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MUSEU AERONÁUTICO – BELGRADO

Por • 7 Jun , 2017 • Categoria: 14.TURISMO MILITAR, EM DESTAQUE, PRIMEIRA PÁGINA Print Print

Poucos minutos a pé desde o terminal de passageiros do Aeroporto Nikola Tesla em Belgrado, chegam para entrar no Museu Aeronáutico. Além do singular e inovador edifício o museu tem algumas preciosidades como o Messerschmitt Bf 109 G-2 – um dos dois únicos no mundo que sobreviveram à guerra –  ou o Yakovlev Yak-3 – único no mundo preservado de origem – e uma enorme panóplia de aeronaves alemãs, britânicas, americanas, soviéticas e jugoslavas, e…destroços do único Lockheed F-117A Nighthawk abatido em combate.

MiG 21F-13 (L-12). Nas suas várias versões calcula-se que tenham sido fabricados a partir de 1955 cerca de 10.000 Mig’s 21! A Força Aérea Jugoslava operou cerca de 200, ainda tem alguns MiG-21bis (L-17) ao serviço e este em concreto entrou ao serviço em 1964, operou a partir de bases aéreas em Batajnica, Plesop e Pristina , tendo sido entregue ao museu em 1981. Em segundo plano distinguem-se um Folland Gnat F.Mk.1 e um helicóptero Sikorsky / Westland / Soko S-55 Mk-5. Suspensos, um helicóptero Mil Mi-2 e um Utva 65S Super Privrednik.

De Museu da Força Aérea a Museu Aeronáutico

O edifício do museu é a primeira coisa que chama a atenção quer pelas dimensões quer pela forma. Concebido por Ivan Štraus, arquitecto nascido sérvio em Kremna (1928), formado em Zagreb (1947) e Sarajevo (1958) – as UNIS Towers e o hotel Holliday Inn na capital Bósnia são da sua autoria – foi de facto inovador nesta construção especialmente concebida para a finalidade em causa, o que não acontece como sabemos com a maioria dos museus desta área, que ocupam instalações aeronáuticas adaptadas.

Inaugurado em 1989 o edifício está junto ao Aeroporto Nikola Testa em Surčin a 18 quilómetros de Belgrado. O caça em primeiro plano é um N-60 Galeb (Gaivota) de origem jugoslava (fábrica Soko) que produziu 248 destes jactos de instrução armados. Nota curiosa, o artista americano John Travolta adquiriu um! A publicidade no edifício refere-se a um banco que patrocina o museu (Vojvođanska Banka).

Na entrada principal do museu o seu anterior nome Museu da Força Aérea Jugoslava, ainda não foi substituído pelo actual, Museu Aeronáutico – Belgrado.

Este museu que o Operacional visitou, Muzej vazduhoplovstva Beograd – Museu Aeronáutico Belgrado, antigo Muzej Jugoslovenskog Vazduhoplovstva – Museu da Força Aérea Jugoslava, teve a sua origem numa iniciativa do comando da Força Aérea Jugoslava em 1957, em Bežanijska (Zemun), nos arredores da capital (onde ainda se encontra o Comando da Força Aérea e de Defesa Anti-Aérea das Forças Armadas da Sérvia). Aí foram expostas as aeronaves que ao longo de anos anteriores vinham sendo preservadas para esse efeito. Anteriormente outras instalações em Belgrado, como o Museu Militar na Fortaleza Kalemegdan, no centro da cidade, expunham algumas poucas aeronaves que sobreviveram aos dois conflitos mundiais do século XX. Em 1967 por iniciativa conjunta – da aeronáutica militar e civil – mudou-se para aqui, Surčin, a 18 quilómetros da capital, a área do novo aeroporto da cidade inaugurado em 1962 (desde 2006 designado de Nikola Tesla, um autêntico herói nacional na Sérvia) em novos hangares, perto do local onde hoje se encontra. O espaço não era o ideal e estava muito perto do terminal de passageiros e assim iniciou-se o novo projecto em 1975 o qual apenas seria inaugurado em 1989, depois de vários problemas técnicos que atrasaram a construção mas também por dificuldades com o seu financiamento.

