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ENGENHARIA MILITAR TESTA CAPACIDADES

Por • 2 Jun , 2015 • Categoria: 03. REPORTAGEM, EM DESTAQUE Print Print

A transposição de obstáculos naturais ou construídos pelo homem é uma das capacidades da Engenharia Militar, quer no campo de batalha naquilo que se designa por “Apoio de Combate”, quer no apoio a entidades civis, usualmente em situação de emergência grave e a pedido da Autoridade Nacional de Protecção Civil. O “Orion 15” está em curso, terá influência em dois grandes exercícios multinacionais que se realizarão em Portugal, e será objecto de trabalho mais desenvolvido no “Operacional”. Aqui fica um aspecto sectorial mas importante, um teste às capacidades da Engenharia Militar do Exército Português.

Pandur II 8X8 12,7mm, deixa o trem de navegação e vai deslocar-se na "cabeça-de-ponte" já montada pelas forças do Batalhão PANDUR/NRF 16 que a antecederam.

Pandur II 8X8 12,7mm, deixa o trem de navegação e vai deslocar-se na “cabeça-de-ponte” já montada pelas forças do Batalhão PANDUR/NRF 16 que a antecederam.

Neste grande exercício que decorre de 18 de Maio a 4 de Junho, nos concelhos de Abrantes, Constância, Chamusca, Golegã e Vila Nova da Barquinha, toda a Componente Operacional do Sistema de Forças do Exército está a ser posto à prova e será avaliado. O Operacional foi assistir junto ao Castelo de Almourol, por sinal um “ex-libris” da Engenharia Militar Portuguesa, à operação de transposição do Rio Tejo que parte das forças empenhadas teve que fazer para prosseguir a sua missão.

O "Orion", tradicionalmente o grande exercício anual do Exército, não se realizava com tropas no terreno há 4 anos. Envolve em 2015 cerca de 3.000 militares –conta com a colaboração do EMGFA, Marinha, Força Aérea, GNR e autarquias do distrito de Santarém– e estão a ser treinados “um espectro abrangente das operações terrestres, nomeadamente, em operações de intervenção limitada, de resposta a crises e de alta intensidade”.

O “Orion”, tradicionalmente o grande exercício anual do Exército, não se realizava com tropas no terreno há 4 anos. Envolve cerca de 3.000 militares –conta com a colaboração do EMGFA, Marinha, Força Aérea, GNR e autarquias do distrito de Santarém– e estão a ser treinados “um espectro abrangente das operações terrestres, nomeadamente, em operações de intervenção limitada, de resposta a crises e de alta intensidade”.

Só para situar a acção concreta deste artigo no contexto do exercício, diremos, em linhas muito gerais, que um batalhão da Brigada de Intervenção, equipado com viaturas Pandur II 8X8, e o Posto de Comando Táctico do exercício, com viaturas M-113, se deslocavam numa “marcha para o contacto” (ou seja íam deliberadamente à procura do inimigo), para o atacar, havendo por isso a necessidade de transpor rapidamente os obstáculos que surgissem, neste caso um de grandes dimensões como o rio Tejo. Fique claro, como ensinam os manuais militares, que a transposição em si não é a finalidade principal da operação, essa é, colocar a força de combate em condições de atacar e derrotar a força opositora. Mas…sem os meios e competências da Engenharia, neste caso da Companhia de Pontes do Regimento de Engenharia n.º 1 (Tancos, onde até há muito pouco tempo estava a Escola Prática de Engenharia, e onde historicamente sempre têm estado os “pontoneiros” portugueses), a força combatente ficaria bloqueada.

A travessia deve ser feita tão rápido quanto possível, as primeiras forças a transpor o obstáculo montam um perímetro de segurança – cabeça-de-ponte – que garanta o normal desenrolar da acção.

