MUSEU MILITAR DE ELVAS
Por Miguel Machado • 13 Ago , 2012 • Categoria: 03. REPORTAGEM, 14.TURISMO MILITAR PrintAs fortificações da cidade de Elvas foram recentemente classificadas como Património da Humanidade pela UNESCO. O Museu Militar de Elvas (MME) é parte integrante deste magnífico exemplo de arquitectura militar que durante séculos esteve na primeira linha de defesa do território continental português.
O Museu Militar, aberto ao público, é mais do que isto e tem vários outros elementos de interesse: História do Serviço de Saúde do Exército; Hipomóveis e Arreios Militares no Exército; Centro de Interpretação do Património de Elvas; Viaturas do Exército.
Sendo certo que estas temáticas não estão todas no mesmo estágio de desenvolvimento, umas como o Centro de Interpretação estão concluídas, ou já muito desenvolvidas como a respeitante aos Arreios Militares, aos Hipomóveis e ao Serviço Saúde, o museu – e a cidade! – valem bem uma visita e vamos mostrar porque assim o entendemos.
O MME ocupa cerca de ¼ de toda a cintura de muralhas da cidade, são 150.000m2 de área, com muitos elementos da fortificação propriamente dita, aquela que no fundo é a parte substancial daquilo que Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, reconheceu como Património da Humanidade (mas não só, a UNESCO refere expressamente (ver foto abaixo): Centro Histórico – muralhado -, Aqueduto da Amoreira, Forte de Santa Luzia, Forte da Graça, Fortins de São Mamede, São Pedro e São Domingos.
O Museu tem parte substancial da muralha e fortificações visitáveis, com painéis explicativos, e nas instalações do antigo quartel tem neste momento aberto ao público as seguintes temáticas museológicas:
História do Serviço de Saúde do Exército, salas dedicadas à ortopedia, oftalmologia e cirurgia, sala de veterinária, sala de farmácia;
Arreios Militares do Exército, com salas de dedicadas ao cavalo, arreios de infantaria, arreios de cavalaria, arreios de artilharia, sala de Intendência;
Hipomóveis, com salas dedicadas ao armamento rebocado por animais, na sua quase totalidade artilharia.
Todas estas salas são antigas dependências das unidades militares que passaram por Elvas – a última foi o Regimento de Infantaria n.º 8 – adaptadas agora a esta finalidade, muitas delas em edifícios também eles históricos e que agora se procurou, dentro do possível, recuperar na sua traça original.
Tem ainda algum armamento pesado – artilharia – exposto ao ar livre, com algumas peças consideradas raras ou então, como no caso do obus de fabrico japonês (ver foto), sobre o qual ainda é um mistério a sua chegada a Portugal.
A colecção de viaturas militares, infelizmente a mais “atrasada” no plano de activação (designação nossa) que o museu está a cumprir – e percebe-se bem porquê, custa dinheiro que não há e também, diga-se, algum “know-how” que naturalmente a inexorável passagem do tempo vai retirando ao Exército -. Será sem dúvida um dos pontos fortes do Museu. E isto porque já é possível apreciar parte das viaturas transferidas para Elvas, as quais serão para os aficionados desta temática, motivo de grande interesse. Não há na realidade hoje em Portugal qualquer museu aberto ao público com este manancial de meios-auto do Exército. Bem sabemos que em algumas unidades há belos exemplares, mas não estão acessíveis ao visitante, aquele português ou estrangeiro que os deseja ver e não está para enfrentar um sistema burocrático de autorizações.
Uma medida que nos parece da maior importância colocar em funcionamento desde já – é a nossa opinião que só a nós responsabiliza, fundada no que temos visto em museus estrangeiros, alguns aliás objecto de artigos no Operacional – é a atribuição ao museu das viaturas que estão a ser retiradas e ainda funcionam, sendo casos bem evidentes as V-200 (nas três versões que o Exército usou e porque não algumas da originais da BRAVIA que ainda existem em depósito, julga-se!), os UMM (várias versões), as Berliet-Tramagal e certamente algumas outras viaturas blindadas que já estão em fim de vida como as da família M-113 e do M-60. Ainda assim o acervo de viaturas do museu já vai em 115!
Nesta área não podemos deixar de referir a interessante, e esperamos a breve trecho profícua, colaboração entre a Associação Portuguesa de Veículos Militares e o Exército. Pretende-se recuperar e mesmo por em funcionamento algumas destas preciosidades históricas, um passo certamente importante senão decisivo para vermos em Portugal o que já é uma prática enraizada por essa Europa (e EUA) fora, as demonstrações e recriações históricas com viaturas militares do século XX.
Como em outras áreas do museu, como bem nos explicou (e mostrou!) o seu sub-director, tenente-coronel de infantaria José Ribeiro, a colaboração entre as mais diversas entidades civis, locais e nacionais, é o caminho a seguir para se conseguir “levar a carta a Garcia”.
Um bom exemplo disto mesmo, já concretizado, foi a instalação no interior do Museu do: Centro de Interpretação do Património de Elvas, estrutura tecnologicamente bem equipada e que permite uma visão de conjunto do património de Elvas que é muito interessante e útil a quem visita a cidade. É possível ver aqui, entre muito outros elementos históricos alusivos a esta “cidade militar” – chegou a ter mais de 22.000 militares estacionados, hoje o nosso Exército, todo, tem cerca de 17.000… – por exemplo, o circuito das muralhas abaluartadas, composto por 37 elementos distintos.
Está previsto ainda a instalação no MME de um Centro de Interpretação sobre a Guerra do Ultramar Português.
Muito podia ainda elaborar sobre o museu mas nada substitui uma visita a este museu do Exército, um dos que estão na dependência da sua Direcção de História e Cultura Militar. Está aberto de terça a domingo das 09H30 às 12H30 e das 14H00 às 18H00 (de Novembro a Março), das 10H00 às 12H30 e das 14H30 às 19H00 (de Abril a Outubro). Encerra às segundas-feiras e também a 1 de Janeiro, Domingo de Páscoa, 1.º de Maio e 25 de Dezembro. O museu pode ser contacto através do endereço musmilelvas@mail.exercito.pt e telefone +351 268 636240, e é pago (excepto domingos até às 12H00) e além de tarifas especiais para famílias, grupos e escolas, o preço normal é de 1,50€ (dos 7 aos 17 anos de idade) e 3,00€ (dos 18 aos 64). O visitante que apenas queira ver a parte monumental (muralhas, etc.) para 1,00€.
O museu está bem divulgado pela cidade, quer o posto de turismo quer hotéis têm folhetos alusivos ao museu, e nas publicações da autarquia o mesmo também é referido. Falta-lhe, claramente, um site dedicado – o inserido no portal do Exército é muito pobre e de difícil navegação.
Miguel Machado é
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