DIA DO COMANDO DAS FORÇAS TERRESTRES E 38.º ANIVERSÁRIO DA BRIGADA MECANIZADA
Por Miguel Machado • 24 Abr , 2016 • Categoria: 03. REPORTAGEM, EM DESTAQUE PrintA Brigada Mecanizada comemorou este ano o 38.º aniversário e realizou no passado dia 22 de Abril, no Campo Militar de Santa Margarida, a cerimónia militar que assinalou a efeméride, a qual decorreu em simultâneo com o Dia do Comando das Forças Terrestres. Presidiu o Chefe do Estado-Maior do Exército, General Rovisco Duarte, e o momento alto do evento foi a recepção do Estandarte Nacional do 2.º BIMec regressado do Kosovo.
Comando das Forças Terrestres
O Comando das Forças Terrestres, tem as suas origens em 1993 na instalação de um Núcleo Permanente do Comando Operacional das Forças Terrestres, no Forte do Alto do Duque (Lisboa), a partir do qual, por exemplo, se desenvolveram as actividades necessárias à projecção das primeiras missões expedicionárias do Exército no pós-Guerra do Ultramar. Em 1999 o então COFT foi transferido para Oeiras – onde tinha sido extinto o Regimento de Artilharia de Costa – e ali permaneceu no Quartel da Medrosa até muito recentemente, mudando de designação para Comando das Forças Terrestres, e estando actualmente a funcionar em pleno nas instalações da Amadora.
Nos termos do Decreto-Lei n.º 186/2014, de 29 de Dezembro, o comando de componente terrestre das Forças Armadas Portuguesas, designado por Comando das Forças Terrestres (CFT), tem por missão apoiar o exercício do comando por parte do Chefe do Estado Maior do Exército tendo em vista:
a) A preparação, o aprontamento e a sustentação das forças e meios da componente operacional do sistema de forças;
b) O cumprimento das missões reguladas por legislação própria e de outras missões que sejam atribuídas ao Exército, mantendo o CEMGFA permanentemente informado das forças e meios empenhados e do desenvolvimento e resultados das respetivas operações;
c) A administração e direção das unidades e órgãos da componente fixa colocados na sua direta dependência.
2 — O CFT é comandado por um tenente-general, designado por Comandante das Forças Terrestres, na direta dependência do CEME, sendo coadjuvado por um major-general designado por 2.º Comandante do CFT.
3 — O Comandante das Forças Terrestres dispõe de autoridade funcional e técnica no âmbito das operações terrestres e tem na sua dependência hierárquica as unidades, estabelecimentos e demais órgãos definidos por despacho do CEME.
4 — Para efeitos de apoio ao exercício do comando por parte do CEMGFA, o CFT é colocado, pelo CEME, na dependência direta do CEMGFA, de acordo com as modalidades de comando e controlo aplicáveis a situações específicas de emprego operacional de forças e meios, a definir caso a caso.
5 — Dependem do CFT:
a) O Quartel -General do CFT;
b) Os comandos das zonas militares e os respetivos quartéis-generais;
c) Os comandos das grandes unidades e os respetivos quartéis-generais;
d) Os elementos da componente operacional do sistema de forças.
Brigada Mecanizada
A Brigada Mecanizada (BrigMec) tem as suas origens para lá de 1978, mais concretamente em 1951 quando o Exército escolheu a região de Santa Margarida para instalar um “campo de instrução militar para treino de tropas de todas as armas e de Grandes Unidades”. Seguiu-se em 1953 o inicio do levantamento da 1.ª Divisão do Corpo Expedicionário Português – Divisão Nuno Álvares, o seu patrono – a qual, estava destinada a assumir os compromissos NATO de Portugal em plena “Guerra Fria”. O processo de consolidação desta unidade foi interrompida pela urgência da defesa do Ultramar, a partir de 1961. Terminada em 1975 esta última guerra de Portugal em África, então sim, nasce em 1978 a Brigada Mista Independente, a BMI, que recupera a vocação de responder aos compromissos portugueses na defesa colectiva dos países da NATO, de que Portugal é membro fundador em 1949.