Embora possa não parecer esta actividade não sendo de extraordinária complexidade também não é tão simples como muito julgarão. Há uma série de factores que podem condicionar a travessia, alguns muito básicos mas que carecem de atenção prévia, reconhecimento. A consistência das margens, até onde conseguem chegar os trens de navegação, o acesso aos pontos de embarque/desembarque, obstáculos no rio, correntes, etc, por isso também a acção é acompanhada por embarcações para acudir a alguma emergência. Trata-se de um exercício as regras de segurança são cumpridas. E demora o seu tempo! Habituados que estamos a ver “cenas destas” em filmes de guerra ou até em demonstrações militares, onde tudo é concentrado no tempo e no espaço para permitir uma boa visualização, por vezes esquecemos que quando as coisas são feitas “a sério”, em tempo real, os procedimentos adequados, quer técnicos quer tácticos, e os imponderáveis da realidade, consomem tempo!

Neste caso, a totalidade da Companhia PANDUR/NRF 16 (mais de uma dezena de viaturas) e o Posto de Comando Táctico, demoraram cerca de uma hora e meia a fazer a transposição do Tejo, sem problemas de maior que o “engenho e a arte” não resolvessem! Deve no entanto ter-se em consideração, por exemplo, que as viaturas íam chegando ao rio, espaçadas no tempo, e não havia propriamente uma “fila de espera”, o que naturalmente, a ser detectado, constituiria um alvo remunerador para a artilharia opositora.

Melhor do que palavras, a reportagem fotográfica mostra a acção dos militares do Pelotão de Apoios Flutuantes da Companhia de Pontes, nesta travessia e nas legendas tentamos chamar a atenção para alguns detalhes.

O que vimos foram trens de navegação – “jangadas” – da Ponte Flutuante Ribbon, os quais foram manobrados, cada um por dois por barcos Schottel. Não vimos mas mostramos em fotos de arquivo as viaturas de transporte deste equipamento, os MAN 4520.

Uma nota final para algo que não está na reportagem mas julgamos deve ser dito. As pontes militares, estas que vimos e outras, são uma capacidade única, mais uma, que o Exército Português tem e que muito naturalmente coloca em missões de apoio às entidades civis sempre que tal é solicitado. Estas em concreto (as Ribbon) já foram usadas nos últimos anos em apoio da Coudelaria de Alter, na ilha do Lezirão (Azambuja) ou da Câmara Municipal da Golegã, na lagoa de Alverca, aqui uma desta pontes foi montada noutra modalidade, com um vão de 62m. Mais utilizadas por entidades civis, e em resposta a calamidades naturais, são as pontes fixas (Pontes Bailey e Treadway), as quais já foram empregues na Madeira, Odemira, Torres Novas, Coruche e outros locais, muitas destas mantendo-se anos, com manutenção regular executada pelos militares de engenharia.

As primeiras Pandur II (uma Transporte de Pessoal 12,7mm e outra Porta-Canhão 30mm) chegam junto ao ponto de embarque, na margem direita do Tejo.

As primeiras Pandur II (uma Transporte de Pessoal 12,7mm e outra Porta-Canhão 30mm) chegam junto ao ponto de embarque, na margem direita do Tejo.

Enquanto aguardam ordem para avançar o canhão 30mm vai "vigiando" a margem esquerda.

Enquanto aguardam ordem para avançar o canhão 30mm vai “vigiando” a margem esquerda.

Cada trem de navegação transportou em cada "leva" 2 viaturas blindadas Pandur II e respectivas guarnições.

Cada trem de navegação transportou em cada “leva” 2 viaturas blindadas Pandur II e respectivas guarnições.

Em cada margem uma equipa de sapadores pontoneiros garantem a operação das pontes em segurança. São procedimentos simples mas têm que se executados com desembaraço e segurança.

Em cada margem uma equipa de sapadores pontoneiros garantem a operação das pontes em segurança. São procedimentos simples mas têm que se executados com desembaraço e segurança, está-se a lidar equipamentos que pesam toneladas, e estão…instáveis.

O trem de navegação – “jangadas” – da Ponte Flutuante Ribbon,é manobrado, por dois por barcos Schottel....

