EXPOSIÇÃO “TESTEMUNHOS DE UM TEMPO” – MISSÃO NO AFEGANISTÃO
Por Miguel Machado • 5 Dez , 2014 • Categoria: 04 . PORTUGAL EM GUERRA - SÉCULO XXI, 14.TURISMO MILITAR PrintPor ocasião da cerimónia que assinalou o final da participação portuguesa na missão da NATO no Afeganistão, abriu ao público uma exposição subordinada ao título “Testemunhos de um Tempo, Forças Armadas Portuguesas no Afeganistão – International Security Assistance Force“. O Operacional foi ver.
A exposição está aberta ao público no Forte do Bom Sucesso, junto à Torre de Belém, um dos locais mais visitados de Lisboa, e onde se enquadra o Monumento aos Mortos do Ultramar. É no interior do Forte e Museu do Combatente, mantido pela Liga dos Combatentes, na sala Aljubarrota, que vamos encontrar esta memória fotográfica dos 12 anos em que os militares portugueses estiveram no Afeganistão.
A exposição é um conjunto de fotografias relativas às diferentes fases da missão, um monitor de televisão – quando lá estivemos passava um filme sobre o destacamento C-130 – e 3 manequins. Parece-nos evidentemente muito pouco para ilustrar tanto tempo de missão. Claro que desconhecemos os meios que foram dados a quem teve a responsabilidade de montar o que ali está. Conhecendo a instituição militar, até não custa a crer que o trabalho desenvolvido, face aos meios e tempo disponíveis, possa ter que ser considerado brilhante! Agora a realidade é que o visitante sai dali com alguma decepção. Não tanto pelo que está – embora aquilo que parece ser o manequim do Exército (não está identificado), esteja numa situação algo ridícula, porque há um ausência total de explicação – mas talvez mais pelo que não está. Não há uma única peça/artigo trazido do teatro de operações, subentende-se que há um manequim de cada ramo porque – para quem conhece – consegue-se identificar que um é da Força Aérea e outro é dos Fuzileiros, não há peças de equipamento nem de armamento. Não há um mapa do teatro de operações…Salvam-se as fotografias, algumas de boa qualidade, e um ou outro detalhe bem concebido (as tabuletas, por exemplo, a lembrar “Camp Warehouse” em Kabul), mas fica a ideia mais de álbum cronológico de recordações pessoais, aleatórias, do que realmente uma ideia do que foi a missão e o esforço pedido aos militares para a cumprirem, com diferentes episódios, que deviam ser explicados ao visitante.
Estou certo que com mais tempo, nos museus militares dos ramos das forças armadas, o Afeganistão deve ganhar o seu espaço – foram 12 anos, mais de 3.100 militares, 2 mortos e vários feridos – como também deve ser objecto de edição oficial sobre a missão.
As novas campanhas das Forças Armadas Portuguesas já duram há mais anos do que durou a guerra no antigo Ultramar e a sua memória tem que começar já a ser preservada pelas instituições que têm essa obrigação. Este tipo de exposições podem ser o catalisador da recolha de elementos. Os relatórios elaborados diariamente pelos diferentes contingentes – e se a nossa participação foi realmente multifacetada! – devem constituir a base desse trabalho, rigoroso, que transmita aos vindouros o que foi o esforço – mas também, as limitações – do militar português naquelas longínquas paragens, porque o seu país assim o determinou.
Quer ver outra exposição sobre o Afeganistão no Operacional? Clique em: “GUERRA VIVIDA, GUERRA SENTIDA”, UM COMANDO NO AFEGANISTÃO
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