A «BRIGADA ESPECIAL NACIONAL» DA POLÍCIA NACIONAL REVOLUCIONÁRIA DE CUBA
Por Antonio Carmo • 12 Mar , 2009 • Categoria: 03. REPORTAGEM Print
Este ano a POLÍCIA NACIONAL REVOLUCIONÁRIA (PNR) cubana comemorou o seu 50º Aniversário (1959-2009).
Fundada a 5 de Janeiro de 1959, poucos dias depois do triunfo da « Revolução Cubana », é considerada tão insurrecta e guerrilheira como a sua antecessora, a POLÍCIA REBELDE nascida na «Segunda Frente Oriental Frank País», no coração da mítica Sierra Maestra, e fundada por Raúl Castro Ruz (actual Presidente do Conselho de Estado e de Ministros), em 28 de Outubro de 1958.
Por todo o país, a cinquentenária instituição policial realizou cerimónias para assinalar a efeméride. Porém, a mais significativa realizou-se junto do «Monumento a los Mártires del Batallón de la PNR» em Playa Girón, situado no perímetro adjacente da Direcção Provincial de Patrulhas da Cidade de Havana, onde foi colocada uma coroa de flores e disparadas três salvas em homenagem a todos os que cairam no cumprimento do dever, ou seja, ao serviço da «Revolução Cubana».
Para os observadores menos familiarizados com a génese e história das forças policiais cubanas pós-1959, é importante referir que a PNR passou a dispôr, a partir de 1980, de uma unidade de elite: a BRIGADA ESPECIAL NACIONAL.
É sobre a história e os distintivos desta unidade especial tutelada pelo Ministério do Interior (MININT), herdeira (ainda que não reconhecido oficialmente) das tradições das extintas TROPAS ESPECIAIS DO MININT que hoje iremos escrever, embora com as restrições e as dificuldades que as autoridades cubanas impõem a este tipo de temas.
PRIMEIROS PASSOS E ACTIVAÇÃO(*)
1 de Abril de 1980: cerca das 17H00 (hora local) um auto-carro (no léxico cubano é conhecido como guagua) arremete de forma violenta e de surpresa, com passageiros a bordo, contra a cerca da Embaixada do Peru, situada na 5ª Avenida e 72, na capital cubana.
O militar em serviço pertencente ao REGIMENTO DE PROTECÇÃO a sedes diplomáticas, Pedro Ortiz Cabrera, dispara de imediato a sua espingarda AKM e, na troca de tiros com os ocupantes do guagua (auto-carro), é gravemente ferido, vindo depois a falecer no Hospital Militar Carlos F. Finlay de Marianao na cidade de Havana.
Este incidente politico-diplomático provocou a entrada de mais de 10.000 cubanos no interior da representação diplomática peruana e, posteriormente, o êxodo para os EUA de mais de 125.000 cubanos, naquele que ficou conhecido como o « êxodo de Mariel », porto de mar a noroeste de Cuba.
Foi depois destes acontecimentos e perante a necessidade das forças de segurança cubanas contarem com uma unidade de elite especializada, técnica, profissional, política e ideológica capaz de enfrentar « …actividades delituosas, marginais e anti-sociais de grande envergadura e perigosidade, particularmente na cidade de La Habana » que em 8 de Agosto de 1980 foi activada a BRIGADA ESPECIAL NACIONAL da Polícia Nacional Revolucionária (PNR).
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MISSÃO GERAL DA BRIGADA ESPECIAL NACIONAL(1)
Tutelada pelo poderoso Ministério do Interior (MININT) e popularmente conhecidos como «boinas negras», todos os seus membros são especialistas em artes marciais e experts em todos os tipos de armas de fogo de qualquer calibre.
Esta unidade especial(2) da Polícia Nacional Revolucionária (PNR) que este ano comemora o seu 29º Aniversário (1980-2009), já cumpriu inúmeras e diversificadas missões de risco e muito importantes, de entre as quais se destacam:
– Protecção ao Presidente do Conselho de Estado da República de Cuba, e outros altos dirigentes do Partido Comunista de Cuba, em estreita colaboração com as Direcções de Segurança Pessoal e Contra-Inteligência do MININT;
– Apoio e captura de “elementos anti-sociais” e “contra-revolucionários”;
– Apoio operacional ao REGIMENTO DE PROTECÇÃO (REGIMIENTO DE PROTECCIÓN) a Embaixadas e outros organismos diplomáticos sedeados em Havana / Cuba;
– Segurança a diferentes actividades desportivas com grandes aglomerações de adeptos e assistentes e actos políticos e culturais de grande relevância nacional e envergadura;
– Prevenção a acções contra o património nacional cubano, evitando a sua vandalização, roubo ou mutilação.
O General-de-Divisão PASCUAL RODRÍGUEZ BRAZA é o actual Chefe da Direcção-Geral da Polícia Nacional Revolucionária (PNR).
O General de Corpo-de-Exército ABELARDO «FURRY» COLOMÉ IBARRA, é o actual Ministro do Interior, cargo que ocupa desde 1989.
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PRINCIPAIS DISTINTIVOS DA BRIGADA ESPECIAL NACIONAL
Os efectivos da BRIGADA ESPECIAL NACIONAL usam os mesmos uniformes e distintivos que os restantes agentes da Polícia Nacional Revolucionária previstos no Regulamento de Vestuário para a PNR.
As excepções principais a este princípio centram-se no uniforme operacional (totalmente preto) e nos distintivos de boina, de identificação de unidade e no uso da «boina negra», exclusiva para os operacionais desta unidade especial.
SUPORTE DOCUMENTAL
(*) Este artigo sobre a BRIGADA ESPECIAL NACIONAL é parte integrante extraído do livro «HISTÓRIA SUCINTA DAS TROPAS ESPECIAIS CUBANAS», de António E. S. Carmo, Edição do autor, 2008, ISBN 978-989-95744-0-3.
(*) Todos os distintivos são da colecção privada de António E. S. Carmo, com excepção dos mencionados «Foto de arquivo».
- (1) Toda a informação histórica foi recolhida pelo autor em Cuba, por iniciativa pessoal, em bibliotecas públicas, museus e diálogos esporádicos com cidadãos cubanos, não tendo beneficiado de qualquer apoio oficial, esclarecimento da Direcção da PNR ou das autoridades cubanas em geral.
- (2) Em artigos posteriores e a publicar oportunamente, a temática das Forças Especiais Cubanas será objecto de tratamento no «OPERACIONAL:PT».
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