KOSOVO: PORTUGAL REDUZ EFECTIVOS MAS MANTERÁ COMANDO DA “RESERVA TÁCTICA”
Por Miguel Machado • 29 Nov , 2010 • Categoria: 01. NOTÍCIAS PrintA Kosovo Force (KFOR) está novamente em processo de redução de efectivos e de reorganização territorial. Portugal, tudo indica, continuará a garantir a Reserva Táctica do Comandante da KFOR, mas vai partilhar parte dessa responsabilidade com a Hungria.
A Aliança Atlântica decidiu reduzir a sua presença no Kosovo, tendo em 29 de Outubro de 2010 tido lugar no comando da KFOR, em Pristina, o anúncio oficial das linhas gerais desse processo. A situação militar naquele país está relativamente estável podendo assim a dimensão da força ser adaptada às reais necessidades de segurança. Por outro lado também a retirada do terreno de alguns países que não reconheceram nem reconhecem a independência do Kosovo, levou a alterações no dispositivo.
Segundo declarações públicas do Ministro da Defesa Nacional, nomeadamente na recente cimeira da NATO em Lisboa, Portugal vai seguir as orientações da NATO e reduzir o seu efectivo na KFOR – embora em boa verdade, a nível nacional, essa decisão ainda careça de apreciação pelo Conselho Superior de Defesa Nacional. Mas, seja como for, não há aliás outra hipótese, se a Aliança decidiu reduzir, todos os seus membros são solidários na decisão e têm de a acatar no terreno. Agora do que se trata é de negociar o modo como isso vai ser feito e qual o resultado final para cada um dos contingentes que permanecem.
O comandante da KFOR, Major-General Erhard Bühler do Exército Alemão, forneceu várias indicações sobre o que se irá passar. Sendo certo que as decisões políticas finais sobre a matéria só serão tomadas pela NATO em Fevereiro/Março de 2011, desde já o comandante da KFOR anunciou:
– A redução acontece porque a situação é calma e a Policia do Kosovo e a EULEX (Missão da União Europeia no Kosovo) estão a levar as suas missões a bom termo;
– A redução total da KFOR será de aproximadamente 40%, passando dos 8.500 efectivos actuais para cerca de 5.000, na Primavera de 2011, altura conhecida neste processo pela designação “Gate 2”. Recorda-se que em 2001 a KFOR chegou a dispor de 42.000 militares no terreno.
– A KFOR vai incrementar a sua mobilidade, aeromobilidade, flexibilidade e capacidade de reacção, de modo a compensar a ausência de efectivos fixos em diversos lugares da área de operações e vai manter uma capacidade de reacção rápida (cerca de 200 militares) fora do país com capacidade de acudir a alguma emergência;
– O país vai passar a estar divido em duas áreas operacionais, uma a Oeste e outra a Este – em cada uma vai operar um “Multinational Battle Group” (MNBG)- sendo que actualmente actuam no Kosovo 5 MNBG’s (Norte, Sul, Este, Oeste e Centro, este último abrange a área do Comando da KFOR). Cada MNBG – organização implementada em Fevereiro de 2010 – é hoje em dia, “grosso modo”, um batalhão com várias companhias. No inicio das operações da NATO no Kosovo estes sectores estavam ocupados por brigadas que em 2006 foram reduzidas para “task forces” (o que seria um escalão intermédio entre brigada e batalhão).
– O comando da KFOR vai manter-se junto a Pristina em “Film City”, os comandos destes dois novos MNBG’s ficarão localizados em Camp Bondsteel e Camp Villagio Italia (ver mapa) e haverá 12 bases/quartéis que alojarão 15 unidades de escalão companhia.
– A reserva da KFOR será constituída (como até aqui) por duas unidades, a Multinational Specialized Unit (MSU – uma unidade de Carabinieri italianos, tipo Guarda Nacional Republica) e a KFOR Tactical Manoeuvre Battalion (KTM, o batalhão português) embora com alterações em termos de organização interna destas forças. A MSU será composta por italianos e austríacos e a KTM por portugueses e húngaros. Prevê-se que o comando de cada uma se mantenha como até agora, ou seja, Itália e Portugal, respectivamente.
– Portugal está em negociações com a Hungria no sentido de se acordarem detalhes em termos de efectivos e lugares, nomeadamente no Estado-Maior da KTM. Parece certo que empenhará uma companhia de atiradores e outra de apoio e a Hungria uma de atiradores.
Portugal tem neste momento no Kosovo:
O Brigadeiro-General Marco Serronha a desempenhar as funções de 2º Comandante da KFOR e mais 7 oficiais no Comando e Estado-Maior desta força em “Film City”, junto a Pristina;
O 1.º Batalhão de Infantaria Pára-quedista, sob o comando do Tenente-Coronel Paulo de Abreu com um efectivo de 294 militares, também aquartelado junto a Pristina, mas operando em toda a área de operações da KFOR, como Reserva Táctica do Comandante da KFOR.
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