10.º ANIVERSÁRIO DA BRIGADA DE REACÇÃO RÁPIDA
Por Miguel Machado • 21 Set , 2015 • Categoria: 01. NOTÍCIAS, EM DESTAQUE PrintA cidade de Estremoz, sede do Regimento de Cavalaria n.º 3, a mais recente unidade da Brigada de Reacção Rápida e a mais antiga do Exército, acolheu as comemorações do 10,º aniversário desta grande unidade. O Operacional esteve presente pelo olhar de Alfredo Serrano Rosa, mostra parte substancial da cerimónia principal no dia 13 de Setembro, e relembra sinteticamente o que foi e é hoje esta brigada.
Na cerimónia militar que teve lugar no Rossio Marquês de Pombal, bem perto do Regimento de Cavalaria 3 – Dragões de Olivença – pessoal e meios das subunidades da brigada assinalaram o seu dia festivo num acto presidido pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, General Carlos Jerónimo, ele próprio antigo comandante desta brigada (2006/2009).
O “dia da BrigRR” é 29 de Setembro, dia de S. Miguel Arcanjo, Padroeiro das Tropas Para-quedistas, numa alusão à força de maior efectivo que integrou a brigada na data da sua criação. Este ano a data da cerimónia foi antecipada e nela também se assinalou o 308º aniversário da criação do Regimento de Cavalaria 3 de Estremoz, a última unidade regimental a integrar a BrigRR e a mais antiga do Exército.
Foi uma típica cerimónia militar, simples mas cheia de significado que através das fotografias convidamos os leitores a acompanhar. O comandante da brigada, Major-general Carlos Perestrelo no seu discurso à Forças em Parada, explica bem o que é a actualidade desta grande unidade e o que fez nestes últimos meses. Nela o Exército e as Forças Armadas confiam para intervenção imediata mas também cumpre várias outras missões, em Portugal e no estrangeiro:
«…MERECE DESTAQUE A IMPORTÂNCIA DO “EMPREGO CONJUNTO” EM QUE O SEU CONCEITO É APLICADO DE FORMA A MULTIPLICAR VALÊNCIAS QUE SÃO ESSENCIAIS AO CUMPRIMENTO DAS MISSÕES SEM DESPERDÍCIOS FINANCEIROS. ESTAS FORÇAS NO SEU TREINO OPERACIONAL, DESENVOLVEM INÚMERAS ACTIVIDADES AEROTERRESTRES QUE REPRESENTAM A EXCELÊNCIA DESTE CONCEITO FRUTO DAS IMPORTANTES RELAÇÕES DE TREINO E COOPERAÇÃO QUE TÊM SIDO REALIZADAS FUNDAMENTALMENTE COM AS ESQUADRAS DE TRANSPORTE AÉREO TÁCTICO DA FORÇA AÉREA MAS TAMBÉM COM A MARINHA…
NO ÂMBITO DAS MISSÕES QUE DECORREM NO QUADRO DA ACÇÃO EXTERNA DO ESTADO, REALÇO O SEGUINTE EMPENHAMENTO FORA DO TERRITÓRIO NACIONAL:
– NO KOSOVO, CONSTITUINDO A RESERVA TÁCTICA DO COMANDANTE DA KFOR ESTIVERAM FORÇAS DO 1º BATALHÃO DE PÁRAQUEDISTAS E DA FORÇA DE OPERAÇÕES ESPECIAIS QUE FORAM APRONTADOS NO REGIMENTO DE INFANTARIA 15, EM TOMAR;
– NO IRAQUE, NA OPERAÇÃO “INEHERENT RESOLVE”, PARA APOIO À FORMAÇÃO DE FORÇAS IRAQUIANAS ESTÁ EM TEATRO O PRIMEIRO CONTINGENTE QUE FOI APRONTADO NO REGIMENTO DE COMANDOS COM BASE EM EFECTIVOS DO BATALHÃO DE COMANDOS E QUE COMO REFERIU O COMANDANTE DO REGIMENTO DE CAVALARIA 3, SERÁ DE ESTREMOZ QUE PARTE O PRÓXIMO CONTINGENTE A PROJECTAR PARA O IRAQUE NO FINAL DE OUTUBRO;
– NO MALI, SOB RESPONSABILIDADE DA UNIÃO EUROPEIA TEMOS EQUIPAS DE FORMADORES “SNIPER” APRONTADAS PELO CENTRO DE TROPAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS EM LAMEGO;
– TAMBÉM NO MALI, SOB RESPONSABILIDADE DAS NAÇÕES UNIDAS ESTIVERAM NO 1º SEMESTRE, EQUIPAS DE ABASTECIMENTO AÉREO DO BATALHÃO OPERACIONAL AEROTERRESTRE, APRONTADAS NA ESCOLA DE TROPAS PÁRAQUEDISTAS, EM TANCOS E QUE INTEGRARAM OS DESTACAMENTOS DE C-130 E C-295 DA FORÇA AÉREA PORTUGUESA;
– EM ANGOLA, NO QUADRO DA COOPERAÇÃO TÉCNICO MILITAR MANTEMOS EFETIVOS DAS TROPAS “COMANDO”, “OPERAÇÕES ESPECIAIS” E “PÁRAQUEDISTAS” QUE DESENVOLVEM UM RELEVANTE PROJETO DE COOPERAÇÃO COM A DIREÇÃO DE FORÇAS ESPECIAIS DAS FORÇAS ARMADAS DE ANGOLA.
