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GRANDE GUERRA – 1914 A 1918 (II)

Por • 4 Mar , 2011 • Categoria: 05. PORTUGAL EM GUERRA - SÉCULO XX Print Print

ORGANIZAÇÃO E OBJECTIVOS
AS PRIMEIRAS EXPEDIÇÕES
Em 18 de Agosto de 1914 tendo sido declarada a Grande Guerra, o governo português, entendeu que dada as circunstâncias pouco normais do momento, era necessário guarnecer e reforçar diversos postos de fronteira no norte de Moçambique e no sul de Angola, para o que deu ordens que se organizassem duas colunas expedicionárias.

Grupo de sargentos expedicionários In: Ilustração Portuguesa (Colecção particular)

Grupo de sargentos expedicionários In: Ilustração Portuguesa (Colecção particular)

Uma semana depois da declaração de guerra e apesar de Portugal ser neutral, os alemães atacaram o posto português de Maziú no norte de Moçambique, tendo sido mortos alguns soldados da respectiva guarnição, entre eles, o sargento comandante do posto.
Neste sentido pela publicação na Ordem do Exército n.º 19 de 21 de Agosto de 1914, foram colocados à disposição do Ministério das Colónias dois destacamentos mistos, um destinado a Angola e o outro a Moçambique.

O desfile das tropas expedicionárias pela Avenida da Liberdade (Colecção particular)

O desfile das tropas expedicionárias pela Avenida da Liberdade (Colecção particular)

ANGOLA
OBJECTIVOS
Enviaram-se duas expedições: Operações no Sul em 1914, comandada pelo Tenente-Coronel do Estado-Maior Alves Roçadas, Governador do Distrito de Huíla; e a Campanha do Sul de 1915, comandada pelo General António Júlio Pereira de Eça. Além destas duas grandes campanhas ainda houve outras de menor importância contra algumas rebeliões autóctones instigadas pelos alemães contra a administração portuguesa.

A Colónia Portuguesa de Angola

A Colónia Portuguesa de Angola

A primeira expedição teve como objectivo assegurar a ordem pública e a integridade da colónia, ocupando-se toda a região além Cunene. E a oposição ao avanço de forças estrangeiras no nosso território, organizou-se uma coluna que se concentrou em Huíla com a intenção de executar a ocupação da Cuanhama, contudo esse objectivo foi alterado devido aos incidentes de Naulila e Cuangar, assim as tropas tiveram que se dirigir para a fronteira sul a fim de guarnecer a linha Naulila – Donguena.

Oficias e enfermeiros da Cruz Vermelha que foram para Angola (Colecção particular)

Oficias e enfermeiros da Cruz Vermelha que foram para Angola (Colecção particular)

A segunda expedição teve novamente como objectivo o sul, para fazer face a uma nova investida alemã, mas também para pacificar as regiões sublevadas, tendo sido as principais operações, entre outras, os 1.º, 2.º e 3.º combates de Mongua, a marcha para a conquista das Cacimbas de Mongua, o ataque e ocupação da Embala de N’Giva, o combate da Chana de Inhoca, a reocupação do forte do Cuamato, etc.

Os últimos "adeus" dos expedicionários In: Ilustração Portuguesa (Colecção particular)

Os últimos "adeus" dos expedicionários In: Ilustração Portuguesa (Colecção particular)

ORGANIZAÇÃO
OPERAÇÕES NO SUL DE ANGOLA EM 1914
– Quartel-General
– 3.º Batalhão do Regimento de Infantaria n.º 14
– 3.º Esquadrão do Regimento de Cavalaria n.º 9
– 2.ª Bateria do Regimento de Artilharia de Montanha
– 2.º Bateria do 1.º Grupo de Metralhadoras
– 1.º Grupo de Companhias de Saúde (1)
– 1.º Grupo de Companhias de Administração Militar (1)
(1) Forneceriam respectivamente as praças dos serviços de saúde e administrativos necessários.

