MISSÕES EXTERIORES EM DESTAQUE
Por Miguel Machado • 26 Jan , 2009 • Categoria: 11. IMPRENSA Print
Uma nova política de comunicação em relação às missões exteriores levadas a cabo pelas Forças Armadas está em marcha. E já tardava como é reconhecido pelo próprio Chefe do Estado-Maior General das Força Armadas. O General Valença Pinto assumiu hoje no Restelo, perante uma plateia de jornalistas convocados para uma conferência de imprensa, o “pontapé de saída” para uma comunicação regular com os “média” e através destes com a população portuguesa. Finalmente, disse Valença Pinto, foi possível reunir condições, técnicas e outras, para voltar a colocar online – e renovada – a página internet do EMGFA que há longos meses estava em manutenção. “No nosso entendimento esta página internet será o elemento corrente de divulgação quotidiana das actividades do EMGFA e das Forças Nacionais Destacadas… o que nos interessa é chegar à opinião pública, aos portugueses, com transparência“, disse o CEMGFA, não descartando ainda a possibilidade de dar alguma regularidade aos encontros com a comunicação social.
A divulgação das missões exteriores em Portugal, ao contrário da generalidade dos países aliados, carecia sem dúvida de um impulso e este será certamente um primeiro passo na direcção certa. Quem queira saber mais sobre estas missões, de fonte oficial, volta a ter agora à sua disposição o www.emgfa.pt mas naturalmente, sendo positivo, não esgota as necessidades de informação de muitos. A presença – com a regularidade possível – de jornalistas nos teatros de operações, seria um dos possíveis passos seguintes. O povo português, o contribuinte, tem o direito de saber o que fazem seus militares em missões exteriores e isso, exceptuando o caso pontual das visitas de altas entidades aos teatros de operações, não tem vindo a acontecer. Mas sem dúvida que se parece estar no bom caminho. Note-se que na última década não há memória do CEMGFA convocar uma conferência de imprensa que não fosse para tratar dos dolorosos casos de baixas nos teatros de operações exteriores.
Usando um sistema de vídeo conferência foi possível aos jornalistas presentes colocar questões aos comandantes das forças no Kosovo, Líbano, Afeganistão e Mar do Norte. Embora o tempo disponível fosse escasso e as limitações técnicas deste tipo de equipamento não permitissem uma conversação fácil, alguma curiosidade sobre aspectos das missões foi ainda assim satisfeita e não ficaram perguntas sem resposta.
Seguiu-se uma visita ao Centro de Operações Conjunto, o local onde se acompanham, 24horas sobre 24horas, todas as missões exteriores nas quais Portugal tem unidades empenhadas em forças multinacionais. É também a partir daqui onde, em caso de necessidade, o CEMGFA pode exercer o comando operacional de uma força exclusivamente nacional, como por exemplo as operações de contingência em África. Aqui trabalham em sistema de turnos 20 oficiais e sargentos dos três ramos, podendo em caso de crise ser reforçado para responder às necessidades inerentes ao exercicio do comando e controlo das forças em operações.
Nova missão no Afeganistão
No decurso de uma comunicação de carácter organizacional e estatístico sobre as missões que os três ramos das Forças Armadas cumpriram em 2008 e uma previsão para 2009, ficou a saber-se que neste primeiro trimestre o nosso contingente no Afeganistão será aumentado dos actuais 34 militares, para um número não especificado mas que se julga não andará longe da centena. Actualmente a Operational Mentor and Liaison Team (OMLT) “de Guarnição” portuguesa – ou seja uma equipa de instrutores – apoia uma unidade do Exército Afegão nos arredores de Cabul, em Pol-i-Charki. Ali em instalações afegãs que albergam cerca de 3.000 militares, os portugueses formam 50 elementos do estado-maior dessa unidade que são responsáveis pelos aspectos logísticos e administrativos. Até Março será enviada uma nova OMLT mas destinada a apoiar a formação do estado-maior de uma brigada do Exército Afegão, denominada por isso “OMLT de Brigada”. Em princípio a sua actuação será também limitada à área da capital. Este novo empenhamento levará também à criação de um Módulo de Apoio e de uma Unidade de Segurança que passará a apoiar ambas as OMLT.
Também até Março próximo e pelo período de um ano, as Forças Armadas Portuguesas vão fornecer uma Equipa de Saúde que servirá, sob comando francês, no Hospital Militar do Aeroporto de Cabul.
Portugal disponibilizou-se ainda para enviar – se necessário – pelo período de três meses, entre Setembro e Novembro de 2009, um novo Destacamento Aéreo C-130 para apoiar o período eleitoral no Afeganistão.
SNMG 1
Iniciou-se em 23 de Janeiro de 2009 e decorre pelo período de 1 ano nova missão do Standing NATO Maritime Group 1 que merece destaque. Não só porque tem um comandante português, o Contra-Almirante Pereira da Cunha, como vai percorrer mares nunca antes navegados por unidades navais da NATO. A missão iniciou-se no Ferrol (Espanha), onde Pereira da Cunha recebeu o comando desta força de 8 navios – da Alemanha, Canadá, Dinamarca, Espanha, EUA, Noruega e Portugal – das mãos de um almirante espanhol, largou para o Atlântico Norte (onde se encontra nesta data), e actuará em diversos exercícios multinacionais, conduzirá operações de luta contra o terrorismo no Mediterrâneo Ocidental (Operação “Active Endeavour”) e seguirá viagem para o Índico, Sudoeste Asiático e Oceânia.
Além do comando da força e de oficiais no seu estado-maior a Marinha participa nesta força com duas fragatas da classe “Vasco da Gama”. Actualmente a “Álvares Cabral” incluindo o destacamento de voo (helicóptero Lynx MK95), uma secção de Fuzileiros e de uma equipa de mergulhadores-sapadores. A partir de Agosto a caberá à “Corte Real” da mesma classe, terminar a missão.
Miguel Machado é
Email deste autor | Todos os posts de Miguel Machado