De assinalar que este museu quando se instalou aqui junto ao aeroporto internacional foi uma iniciativa partilhada entre a Força Aérea e várias empresas que operavam na área da aviação comercial, numa relação que acabou por ter muitos problemas devido à transformação do sistema político do país e da sua história recente. Note-se que só em 15 de Março deste ano de 2017, há 3 meses apenas, foi finalmente assinado um protocolo entre o Ministério da Defesa e as outras entidades envolvidas na gestão do museu, definindo as respectivas responsabilidades, num processo muito conturbado que deu inclusive origem à demissão do director do museu e alguma polémica pública com trocas de acusações. Este acordo foi assinado pelo Ministro da Defesa, e os representantes dos “fundadores do museu” (ou as empresas que se sucederam): Air Serbia; Airport Nikola Tesla l.c;  Utva – Airindustry Pancevo ltd; Prva petoletka of Trstenik defence industry lc; Teleoptik- gyroscope ltd. Yemun; Kluz parachutes; Society for Air Traffic Services Aviogeneks ltd; Aviation Association of Serbia. A ligação do museu à Força Aérea mantém-se em termos que desconhecemos, sendo certo que ainda agora o ramo o mantém – com o nome antigo – como uma sua unidade listada no respectivo site institucional da Ratno vazduhoplovstvo i protivvazduhoplovna odbrana (RV i PVO) – Força Aérea e de Defesa Anti-Aérea.

A exposição alusiva à participação da aeronáutica sérvia na Grande Guerra 14-18, com uma réplica de Nieuport N.XI B1 Bébé, que tem o motor, hélice e metralhadora autênticos. Este tipo de avião equipava as esquadrilhas francesas na “Frente de Salónica, onde combateu com pilotos sérvios.

O átrio central do piso 1 do museu com vários aviões jugoslavos que iremos ver adiante, enfrentando um General-Atomics Predator (USA) e um Sagem Crécerelle (Francês) abatidos durante o conflito com a NATO em 1999.

A última guerra que a Sérvia travou e que originou o bombardeamento de Belgrado pela NATO durante mais de 70 dias em 1999, tem um sector dedicado com vários destroços de aviões, drones e outros materiais de vários países da NATO, com destaque para o Lockheed F-117A Nighthawk, o único no mundo a ter sido abatido em combate, e bem assim como vários equipamentos deste e de outros aviões e pilotos e também parte do míssil S 125 Neva que em 27 de Março de 1999 abateu o referido “avião invisível”.

As colecções

Um dos pontos fortes deste museu resulta do facto do Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos, (1918) depois Reino da Jugoslávia (1929) e depois a República Socialista Federativa da Jugoslávia (até 1992), terem sido equipadas com material aéreo de origens muito diferentes, o que originou uma colecção muito interessante: aviões do III Reich adquiridos antes, durante a 2.ª Guerra Mundial e mesmo depois a países que os detinham; britânicos adquiridos antes e durante a guerra; soviéticos também entregues durante e depois deste conflito; americanos fornecidos ao governo de Tito em quantidades apreciáveis entre 1951 e 1958; e jugoslavos fabricados ao longo de todas estas épocas, sendo o mais recente o YUROM J-22H Orao (Águia) que ainda está ao serviço; todos com o denominador comum de terem sido voados por pilotos jugoslavos. O último conflito que opôs a então República Federal da Jugoslávia (1992-2003) à NATO, deu origem aos artigos mais recentes que encontramos no museu, no essencial destroços de aeronaves, drones e artigos individuais de pilotos aliados.

Quem chega o museu fica com uma primeira má impressão devido ao estado de alguma degradação em que se encontram as aeronaves ao ar-livre, e também, ao mau estado de conservação do edifício. No entanto, deve-se referir que no interior do museu as aeronaves estão em bom estado, cuidadas e identificadas, mesmo que nem todas estejam “legendadas” em inglês, mas sendo certo que no site oficial há muita informação sobre o museu e praticamente todas as suas aeronaves, em língua inglesa. 

Logo após a entrada podemos ver uma exposição temporária inaugurada em Dezembro de 2016 sobre a “Aviação Sérvia na Grande Guerra 1914-1918”, muito interessante em termos documentais e fotográficos – sem legendas em inglês – e alguns artigos pessoais de pilotos e armamento, tendo como peça central uma réplica de Nieuport N.XI B1 Bébé francês (motos, hélice e metralhadora originais) que combateu na “Frente de Salónica” com pilotos sérvios e faz parte do acervo do museu. O esforço militar sérvio ao lado dos Aliados ocidentais (e não só da sua aeronáutica) foi neste conflito uma coisa tremenda, com um custo humano de 1.100.000 mortos (civis e militares o que equivaleu na época a 1/3 da sua população!), recheada de factos que poucos conhecem fora do país.