AUMENTO DE EFECTIVOS:
Pela Ordem do Exército n.º 20 de 24 de Agosto de 1914, foi publicado o Decreto que aumentou o efectivo do destacamento:
– Quartel-General
– Regimento de Sapadores Mineiros
– Batalhão de Telegrafistas de Campanha
– 1.º Grupo de Tropas de Administração Militar (2)
– 1.º Grupo de Metralhadoras, 2.ª Bateria.
(2) Equipagens e subsistência

Mais um envio de tropas para Angola, juntando-se à coluna do Coronel Roçadas Foto de uma revista da época (Colecção particular)

Mais um envio de tropas para Angola, juntando-se à coluna do Coronel Roçadas Foto de uma revista da época (Colecção particular)

CAMPANHA DO SUL DE ANGOLA EM 1915
1.º REFORÇO:
– 1.ª Bateria do Regimento de Artilharia de Montanha
– 3.ª Bateria do Regimento de Artilharia de Montanha
– 3.º Esquadrão do Regimento de Cavalaria N.º 11
– 3.º Batalhão do Regimento de Infantaria n.º16
– 3.º Batalhão do Regimento de Infantaria N.º 17
– 2.ª Bateria do 2.º Grupo de Metralhadoras
– 2.ª Bateria do 3.º Grupo de Metralhadoras
– 3.º Grupo de Companhias de Saúde

As praças despedem-se das famílias que estão no cais...In. Ilustração Portuguesa (Colecção particular)

As praças despedem-se das famílias que estão no cais...In. Ilustração Portuguesa (Colecção particular)

2.º REFORÇO:
– 8.ª Bateria de Artilharia n.º 1
– 8.ª Bateria de Artilharia n.º 2
– 6.ª Bateria de Artilharia n.º 3
– 5.ª Bateria de Artilharia n.º 7
– 5.ª Bateria de Artilharia n.º 8
– 3.º Esquadrão de Cavalaria n.º 3
– 3.º Esquadrão de Cavalaria n.º 4
– 3.º Batalhão de Infantaria n.º 18
– 3.º Batalhão de Infantaria n.º 19
– 11ª e 12ª Companhias de Infantaria n.º 20
– 1.ª Bateria do 1.º Grupo de Metralhadoras
– 1ª e outra (a organizar) Baterias do 2.º Grupo de Metralhadoras
– 1.ª Bateria do 3.º Grupo de Metralhadoras
– 2.ª Bateria do 6.º Grupo de Metralhadoras

Grupo de expedicionários de Infantaria n.º 18 que partiram para Angola In: Ilustração Portuguesa (Colecção particular)

Grupo de expedicionários de Infantaria n.º 18 que partiram para Angola In: Ilustração Portuguesa (Colecção particular)

MOÇAMBIQUE
OBJECTIVOS
Foram enviadas quatro expedições: a primeira em Outubro de 1914 que foi comandada pelo Tenente-Coronel de Artilharia Pedro Massano de Amorim. Esta expedição não tinha um objectivo definido, limitando-se a colaborar com as forças locais, estabelecendo as comunicações e postos militares na margem sul do rio Rovuma, tendo desenvolvido especial actividade na construção de estradas e linhas telegráficas.

A Colónia Portuguesa de Moçambique

A Colónia Portuguesa de Moçambique

A segunda em Outubro de 1915, foi comandada pelo Major de Artilharia José Luís de Moura Mendes, teve como objectivo a ocupação de Quionga e dos territórios ao norte do rio Rovuma, e, seguidamente o ataque decisivo ao núcleo principal alemão de Tábora, em combinação com as forças inglesas com as quais se deveriam fazer a junção ao norte de Songea. Contudo só em parte é que se conseguiram atingir os objectivos propostos, principalmente a ocupação em 10 de Abril de 1916 de Quionga, que os alemães já tinham abandonado e que posteriormente foi também abandonado por nós.

Expedicionários divertindo-se a bordo de um navio (Colecção particular)

Expedicionários divertindo-se a bordo de um navio (Colecção particular)

Quanto à ocupação dos territórios ao norte do Rovuma tentada em conjugação com as forças de desembarque do cruzador Adamastor e a Canhoneira Chaimite, bem assim como outras unidades locais, não pode ser levada a efeito por as nossas forças terem sido violentamente hostilizadas pelos alemães quando tentavam atravessar o Rovuma, ficando assim prejudicado o projectado ataque a Tábora.