NO ÂMBITO DAS FORÇAS DA BRIGADA QUE ESTANDO EM TERRITÓRIO NACIONAL, MANTÊM UM ELEVADO ESTADO DE PRONTIDÃO, ESTANDO EM CONDIÇÕES DE CONDUZIR OPERAÇÕES MILITARES SEMPRE E ONDE O INTERESSE NACIONAL O DETERMINE, REFIRO:
– COMO COMPROMISSO NACIONAL, CONSTITUEM ATUALMENTE A COMPONENTE TERRESTRE DA FORÇA DE REAÇÃO IMEDIATA FORÇAS DO 2º BATALHÃO DE PÁRAQUEDISTAS SEDIADO EM SÃO JACINTO (AVEIRO) E FORÇAS DE OPERAÇÕES ESPECIAIS.
EM BREVE O COMANDO DA COMPONENTE TERRESTRE SERÁ TRANSFERIDA PARA O BATALHÃO DE COMANDOS;
QUANTO A COMPROMISSOS INTERNACIONAIS E NO QUADRO DA NATO EM ELEVADA PRONTIDÃO, TEMOS:
– UMA BATERIA DE ARTILHARIA “LIGHTGUN” 10,5 DO GRUPO DE ARTILHARIA DE CAMPANHA DA BRIGADA QUE ESTÁ SEDIADO NO REGIMENTO DE ARTILHARIA 4, EM LEIRIA, E UM “SPECIAL OPERACIONAL TASK GOUP” DA FORÇA DE OPERAÇÕES ESPECIAIS SEDIADA EM LAMEGO QUE INTEGRAM AS “NATO RESPONSE FORCES”…»
O que é afinal BrigRR?
A Brigada de Reacção Rápida (BrigRR) reconhecida publicamente por integrar as tropas especiais do Exército (paraquedistas, operações especiais e comandos), tem também na sua estrutura unidades de infantaria, artilharia, cavalaria e engenharia, com Regimentos em diferentes pontos do país. É uma das três brigadas da Componente Terrestre do Sistema de Forças Nacional, juntamente com a Brigada de Intervenção e a Brigada Mecanizada e está na dependência hierárquica do Comandante das Forças Terrestres.
A BrigRR possui um carácter expedicionário contribuindo em representação do Exército e das Forças Armadas à escala global, para o esforço internacional de apoio à paz em apoio da política externa do Estado Português, através do envolvimento das suas subunidades em missões internacionais.
Foi criada em 2005 com a designação actual no âmbito de um processo de reorganização do ramo terrestre (mais um!), na altura conhecido por “Transformação do Exército”, o qual nesta nova força juntou unidades até então na dependência de outras estruturas de comando. Este ano assinala-se assim o seu 10.º aniversário, na altura em que novas alterações foram impostas, agora pelos reflexos no Exército da reforma “Defesa 2020” que apesar de tudo lhe manteve o nome! Parece-nos no entanto importante olhar “mais para trás”, ver como aqui se chegou.
Em 01 de Janeiro de 1994, por decisão política, foi criado no Exército o Comando das Tropas Aerotransportadas (CTAT) e a Brigada Aerotransportada Independente (BAI), com base nos militares do Corpo de Tropas Pára-quedistas da Força Aérea (extinto em 30 de Dezembro de 1993), e transferidos para o ramo terrestre, e em militares do Regimento de Comandos (extinto em 01 de Outubro de 1993), que frequentaram, juntamente com outros militares de diversas Armas e Serviços do Exército, o Curso de Pára-quedismo Militar em Setembro de 1993 na então Base Escola de Tropas Pára-quedistas, em Tancos (actual Regimento de Paraquedistas – RParas). O CTAT passou a ser o fiel depositário das tradições e do património histórico das extintas unidades Pára-quedistas e de Comandos.
