Deslocaram-se recentemente a Portugal por iniciativa de uma empresa nacional, técnicos da Heckler & Koch (HK) e da Trijicon, para apresentarem alguns dos seus novos produtos, respectivamente, armas ligeiras e miras ópticas. A Força Aérea Portuguesa através do Campo de Tiro e da Unidade de Protecção da Força (UPF), deu apoio a esta actividade em que o Operacional esteve presente a convite da empresa portuguesa, a Defmat, e conta o que viu.
A HK 121 / MG 5 em calibre 7.62mm, pode ser uma boa opção para substituir em Portugal as armas deste tipo em serviço e cujas capacidades já não são comparáveis. Está equipada com uma das miras de combate Trijicon ACOG (Advanced Combat Optical Gunsight).
Mais de meia centena de elementos dos três ramos das Forças Armadas, da Policia de Segurança Pública, Guarda Nacional Republicana, Polícia Marítima e Polícia Judiciária, participaram neste dia de contacto com os equipamentos, seguindo programa que incluiu uma apresentação “em sala”, o manuseamento não só dos novos materiais como de toda a gama de armamento HK que equipa a UPF e finalmente o uso em carreira de tiro, com fogo real, de diferentes armas e miras.
A razão da junção da duas firmas na mesma apresentação justifica-se do ponto de vista de ambas as empresas porque a HK não fabrica miras ópticas e a Trijicon não fabrica armas, assim resolveram juntar-se nestas apresentações, sendo certo que quer as HK podem usar outras miras quer as miras podem ser aplicadas noutras armas.
A Força Aérea Portuguesa através do Campo de Tiro e da Unidade de Protecção da Força, apoiou esta iniciativa que reuniu mais de meia centena de militares e policias.
Uma curiosidade que poderá ser útil, o tripé em uso nas Forças Armadas Portuguesas para a MG3, é compatível com a nova MG5 sem qualquer adaptação.
A Trijicon, além dos aspectos técnicos das miras em apreço na demonstração, mostrou à assistência o seu portefolio de clientes, nos EUA e resto do mundo, com mais de um milhão de miras em serviço.
A Heckler & Koch, mesmo sem fazer referência à parceria que permitiu nos anos 60 equipar as Forças Armadas e Forças de Segurança em Portugal com alguns dos seus produtos, nomeadamente as conhecidas G-3 e a HK 21, tem vindo ao longo dos anos a fornecer quantidades limitadas de pistolas, pistolas-metralhadoras, espingardas de assalto, metralhadoras ligeiras e lança-granadas automáticos, a diferentes forças de segurança e aos ramos das Forças Armadas. Mesmo sem ser exaustivo, lembramos que a PSP usa desde há largos anos a MP5 9mm (em várias versões), o mesmo acontecendo na GNR, Polícia Marítima, Guarda Prisional, Marinha, Exército e Força Aérea; a G-36 5,56mm, também em várias versões é usada na Marinha, Força Aérea, Exército e GNR; pistolas USP e P30 9mm, pistolas-metralhadoras UMP 9mm e MP 7 5,56mm, metralhadoras-ligeiras MG4 5,56mm, lança-granadas automático GMG 40mm, espingardas de assalto HK-416 5,56mm e HK-417 7,62mm e espingardas de precisão como as MSG 90 7,62mm, estão também ao serviço sobretudo em unidades especiais, das polícias e militares. Este fabricante é assim muito bem conhecido dos operadores portugueses.
Nas instalações da UPF foi possível aos participantes manusear, adaptarem-se ao armamento HK em uso nesta força. Na imagem a HK 417 7,62mm, com lança granadas 40mm.
A G-36 5,56mm, também com lança-granadas 40mm, uma das armas que UPF tem usado nas missões exteriores (Chade, Afeganistão e agora no Mali).
O “Grupo de Ações Táticas” da Polícia Marítima tem vindo a ser equipado com algum armamento HK. Na imagem a Hk416 A5 5,56mm equipada com uma mira Trijicon ACOG.
Militares do Corpo de Fuzileiros contactam com a HK 416 A5
A MG 5 é uma metralhadora-ligeira que pesa cerca de 11kg e é alimentada por fitas de munições. A sua cadência de tiro é regulável por um simples selector (640/720/800 tpm).
Dos primeiros utilizadores em Portugal das pistolas-metralhadoras HK MP5 a PSP, esteve presente com vários elementos do Grupo de Operações Especiais da Unidade Especial de Policia. Na imagem a HK417 7,62 com supressor de som.
A possibilidade de usar estas miras com os dois olhos abertos foi uma das suas características que mais interesse despertou.
Os elementos da Polícia Judiciária presentes mostraram mais interesse nas pistolas e pistolas metralhadoras mas não deixaram de testar a HK 416A5, 5,56mm. Aqui o inspector segura uma G36C 5,56mm.
O Grupo de Intervenção de Operações Especiais da Unidade de Intervenção da GNR, é também uma unidade com ampla experiência do material HK, inclusive em combate, no Iraque.
O lança granadas automático HK GMG 40mm, aqui em montagem terrestre, equipa o Corpo de Fuzileiros e a GNR.
