BÓSNIA E HERZEGOVINA, 1996/2016: 20.º ANIVERSÁRIO DO INICIO DA PARTICIPAÇÃO PORTUGUESA NA MISSÃO DA NATO
Por Miguel Machado • 27 Dez , 2015 • Categoria: 05. PORTUGAL EM GUERRA - SÉCULO XX PrintA Missão das Forças Armadas Portuguesas na Implementation Force (MFAP IFOR/NATO), assim foi designada na altura, foi enviada para a Croácia e Bósnia e Herzegovina durante todo o mês de Janeiro de 1996. Entre o dia 5 e 29 desse mês, cumprindo um apertado calendário, quase 1.000 militares, a grande maioria pára-quedistas, mais de 200 viaturas e outros tantos contentores, foram projectados para o teatro de operações em vagas sucessivas, por via aérea e marítima, em aeronaves e navios militares e civis fretados.
Foi a primeira grande operação militar no exterior do território nacional desde o fim da Guerra do Ultramar (1961-1975) e a primeira na Europa desde a participação portuguesa na Grande Guerra (1914-1918).
No primeiro ano de missão o empenhamento nacional nesta primeira operação terrestre da Aliança Atlântica manteve-se neste nível elevado, indo depois diminuindo o esforço acompanhando idêntico caminho por parte da totalidade da força, em final de Dezembro de 1996 renomeada Stabilization Force (SFOR).
A cada 6 meses a Força Nacional Destacada (FND, nova designação que este tipo de unidades adoptaram) na SFOR foi cumprida por unidades provenientes das três brigadas do Exército. Em Dezembro de 2004 uma força da União Europeia, a EUFOR substitui a NATO e Portugal mantém a sua participação com unidades escalão batalhão até 2007, ano em que reduz substancialmente a sua participação e em Janeiro de 2012, os últimos militares do Exército encerram a missão portuguesa na EU, continuando hoje a força da União Europeia no país.
A GNR entre 2007 e 2010 integra com uma unidade de escalão pelotão na European Force (EUFOR).
Mais de 10.000 portugueses, a maioria militares do Exército, mas também da Marinha e da Força Aérea, polícias da PSP, militares da GNR, diplomatas, elementos dos serviços de informações e outros servidores públicos, mas também jornalistas e civis ao serviço de agências internacionais, todos no âmbito deste empenhamento de Portugal, contribuíram nos esforços da comunidade internacional para acabar com uma terrível guerra civil, e depois estabilizar a situação.
Muitos balanços podem ser feitos das sucessivas missões na Bósnia e Herzegovina, cada um dos que lá passou pode fazer e certamente faz o seu, nós que lá estivemos no inicio e depois acompanhamos pontualmente outros batalhões no terreno e mesmo outros teatros de operações, e também não descuramos o que foi sendo escrito por quem por lá passou, não temos dúvidas: houve um antes e um depois da primeira missão na Bósnia! Muitas das lições duramente aprendidas pelos pioneiros foram assimiladas nos vários patamares da hierarquia, muito caminho foi desbravado, muitos procedimentos foram corrigidos. As Forças Armadas Portuguesas em 1996 deram claramente um salto qualitativo em vários aspectos. Portugal, no contexto internacional encerrou um período de “intervenções minimalistas”, cada vez mais difícil de justificar politicamente e penoso para a imagem das suas Forças Armadas como instrumento credível da vontade do Estado Português.
Isto merece ser assinalado! Os homens e mulheres que iniciaram este caminho e todos os que se lhes seguiram até 2012, militares e civis, devem ser lembrados.
2016, iniciativas para assinalar o 20.º Aniversário e os anos de missão
Durante 2016 são várias as iniciativas que quer a “sociedade civil” – nomeadamente todos os que tendo servido na Bósnia hoje estão desligados do serviço activo – quer a instituição militar, vão realizar para relembrar aquilo que foi a missão na Bósnia e Herzegovina.
Nós aqui no Operacional também somos “sociedade civil”, temos como é sabido laços afectivos fortes que nos ligam à instituição militar e vamos – já estamos! – divulgar e apoiar na medida das nossas possibilidades as iniciativas de que tenhamos conhecimento.
São muitas e boas e vamos lutar para que cheguem, primeiro ao conhecimento de todos os que estiveram na Bósnia mas também ao conhecimento da opinião pública em geral.
Não havendo uma comissão centralizadora deste evento a nível oficial, é possível que alguma coisa nos escape, assim pedimos a quem nos lê e tenha conhecimento de algo relacionado com o tema que nos informe trataremos de divulgar.
Vamos ainda tentar dar conhecimento do que vai sendo publicado na imprensa sobre este assunto, quer através do www.operacional.pt quer através do nosso facebook.
Todas as informações que fornecemos nesta página chegam-nos através dos próprios organizadores, não havendo da nossa parte, excepto se expressamente referido, participação nas iniciativas. Vamos tentar manter este quadro actualizado, inserindo novas iniciativas e/ou cancelando alguma que não se concretize. Quem nos quiser contactar sobre este assunto pode utilizar o e-mail: operacional@operacional.pt
Imprensa:
Diário de Notícias, Domingo, 27 de Dezembro de 2015
Leia a noticia no DN online: Ex-militares evocam 20 anos da missão na Bósnia
Miguel Machado é
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