O “BUFFEL”
Por Miguel Machado • 27 Nov , 2011 • Categoria: 03. REPORTAGEM, 07. TECNOLOGIA, 14.TURISMO MILITAR PrintVisitamos o Zijner Majesteits “Buffel” antigo navio de guerra da Real Marinha Holandesa posteriormente transformado em camarata para marinheiros e fuzileiros, é hoje peça museológica visitável no Maritiem Museum “Prins Hendrik” em Roterdão.
150 anos de história
O ZMS “Buffel” (Navio de Sua Majestade, “Búfalo”) esteve ao serviço da marinha de guerra (RMH) mais de um século, entre 1868 e 1974, sendo finalmente transformado em museu no ano de 1979, continuando, agora integrado no Museu Marítimo de Roterdão, que não depende da RMH, a ser útil ao país que o comprou. Construído em Glasgow (Robert Napier & Sons) na Escócia, rumou à Holanda em 1868 tendo-lhe sido atribuídas missões de defesa e vigilância costeira. Esta sua viagem inaugural foi também a maior que fez na sua vida operacional. Durante 28 anos participou em missões na costa dos Países Baixos mas nunca entrou em combate. Neste período o país esteve em paz. Desenvolvimentos tecnológicos acabaram por o tornar obsoleto e por ditar a sua retirada do serviço no mar. Mas o investimento feito haveria de ser rentabilizado: foi modificado – retiraram-lhe o armamento e motores entre outros elementos – e passou a servir de camarata para marinheiros e fuzileiros durante 78 anos! Seguiu-se a partir de 1975 um período de reconstituição do seu aspecto inicial, tendo a “Liga dos Amigos do Buffel”, o Museu Marítimo “Príncipe Henrique” de Roterdão, empresas privadas e indivíduos particulares, levado a bom termo um meticuloso trabalho de adaptação à nova finalidade. O navio foi colocado com um aspecto muito semelhante ao original mas com muitas adaptações interiores para o tomar num museu apelativo e com muitos elementos interactivos. Nota-se a preocupação, também bem patente no Museu Marítimo, de adaptar certos sectores e equipamentos para despertar o interesse dos mais novos.
O navio está muito bem situado, no Museu Marítimo, junto ao célebre monumento de Ossip Zadkine “De verwoeste stad” (cidade destruída), alusivo aos bombardeamentos que destruíram quase completamente a cidade durante a 2ª Guerra Mundial e que é um dos pontos de passagem obrigatórios para quem visita Roterdão.
O que se pode ver?
O armamento principal do “Buffel” que está exposto são dois canhões Amstrong de 23cm instalados na enorme torre central rotativa do navio. Tratavam-se de canhões de “carregar pela boca” que em 1887 foram substituídos por um único Krupp de 28 cm de carregamento mais rápido. A finalidade principal deste navio era servir de plataforma para este armamento. Dispunha de outro, mas de muito menor calibre e para defesa próxima.
O navio tem disponíveis para visita as suas diferentes áreas, tanto quanto possível equipadas com peças de origem, réplicas, peças de outros navios (neste caso identificadas) e alguns manequins a simular elementos da guarnição. Um navio é um pequeno mundo que desenvolve todas as actividades necessárias para a sua operação, no fundo a sua finalidade primeira, mas onde também vivem pessoas. Neste caso além do comandante, 6 oficiais, 15 sargentos e 80 marinheiros cujas diferentes condições de vida a bordo estão bem visíveis. Mesmo que hoje ainda haja diferenças, nada que se compare com estes tempos dos finais do século XIX.
Este navio tem algumas curiosidades mas talvez uma das mais significativas seja o facto de ter sido dos primeiros do seu tipo. Isto é, trata-se de um navio com motor a vapor e sem velas. Até aqui os navios usavam uma “propulsão mista”, vapor e vento, mas o “Buffel” apenas contava com os seus potentes motores alimentados por carvão (e óleo ou madeira) para se mover. Só no início do século XX os motores diesel substituíram estas máquinas.
Com um deslocamento de 2.198 toneladas, 62,70m de comprimento, 12,25m de largura, atingia a velocidade de 12 nós.
Todas as áreas do navio estão identificadas com legendas em holandês e apenas os títulos estão também em língua inglesa. Há contudo um catálogo plastificado no navio em inglês que quem quiser pode transportar na visita (e depois devolver). A visita ao Museu, incluindo o “Buffel”, custa 7.50€ para adultos mas há descontos para grupos e para quem tenha um “passe” turístico para vários museus e transportes públicos. Quem quiser visitar apenas o navio sem passar pelo museu pode fazê-lo, o navio tem entrada independente.
Miguel Machado é
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