As aeronaves – aviões, helicópteros, planadores – e alguns outros artigos de carácter aeronáutico (motores, radares, mísseis terra-ar, simuladores, etc.) estão dispostos ao longo de dois pisos permitindo uma boa visibilidade, muitas das aeronaves estão em suspensão. Podem ser vistos também painéis sobre outros assuntos, do tráfego aéreo a conflitos, passando pelas antigas companhias aéreas da Jugoslávia, parte esta da exposição que está feita em moldes que podemos considerar antiquados ainda que a informação esteja lá. Pobre também a apresentação de um único pára-quedista, o qual ao que se percebe representa apenas a firma que produz este e outros equipamentos do género.

No total podemos ver cerca de 60 aeronaves, dentro e fora do edifício do museu, havendo também muitas outras em reserva, as quais aliás são visíveis numa parte não acessível ao público.

O edifício tem uma loja – fechada no dia da nossa visita – café/bar, salas para reuniões / eventos / exposições, um grande auditório e biblioteca / centro de documentação. Na bilheteira a funcionária falava inglês perfeito, o bilhete de entrada custa cerca de 4€ e o museu, dizem-nos, é dos mais visitados de Belgrado.

Em conclusão, vale bem a visita, está a precisar de uma modernização no que respeita ao modo de apresentar informação que não os meios aéreos e da melhoria das condições de manutenção das aeronaves ao ar-livre.

Na foto-reportagem fornecemos mais informações sobre os aviões expostos, alguns dos quais nos são familiares e quem queira saber mais, aqui fica o site do Museu Aeronáutico – Belgrado!

O Fizir FN, avião de treino de fabrico local que está pintado com as cores da Real Força Aérea da Sérvia, foi produzido a partir de 1929 e esteve a voar na Força Aérea até aos finais dos anos 40 quando muitos foram transferidos para aeroclubes civis. Este exemplar está no museu desde 1962. Na imagem, em segundo plano seguem-se os Messerschmitt Bf 109 G-2, Hawker Hurricane Mk IV RP e Supermarine Spitfire Mk Vc/Trop. Em suspensão um Bücker Bü 133D-1 Jungmeister e um Fieseler Fi 156 Storch / Mráz K-65 Čáp.

O de Haviland DH-82 Tiger Moth também voou no Reino da Jugoslávia antes da 2.ª Guerra Mundial mas apenas em instituições civis e…como hidroavião na Marinha! Depois da guerra a britânica RAF forneceu 20 destes aparelhos à Força Aérea Jugoslava onde serviram até 1949, data em que alguns foram transferidos para a aviação civil. Este foi recebido do Aeroclube Nacional e pintado com as cores do centro de instrução da Força Aérea Jugoslava de Zadar (final anos 40).

O raríssimo Messerschmitt Bf 109 G-2, dos quais se conhecem dois no mundo! A Real Força Aérea da Jugoslávia adquiriu à Alemanha em 1939 e 1940 80 Me-109 E-3. No final da guerra a Jugoslávia e a Bulgária negociaram (e modificaram) vários destes aviões em várias versões que ficaram ao serviço até 1954. Este exemplar (versão G2 que apareceu em 1942) veio da Bulgária e esteve ao serviço até 1952, sendo então entregue ao museu. Em segundo plano um Hawker Hurricane Mk IV RP , tipo de avião que começou a chegar à Real Força Aérea da Sérvia antes da 2.ª Guerra Mundial e tiveram mesmo versões modificadas localmente em várias fábricas. Muitas destas aeronaves combateram no Norte de África e na Jugoslávia, onde serviram até 1952. Este do museu foi fabricado em 1943 e entregue ao museu após 1952.

Pilotos jugoslavos de Messerschmitt Bf 109.

As operações aéreas sobre a Jugoslávia durante a 2.ª guerra Mundial (1941) e os aviões do “Eixo” e Jugoslavos que ali combatiam. Curiosamente alguns modelos iguais estavam em campos opostos e …enfrentaram-se!

Supermarine Spitfire Mk Vc/Trop. Pilotos jugoslavos voaram Spitfire no Norte de África a partir de 1943 (ao serviço dos Aliados) e terminada a guerra, 65 destes aparelhos foram entregues à Jugoslávia onde voaram até 1952. Este depois de retirado foi primeiro entregue ao Museu Militar e em 1961 atribuído então ao Museu da Força Aérea Jugoslava.

