PLATAFORMA DE ASSALTO MULTI-USOS
Por Miguel Machado • 6 Fev , 2011 • Categoria: 07. TECNOLOGIA, EM DESTAQUE PrintNos tempos que correm, quando menos se espera, crises graves, atentados terroristas, eleições falhadas, golpes de estado, acontecem em países onde residem cidadãos portugueses. Nestas alturas pede-se ao Estado que os salve, que os resgate do “inferno”. Esta tarefa caberá às Forças Armadas ou às Forças e Serviços de Segurança, com ou sem o apoio de aliados. Convém no entanto não esquecer que isto só é possível de executar com pessoal treinado e meios adequados. Fomos ver um desses meios, a Plataforma de Assalto Multi-Usos.
Em anos recentes, por diversas vezes, os militares portugueses foram empenhados em operações reais em África, na defesa dos nossos cidadãos. Houve ainda ocasiões, umas divulgadas outras não, em que forças e meios foram mantidos em elevado grau de prontidão, perante a iminência de decisão política para intervir.
Isto não é uma particularidade portuguesa e para fazer face a estas situações as Forças Armadas de todo o mundo estão continuamente a reorganizarem-se no sentido de dotarem as suas unidades de equipamentos/meios para desenvolverem as suas capacidades expedicionárias. Dependendo dos recursos e ambições de cada país, assim os meios vão chegando aos utilizadores.
As unidades pára-quedistas portuguesas, em particular, no quadro do cumprimento de missões NEO (Non-combatant evacuation operations) que podem desempenhar por via da sua participação na FRI (Força de Reacção Imediata, organizada pelo Estado-Maior General das Forças Armadas com unidades dos três ramos), têm como tarefa essencial a conquista das chamadas “Cabeças-de-ponte Aérea”. Executada sobre locais como Aeródromos ou Aeroportos, de modo a permitir a entrada de mais forças ou, por exemplo, o resgate de pessoas em perigo nessa região. A grande dimensão deste tipo de objectivos, sempre com uma área de muitos quilómetros quadrados, exige elevada mobilidade da força de assalto. Este “ataque” tem em regra duas fases iniciais: a de Operações de Força Avançada – realizada por Precursores (os militares que saltam antes de todos os outros para preparar as zonas de aterragem/lançamento) – e a fase de Operação de Assalto ao Aeródromo – esta, necessariamente realizada por unidades pára-quedistas, como refere a doutrina NATO (Cf. AJP 3.3.4.3 Tactics, Techniques and Procedures for NATO Air Transport Operations designadas, respectivamente por Advanced Force Insertion e Airfield Operations).
A mobilidade destas forças de assalto é garantida por viaturas especiais que pelas suas características são aerotransportáveis, permitindo a sua projecção na quantidade necessária ao desencadear das operações aerotransportadas atrás referidas. Com este propósito, o Exército Português recorrerá à utilização de dois tipos de viaturas especiais que deverão equipar as suas unidades pára-quedistas, a saber: as viaturas tipo FAV (Fast Attack Vehicle), utilizadas pelos Precursores Aeroterrestres e as PAMU (Plataformas de Assalto Multi-Usos), correntemente em processo de aquisição para dotar o Batalhão Operacional Aeroterrestre em apoio das unidades pára-quedistas da BrigRR (Brigada de Reacção Rápida).
Neste tipo de operações, necessariamente de carácter conjunto (com forças de vários ramos) e muitas vezes combinado (envolvendo vários países), a aeronave de transporte por excelência da Força Aérea Portuguesa, o Lockheed C-130 H / H-30 Hércules, tem uma capacidade de transporte de 3 FAV ou 6 PAMU.
As PAMU caracterizam-se pela sua capacidade, polivalência e versatilidade, garantindo capacidade de transporte de carga e pessoal em qualquer tipo de terreno e com considerável raio de acção (+ de 400 Km). Possuindo um reduzido peso e volume; tendo sido estudadas tendo em vista o aerotransporte (incluindo o lançamento em pára-quedas), as PAMU permitem o seu acondicionamento por carga de uma viatura sobre outra, sendo por isso viaturas particularmente adaptadas à execução de um largo espectro de missões de natureza expedicionária, seja no apoio a Forças Especiais ou Unidades Regulares de Combate e de Apoio, ou em empenhamentos decorrentes da execução das chamadas Outras Missões de Interesse Público, o apoio à população civil em caso de necessidade, por exemplo catástrofes naturais.
Com base nos estudos elaborados na BrigRR pela Escola de Tropas Pára-quedistas foram definidos os requisitos técnicos operacionais que foram vertidos pela Direcção de Material Terrestre do Comando Logístico do Exército, no Caderno de Encargos que norteou o respectivo processo de aquisição. As viaturas apresentados a concurso que se situaram dentro das condições requeridas – duas viaturas, a “EINSA” de fabrico Espanhol e a “FRESIA F25” fabricada em Espanha mas de patente Italiana – foram submetidas a uma avaliação que incluiu uma bateria de testes de configuração e desempenho. Uma vez mais a lente da máquina de Alfredo Serrano Rosa esteve presente em Tancos, onde nos documentou em fotografia uma parte dos testes realizados pelo Exército às PAMU.
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