Realizou-se entre 6 e 9 de Maio de 2015 na Feira Internacional de Lisboa, o «SEGUREX, Salão Internacional de Protecção e Segurança». Destaca-se a grande participação de organismos do Estado, e a ausência de muitas grandes firmas ligadas a esta área de negócio. Nota positiva para os entusiastas da temática militar e policial, a possibilidade de contactar com equipamentos raramente vistos em público.
A feira mesmo não tendo nos seus principais objectivos incluir as questões ligadas à Defesa e Forças Armadas, acaba sempre por ter significativa participação de instituições oficiais ligadas a esta área.
A “Segurex”, apesar de ser o único evento deste tipo realizado em Portugal, continua com dificuldade em atrair mais empresas que trabalhem na área da Defesa e Segurança no nosso país. Correndo o risco de repetirmos a análise feita em 2013, não podemos fazer uma leitura optimista da feira nesta área. As ausências de vulto continuam evidentes. Sendo o Operacional um site que se dedica a temas relativos à Defesa Nacional, Forças Armadas, Forças e Serviços de Segurança, é nesta área que prestamos atenção. As entidades ligadas aos Ministério da Defesa Nacional, Ministério da Administração Interna e Ministério da Saúde, ocupavam sensivelmente 25 a 30% da área de exposição coberta (apenas o Pavilhão 3) e a quase totalidade da exterior, ficando assim, só por si, com cerca de 40 ou mesmo 50% da área disponivel para exposição. Sendo agradável para os entusiastas poderem ver de perto, mexer, em muitos equipamentos raramente disponíveis ao público, esta área que poderemos designar de “Relações Públicas”, pouco ou nada mesmo tem a ver com a actividade comercial, a qual deveria ser “o prato forte” da feira.
Não vamos repetir argumentos e realidades já apresentadas na nossa visita de 2013 – neste campo a situação é em tudo idêntica, talvez até mais marcada – mas apenas referir que neste tipo de feiras, no estrangeiro, o que acontece é exactamente o contrário, os fabricantes e comerciantes ocupam a quase totalidades dos espaços, os meios militares e policiais que estão ao serviço servem-lhes apenas para mostrarem aquilo que venderam. Em Portugal parece acontecer o contrário, as firmas que forneceram o material estão ausentes e quanto muito, colocam um ou outro material nos espaços institucionais…
Seja como for – repete-se que esta nossa avaliação reporta-se à temática que habitualmente tratamos no Operacional, outras havia que podem ter estado razoáveis ou boas – apresentamos esta foto-reportagem e constatamos que houve uma ou outra novidade nos meios militares e policiais expostos, e ainda mostramos alguns espaços empresariais que sabemos são fornecedores do Estado, não podendo deixar de felicitar as empresas que continuam a investir nesta área e a divulgar os seus produtos na “Segurex”.
Saímos da FIL com pena por não ver as grandes empresas que fornecem material às Forças Armadas Portuguesas aqui representadas. Recordamos que em Portugal há cerca de 100 empresas autorizadas a exercer legalmente a actividade de comércio de “Bens e Tecnologias Militares” e que exportámos em 2012 mais de 29 milhões de euros deste tipo de bens (*). Basta pensar nos grandes equipamentos que entraram ao serviço nos últimos anos, e nos que possam vir a entrar, para notar estas ausências.
Numa altura em que a Lei de Programação Militar foi finalmente revista e aprovada no Parlamento, com investimentos previstos em diversas áreas que vão da aeronáutica ao armamento ligeiro, passando por novos meios navais e equipamentos individuais, nenhuma das grandes empresas estrangeiras de material militar marcou presença, mesmo as que têm fabricação de componentes em Portugal.
(*) Anuário Estatístico da Defesa Nacional de 2012.
Quer ler no Operacional sobre outras feiras internacionais de equipamentos de defesa e segurança?
