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FORÇA PORTUGUESA NA REPÚBLICA CENTRO AFRICANA

Por • 18 Mar , 2018 • Categoria: 04 . PORTUGAL EM GUERRA - SÉCULO XXI, EM DESTAQUE Print Print

A 3.ª Força Nacional Destacada portuguesa na República Centro Africana, projectada para este país no início de Março de 2018, tem estado nestas duas primeiras semanas de missão a preparar-se para muito em breve iniciar a actividade operacional e ao mesmo tempo a concluir a sua instalação naquela que vai ser a sua base principal nos próximos 6 meses, campo M’Poko, Bangui, RCA. A FND na MINUSCA (United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in the Central African Republic) é em 80% constituída por militares paraquedistas da Brigada de Reação Rápida mas integra também elementos das armas e serviços do Exército e um Destacamento de Controlo Aéreo Táctico da Força Aérea Portuguesa.

A 3.ª FND portuguesa na RCA está a dias de atingir a Full Operational Capability (FOC) e iniciar o emprego operacional às ordens do comandante da MINUSCA.

A rendição da força teve lugar no passado dia 6 e até agora os militares recém-chegados dedicam-se às normais tarefas nestas circunstâncias, quer as de carácter logístico quer as viradas para a parte operacional. Instalação no “campo M’Poko” junto ao aeroporto internacional de Bangui, capital da República Centro Africana (RCA), adaptação ao país nomeadamente ao clima tropical e condições de vida nesta região, mas também desde logo a executar uma série de exercícios e formação só ali possíveis, treino de interoperabilidade com outras forças em presença, nomeadamente as que devem participar em operações com a Força de Reacção Rápida portuguesa, e reconhecimentos a vários pontos do país com interesse para a previsível futura actividade operacional.

Sem queremos ser exaustivos podemos exemplificar com algumas actividades até já treinadas em Portugal mas agora com as condições próprias do teatro de operações, como o treino de condução e recuperação de viaturas, socorrismo, comunicações com os terminais satélite, sessões de tiro para aferir as armas com miras mecânicas e holográficas, treino de condução nocturna utilizando aparelhos de visão nocturna, treino de “Close Air Support” com Força Aérea Francesa, testes do plano de carregamento para projecções auto de longa duração e, nunca é demais, treinar as técnicas, tácticas e procedimentos em diferentes situações como Reacção a Emboscada, Patrulhas em Áreas Urbanas, Patrulhas em Áreas Rurais, Reconhecimento de Itinerários e Planos de Defesa (das instalações).

Aspecto da carreira de tiro de Kassai. Regulação das armas e o treino de tiro.

A espingarda HK G-3 7,62mm que este militar pára-quedista utiliza foi melhorada com alguns acessórios. Outras há que também dispõem de alças holográficas.

Deslocamento em MI 17 paquistanês para a região de Paoua.

O aspecto de certas regiões é este: destruição causada pela guerra

O ambiente multinacional, com militares de países e realidades muito diferentes das nossas é um desafio sempre um à interoperabilidade neste tipo de missões.

Os militares portugueses da 3.ª FND na RCA estão a dias de iniciar a actividade operacional.

A Força Nacional Destacada portuguesa na MINUSCA (United Nations Multidimensional Integrated Stabilization Mission in the Central African Republic) é em 80% constituída por militares paraquedistas da Brigada de Reação Rápida mas integra também elementos das armas e serviços do Exército e um Destacamento de Controlo Aéreo Táctico da Força Aérea Portuguesa.

A missão genérica da Força de Reação Rápida é actuar como força de primeira intervenção do Comandante da MINUSCA em todo o território da RCA. Esta força multinacional das Nações Unidas tem cerca de 12.000 militares sob o comando do Tenente-General do Exército do Senegal, Balla Keïta e também os sectores civis num total de mais de 13.000 pessoas.

Os helicópteros paquistaneses ao serviço da MINUSCA são dos poucos meios aéreos disponíveis nesta força multinacional. Os militares portugueses do Destacamento de Controlo Aéreo Táctico, usam a espingarda HK 416 5,56mm.

Chegada à pista de Paoua, a cerca de 500 km de Bangui.

EUTM-RCA

Ainda na República Centro Africana Portugal dá também um contributo importante para a formação e treino das Forças Armadas locais no âmbito da EUTM-RCA, assegurando mesmo o comando da força durante 2018, sendo este um caminho obrigatório para a solução de médio e longo prazo dos problemas de segurança do país.

No dia 10MAR2018 a 3.ª FND recebeu no campo de M’Poko, o comandante da EUTM-RCA Brigadeiro-General Hermínio Teodoro Maio, n sua qualidade de representante militar português mais antigo na região da República Centro-Africana.

Militares da EUTM-RCA, nomeadamente um português, no passado dia 9 de Março em Camp Kassai no decurso de uma demonstração das acções de formação com as Forças Armadas da RCA

Delegação do Comité Politico e de Segurança da União Europeia de visita à EUTM-RCA em 9 de Março de 2018.