Aqui fica a transcrição do documento legal que justifica a celebração do Dia da Brigada Mecanizada (26 de Abril, que este ano foi antecipada a comemoração para 22 Abril).
Decreto-Lei 91/78, de 11 de Maio
Considerando os compromissos assumidos por Portugal no âmbito da Organização do Tratado do Atlântico Norte e a desactualização das estruturas orgânicas da 3.ª Divisão de Infantaria (3.ª Div):
O Conselho da Revolução decreta, nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 148.º da Constituição, o seguinte:
Artigo 1.º É criada em 1 de Janeiro de 1978, na dependência directa do Chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), a 1.ª Brigada Mista Independente (1.ª BMI), herdeira das tradições e do património histórico da 3.ª Div.
Art. 2.º O Comando da 1.ª BMI tem a sua sede permanente na área do Campo de Instrução Militar de Santa Margarida.
Art. 3.º A organização da 1.ª BMI será fixada por portaria do CEME.
Art. 4.º As relações de comando entre o Comando da 1.ª BMI e as suas unidades orgânicas e as relações de coordenação daquele comando com os comandos de região militar e outros órgãos interessados serão definidas por despacho do CEME.
Art. 5.º As dúvidas suscitadas na execução do presente diploma serão resolvidas por despacho do CEME.
Visto e aprovado em Conselho da Revolução em 12 de Abril de 1978.
Promulgado em 26 de Abril de 1978.
Publique-se.
O Presidente da República, ANTÓNIO RAMALHO EANES.
38.º aniversário
A presente reportagem fotográfica de Alfredo Serrano Rosa mostra sobretudo a Cerimónia de 22 de Abril, no Campo Militar de Santa Margarida, no entanto o programa das comemorações foi extenso, começou no dia 30 de Março último, e incluiu actividades de vária ordem, muitas em interligação com as comunidades locais próximas de Santa Margarida.
30MAR16 – Estafeta D. Nuno Álvares Pereira, em Santa Margarida;
04ABR16 – Cerimónia de Içar das Bandeiras dos Países da NATO, defronte do QG BrigMec, a assinalar o dia de 1949, em que foi criada, em WASHINGTON D.C., a Organização do Tratado do Atlântico Norte;
06ABR16 – Evocação Histórica da Batalha de Atoleiros, pelo Major de Infantaria Carlos Dias Lobão Afonso, do Instituto Universitário Militar;
06ABR16 – Concerto pela Banda Sinfónica do Exército e a banda de música tradicional Portuguesa, “Galandum Galundaina” no Teatro Virgínia, em TORRES NOVAS;
09ABR16Prova Desportiva I Trail ROTA DA HAKEA, aberta à população civil
09 e 15ABR16 – Exposição de Viaturas da Associação Portuguesa de Viaturas Militares (APVM), aberta à população civil;
14ABR16 – Missa de Sufrágio pelos militares e civis do CFT e da BrigMec mortos ao serviço da Pátria, na Igreja do CMSM
21ABR16 – Seminário “A preparação do Corpo Expedicionário Português para a 1.ª Guerra Mundial: De Tancos à Flandres”, no Museu Nacional Ferroviário no Entroncamento. Exposição “Do Campo Militar de Tancos ao Campo Militar de Santa Margarida”, no mesmo local.
21ABR16 – Cerimónia de Homenagem aos Mortos da 1.ª Guerra Mundial, em Vila Nova da Barquinha no monumento onde jazem os restos mortais de António Gonçalves Curado, o primeiro soldado português a ser abatido pelas tropas inimigas na Flandres.