DSEi, LONDRES 2013 (I)
PAÍSES E GRANDES EMPRESAS NA DSEi LONDRES (II)
PAÍSES E GRANDES EMPRESAS NA DSEi LONDRES (III)
MILIPOL PARIS 2011
Embora timidamente os “drones” vão marcando presença na feira, aqui os da “aeroazores” e alguma da problemática legal ligada ao tema foi objecto de atenção nos seminários que funcionaram em paralelo com a Segurex.
A “Lavoro”, firma de fabricação de calçado de Guimarães, tem produtos para forças de segurança e militares.
Uma das poucas firmas que fornecem algum equipamento ás Forças Armadas que estiveram presentes, a “Micotec”.
A “Altitude Pro” comercializa material desportivo relacionado com actividades ao ar livre, tais como escalada, montanhismo, salvamento e resgate, o qual tem também uso militar e policial.
Na área patrocinada pelo Ministério da Defesa Nacional – idD, Plataforma das Indústrias de Defesa Nacionais, estavam presentes (poucas) firmas e alguns dos projectos em curso através de parecerias entre entidades empresariais e militares. Também exposto um AR4 “Light Ray”da “Tekever”, semelhante ao que o Exército testou no Kosovo com o 1.º Batalhão de Infantaria Mecanizado.
A “New Textiles” tem uma parceria com o Exército (e outras entidades) para desenvolver uma “Combat Shirt” “anti-mosquito”.
O Projecto Pandora envolveu o Exército e a “Tekever” no desenvolvimento de uma “Plataforma Aérea Não Tripulada Para Detecção e Operações de Reconhecimento Aéreo NRBQ”.
A Força Aérea esteve presente com várias capacidades sendo as ligadas ao “EOD” muito significativas. Aqui um Veículo de Controlo Remoto, vulgo, o”Robot”, utilizado aliás em todos os ramos das Forças Armadas e nas Forças de Segurança.
Detalhe de uma arma de “disrupção” para neutralizar esta “armadilha” , parte, como acima, do equipamento em serviço no Centro de Treino de Sobrevivência da Força Aérea (CTSFA).
Um dos “UAS – Unmanned Air Systems” desenvolvidos na Academia da Força Aérea pelo seu Centro de Investigação em parceria com várias outras entidades nacionais e estrangeiras.
Recentemente a emergência do “Ébola” veio dar visibilidade a determinados tipos de equipamentos e competências que os ramos das Forças Armadas dispõem, mesmo que não sejam prioritariamente destinadas a essa finalidade. Na imagem materiais da Secção de Treino de Defesa Nuclear, Radiológica, Biológica e Química do CTSFA.
A Marinha este ano esteve presente com Fuzileiros e Mergulhadores Sapadores e alguns equipamentos (foto seguinte) sendo no entanto o ramo das Forças Armadas com menos meios em presença.
O Veículo Autónomo Submarino “Gavia” (à direita) e o “Seacon” (projectos que foram desenvolvidos em parcerias com entidades civis e estão operacionais). O primeiro destina-se à detecção de minas para por exemplo permitir um desembarque anfíbio, o segundo para missões não-militares de busca e salvamento marítimo mas também para missões militares de vigilância e guerra de minas. Em segundo plano um fato de protecção EOD e equipamento de detecção de metais.
O Exército esteve “em força” nesta feira com uma grande variedade de equipamentos e capacidades. Aqui o sector dos Comandos, onde pudemos assinalar, além do habitual nestas exposições, algumas novas “protecções balísticas”, com revestimento em camuflado tipo “multicam”.
No sector das Forças de Operações Especiais, destacamos as novas HK-416, 5,56mm.
A Companhia de Precursores Aeroterrestres da Escola de Tropas Pára-quedistas, presente com uma grande quantidade de equipamentos e armamentos, e dois manequins, um equipado para salto automático (à esquerda) e outro de abertura manual. Também aqui se nota a inclusão de alguns artigos de uniforme em camuflado “multicam”.
