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O MUSEU DOS BLINDADOS DE SAUMUR – PARTE II

Por • 9 Out , 2009 • Categoria: 03. REPORTAGEM, 14.TURISMO MILITAR Print Print

Concluí-se aqui esta reportagem sobre o Museu dos Blindados de Saumur. Esperemos ter dado uma imagem aproximada da realidade deste excelente museu e que vos seja possível uma visita ao local.

Sala dos Aliados da 2ª Guerra Mundial, onde vemos sobretudo os carros de combate (e outros veículos e armas) ingleses e americanos que fizeram frente ao alemães, quer na Europa quer África, mas também russos e franceses. Alguns deles foram atribuídos a unidades francesas e também aqui se podem ver alguns blindados que Portugal usou (embora isso não seja referido nas placas identificadoras).

Vista geral da Sala Aliados da2ª Guerra Mundial. Aqui se encontram alguns carros de combate e outros materiais que também foram usados entre nós durante e depois do conflito mundial

Vista geral da Sala Aliados da 2ª Guerra Mundial. Aqui se encontram alguns carros de combate e outros materiais que também foram usados entre nós, durante e mesmo bem depois do conflito mundial

“Inverno 1943-44”, um SU-100 e um KV-1 soviéticos em ambiente de combate urbano

“Inverno 1943-44”, um SU-100 e um KV-1 soviéticos em ambiente de combate urbano

O GMC anfíbio DUKW 353, uma das viaturas mais usadas na 2ª Guerra Mundial quer na Europa quer no Pacífico

O GMC anfíbio DUKW 353, uma das viaturas mais usadas na 2ª Guerra Mundial quer na Europa quer no Pacífico

Muitas viaturas de rodas, como a auto-metralhadora "Staghound" também têm lugar nesta sala

Muitas viaturas de rodas, como a auto-metralhadora "Staghound", também têm lugar nesta sala

Carros de combate como “Valentines”, “Matildas”, “Churchill”, “Shermam”, “Grant M3”, “Centauro”, “Crusader”, “T-34-76”, “Stuart”, “Tank Destroyer M10”, mas também viaturas como os “Jeep”, “Bren Carrier”, “Dingo” ou o GMC anfíbio DUKW 353, o canhão autopropulsado “Sexton”, a auto metralhadora “Staghound” e muitas outras, bem assim como canhões anti-carro e outras peças de artilharia e os habituais uniformes e objectos relacionados com a época. Muito interessante também o diorama em tamanho real, denominado “Inverno 1943-44”, no qual vemos dois carros soviéticos (um SU-100 e um KV-1) num ambiente de combate urbano.

A sala dedicada à França contemporânea, cmo seria de esperar é das mais completas. "Abre" com o novissimo Leclerc e ao fundo pode ver-se o “AMX 30 Pluton”, lançador do missil nuclear táctico

A sala dedicada à França contemporânea, como seria de esperar é das mais completas. "Abre" com o novissimo Leclerc e ao fundo pode ver-se o “AMX 30 Pluton”, lançador do missil nuclear táctico

Na Indochina as viaturas anfibias - a maioria excedentes da 2ª Guerra Mundial, como este M29 Crabe da Legião - foram muito utilizadas

Na Indochina as viaturas anfibias - a maioria excedentes da 2ª Guerra Mundial, como este M29 Crabe da Legião - foram muito utilizadas

Até à chegada do novo material "Panhard" - como a EBR em segundo plano -  a França teve que utilizar nas colónias material estrangeiro como a "Ferret"

Até à chegada do novo material "Panhard" - como a EBR FL 11em segundo plano - a França teve que utilizar material estrangeiro como a "Ferret"

– Sala França contemporânea que nos leva desde o fim da 2º Guerra Mundial e as campanhas coloniais até à actualidade, com uma enorme colecção de viaturas de fabrico francês e não só. Logo à entrada um toque de modernidade (e publicidade) com um “AMX Leclerc”, para depois retrocedermos no tempo e rumar às campanhas da Indochina onde o Exército Francês saído da 2ª Guerra Mundial, com grande carência de material, combateu usando o material US que tinha disponível. Aqui estão em destaque os meios anfíbios de lagartas “M29 Crabe” e o “LTV4” , mas também as nossas conhecidas “meia lagarta”, “Humber” e “Ferret”.

O impressionante "AMX 50" que claramente veio a inspirar toda uma familia de viaturas

O impressionante "AMX 50" que claramente veio a inspirar toda uma família de viaturas

O AMX 13 produzido em grandes quantidades e cujo rodado serviu de plataforma a muitas versões. Dezenas, das mais variadas, aguardam no exterior do museu a "sua vez".

