IMPERIAL WAR MUSEUM LONDRES
Por Miguel Machado • 5 Jul , 2012 • Categoria: 03. REPORTAGEM, 14.TURISMO MILITAR PrintUma visita ao Imperial War Museum em Londres não é apenas tomar contacto com a história dos combates realizados pelas forças Britânicas e da Commonwealth depois de 1914 até aos dias de hoje, é também uma boa oportunidade para verificar quais são as actuais tendências seguidas por este tipo de instituições e como chegam ao grande público e…aos militares.
Começando exactamente por aqui, pelos militares. No decurso da visita, a um sábado de manhã, constatei que um grande número de militares, parte importante dos quais femininos, divididos em grupos de 30 ou mais, faziam uma visita guiada ao museu. Um oficial na reserva acompanhava cada um destes grupos explicando em detalhe aspectos/peças do museu. E até me pareceu que, mais tarde, aquilo seria objecto de alguma avaliação/trabalho, uma vez que vários militares tiravam notas… Na realidade nos tempos que correm, lá como cá, com o ensino de história que anda pela Escola, aquilo que se costuma designar por “cultura geral militar”, ou é ensinada “na tropa” ou pura e simplesmente desaparece. O patriotismo ensina-se e aprende-se.
O museu faz parte de um conjunto de cinco “Imperial War Museums“: em Londres o HMS “Belfast” ancorado no Tamisa – um cruzador ligeiro que participou 2.ª Guerra Mundial e Guerra da Coreia – e o “Churchill War Rooms”; perto de Cambridge o “IWM Duxford” – uma antiga base aérea convertida em museu do ar mas também de meios terrestres, por exemplo blindados; em Manchester o “IWM North” – com apenas 10 anos de existência – e que se distingue pela sua arquitectura arrojada e por prestar bastante atenção aos conflitos mais recentes.
O IWM Londres tem galerias de arte – onde não se podem captar imagens -, áreas para exposições temporárias, um Arquivo Nacional (documentos, fotografias, filmes, sons, livros e inventário dos monumentos militares britânicos) e Centro de Investigação. O edifício do antigo Bethlem Royal Hospital foi transformado para albergar o museu em 1936, tendo desde 1920, quando foi criado, estado instalado em outros locais da capital do Reino Unido.
O museu tem acesso gratuito (uma ou outra exposição nas galerias pode ser paga mas quando ali estivemos isso não acontecia), embora em vários locais se faça apelo a doações em dinheiro e se explique que o financiamento da instituição assenta muito em patrocínios, mecenas, na Liga dos Amigos e no trabalho voluntário.
Os 6 pisos estavam assim guarnecidos em Junho de 2012:
Piso da entrada – As principais peças em termos de dimensões (misseis, carros de combate, artilharia, aeronaves, mini-submarinos, etc), exposições temporárias dedicadas a “Servir no Afeganistão” – na actualidade – “Vida Familiar em Tempos da 2.ª Guerra Mundial” e “Memória do 11 de Setembro”. É também neste piso que se encontra a loja do museu, o café e um simpático self-service nada caro para os padrões locais. Como se pode observar nas fotos que publicamos este piso dá acesso a um enorme hall central (até à cúpula do edifício) que permite a exposição suspensa de várias peças (aeronaves, balões, bomba voadora) que podem ser observadas de todos os ângulos consoante se vai subindo aos pisos superiores.
Cave – É uma área enorme, dividida em pequenas salas repletas de vitrinas com objectos museológicos e muitíssima informação. Para quem se recorda, faz um pouco lembrar os antigos e labirínticos Centros Comerciais! Aqui estão os sectores dedicados à 1ª Guerra Mundial, 2.ª Guerra Mundial, Conflitos desde 1945, Monty (Montegomery) mestre do campo de batalha, 1939, salas experiência nas trincheiras (1914-18) e experiência durante o “Blitz” (Londres sob bombardeamento). Estas últimas são “salas escuras” onde foram construídas representações com alguns elementos em tamanho real (casas, armas, soldados, etc.) e por onde os visitantes passam em grupo e são sujeitos a um jogo de luzes e sons.
Piso 1 – Guerra Secreta – área muito desenvolvida das acções da espionagem britânica na 2.ª Guerra Mundial e conflitos seguintes e da das forças especiais. Neste piso há também uma área dedicada à temática “sobreviver no mar” e apresenta ainda peças de dimensões razoáveis vindas de vários conflitos, da 2.ª Guerra Mundial às Falklands.
Piso 2 – Quando visitamos o IWM London já tinham encerrado as exposições fotográficas “Moldados pela guerra” (fotografias de Don McCullin, consagrado foto-repórter britânico com mais de 50 anos de carreira); “Esta tempestade a que chamamos progresso” (fotografias de Ori Gersht, fotógrafo de origem israelita mas residente em Londres) mas estavam abertas a galeria “Jonh Singer Sargent Room” – com uma exposição de quadros de vários autores feitos no decurso da 1.ª Guerra Mundial, na Europa e colónias britânicas, obras de arte encomendadas pelo governo a conceituados artistas de então para retratar a guerra – e uma pequena sala onde se projectava um filme sobre Crimes Contra a Humanidade em vários pontos do globo. Parte significativa da grande e detalhada sala dedicada ao Holocausto e a todo o complexo sistema destinado a exterminar os judeus alemães e dos países ocupados (a entrada é pelo piso 3) é também neste piso.
Piso 3 – Sala Holocausto que inclui o percurso de Hitler e do Partido Nacional Socialista no seu caminho para o poder na Alemanha, a sua organização e práticas, com destaque para a perseguição ao povo judeu.
Piso 4 – Galeria Lord Ashcroft com a exposição “Heróis Extraordinários”, um repositório muito interessante de pequenas-grandes histórias heróicas dos que receberam as mais altas condecorações (a Victoria Cross, militar e a George Cross, civil), através das suas medalhas, fotos, mensagens, armas, equipamentos e vários objectos diversos. Muitos foram condecorados a título póstumo, outros sobreviveram gravemente feridos. Esta galeria do museu foi construía com uma doação de 5 milhões de libras (cerca de 6.350.000 €) de Lord Ashcroft (milionário, empresário, politico e filantropo britânico), possuidor da maior colecção conhecida de medalhas em causa a que se juntaram muitas propriedade do museu. As medalhas foram atribuídas desde a Guerra da Crimeia às do Iraque e Afeganistão dos nossos dias, estando expostas com o objectivo de “fazer pensar, inspirar e surpreender voltando a contar histórias de bravura mostrando que quando confrontados com situações extremas, algumas pessoas podem fazer coisas extraordinárias”.
Caro leitor,
Se passar por Londres e tiver pelo menos uma manhã ou uma tarde livre, não deixe de incluir este museu na sua agenda, mesmo que o ideal, para “processar” o manancial de informação exposta, seja lá passar um dia inteiro! Enquanto isso não acontecer, aqui fica a nossa reportagem.
Miguel Machado é
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