Mais uma raridade! Yakovlev Yak-3 (Яковлев Як-3). Os primeiros 3 destes aviões chagaram à Jugoslávia vindos da URSS nos finais de 1944 e até 1945 mais 68 foram entregues. Voaram na Força Aérea Jugoslava até 1957 e este exemplar, construído em 1945, chegou ao museu nesse ano e é o único Yak 3 no mundo que está preservado de origem.

Ilyshin Il-2m3 Shturmovik (Ильюшин Ил-2м3), o “tanque voador”, que foi também o avião soviético construído em maior número na 2.ª Guerra Mundial (36.163 aparelhos). “Blindado” conseguia resistir a muito fogo anti-aéreo e era fortemente armado. Começaram a chegar à Jugoslávia em 1944 e terminado o conflito foi mesmo o principal tipo de avião que serviu na Força Aérea da Jugoslávia que recebeu mais de 300! Em 1955 deixaram o serviço e este chegou ao museu vindo da Bulgária em 1961.

O Ikarus S-49C foi desenvolvido a partir da rotura dos jugoslavos com a URSS em 1948 e os primeiros exemplares voaram em 1949 e 50 ainda com um motor soviético. Em 1952 já com um motor Hispano Suiza voaram novos protótipos. Foram construídos quer na fábrica Ikaro quer na Soko, mais de 100 em várias versões até 1954. Foram retirados com a chegada de aviões ocidentais mais modernos e em 1961 apenas um S-49C escapou à sucata, este! Entrou ao serviço em 1953, serviu em Ljubljana, Pula e Skopje, esteve num museu em Zagreb até 1981 quando por troca com um F-47 veio até Belgrado.

Ikarus Aero 2Be. Produzido em série a partir de 1948 (embora nascido em 1940) na fábrica Ikarus em Zemun, foram produzidos 271 em oito versões até 1953. Destinado à formação básica de pilotos, teve vida “operacional” curta, e a partir de 1959 começaram a ser entregues a aeroclubes, tendo o último voado até 1975. Este avião do museu entrou ao serviço em 1952 e este em Titograd, (Podgorica) e Niš, sendo depois oferecido ao Aeroclube de Kraljevo.

North American Harvard II B, mais um que bem conhecemos! Os pilotos jugoslavos começaram a voar neste avião no Norte de África em 1943, passando depois para os Hurricanes e Spitfires. Os aviões começaram a ser entregues à Força Aérea Jugoslava em 1945 e os últimos foram retirados em 1960. Este do museu foi obtido por troca, e está pintado como em 1945, na escola de pilotagem de Zadar.

Republic F-47D-40-RE Thunderbolt, que entraram ao serviço na Jugoslávia em 1951 e até 1961 nela serviram 150 destes aviões recebidos dos EUA. Este na imagem serviu em Pula e Sombor, tendo chegado ao museu em 1986.

O Soko 522, da fábrica “Soko” em Mostar, serviu entre 1958 e 1978, para formação básica e avançada de pilotos. Este está como nos anos 50 na base aérea de Batajnica e chegou ao museu em 1979.

Lockheed IT-33A-1LO. Os T-33 começaram a chegar em 1953, foram o primeiro jacto da Força Aérea Jugoslava e também o primeiro com cadeira de ejecção. Foram recebidos mais de 120 em várias versões. Os últimos 8 foram transformados em sucata em 1984. Este escapou foi entregue ao museu em 1979 depois de ter passado pelas bases aéreas de Batajnica, Pula, Skopje, Tuzla e Zagreb.

Republic F 84G-31-RE Thunderjet que serviu na Jugoslávia entre 1953 e 1974. Esteve operacional nas bases aéreas de Batajnica, Skopje, Zadar, Cerklje e Mostar (aqui já convertido para versão reconhecimento) e em 1974 fez o último voo para depois ser entregue ao museu.

North American F 86D-50-NA Sabre Dog. os Sabres de “nariz comprido” começaram a chegar em 1961 e voaram na Força Aérea da Jugoslávia até 1974. Dos 130 adquiridos aos EUA, 30 foram desde logo desmantelados para peças e 29 foram convertidos para reconhecimento tendo-lhes sido retirado o lançador de rockets (sob a fuselagem, ver na foto). Este exemplar chegou em 1961 à Jugoslávia e apenas serviu em Zagreb antes de chegar ao museu no final da sua carreira operacional.

