A “ARME INDIVIDUELLE FUTURE” SERÁ A H&K 416? TUDO INDICA QUE SIM, MAS…
Por Miguel Machado • 7 Set , 2016 • Categoria: 07. TECNOLOGIA, EM DESTAQUE PrintEstará para breve a divulgação pelo ministério da defesa de França, qual a arma que irá substituir a FAMAS. A escolha vai necessariamente recair numa arma de fabrico não-francês (não houve concorrentes desta nacionalidade) e todo o processo decorreu num par de anos. Em Portugal, segundo fontes habitualmente bem informadas, apesar de alguns avanços e recuos recentes, também não faltará muito para ser divulgada uma decisão semelhante. Será desta?
Em França o processo iniciou-se em 14 de Maio de 2014 com um concurso a que puderam concorrer firmas europeias para fornecer às Forças Armadas a Arme Individuelle Future (AIF), a Arma Individual do Futuro. O objectivo é substituir a FAMAS (de fabrico francês) que está ao serviço desde 1979. Segundo o concurso os “meios de produção, a cadeia de montagem e as fontes de fornecimento de sobressalentes” têm que estar no espaço económico europeu.
A espingarda deverá ter capacidade para disparar todos os tipos de munições 5,56mm NATO, granadas de espingarda 40mm e ser compatível com alguns sistemas em uso nas forças armadas gaulesas, como simuladores, mas também componentes do sistema FELIN (Fantassin à Équipements et Liaisons INtégrés) que tem sido desenvolvido em França e já está em uso operacional.
Os valores em causa são da ordem dos 200 a 250 milhões de euros para cerca de 100.000 armas, (70.000 das quais para o Exército) para os três ramos das Forças Armadas e para o Comando das Operações Especiais.
Apesar de natural polémica em França devido ao facto de não haver concorrentes nacionais, o Exército efectuou os testes necessário e a selecção da arma foi feita. Os concorrentes seleccionados foram os seguintes:
A concretizar-se a escolha da nova arma este ano, o processo com vários concorrentes internacionais (europeus) de peso, fica resolvido em 30 meses! Ou não…problemas legais ainda podem ser levantados por algum dos concorrentes eliminados e a divulgação da decisão será protelada.
Os dois grandes concorrentes são naturalmente a H&K e a FN, sendo uma importante vitória comercial para quem conseguir a escolha que, segundo analistas da matéria em França, parece inclinar-se para a marca alemã. Se a opção for efectivamente a HK 416 5,56mm da Heckler & Koch, trata-se de uma arma que já equipa diversas unidades especiais francesas nas Forças Armadas e nas Forças de Segurança, e tem tido alguma visibilidade em operações reais quer em França que no exterior.
Portugal
No nosso país a HK 416 A5 está ao serviço em pequenos lotes no Centro de Tropas de Operações Especiais (CTOE) da Brigada de Reacção Rápida do Exército e no Grupo de Acção Táctica da Polícia Marítima da Autoridade Marítima Nacional.
Em Portugal o fornecimento de novo armamento ligeiro para as Forças Armadas parece seguir outra metodologia na aquisição (através de uma agência especializada, a NATO Support and Procurement Agency) e um “pacote” poderá ser anunciado publicamente em breve pelo Ministério da Defesa Nacional. Em 02 de Agosto de 2016, a publicação especializada britânica IHS Jane’s Defence Weekly, referia ter sido informada pelo Ministério da Defesa Nacional de Portugal, em 29 de Julho, que o nosso país iria adquirir (em tradução livre) «…10.225 armas, incluindo espingardas de assalto, metralhadoras de diversos tipos e pistolas… … necessárias para equipar cerca de 1.500 militares ou 3 batalhões… …investindo cerca de 80 milhões de euros no período de 2017-2016… … no âmbito da Lei de Programação Militar 2015-2026…».
Fontes habitualmente bem informadas em Portugal nesta matéria, referem no entanto que este processo de aquisição de um número substancial de armas – note-se que não se trata no entanto da substituição total da G-3 nem no Exército nem nos restantes ramos das Forças Armadas – pode conhecer já este ano alguns desenvolvimentos, dadas as necessidades urgentes do Exército para as missões expedicionárias. É bem provável também a entrega de outro tipo de armamento, nomeadamente os lança granadas automáticos, arma de apoio de grande importância e que neste momento constitui uma lacuna importante no armamento efectivamente capaz à disposição do ramo terrestre. Outra particularidade segundo estes últimos desenvolvimentos conhecidos, a opção no caso das espingardas não irá recair num único calibre mas, além do 5.56mm também serão adquiridas armas novas 7,62mm, como a HK 417 ou semelhante. Em Portugal o CTOE (e a UPF – Força Aérea) está equipado com algumas espingardas HK G-28 em calibre 7,62mm, sendo esta no entanto uma arma com características especiais que não a indicam para arma individual de distribuição alargada.
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