A revista “Pela Lei e Pela Grei” publicou um interessante livro sobre a intervenção da GNR no Iraque. A missão foi um passo importante na internacionalização da Guarda e contribuiu, no nosso entender, para contrariar uma tendência que se podia estar a seguir – e em algumas mentes ainda estará – que Portugal só deve participar em missões sem risco.

Cinco anos depois do regresso a Portugal dos últimos militares da GNR que participaram naquela que foi a participação portuguesa em missões exteriores que mais polémica levantou no nosso país, aqui está um bom documento para a história dessa missão e naturalmente para o conjunto destas novas campanhas que as Forças Armadas e as Forças de Segurança vêm despenhando nas últimas duas décadas.
Trata-se de um documento objectivo que se socorre de muita informação oficial imprescindível a quem queira estudar o assunto ou simplesmente ter conhecimento do que foi esta missão. Mas não só de documentos vive esta obra, também há espaço para artigos (Testemunhos e Vivências e entrevistas) escritos por militares que estiveram envolvidos nas operações e relatam a sua experiência.
Como se pode ver pelo Índice abaixo, todas as áreas da missão são aqui referidas, da legislação de suporte às principais características do material, viaturas e armamento utilizado, passando por inúmeras fotos da missão, dos incidentes, do dia-a-dia, e mesmo de aspectos mais específicos como a assistência médica e religiosa.
O trabalho dos 4 contingentes que ali serviram são abordados em síntese, parte substancial em formato entrevista com os respectivos comandantes ou 2.ºs comandantes. A listagem completa dos militares que serviram em cada contingente e dos oficiais de ligação também é publicada.
Heráldica, louvores, aspectos relativos à organização e preparação da força, à comunicação social, às transmissões, perfil e actividades de um oficial de ligação, e muito mais informação de cariz oficial, está aqui publicada.

A participação da GNR nesta missão integrada na Divisão Multinacional Sudeste (da coligação internacional), para efectuar “operações de manutenção de paz e segurança no território do Iraque…com um efectivo total de 140 militares (em cada uma das rotações)”, foi um passo importante não só na internacionalização da GNR como no contexto global da participação portuguesa em missões exteriores. Contribuiu, no nosso entender, para contrariar uma tendência que se podia estar a seguir – e em algumas mentes ainda estará – que Portugal só deve participar em missões sem risco. Devemos participar nas missões em que os representantes legítimos do Estado Português o decidam por considerarem ser do interesse nacional. Nada mais nem menos. Esta, reconhecidamente com riscos elevados (bem assim como a participação simbólica do Exército em Bagdad nos anos seguinte), acabou – felizmente – por não ocasionar vítimas mortais. Outras teoricamente menos arriscadas já as ocasionaram. Certamente assim foi por competência e profissionalismo dos envolvidos mas também por sorte. Goste-se ou não, a sorte e o azar fazem parte da vida e das missões também.

A “GNR no Iraque, 2003-2005” é uma obra que se recomenda e ficamos à espera da “GNR na Bósnia”!

O livro tem capa dura, formato 24,5X31cm, ISBN 978-989-95456-2-5, e um agradável preço de 12,00€.

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