A Base Aérea Nº 3, em Tancos, também foi extinta e as suas instalações transferidas para o Exército passando a constituir o aquartelamento do CTAT e da BAI. Com a criação do Grupo de Aviação Ligeira do Exército (GALE) em 2000, as instalações passam a designar-se por Aeródromo Militar de Tancos (AMT) e a ser partilhadas pelo CTAT, BAI e GALE, e assim chegamos a 2005 e à BrigRR. Em 2008 sofreu um reajustamento orgânico no sentido de, então sim, apresentar uma estrutura coerente com a designação “brigada” e o que a NATO e a União Europeia (EU) adoptam nas suas forças de maior prontidão, as «Immediate Response Forces».
Ao longo dos seus anos de existência e ao nível do treino operacional e operações reais, primeiro as unidades da BAI e depois da BrigRR participaram em inúmeros exercícios nacionais e internacionais e empenharam forças e quadros em missões expedicionárias nos principais teatros de operações do pós-Guerra do Ultramar: Bósnia-Herzegovina, Kosovo, Iraque, Somália, Mali, Afeganistão e Timor-Leste.
Organização
A componente Fixa do Sistema de Forças do Exército preconiza uma estrutura territorial desta brigada, sob dependência do Major-General Comandante, constituída pelos Regimentos de Infantaria 1 (Beja), 10 (S. Jacinto) e 15 (Tomar), Regimento de Cavalaria 3 (Estremoz), Regimento de Comandos (Serra da Carregueira), Regimento de Paraquedistas (Tancos), Regimento de Artilharia 4 (Leiria), Centro de Tropas de Operações Especiais (Lamego) e Aeródromo Militar de Tancos (Tancos). Os Regimento de Engenharia 1 (Tancos) e Regimento de Artilharia Antiaérea 1 (Queluz), não estão na dependência hierárquica do Cmdt da BrigRR mas fornecem unidades operacionais. A partir destas unidades da componente fixa surge a componente operacional composta por um Comando e Estado-maior, dois Batalhões de Paraquedistas, um Batalhão de Comandos, uma Força de Operações Especiais, um Grupo de Artilharia de Campanha, uma Companhia de Engenharia de Combate, uma Bateria de Artilharia Antiaérea, uma Companhia de Transmissões, um Agrupamento ISTAR (Intelligence, Surveillance, Target Acquisition and Reconnaissance) e um Batalhão Operacional Aeroterrestre.
Terminamos este pequeno apontamento de reportagem voltando às palavras do Major-General Carlos Perestrelo, dirigindo-se às forças da brigada:
«…RECONHEÇO QUE SÃO DOS MELHORES SOLDADOS DA PÁTRIA E FOI COM ALGUMA EMOÇÃO QUE RECEBI RECENTEMENTE A AUTOBIOGRAFIA DE UMA GRANDE REFERENCIA DAS FORÇAS ARMADAS BRITÂNICAS, O “GENERAL DAVID RICHARDS”, QUE ME DISTINGUIU COM UMA DEDICATÓRIA PERSONALIZADA NO SEU LIVRO “TAKING COMMAND”, ONDE CONSIDERA AS TROPAS PORTUGUESAS, DA BRIGADA DE REAÇÃO RÁPIDA, QUE ESTIVERAM SOB O SEU COMANDO NO AFEGANISTÃO, DAS MELHORES FORÇAS QUE OBSERVOU DURANTE A SUA VIDA MILITAR.
BEM HAJAM PELO VOSSO EXEMPLO!»
Foto-Reportagem Alfredo Serrano Rosa
(*) A origem do Regimento de da sua designação: No reinado de D. João V (1689-1750), foi levada a cabo a reorganização do Exército. À imagem e semelhança do que então se passava em França, são promulgadas Novas Ordenanças. A unidade administrativa passou a ser, em todas as armas, o Regimento que substitui a antiga designação de Terço. Em 1707 é organizado em Olivença, um Regimento de Cavalaria Ligeira formado por 12 companhias de 40 cavalos cada uma. Em 1742 é extinto o Regimento de Cavalaria de Olivença, passando a designar-se por Regimento de Dragões de Olivença.
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