O trem de navegação – “jangadas” – da Ponte Flutuante Ribbon,é manobrado, por dois por barcos Schottel…

...sob orientação do sargento responsável, que dá ordens aos operadores dos barcos por gestos...

…sob orientação do sargento responsável, que dá ordens aos operadores dos barcos por gestos…

..até atingir a margem no local exacto e permitir o desembarque das viaturas transportadas.

…até atingir a margem no local exacto e permitir o desembarque das viaturas transportadas. Militares da Polícia do Exército, estavam em ambas as margens para evitar que viaturas ou pessoas não autorizadas interviessem no normal desenrolar do exercício. Especialmente na margem direita, junto ao Castelo, estas movimentações – a um Sábado – atraíram muita curiosidade!

Chegados à margem esquerda, apesar de alguns contratempos com o itinerário, as viaturas Pandur seguem em grande velocidade para as posições onde aguardarão a restante força.

Chegados à margem esquerda, apesar de alguns contratempos com o itinerário, as viaturas Pandur seguem em grande velocidade e a coberto da vegetação para as posições onde aguardarão a restante força.

No rio as vagas sucedem-se, uma após outra. Quando um trem está a navegar, outro está já a embarcar a próxima vaga.

No rio as vagas sucedem-se, uma após outra. Quando um trem está a navegar, outro embarca a próxima vaga.

Os elementos das guarnições das viaturas têm que vestir os "coletes salva-vidas" para a transposição do rio.

Os elementos das guarnições das viaturas têm que vestir os “coletes salva-vidas” para a transposição do rio…

Além disto, durante o trajecto as viaturas vão com as rampas abertas para permitir a saída rápida em caso de acidente.

…além disto, durante o trajecto as viaturas vão com as rampas abertas para permitir a saída rápida em caso de acidente…

...e no rio embarcações da Engenharia mantêm-se por perto por precaução e, ao mesmo tempo, embarcam militares da Companhia Geral CIMIC - relações civis-militar - para alguma eventualidade.

…e no rio embarcações da Engenharia mantêm-se por perto por precaução e, ao mesmo tempo, com militares da Companhia Geral CIMIC – unidade de natureza conjunta (3 ramos das Forças Armadas), encargo do Regimento de Engenharia n.º 1 para as relações civil-militar – para alguma eventualidade.

Quando os trens chegam à margem têm que se conseguir a sua estabilidade antes do desembarque.

Quando os trens chegam à margem têm que se conseguir a sua estabilidade antes do desembarque, o que é conseguido por cabos de aço e “tire fort”, trabalho moroso neste contexto mas necessário…

Enquanto o desembarque se processa a fixação a terra não é suficiente e os "Scottel" têm que manter o trem alinhado.

Enquanto o desembarque se processa a fixação a terra não é suficiente e os “Schottel” têm que manter o trem alinhado. Na outra margem a “carga está quase pronta”!

Neste caso aqui está uma fase delicada do processo, a margem em areia é muito instável e todo o cuidado é pouco para não ficar "atascado".

Neste caso aqui está uma fase delicada do processo, a margem em areia é muito instável e todo o cuidado é pouco para não ficar “atascado”.

A grande velocidade as Pandur afastam-se do Tejo e vão ocupar as suas posições de combate na "cabeça-de-ponte".

A grande velocidade as Pandur afastam-se do Tejo e vão ocupar as suas posições de combate na “cabeça-de-ponte”.

No Tejo os sapadores pontoneiros continuam as suas tarefas junto ao Castelo de Almourol, cuja história será anterior a 1171 quando foi reedificado por Gualdim Pais da Ordem dos Templários. Terá sido habitado até 1600 e foi restaurado no século XIX.No século XX, o conjunto foi adaptado a Residência Oficial da República Portuguesa, aqui tendo lugar alguns importantes eventos do Estado Novo

No Tejo os sapadores pontoneiros continuam as suas tarefas junto ao Castelo de Almourol, cuja história será anterior a 1171 quando foi reedificado por Gualdim Pais da Ordem dos Templários que o recebeu de D. Afonso Henriques. Terá sido habitado até 1600 e foi restaurado no século XIX. No século XX, o conjunto foi adaptado a Residência Oficial da República Portuguesa, aqui tendo lugar alguns importantes eventos do Estado Novo. É Monumento Nacional e Prédio Militar que está a cargo do Regimento de Engenharia n.º1 e pode ser visitado.

