NÃO DESISTIMOS DA LUTA PELA MEMÓRIA DOS PÁRAS MORTOS NA BÓSNIA!
Por Miguel Machado • 24 Mai , 2014 • Categoria: 03. REPORTAGEM, 05. PORTUGAL EM GUERRA - SÉCULO XX, EM DESTAQUE PrintO monumento adulterado e abandonado pelo Exército Português na Bósnia-Herzegovina, e o que tem sido feito, por iniciativa particular, para não deixar apagar a memória dos cinco pára-quedistas mortos na Bósnia-Herzegovina em 1996 e 2004, desencadeou em 2012 a Operação Não os Esquecemos! Desde então a situação não se alterou e só nova iniciativa individual tem evitado a destruição do monumento de Doboj.
Um nome a reter, Pedro Miguel Policarpo Valentim, antigo Cabo-Adjunto Pára-quedista do 1.º Batalhão de Pára-quedistas, Regimento de Infantaria N.º 15, entre 1997 e 2005! Este boina verde, juntou-se à Operação Não os Esquecemos por mera casualidade, estava em Doboj quando esta se realizou em 24 de Janeiro de 2012 e não mais deixou de apoiar a iniciativa. Tratou-se de, primeiro, repor o nome dos pára-quedistas mortos na Bósnia no monumento, o que foi executado; segundo, tentar sensibilizar as instituições oficiais em Portugal para este inacreditável assunto: Liga dos Combatentes, Estado-Maior-General das Forças Armadas e Estado-Maior do Exército. Nada de concreto aconteceu em dois anos e o monumento vai-se degradando sem manutenção, nem ninguém que dele cuide a nível oficial.
O Pedro Valentim, com ligações familiares a Doboj, assumiu por sua iniciativa e “do seu bolso”, nas férias, algumas pequenas limpezas destinadas a conferir o mínimo de dignidade ao local.
Agora, com a catástrofe que se abateu sobre a Bósnia – as devastadoras inundações desta semana – Jorge Valentim, que se encontra a trabalhar num país estrangeiro, deslocou-se a Doboj, e, mais uma vez por sua conta e risco, reparou o monumento como lhe foi possível e está a tratar de ver a melhor solução para colocar parte que ruiu nas devidas condições.
Querem prova maior de que o Espírito Pára-quedista existe e mantém-se vivo, independentemente do ramo das Forças Armadas em que esta tropa de elite está inserida ou da época em causa?
(O monumento, limpo pelo Pedro Valentim, já este mês de Maio de 2014, antes da catástrofe que se abateu sobre a Bósnia-Herzegovina)
(Doboj atingida pelas cheias)
(O estado em que ficou o monumento)
(O que foi possível fazer numa primeira reparação dos estragos)
E agora?
Deixamos as imagens dos trabalhos do Pedro Valentim e da homenagem que prestou aos camaradas mortos com a colocação de uma coroa de flores no dia 23 de Maio de 2014, no mesmo momento em que na “Casa-Mãe” de todos os pára-quedistas militares portugueses se assinalavam os 58 anos da criação desta unidade.
O monumento já começa a apresentar sinais de evidente desgaste nas partes metálicas e só por sorte a placa de pedra não se quebrou na sequência das cheias.
A reparação do monumento, a sua manutenção anual em Doboj, ou, em alternativa, o seu transporte para Portugal e colocação, por exemplo, na Escola de Tropas Pára-quedistas, tem que ser equacionada de uma vez por todas pelas entidades públicas com responsabilidade neste assunto. Parece-nos que caberá à Liga dos Combatentes assumir esta tarefa. Até agora, apesar de alertada e informada em detalhe, esta instituição não assumiu o assunto, pese embora os valores simbólicos que estão em causa se a opção for a manutenção e limpeza do monumento.
Da nossa parte Não os Esquecemos e continuaremos a não deixar apagar a memória dos pára-quedistas mortos na Bósnia-Herzegovina, envergando a boina verde e a bandeira de Portugal no uniforme. Obrigado Pedro Valentim!
Primeiro-Cabo Pára-quedista Alcino José Lázaro Mouta (24Jan1996);
Primeiro-Cabo Pára-quedista Rui Manuel Reis Tavares (24Jan1996);
Primeiro-Cabo Pára-quedista José da Ressurreição Barradas (06Out1996);
Soldado Pára-quedista Ricardo Manuel Borges Souto (06Out1996);
Soldado Pára-quedista Ricardo Manuel Pombo Valério (16Jul2004).
PRESENTES!
Ainda sobre esta temática leia no Operacional:
A MISSÃO NA BÓSNIA EM 1996 E O ACIDENTE DE 24 DE JANEIRO
MILITARES PORTUGUESES MORTOS EM MISSÕES DE PAZ
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