Cerimónia militar do Dia do Comando das Forças terrestres e da Brigada Mecanizada
Em 22 de Abril a cerimónia militar teve como ponto alto a entrega do Estandarte Nacional do 2BIMec/FND/KFOR, que consubstancia o final da sua missão no Teatro de Operações do Kosovo onde permaneceu 6 meses, pelo comandantes e batalhão ao comandante da brigada.
O general Rovisco Duarte, recém-empossado Chefe do Estado-Maior do Exército, presidiu às cerimónia, que além do figurino habitual destes eventos, com destaque para a evocação dos mortos da unidade, discursos alusivos (do TGen CFT e do Gen CEME – pode descarregar no final do artigo, a primeira alocução pública do novo CEME) ), imposição de condecorações e desfile das forças em parada, apeadas e montadas, teve ainda a particularidade de se proceder ao acto de arrear das bandeiras nacional, NATO e dos países membros da Aliança, que ali tinham sido hasteadas em 04 de Abril – dia da “fundação” da Aliança Atlântica em 1949.
As Forças em Parada estavam compostas por: Comando; Campo Militar de Santa Margarida; Companhia de Transmissões; Companhia de Engenharia de Combate Pesada; Bateria de Artilharia Anti-Aérea; Esquadrão de Reconhecimento; Batalhão de Apoio de Serviços; Grupo de Artilharia de Campanha 15,5 AP; Grupo de Carros de Combate; 2.º Batalhão de Infantaria Mecanizado; Batalhão de Infantaria Mecanizado de Lagartas; Banda e Fanfarra.
O desfile da Força Montada constituiu uma mostra representativa dos meios e capacidades da Força Mecanizada da BrigMec, a qual, constitui uma boa oportunidade para os nossos leitores verem o que realmente existe no Exército Português, a nível de “lagartas”. Como é sabido a BrigMec é a única força operacional que dispõe deste tipo de viaturas blindadas, parte delas modernas – por exemplo os Leopard 2A 6 e os M109A 5 – mas parte que, cumprindo a missão, tem limitações em termos das suas capacidades para combater num moderno campo de batalha, sendo talvez o mais evidente o caso dos M113 ou dos Chaparral e meios para a engenharia de combate.
As leis de programação militar, sucessivamente adiadas ou executadas em percentagens muito reduzidas, anos seguidos, têm forçosamente reflexos também no Exército, seja a nível destes grandes equipamentos – viaturas e armamento – seja mesmo no básico equipamento e armamento individual.
O soldado português é reconhecidamente um militar de excelência onde quer que actue – não faltam exemplos e ainda agora o 2.º BIMec desta brigada regressou do Kosovo com os maiores elogios internacionais – mas as lacunas efectivamente existentes hoje, não só podem comprometer missões futuras a que Portugal seja convocado, como colocar desnecessariamente em risco acrescido os nossos militares em operações.
A Brigada Mecanizada – a força decisiva – é umas das três brigadas do Exército, a sua “brigada pesada”, e dispõe de capacidades únicas em Portugal para enfrentar determinadas situações de combate. Foi recentemente testada em ambiente multinacional – no exercício Trident Juncture – e mostrou que tem pessoal, organização e competência para levar a cabo missões muito variadas, e que está apta a fazer aquilo para que foi criada e existe hoje: “actuar em todo o espectro da conflitualidade com destaque para o combate em ambiente de alta intensidade e operações de resposta a crises”.
O Desfile Montado, junto à pista de aviação, na “terra”, estava organizado em: Grupo de Comando; Esquadrão de Reconhecimento; Agrupamento Mecanizado – Comando; 2 sub-agrupamentos; apoio de combate; secção de mobilidade; apoio de serviços – Grupo de Artilharia de Campanha; Bateria de Artilharia Anti-Aérea.
O Desfile Montado, na pista, estava organizado em: Comando e Estado-maior; Companhia de Reabastecimento e Transportes; Companhia de Manutenção.
Clique aqui para descarregar a: alocução do Chefe do Estado-Maior do Exército
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