Dos barcos Schottel...

Além das acções prévias de planeamento de uma operação deste tipo realizadas ao nível do Estado-Maior da força em operações e do comando da Companhia de Pontes, é afinal dos barcos Schottel…

...da competência e desembaraço dos seus operadores...

…da competência e desembaraço dos seus operadores…

...e do profissionalismo e bom-senso dos Sargentos Sapadores Pontoneiros da Companhia de Pontes do RE 1 dependem em grande medida o sucesso destas operações de transposição de um obstáculo natural que tem a "capacidade" de só por si, travar uma força militar em operações.

…e do profissionalismo e bom-senso dos Sargentos Sapadores Pontoneiros da Companhia de Pontes do RE 1 dependem em grande medida o sucesso da transposição de um obstáculo natural que tem a “capacidade” de só por si, travar uma força militar em operações.

O PC Táctico estava composto por 3 viaturas M-113, as últimas a transpor o Tejo.

O PC Táctico estava composto por 1 viaturas M-113 e 2 M577A2 as quais apesar da sua idade e naturais limitações em alguns aspectos, ainda mostraram que podem “dar cartas” a nível de deslocamento em todo-o-terreno.

O M577A1

O M577A2, a versão da “família” M-113 destinada a Posto de Comando.

Em ambas as margens do Tejo militares da Policia do Exército, alguns de binómios cinófilos, cumpriram as suas missões de segurança e permitiram a realização dos movimentos de pessoas e viaturas sem incidentes.

Em ambas as margens do Tejo militares da Policia do Exército, alguns de binómios cinófilos, cumpriram as suas missões de segurança e permitiram a realização dos movimentos de pessoas e viaturas sem incidentes.

O comandante do Exército, General Carlos Jerónimo (1), acompanhou o exercício juntamente com o Comandante da Forças Terrestres, Tenente-General Faria Menezes (4), os comandantes das três brigadas do Exército, MGen Aguiar Santos (5) da BrigInt,  MGen Nunes da Fonseca (3), da BrigMec e MGen Cardoso Perestrelo (6) da BrigRR, o seu chefe de gabinete, MGen Ribeiro Braga (2) e do MGen Pires da Silva (7).

O comandante do Exército, General Carlos Jerónimo (1), acompanhou o exercício juntamente com o Comandante da Forças Terrestres, Tenente-General Faria Menezes (4), os comandantes das três brigadas do Exército, MGen Aguiar Santos (5) da BrigInt, MGen Nunes da Fonseca (3), da BrigMec e MGen Cardoso Perestrelo (6) da BrigRR, o seu chefe de gabinete, MGen Ribeiro Braga (2) e do MGen Pires da Silva (7).

Mais uma missão cumprida para a Companhia de Pontes do Regimento de Engenharia n.º 1 de Tancos.

Mais uma missão cumprida para a Companhia de Pontes do Regimento de Engenharia n.º 1 de Tancos.

Mostramos aqui, em fotos de arquivo - Braga 2009, Dia do Exército - o modo como estas pontes "ribbon" chegam ao local onde são empregues.

Mostramos aqui, em fotos de arquivo – Braga 2009, Dia do Exército – o modo como estas pontes “Ribbon” chegam ao local onde são empregues.

Quer os trens de navegação quer os barcos Schottel, são transportados em viaturas pesadas MAN 4520.

Quer os trens de navegação quer os barcos Schottel são transportados em viaturas pesadas MAN 4520 e atrelados.

 

 

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