miliciano Pára-quedista José Falcão Penteado, que cumpriu duas Comissões de Serviço no Ultramar, foi condecorado com a Medalha da Cruz de Guerra de 1.ª Classe. Fez a imposição o Chefe do Estado-Maior do Exército.

O anterior comandante da ETP, Coronel Pára-quedista Carlos Perestrelo foi condecorado com a Ordem Militar de Avis pelo CEME.

Militares em formação da ETP também participaram na cerimónia militar. Em breve mais umas dezenas de boinas verdes estarão aptos a servir Portugal, onde e quando necessário.

Pioneiros nesta actividade em Portugal os pára-quedistas mantém esta valência que tantas provas tem dado. Muitos países usam os "cães militares" nas operações anti-subversivas da actualidade.

Os batalhões de infantaria pára-quedista estiveram presentes. Aqui o 1.º BIPara do Regimento de Infantaria n.º 15 (Tomar).

Todos os anos são impostos "Grifos de Honra" aos pára-quedistas militares (no activo ou já fora do serviço) que têm familiares directos também pára-quedistas.

As Associações de Pára-quedistas presentes desfilaram com garbo como é seu timbre!

Saltos de abertura automática, pelos Precursores, a partir de um C295M da Eq. 502, para a pista do Aeródromo Militar de Tancos

Mas este Dia da Unidade tem ainda algumas características que mesmo podendo não ser únicas, são pouco vulgares em Portugal – talvez limitadas a uma ou outra unidade de elite – e têm a ver com o entrosamento entre os que foram formados nesta “Casa-Mãe” e os que agora cá estão. A comemoração é sempre feita a 23 de Maio não sendo transferida para outras datas, independentemente do dia da semana. Criou-se, ano após ano, a tradição por parte de antigos pára-quedistas, inseridos em associações mas ainda muitos mais a título individual, familiar ou em grupos organizados “ad-hoc”, de rumar a Tancos. São sempre aos milhares, alguns vão de véspera e instalam-se na região ou dormem mesmo no Pinhal (área de instrução junto à vedação do quartel e da Torre Americana), e naturalmente este movimento não carece de qualquer convite ou inscrição. São da Casa, aparecem! Quem quer almoçar no quartel inscreve-se de manhã e paga uma importância simbólica, mas muitos almoçam (lancham e jantam!) nas instalações que várias associações ou grupos montam no Pinhal. Se não houvesse cerimónia…apareciam na mesma!
Esta componente convívio que muitas vezes se inicia no dia anterior – com actividades paralelas e se prolonga por todo o dia 23 (e noite) – inclui um pouco de tudo desde a venda de recordações e publicações até à realização de actividades musicais, mas acima de tudo, muito convívio, muita memória para ser recordada.

Um Saltador Operacional a Grande Altitude começa a preparar a aterragem na Parada Mota da Costa.

A descida em calote dos saltadores de abertura manual, é acompanhada por fumos para criar este bonito efeito visual.

As demostrações de actividades alusivas à instrução para pára-quedista continuam muito aplaudidas

Em primeiro plano, à esquerda, António do Casal Martins, anónimo, um dos pára-quedistas condecorados no Ultramar com a Torre e Espada do Valor Lealdade e Mérito.

No Pinhal a animação prolonga-se pela tarde e noite num são convívio entre gerações, dos que estiveram em África aos que viveram o período do Corpo de Tropas Pára-quedistas até aos que já conheceram as novas missões de paz das Forças Armadas Portuguesas.

Três "páras" que combateram no Ultramar, da direita: Tenente Pára-quedista José Ramos Lousada (hoje Major-General na Reforma); Primeiro-Cabo Pára-quedista Alfredo Serrano Rosa (hoje Sargento-Mor na Reforma); Soldado Pára-quedista Alberto Caetano Vidal (hoje aposentado dos SAS britânicos). Os tempos da "Guarda Imperial" (como era conhecida a 4.ª Companhia do BCP 31 - 1966/67), criaram uma amizade para a vida.

Relativo de calotes para o "campo de futebol".

Para os antigos pára-quedistas que permanecem pela tarde dentro em Tancos, a possibilidade de voltarem a ver saltos em pára-quedas e de contactarem com os seus camaradas que permaneceram ao serviço são momentos que "valem a viagem".

Os "páras" têm grande carinho pela Força Aérea onde estiveram 38 anos. A Força Aérea retribui e a Base Aérea de Monte Real esteve presente com uma parelha de F-16 numa demonstração verdadeiramente excepcional. A uma passagem (baixa e "lenta") dizia um antigo combatente da Guiné, "...até me estou a arrepiar, isto parece mesmo quando os Fiat's nos vinham safar"!

Quem acompanha o “Operacional” sabe bem que os fundadores do site são antigos pára-quedistas militares e bem assim como alguns dos nossos principais colaboradores. É o caso do Alfredo Serrano Rosa, autor desta reportagem fotográfica que publicamos e figura incontornável nos “23 de Maio”. Obrigado Serrano Rosa!

Quer ler o discurso do Comandante da Escola de Tropas Pára-quedistas? Clique aqui!

Quer ler a Mensagem que o Chefe do Estado-Maior do Exército dirigiu aos Oficiais, Sargentos, Praças e funcionários civis que servem o Exército na Escola de Tropas Pára-quedistas? Clique aqui!