Pára-quedas de abertura manual KLUZ PS-11. O fabrico de pára-quedas de diversos tipos remonta na Sérvia/Jugoslávia aos anos 30 do século XX, com a fábrica “Knebl & Dietrich”sob licença da Irwin/USA e alguns por concepção própria. Depois da 2.ª Guerra Mundial, em 1947, a fábrica foi nacionalizada, passou a denominar-se “Franjo Kluz” (localizada Belgrado) e retomou a produção. Até 1990 tinha produzido cerca de 44.000 pára-quedas de todos os tipos, 80% para exportação. A “asa” apresentada é um pára-quedas desportivo que pode também ser usado por unidades especiais.

Sikorsky/Westland WS-51 Mk-IB. O primeiro WS-51 Mk.1 chegou à Jugoslávia em 1954 vindo dos EUA e até 1960 foi o único helicópetro da Força Aérea, que recebeu 10. destinava-se ao transporte de pessoal e feridos e o último deixou o serviço em 1967. Este em concreto serviu em Pančevo, Mostar e Sombor, para em 1974 ser oferecido ao museu.

Míssil terra-ar Soko Vulkan. Como em muitos países outrora designados “de Leste” as suas Forças Aéreas garantiam (e garantem!) também a defesa anti-aérea. Aliás a Força Aérea da Sérvia designa-se hoje Força Aérea e de Defesa Anti-Aérea, o mesmo acontecendo com vários outros países não pertencente à NATO. Este míssil da fábrica Soko foi produzido a partir de 1958, designava-se R-25, e tinha um alcance de 30 quilómetros. Não foi um grande sucesso, acabou abandonado, optando-se pela importação e este é o único exemplar sobrevivente (de 12?).

N-60 Galeb (Gaivota) G-2А. Foram fabricados na Soko 248 destes aviões, 132 dos quais serviram na Força Aérea Jugoslava entre 1965 e 1981. Foram exportados para a Zâmbia e Líbia, um para a Indonésia e John Travolta comprou também um! Na Sérvia há um a voar que aparece nos festivais aéreos. Quando foi apresentado em 1963 no Air Show de Le Bourget, foi considerado por muitos o melhor jacto de treino dessa época. O que está exposto voou durante 20 anos fazendo 9.783 voos o último dos quais para se juntar ao museu.

O YUROM J-22H Orao (Águia), ocupa o espaço nobre do museu e foi o último caça a ser fabricado na Jugoslávia. O desenvolvimento deste caça foi feito em parceria com a Roménia e as aeronaves fabricadas nas jugoslavas “Soko”, em Mostar e “Utva” em Pančevo e na romena IAR, sendo os motores Rolls-Royce fabricados sob licença na Orao, Sarajevo. Os primeiros protótipos voaram no mesmo dia na Jugoslávia e na Roménia em 31OUT1974 e o avião foi apresentado publicamente no dia da Vitória em Belgrado a 9 de Maio de 1975. Foi o primeiro caça supersónico local, mas manteve-se sempre na categoria dos sub-sónicos uma vez que a baixas altitudes não tinha essa capacidade. Todas as variantes fabricadas podiam descolar e aterrar de pistas em relva (como o Galeb). Foram construídos 103 exemplares e é um avião ainda em uso. Este exemplar foi entregue ao museu em 1986.

Ikarus 451 II. Este invulgar projecto foi concebido com a finalidade de evitar os efeito “G” nos voos picados (tipo Stuka) ainda no período anterior à guerra. Depois da guerra foi desenvolvido e fabricados pela Ikarus dois protótipos, em que o piloto pilotava deitado. Primeiro voo em 1951, avião rápido e piloto suportou 9G’s sem problemas…mas o piloto não podia olhar para a retaguarda, tinha alguma dificuldade em respirar e pressão na zona da nuca. O aparecimento dos fatos “anti-G” veio contribuir para o abandono do programa. os dois protótipos construídos foram retirados em 1957. Este foi o segundo, voou a primeira vez em 1952, serviu durante dois anos e esteve em Rajlovak (Sarajevo).

Outro protótipo, o Ikarus 451MM Stršljen II (Zangão II), agora um aviação a reacção para acrobacia, derivado de um outro da mesma fábrica, o Zangão 1, para ataque ao solo. Voaram a partir de 1956 – aliás juntamente com vários outros protótipos que foram desenvolvidos neste inicio da aviação a jacto – mas que acabaram abandonados com a chegada dos aviões estrangeiros.

Dois dos painéis dedicados a antigas companhias aéreas comerciais que operaram durante o tempo da República Socialista Federativa da Jugoslávia.