O Batalhão de Infantaria n.º 23 embarca com destino a Moçambique In: Ilustração Portuguesa (Colecção particular)

O Batalhão de Infantaria n.º 23 embarca com destino a Moçambique In: Ilustração Portuguesa (Colecção particular)

A terceira, em Junho de 1916, dirigida pelo comandante General José César Ferreira Gil e a quarta, em 1917, comandada pelo Coronel de Cavalaria Tomás de Sousa Rosa. Para estas duas foi fixado um único objectivo, cooperação com as forças aliadas participando na campanha, o que se conseguiu, por terem atraído sobre si uma parcela das forças alemãs aliviando desta forma os ingleses e belgas, além de, na terceira expedição, ter-se chegado a ocupar Nevala, Manani, etc., ocupações estas que não se puderam manter.

O Batalhão do 24 de Infantaria a caminho do embarque In: Ilustração Portuguesa (Colecção particular)

O Batalhão do 24 de Infantaria a caminho do embarque In: Ilustração Portuguesa (Colecção particular)

ORGANIZAÇÃO
PRIMEIRA EXPEDIÇÃO EM 1914:
– 4.ª Bateria de Artilharia de Montanha
– 4.º Esquadrão de Cavalaria n.º 10
– 3.º Batalhão de Infantaria n.º 15
– Engenharia
– Companhia de Saúde
– Administração Militar
SEGUNDA EXPEDIÇÃO EM 1915:
– 5.ª Bateria de Artilharia de Montanha
– 4.º Esquadrão de Cavalaria n.º 3
– 2.ª Bateria do 7.º Grupo de Metralhadoras
– 3.º Batalhão de Infantaria n.º 21
– Companhia de Engenharia
– Companhia de Equipagens
– Companhias de Subsistência
– Companhia de Saúde

(Colecção particular)

(Colecção particular)

TERCEIRA EXPEDIÇÃO EM 1916:
– Companhia Mista de Engenharia
– Secção de Telegrafistas Sem Fios
– 1.º Grupo de Artilharia (comando)
– 2.º Grupo de Artilharia (comando)
– 1.ª Bateria de Artilharia de Montanha
– 2.ª Bateria de Artilharia de Montanha
– 4.ª Bateria de Artilharia de Montanha
– 1.ª Bateria do 4.º Grupo de Metralhadoras
– 1.ª Bateria do 5.º Grupo de Metralhadoras
– 2.ª Bateria do 8.º Grupo de Metralhadoras
– 3.º Batalhão de Infantaria n.º 23
– 3.º Batalhão de Infantaria n.º 24
– 3.º Batalhão de Infantaria n.º 28
– Companhias de Infantaria n.º 21 (duas)
– Hospital Provisório
– Ambulância
– Padaria
– Companhia de Automóveis
– Serviço Veterinário

Forças militares aguardam o embarque rumo a Moçambique (Fotografia de colecção particular)

Forças militares aguardam o embarque rumo a Moçambique (Fotografia de colecção particular)

QUARTA EXPEDIÇÃO EM 1917:
– Companhia de Engenharia
– Baterias de Artilharia de Montanha (duas)
– Baterias de metralhadoras (duas)
– 3.º Batalhão de Infantaria n.º 29
– 3. º Batalhão de Infantaria n.º 30
– 3.º Batalhão de Infantaria n.º 31
– Um grupo de graduados para um esquadrão e vinte companhias de indígenas de infantaria.

"Pela Pátria" - Poema de Esmeralda Santiago Ilustração de Stuart Carvalhais In: Ilustração Portuguesa n.º 456 de 16 de Novembro de 1914 (Colecção particular)

"Pela Pátria" - Poema de Esmeralda Santiago Ilustração de Stuart Carvalhais In: Ilustração Portuguesa n.º 456 de 16 de Novembro de 1914 (Colecção particular)

Texto e ilustrações de Manuel Ribeiro Rodrigues / Blog Grande Guerra 1914 A 1918

Leia aqui a parte I e III deste artigo no “Operacional”:

GRANDE GUERRA – 1914 A 1918 (I)

GRANDE GUERRA – 1914 A 1918 (III) UNIFORMES

GRANDE GUERRA – 1914 A 1918 (IV) UNIFORMES (II)

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