 

Portugal na RCA, a RCA na comunicação social de Portugal

As missões militares portuguesas na República Centro Africana iniciaram-se muito discretamente em 2016 com a participação na EUTM-RCA mas desde que integramos a missão das Nações Unidas em Janeiro 2017 ganharam entre nós alguma relevância pública. Desde logo pelo acompanhamento que titulares de altos cargos políticos com grande capacidade de mobilizar a atenção dos média, como o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas, o Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa Nacional, fizeram durante a preparação da força em Portugal. Tratou-se de um Contingente maioritariamente composto por militares do Regimento de Comandos, unidade que havia estado envolvida em grande polémica pública relacionada com a morte de dois instruendos num Curso de Comandos. Presidência da República e Governo – contrariando até alguns apoiantes do governo – demonstraram assim pública e reiteradamente a sua confiança nesta que é uma das unidades de elite do Exército, destinada como as Tropas Pára-quedistas e as Operações Especiais ao chamado “primeiro emprego”, a intervenção imediata em caso de necessidade. Há muitos anos que não havia uma tão expressiva manifestação pública de apoio a uma Força Nacional Destacada antes de iniciar uma missão. Será preciso recuar à Bósnia em 1996 e a Timor-Leste em 2000 para se encontrar semelhante atenção.

O Primeiro-Ministro e o Ministro da Defesa Nacional visitaram a 1.ª FND  na RCA logo bem no início da missão, ainda antes do seu emprego operacional, reforçando o empenho político nesta missão em prol das Nações Unidas e naturalmente na força nacional empregue. Também nesta ocasião os média convidados acompanharam os governantes, e novamente a missão teve grande cobertura mediática.

O desempenho operacional na RCA quer da 1.ª FND quer da 2.ª, também maioritariamente composta por militares Comandos, dificilmente podia ser melhor e isso foi sendo transmitido para Portugal pelo comandante da MINUSCA, por escrito, documentos que tiveram natural e justamente grande divulgação nos media portugueses o que também contribuiu para a relevância pública desta missão. Por várias vezes os titulares políticos já referidos expressaram para os órgãos de comunicação social, quer em Portugal quer até no estrangeiro o seu apreço pelo modo como estes militares se haviam comportando na RCA.

As relações públicas da MINUSCA com a publicação de notícias sobre a FND portuguesa (neste caso “frame” de um video sobre a 2.ª FND)  no seu site, depois replicadas entre nós por entidades pública e privadas – entre as quais o Operacional – também contribuíram para a divulgação da força portuguesa.

No decurso da 1.ª FND um militar Comando foi ferido numa operação e posteriormente evacuado para Portugal pela Força Aérea, assunto que como é normal causou alguma preocupação e assim também teve cobertura mediática. 

No início de Janeiro de 2018 com o reforço da participação portuguesa na missão da EUTM-RCA quer em número de militares quer sobretudo por ser um oficial general português a comandar esta força, facto que já não acontecia há alguns anos – um general português comandar uma força multinacional em missões de paz – também voltou a colocar a RCA nos holofotes da imprensa portuguesa.

Mesmo que raras tivessem sido as reportagens de vários dias no terreno por jornalistas portugueses – num ano recordamos uma excelente reportagem da TVI, uma outra mais modesta mas interessante da RTP e uma outra de uma jornalista belga – na realidade a RCA tem tido para as Forças Armadas uma exposição pública que já não se via há uns anos nas missões exteriores. E ainda bem, é bom que o povo português saiba onde andam os seus militares! O que estão de facto a fazer em boa verdade só se conseguirá se jornalistas portugueses puderem acompanhar com alguma regularidade as forças em operações, mas ainda assim já é relevante o que se tem passado neste campo.

A reportagem da TVI “Guerra Esquecida” deu uma boa imagem quer da situação geral na RCA quer da actuação das forças portuguesas.

O normal nestas missões é o interesse jornalístico ir diminuindo se as coisas forem correndo bem! Claro que se houver desgraças as atenções vão imediatamente virar-se para o terreno. Esperemos que não, que tudo continue a correr bem, muito bem, até porque tudo indica a atenção mediática irá manter-se por mais algum tempo. O Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas,  prometeu publicamente, ainda na Serra da Carregueira em Dezembro de 2016 durante a sua segunda visita à 1.ª FND (em Maio anterior já a havia visitado na Amadora) que iria visitar a força. Os acontecimentos dramáticos porque Portugal passou no verão passado certamente tiveram influência na não-concretização desta vontade, mas é bem provável que isso venha a acontecer durante a presença da actual FND e…lá virá de novo o assunto RCA para as primeiras páginas e abertura de telejornais!

Os titulares dos cargos políticos têm a capacidade de atrair a atenção dos órgãos de comunicação social para as missões exteriores. Em 24 de Maio de 2016 o PR visitou o Exército no Comando das Forças Terrestres e a FND em preparação para a RCA e em 21 de Dezembro 2016 procedeu à entrega do Estandarte Nacional a esta mesma FND, agora  na Serra da Carregueira, tudo acompanhado pela generalidade dos OCS nacionais (Foto Presidência da República).

 

Sobre a actividade recente das tropas portuguesas na RCA leia também no Operacional:

PÁRAS PRONTOS PARA A REPÚBLICA CENTRO AFRICANA
DEFESA NACIONAL E FORÇAS ARMADAS, O PIOR E O MELHOR DE 2017
MILITARES PORTUGUESES EM ÁFRICA AO SERVIÇO DA ONU E UE
BRIGADEIRO-GENERAL PORTUGUÊS COMANDA EUTM-REPÚBLICA CENTRO AFRICANA
MISSÃO NA RCA – REPÚBLICA CENTRO AFRICANA

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