O AMX 13 produzido em grandes quantidades e cujo rodado serviu de plataforma a muitas versões. Dezenas, das mais variadas, aguardam no exterior do museu a "sua vez".

Esta sala apresenta depois aquilo que se poderá chamar o renascimento da indústria francesa de construção de carros de combate e outro tipo de blindados e que teve a sua prova de fogo na Argélia (e na África Portuguesa! Mas isso não aparece referido). Nos blindados de rodas, neste período, o destaque vai para a EBR (engin blindé de reconnaissance) Panhard e nos carros de combate para uns pouco conhecidos “monstros”: o “ARL 44” de 50 toneladas que usava motores alemães do “Panther” (capturados na 2ª Guerra Mundial) e o “AMX 50” que tinha um chassis copiado dos carros alemães, uma peça de 120mm e 57,8 toneladas de peso, destinado a rivalizar com os soviéticos “Jose Estaline III”, para os quais à época não havia equivalente no Ocidente. O projecto não avançou e apenas 3 destes carros forma construídos. No entanto várias características estudadas para este carro foram aproveitadas para a família AMX 13 da qual alguns exemplares estão expostos. Nas viaturas de rodas destaque também para o AMX 10RC e as “Panhard” AML 90 e ERC 90 “Sagaie”, aqui apresentadas em versão “deserto” e “Nações Unidas” em termos de pintura. Esta sala mostra ainda vários outros caros franceses, entre os quais mais um carro “único no mundo”, o “AMX B demineur” usado na Guerra do Golfo e o “AMX 30 Pluton” que transporta e lança este míssil nuclear táctico.

Construído de urgência para acudir a uma necessidade da Guerra do Golfo, este AMX 30 equipado para desminagem com acessórios vindos da ex-Alemanha Democrática, é hoje atracção de museu

Construído de urgência para acudir a uma necessidade da Guerra do Golfo, este AMX 30B equipado para desminagem com acessórios vindos da ex-Alemanha Democrática, é hoje atracção de museu

A geração que sucedeu às EBR e que ainda hoje é utilizada nas missões de paz e intervenções em África: AML 90, ERC 90 Sagaie e AMX 10RC

A geração que sucedeu às EBR e às AML 60: AML 90; ERC 90 Sagaie; AMX 10RC. Ainda hoje são utilizadas nas missões de paz e em muitas intervenções em África

Sala de motores onde se apresentam vários motores alguns dos quais simuladores ou artigos destinados à instrução.
– Sala grande vultos onde “viaturas com personalidades”, ou seja, a cada veículo exposto foi associado um chefe militar e adoptou o nome. De Gaulle a um “Renault B1”, De Vigier a um “Half-Track”, Rommel a um “SdKfz. 11”, Montgomery a um “Bren Carrier”, Leclerc a um GMC posto de comando. Também nesta sala se encontra exposta a EBR que transportou a urna de De Gaulle no seu funeral.

O conhecido general inglês Montegomery no pequeno e não menos famoso Bren Carrier"

O conhecido general inglês Montgomery no pequeno e não menos famoso "Bren Carrier"

A EBR Panhard que transportou o corpo do General De Gaulle no seu funeral encontra-se hoje em Saumur

A EBR Panhard que transportou o corpo do General De Gaulle no seu funeral encontra-se hoje em Saumur

Além das viaturas civis a "Resistência" manufacturou blindados utlizando chassis de camiões, como o que está em 2º plano

Além das viaturas civis a "Resistência" manufacturou blindados utilizando chassis de camiões, como o que está em 2º plano e que foi utilizado na reocupação de França

– Espaço resistência no qual podemos encontrar viaturas (e outros elementos) usadas pela “resistência” durante a ocupação alemã. Além de uma viatura civil não blindada estava também exposto um camião civil ao qual foi aplicada uma blindagem artesanal. Facto pouco divulgado o grande numero de blindados usados pela “resistência” na fase em que os Exércitos do Reich recuavam sob pressão dos aliados, a maioria dos quais eram exactamente carros de combate alemães que iam sendo capturados mas também velhos blindados franceses e alguns outros improvisados.

