BÓSNIA 96 NA IMPRENSA ESCRITA, «2.º BIAT» E «DAS» COMEÇAM A CHEGAR AO TEATRO DE OPERAÇÕES
Por Miguel Machado • 16 Jan , 2016 • Categoria: 11. IMPRENSA PrintEm 15 de Janeiro de 1996 o Presidente da República entrega em S. Jacinto o Estandarte Nacional às forças expedicionárias, no dia seguinte aterram em Split (Croácia) os primeiros 60 militares do 2.º Batalhão de Infantaria Aerotransportada e do Destacamento de Apoio e Serviços que seguem de imediato para a Bósnia. A 22 chegam ao mesmo aeroporto mais 250 militares destas unidades. A imprensa escrita continua a dar grande destaque aos acontecimentos e “A Capital” até já tem um jornalista na Bósnia e Herzegovina.
Estava em marcha a projecção das forças para o teatro de operações, dentro dos prazos previstos, com algumas dificuldades no terreno que (ainda) não chegavam à imprensa de modo bem expresso, e as notícias em Portugal sobre a “missão Bósnia”continuavam a ocupar as primeiras páginas.
Mário Soares, em fim de mandato, foi à Área Militar de S. Jacinto entregar o Estandarte Nacional ao 2.º Batalhão de Infantaria Aerotransportado. O Destacamento Avançado deste batalhão e da unidade de apoio de serviços, num total de 60 militares e duas pequenas viaturas, seguiram em dois aviões C-130 da Força Aérea Portuguesa para Split. Nesse mesmo dia 16 saía de Setúbal o navio mercante fretado que transportava o material pesado para Ploce (Croácia), um enorme conjunto de equipamentos (208 viaturas, 83 atrelados e 128 contentores, tipo “TIR”), que seria descarregado em coordenação com a chegada ao local de novo contingente de 250 militares, a 22 de Janeiro, composto maioritariamente pelos condutores que iriam operar estes meios.
Um terço do contingente português já estava nos Balcãs, uns a preparar os locais que iriam receber o grosso das forças, outros a aguardar os restantes militares para os transportar em direcção à sua área de actuação. A força estava destinada a nada menos que cinco locais diferentes, entre Sarajevo e Gorazde (a muitas e difíceis horas de viagem da costa do Adriático), todos eles sem condições de habitabilidade, onde era preciso fazer quase tudo, num território devastado pela guerra, carências de toda a ordem, instabilidade politica e militar, e com um clima rigoroso que nos era completamente estranho.
Em termos de imprensa escrita o jornal “A Capital” já tinha um jornalista em Sarajevo (e também a TSF, o primeiro OCS que entrou em contacto com os militares portugueses na Bósnia, a que se seguiu logo, a RTP e a SIC). “A Capital” fez assim as primeiras reportagens no “sector do batalhão português” para a imprensa escrita neste período, não só com os militares mas também com os polícias portugueses que ali estavam ao serviço da ONU. Os outros jornais acompanhavam nesta fase a situação a partir de Portugal, mas dentro de dias vários jornalistas rumariam à Bósnia, para acompanhar as tropas em operações.
As notícias eram de um modo geral abonatórias para a missão e, com uma ou outra excepção que já se começava a fazer sentir, não beliscavam a imagem da instituição militar em geral e do Exército em particular, bem antes pelo contrário. O facto de haver poucos jornalistas no teatro de operações – os que estavam em Portugal tinham um acesso muito limitado às tropas – também não tinha ainda despoletado qualquer espécie (visível) de concorrência entre os diversos OCS na descoberta de factos que justificassem títulos diferenciadores e/ou polémicos.
Em 23 de Janeiro de 1996, data das últimas noticias desta resenha, na imprensa, tudo “corria sobre rodas”. Um dramático acontecimento no dia seguinte iria, pelos piores motivos, aumentar exponencialmente o número de notícias sobre a missão portuguesa na Bósnia. Será o próximo capítulo desta nossa caminhada pela imprensa escrita nesse ano de 1996.
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