Um Sud Aviation Se.210 Caravelle VIN que pertenceu à companhia aérea jugoslava JAT a partir de 1963 e deixou de voar em 1976 sendo entregue ao museu em 1977.

A área ao ar-livre tem algumas preciosidades e as condições são o que está à vista. Infelizmente isto repete-se em muitos museus do género. Em primeiro plano um dos dois Short S.A.6 Sealand Mk. I que a Jugoslávia recebeu e voaram entre 1951 e 1962, ano em que este veio para o museu e se tornou no único desta versão preservado no mundo! Em segundo plano, da esquerda: (frente) Kamov Ka-28PL; um avião ligeiro? ; Kamov Ka-25PL; (segunda linha) Mil Mi-8 / Миль Ми-8; Iljušin Il-14S / Ильюшин Ил-14С; (terceira linha): 2 Douglas C-47.

Junkers Ju 52/3m g10e. O primeiro “Julka” (designação local) foi capturado em 24/10/1944 quando a tripulação aterrou por engano em Tirana! Até ao final da guerra foram capturados mais 3 e depois do conflito adquiridos em França mais 4, um dos quais este que está no museu. Tiveram uso militar e civil, e o que aqui está – o último a ser afastado do serviço – voo pela última vez em 1965 exactamente para se juntar ao museu.

Douglas C 47B-35-DK. O “Dakota” entrou ao serviço da Força Aérea Jugoslava em 1944 e depois da guerra o seu número chegou aos 41, sendo retirados em 1976. Vários outros serviram em companhias civis na Jugoslávia. Este (em cima) serviu entre 1954 e 1976 quando foi entregue ao museu, que tem vários nas suas reservas em diferentes estados de conservação.

Iljušin Il-14S / Ильюшин Ил-14С. Este avião de passageiros construído na URSS a partir de 1950, foi introduzido na Força Aérea Soviética em 1958. Tinha várias versões da básica de Passageiros, VIP, Carga, Fotografia e a de Transporte de Pára-quedistas e ainda era usado para Reconhecimento Electrónico e Treino de Navegação. Só na URSS foram construídos mais de 3.500. Em 1957 6 aviões Il 14 de passageiros foram recebidos na Jugoslávia para serviço comercial onde serviram apenas até 1963 por serem considerados muito dispendiosos Este que está exposto é a versão VIP que o Presidente Soviético Nikita Khrushchev ofereceu em 1963 ao Presidente Jugoslavo, Josip Broz Tito, depois da normalização das relações entre os dois países. Até ser entregue ao museu este IL-14 fez apenas 166 voos e 113 horas.

Parte das reservas do museu, é só escolher! Olhando com alguma atenção identificamos (pelo menos): Folland Gnat F.Mk.1; Utva 66H; G2 Galeb; Mig 21; Soko 522; J-20 Kraguj; Kamov KA-28

Em baixo: um dos dois helicópteros Kamov Ka-28PL (NATO “Helix”) que serviram na Força Aérea Jugoslava a partir de 1987 sobretudo em missões de luta-anti submarina mas também dadas as capacidades dos seus sensores como “avião radar”. A base da esquadrilha anti-submarina ficava em Divulje/Split. Durante a guerra de 1992 foram usados para missões de vigilância dos paramilitares croatas na Bósnia. Ambos os helis foram retirados de serviço em 2000 e este veio directamente da sua unidade para aqui a voar…uma última vez. Em cima: Kamov Ka-25PL (NATO “Hormone-A”), dos quais a Força Aérea Jugoslava recebeu 6 unidades que foram atribuídos também à Esquadrilha anti-submarina de Divulje/Split. Em 1989 dois foram fazer a revisão à Rússia e nunca foram devolvidos. Com o inicio das operações militares nos anos 90 os restantes 4 foram transferidos para Podgorica, e em 1997 retirados do serviço activo. Em 1998 um voou para o museu e em 1999 a NATO atacou a base e destruiu os restantes 3.

Mi-4A / Миль Ми-4 (“Hond” – NATO). 24 destes helicópteros de origem soviética para transporte de pessoal e material – podendo ser armados – serviram na Força Aérea Jugoslava entre 1960 e 1976. Em 1965 4 deles foram equipados com um dispositivo para espalhar agentes químicos no âmbito do combate a uma praga florestal. Este MI 4 está no museu desde 1977.

Quando se aterra ou descola do Aeroporto Internacional Nikola Tesla há grandes possibilidades de ver o Museu Aeronáutico, não há nada que enganar!

 

 

 

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