Um Módulo Táctico CIRC – Computer Incident Response Capability, do Departamento de Ciber Defesa e Segurança de Informação do Exército.
Pandur II 8×8 12,7mm do Regimento de Cavalaria n.º 6 (Braga), Leopard 2A6 do Esquadrão de Reconhecimento da Brigada Mecanizada, HMWWV do Centro de Tropas Comandos, Posto de Atendimento do Centro de Recrutamento e…
…algum equipamento do Centro de Simulação e Treino de Tiro da Escola das Armas, que agradou bastante!
Um HMMWV M1165 A1/B3 utilizado pelos controladores aéreos avançados da Força Aérea. Está equipado com uma enorme panóplia de material de comunicações para permitir coordenar o apoio aéreo às forças de superfície. A Força Aérea apresentava ainda neste espaço exterior uma viatura de combate a incêndios em unidades aéreas.
Aqui é uma simulação mas este é um dos trabalhos diários da Polícia de Segurança Pública.
Aspecto geral da área da PSP, em primeiro plano elementos do Grupo Operacional Cinotécnico/Unidade Especial de Polícia e, no ar, um “drone” AR 1 “Blue Ray” da “Tekever”. A PSP foi a primeira entidade oficial a adquirir este tipo de equipamento em Portugal.
Uma das “estrelas” da PSP na feira, o Audi R8 4.2 FSi Quattro, que foi propriedade de um futebolista muito conhecido e depois de vendido acabou apreendido em 2013 pela Divisão de Investigação Criminal da PSP, a um traficante de droga. Foi aumentado “à carga” da PSP!
A GNR como habitualmente tinha muitos meios na feira provenientes de várias unidades. Muito armamento e equipamento individual e colectivo e viaturas especiais para as mais diferenciadas actividades.
A GNR também usa os aparelhos da “Tekever”, aqui o AR4 “Light Ray”.
Da grande panóplia de armamento e equipamento do Grupo de Intervenção de Operações Especiais (GIOE), a Accuracy International AW50, espingarda calibre .50, designada habitualmente por “anti-material” embora seja também usada contra alvos humanos.
Dos vários manequins com fardamento equipamento e armamento do GIOE onde predomina o armamento HK. Este uniforme “deserto” foi usado no Afeganistão em 2011 e 2012 pelo destacamento da GNR que ali actuou no Contingente Português mas no âmbito da EUROGENDFOR (Força de Gendarmerie Europeia).
O Grupo de Intervenção de Protecção e Socorro da GNR tem uma unidade de resgate em montanha que actua na serra da Estrela e que dispõe de vário material adaptado ao clima local.
Como em anos anteriores a “Protecção Civil” estava presente com várias componentes, nomeadamente a Força Especial de Bombeiros, o Centro Táctico de Comando (viatura pesada em fundo) e outros departamentos.
Uma curiosidade, o Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa acaba de introduzir um novo “Uniforme n.º 2” (farda de Trabalho), de cor bege, dólman e calças, que inclui boina azul escuro com um debrum de cor vermelha, junto ao bordo de pele. O emblema de boina é o do Regimento.
Do programa da Segurex fizeram parte vários seminários/conferências. Na foto um alusivo aos Sistemas de Aeronaves Pilotadas Remotamente (RPAS), usando da palavra o comandante do Comando da Doutrina e Formação/GNR, major-general Rui Moura. Paralelamente também tiveram lugar várias actividade ao ar livre, demonstrações de capacidades de diversas entidades, nomeadamente as Forças Armadas e as Forças de Segurança.
Por incrível que possa parecer no penúltimo dia da feira não havia disponivel, ainda, uma brochura com os expositores. Aqui ficam fotografados num painel.
Veja aqui as edições anteriores da “Segurex” no Operacional.
FOTO REPORTAGEM «SEGUREX 09»
SEGUREX 2011
SEGUREX 2013