O PRIMEIRO DISTINTIVO DE QUALIFICAÇÃO PÁRA-QUEDISTA MILITAR BRASILEIRO
Por Antonio Carmo • 25 Fev , 2009 • Categoria: 10. DISTINTIVOS, INSÍGNIAS E CONDECORAÇÕES Print
PÁRA-QUEDISMO MILITAR NO BRASIL: PRIMEIROS PASSOS
Em 1944, ainda antes de terminar a 2ª Guerra Mundial, o então Capitão ROBERTO DE PESSÔA frequenta, com aproveitamento, um curso de pára-quedismo nos Estados Unidos da América (EUA).
Uma vez regressado ao Brasil elaborou um extenso e detalhado relatório, onde destacou as vantagens da introdução desta nova especialidade nas Forças Armadas brasileiras, sugerindo a ida de oficiais e sargentos para frequentarem o mesmo curso, nos EUA, com a finalidade (posterior) de activar uma Escola de Pára-quedismo em território nacional brasileiro.
Sob a direcção do próprio Capitão ROBERTO DE PESSÔA foi activado na Escola de Educação Física do Exército Brasileiro, em Outubro de 1945, um «NÚCLEO DE TREINAMENTO E FORMAÇÃO DE PÁRA-QUEDISTAS» com a missão de seleccionar todos os voluntários que iriam viajar para os EUA.
Em 21 de Dezembro de 1945, a primeira vaga de voluntários (15 oficiais e 7 sargentos) terminava em Fort Benning, com êxito, o CURSO BÁSICO DE PÁRA-QUEDISMO.
Em 13 de Março de 1946, também em Fort Benning, é brevetada a segunda vaga de voluntários, constituída por 11 oficiais e 2 sargentos.
Em 13 de Maio de 1946, os «PIONEIROS» – nome vulgarmente atribuído aos oficiais e sargentos especializados em pára-quedismo nos EUA – regressam ao Brasil e, com a criação da ESCOLA DE PÁRA-QUEDISTAS (Decreto-lei nº 8.444 de 26DEZ1945), cujo primeiro Comandante foi o Tenente-Coronel Nestor Penha Brasil, dá-se inicio à história do pára-quedismo militar organizado na REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Aquela data – 26 de Dezembro de 1945 – é considerada o marco histórico da criação da actual BRIGADA DE INFANTARIA PÁRA-QUEDISTA do Exército Brasileiro.
PRIMEIRO DISTINTIVO DE QUALIFICAÇÃO PÁRA-QUEDISTA MILITAR
Formados nos EUA, sempre sob o entusiasmo e liderança do então Capitão ROBERTO DE PESSÔA, os pára-quedistas militares brasileiros viram o seu esforço e dedicação regulamentados e aprovados pela Portaria Nº 45-45 de 12 de Agosto de 1946 (RESERVADA) – INSTRUÇÕES PROVISÓRIAS DO NÚCLEO DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO DE PÁRA-QUEDISTAS(1).
A supra Portaria no seu artº 1º define que “…o Núcleo de Formação e Treinamento de paraquedistas (Ncl.F.Trein.Prqd.) é uma Unidade-Escola diretamente subordinada à Diretoria de Ensino do Exército; destina-se a formar e treinar paraquedistas, ministrando ao candidato os cursos necessários para que ele se torne apto a ingressar na tropa paraquedista.” Em parágrafo único estipulava que “…Cabe-lhe ainda a preparação e a seleção dos próprios instrutores e monitores.”
Sobre este tema específico e, em algumas entrevistas exclusivas ao autor na cidade do Rio de Janeiro (a primeira teve lugar em 23 de Setembro de 1992), o pioneiro e pára-quedista militar nº1, General (R) ROBERTO DE PESSÔA, afirmou a dado passo: “…todos saímos pela mesma porta da aeronave e enfrentamos os mesmos riscos e perigos. Somos submetidos ao mesmo crivo e padrão de exigências físicas e técnicas. Não vejo razão alguma para diferenciações na cor do brevê pára-quedista…”.
NOTAS
(1) Em citações e transcrições da legislação brasileira optou-se por manter o texto e as abreviaturas em uso na grafia brasileira.
(2) O distintivo em apreço tem as seguintes dimensões: 7cm x 3,5cm.
(3) Alguns exemplares deste distintivo foram adquiridos pelo autor numa feira tradicional (Feira do Rolo) que se realiza na cidade do Rio de Janeiro, e que tem características semelhantes à “Feira da Ladra” que se realiza em Lisboa, junto às instalações das OGFE (Exército). Os primeiros exemplares restaurados foram oferecidos ao Museu da Brigada de Infantaria Pára-quedista (Rio de Janeiro) e ao Centro de Documentação do Exército Brasileiro (C Doc Ex – Brasília-DF).
SUPORTE DOCUMENTAL
– Decreto-lei nº 8.444 de 26DEZ1945;
– Portaria Nº 45-45 de 12 de Agosto de 1946 (RESERVADA) – INSTRUÇÕES PROVISÓRIAS DO NÚCLEO DE FORMAÇÃO E TREINAMENTO DE PÁRA-QUEDISTAS;
– AVISO Nº 1.089 de 23 de Agosto de 1946;
– CARMO, António E.S., «BREVE HISTÓRIA DA BRIGADA DE INFANTARIA PÁRA-QUEDISTA DO EXÉRCITO BRASILEIRO», Edição do autor (policopiada), 2008;
– Cópias de documentos e legislação oficial obtidos pelo autor no Centro de Documentação do Exército Brasileiro (C Doc Ex – Brasília-DF) e nos arquivos parciais das subunidades da Brigada de Infantaria Pára-quedista (Bda Inf Pqdt – Rio de Janeiro-RJ);
(*) O autor é membro correspondente da Academia de História Militar Terrestre do Brasil.
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