Nas unidades com missões especiais, em Portugal como em qualquer parte do mundo, é normal a utilização de diferentes tipos de armas e calibres, porque muito diferenciadas são as situações operacionais que os seus elementos cumprem. O salto tecnológico a que se tem vindo a assistir nos últimos 20 anos sobretudo fruto das experiências recolhidas nos campos de batalha do Iraque e Afeganistão (*), tem levado também ao incremento da utilização de miras ópticas cada vez mais sofisticas e simples de usar. As distâncias a que se combate hoje além de terem influência na utilização dos calibres para as armas da infantaria também exigem, direi mesmo que tornam indispensável, boas miras. Sem elas o potencial do armamento pode-se tornar pouco mais que inútil.
Esta foi assim uma oportunidade de contacto e uso de armamento e equipamento que não acontece muitas vezes em Portugal, tendo ainda a vantagem, declarada em várias ocasiões pela generalidade dos participantes, de ser um factor de conhecimento mutuo entre operadores de unidades especiais. É raríssimo em Portugal este tipo de encontros, fora de um ou outro exercício pontual onde a natureza da actividade na grande parte das vezes não permite esta troca de impressões directa que aqui se verificou. Também não tem havido notícia de novos “seminários de operações especiais”, os quais mesmo tratando-se de outro tipo de reunião, tinham o seu interesse, desde que contribuíssem, como aqui, para o conhecimento mútuo e troca de experiências entre militares e policias, que apesar das “baias legais” podem bem ter que actuar lado a lado quando menos se esperar. Para este ambiente descontraído mas profissional que se viveu em Alcochete, muito contribuiu a postura da UPF que se revelou um excelente anfitrião.
Regulação das miras antes da sessão de tiro para os participantes neste encontro.A espingarda HK 417 7,62mm está equipada com uma mira VCOG (Variable Combat Optical Gunsight).
Aqui a HK 416 A5 está equipada com uma mira ACOG, na qual está acoplado um visor RMR (Ruggedized Miniature Reflex), que permite ao atirador com um ligeiro movimento da cara, passar da pontaria a longas distâncias para as curtas.
A MG5 7,62mm é claramente uma arma com grande estabilidade a fazer fogo. A bolsa transporta fitas de 200 munições.
Na demonstração depois de umas série de curtas rajadas iniciais e de mais 200 tiros quase sem interrupção, este cano que ficou com elevadíssima temperatura…
…o que é feito de modo muito simples e rápido mas exige o uso de luvas (estando quente)…
…foi instantaneamente arrefecido como se vê e de imediato voltou a ser colocado na arma e a fazer fogo. As características deste cano são segundo o fabricante uma das grandes vantagens da arma.
Militar do Corpo de Fuzileiros testa a HK 416 A5, cuja coronha facilmente se adapta a cada operador. Esta espingarda de assalto, tem 3 versões consoante as dimensões do cano e já se encontra ao serviço em Portugal nas Operações Especiais do Exército e numa força policial. A “416” ganhou fama mundial por ter sido a arma usada pelos SEALs que abateram Bin Laden.
Os Comandos do Exército também estiveram presentes. Estas miras ópticas, além do aumento que proporcionam, colocando o alvo “bem mais perto”, são iluminadas, podendo ser usadas de dia como de noite. Cada vez mais no combate de infantaria da actualidade se exige precisão a maiores distâncias. As miras ópticas tornam-se indispensáveis.
Sendo já uma “clássica” a G36 C 5,56mm tem sofrido alguns melhoramentos e continua uma arma bem actual. Aqui está a ser usada apenas com o visor RMR.
Na carreira de tio em Alcochete fez-se tiro a curtas distância se para alvos até cerca de 600m. De assinalar que não foram usadas armas “sniper”.
Pareceu evidente que para certas distâncias o 7,62mm tem muitos adeptos! Esta mira VCOG tem a particularidade de ser rapidamente ajustada para distâncias muito diferentes.
A MG4 5,56mm já está ao serviço em Portugal, por exemplo na UPF da Força Aérea, na GNR e nos Comandos do Exército. esta mira também tem o RMR que é usado para distâncias inferiores a 100m.
A HK MP7 tem um carregador, no punho, com capacidade para 20 munições. Há uma versão calibre 4,6mm e outras em 5,56mm (munição de treino).
Uma Browning 12,7mm do Corpo de Fuzileiros foi disparada usando uma mira Trijicon ACOG.
Um dos vários lança-granadas 40mm para espingarda que a HK propõe. O HK-416 usado na HK 417 com granadas de instrução, não letais, que apenas emitem uma pequena mas visível iluminação para verificar o ponto de impacto. Estes lança-granadas podem ser usados fora da arma pela colocação de um apoio de ombro amovível.
Para quem faz da sua profissão a defesa do bem comum, seja nas Forças Armadas seja nas Forças e Serviços de Segurança, esta foi uma jornada útil e capaz de potenciar ao “nível do terreno” uma melhor colaboração, logo melhores resultados operacionais.
(*) Por vezes esquecemo-nos que a intervenção dos exércitos ocidentais no Afeganistão se iniciou há 13 anos – tantos quantos toda a nossa guerra no antigo Ultramar – o que, independentemente de outras considerações de carácter político, humanitário, estratégico e operacional, tem sido um extraordinário “laboratório” para o desenvolvimento de tecnologias militares, muito para além dos famigerados “drones”. Todos os níveis do armamento, fardamento e equipamento individual do soldado, os sistemas de comando e controlo, comunicações, logística, protecções balísticas e blindagem de pessoas e viaturas, equipamento de emergência médica, e, claro, os procedimentos, tudo ou quase, conheceu um enorme salto qualitativo em muitos exércitos. Todos podem aprender com esta realidade.