Aqui - mas só aqui - os mais novos podem literalmente fazer o que quiserem com os blindados. Têm para isso um ELC-EVEN (na foto) e uma DAF YP-408 - igual à que usa a nossa Policia Aérea

Aqui - mas só aqui - os mais novos podem literalmente fazer o que quiserem com os blindados. Têm para isso um ELC-EVEN (na foto) e uma DAF YP-408 - igual à que usa a nossa Policia Aérea

– Espaço para crianças, onde os mais novos se podem divertir saltando para cima de verdadeiras viaturas blindadas (uma DAF YP-408 de origem holandesa, idêntica às que usam em Portugal a Policia Aérea e ELC-EVEN, uma pequena viatura blindada de lagartas com torre bitubo, de origem francesa). À entrada do museu é entregue aos visitantes um “questionário/jogo” destinado a estimular a atenção dos mais novos, com questões sobre o que está exposto;
– Espaço video e Espaço modelista, onde são passados vídeo sobre a temática do museu e onde estão expostas umas centenas de modelos (kits) de viaturas blindadas de todo o mundo.

Outro exemplar raramente visto fora do seu país, o Merkava israelita

Outro exemplar raramente visto fora do seu país, o Merkava israelita

A curiosa camuflagem do britânico "Chieftain" destoa no museu mas terá sido eficaz noutros ambientes

A curiosa camuflagem do britânico "Chieftain" destoa no museu mas terá sido eficaz noutros ambientes

– Sala do mundo contemporâneo, onde se podem ver grande numero de carros de combate, a maioria estrangeiros, que hoje em dia estão “na linha da frente” de muitos conflitos e outros recentemente retirados do serviço. Do carro “S” Sueco ao “Merkava” Israelita, passando pelos britânicos “Centurion” e “Chieftain, os americanos “M-47”, “M-48”, “M60”, o Suíço PZ 1, os alemães “Jagdpanzer-Kanon”, “Leopard I” e “Leopard II”, uma viatura brasileira de rodas, a “Cascavel”, e algumas viaturas francesas, nomeadamente a “EBR ETT” em cuja legenda é feita uma referência à sua utilização por Portugal…na “revolução dos cravos”, omitindo a sua utilização em combate.
Agora que muitas “Chaimites” V-200 já estão fora do serviço activo no Exército Português, seria sem dúvida uma boa ideia, colocar uma neste espaço, enriquecendo a colecção de Saumur e divulgando esta originalidade portuguesa que foi a adaptação nacional da V-100 “Commando” .

Lado a lado com o original "Carro S" Sueco, a “Cascavel Mk II” do Brasil está equipada com uma torre  Hispano-Suiza  90mm e motor Mercedes-Benz 190Cv

Lado a lado com o original "Carro S" Sueco, a “Cascavel Mk II” do Brasil está equipada com uma torre Hispano-Suiza 90mm e motor Mercedes-Benz 190Cv

A Alemanha do pós-guerra tem vários carros nesta sala, nomeadamente o "Leopard 2"

A Alemanha do pós-guerra tem vários carros nesta sala, nomeadamente o "Leopard 2"

A rara ETT Panhard apenas adquirida pelo nosso país. A pequena e "reativamente correcta" referência a Portugal, era bem substituida por uma "Chaimite V-200!

A rara ETT Panhard apenas adquirida pelo nosso país. A pequena e "relativamente correcta" referência a Portugal, era bem substituída por uma "Chaimite" V-200!

Terminada a visita interior – onde estivemos 3 horas mas devíamos ter estado pelo menos 5! – temos ainda à disposição uma bem equipada loja, a “boutique”, onde se podem encontrar kits e livros dedicados ao tema e a outros assuntos ligados à história militar (sobretudo de França) e “merchandising” do museu. No exterior ainda há assunto de interesse, pois o público pode ver parte das viaturas que estão a aguardar reparação, outras em reparação, e estacionadas devido a estarem em trânsito de alguma actividade.

É bem possivel que numa proxima vista este "Panther" reutilizado pela Resistência, já esteja a funcionar.

É bem possível que numa próxima vista este "Panther" reutilizado pela Resistência, já esteja a funcionar.

Muito haveria ainda a dizer sobre este museu, mas ficamos por três notas que julgamos importantes para uma futura visita. A principal actividade exterior do museu é o “Carrossel”, em Saumur, usualmente em final de Julho (ver site o museu) no qual parte importante das suas viaturas emblemáticas são empregues em recriações históricas juntamente com outras actividades militares de divulgação; a visita custa adulto 6 € (crianças 3,50€) e quem quiser fotografar paga mais 5 €; O museu está muitíssimo bem referenciado quer a partir de qualquer ponto de Saumur quer mesmo a partir das estradas que dão acesso à cidade.

Veja aqui a 1ª parte desta reportagem:  O MUSEU DOS BLINDADOS DE SAUMUR – PARTE I

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