EM PARIS NO MUSEU DO AR E DO ESPAÇO (II)
Por Miguel Machado • 21 Out , 2010 • Categoria: 03. REPORTAGEM, 14.TURISMO MILITAR PrintDepois de termos percorrido as áreas dedicadas à 2ª Guerra Mundial, início e desenvolvimento da aviação a jacto, visitado os Concorde, helicópteros e uma série de aviões contemporâneos que estão ao ar livre, vamos hoje terminar a visita a Le Bourget: aviação no período entre-guerras, a conquista do Espaço, primeiros passos da aeronáutica e o 1º conflito mundial.
No período que se seguiu à 1ª Guerra Mundial assistiu-se a um grande desenvolvimento da aviação civil e um sector do museu reflecte exactamente isso. Foram os já chamados, também entre nós, “tempos heróicos” da aviação. Das grandes viagens intercontinentais, das corridas, dos recordes e do aperfeiçoamento das máquinas voadoras, muitas das vezes com custos humanos bastante relevantes.
Este “hall” é sem surpresa designado “Saint-Exupéry” (piloto, artista, pioneiro do correio aéreo e militar) um dos aviadores franceses que marcou a época e ficou para todo o sempre como símbolo de um certo modo de estar na vida, não só pelo que realmente fez como pelo que escreveu. Morreu voando em combate na 2ª Guerra Mundial.
Dos muitos aviões que esta enorme sala apresenta, em vários níveis verticais, destacamos: o Bernard 191″Oiseau Canari” que em 1929 cumpriu a primeira travessia do Atlântico Norte pilotado por franceses; da mesma altura o Breguet XIX Superbidon “Point d’Interrogation” especialmente concebido para bater recordes de “longo curso” e que fez em 1930 o primeiro voo sem escala Paris a Nova-Iorque; o Potez 53 de 1933 construído para uma prova de velocidade, percorreu 2.000 Km em 6 horas, 11 minutos e 45 segundos, uma média de 322,800Km/h; o O Caudron C-635 Simoun, de 1934, rapidíssimo (350Km/h) que foi muito utilizado para transportar correio; o De Havilland «Dragon Rapide» DH-89A de 1934 (que Portugal bem conhece) que no último patamar deste “hall” está a lançar um pára-quedista; vários planadores e muitas outras glórias desta época de ouro da aviação. Mas também motores e outros acessórios e equipamentos da época preenchem o espaço. Não faltam (aliás em todo o museu!) painéis com partes de álbuns de BD com histórias de aviação e um sistema de simulação “tipo jogo PC” para os mais novos testarem a sua habilidade.
Ainda aqui uma homenagem ao moderno ultra leve francês “Sky Ranger” concebido em 1983 e que já vendeu mais de 15.000 unidades detendo alguns recordes na sua área. Em Le Bourget dá-se destaque ao piloto Thierry Barbier que com ele está a cumprir um programa de viagens em todos os continentes tendo já feito muitos voos na Europa e em África.
De seguida saltamos no tempo e vamos até outra “época heróica”, a conquista do espaço. Aqui encontramos mais uma enorme panóplia de foguetes, foguetões, mísseis, satélites, e de tudo um pouco que tenha a ver com a utilização militar e civil do espaço. Os franceses mantêm muito orgulho na sua capacidade nuclear, nos mísseis balísticos, mostram-no ao mundo e ensinam-no aos jovens. Mas aqui não é esquecida, pelo contrário, a utilização civil do espaço e a sua utilização na melhoria das condições de vida na Terra.
Da V-2 alemã, que tem um motor exposto, aos mísseis balísticos portadores de ogivas nucleares SSB3 S, passando pela cápsula soviética (Soyouz T6) utilizada no primeiro voo espacial franco-soviético em 1982, e a muitos satélites das mais diferentes épocas e finalidades, há aqui um pouco de tudo, incluindo vários equipamentos (viaturas, fatos, etc.) soviéticos e americanos.
Voltamos a dar outro salto no tempo e dirigimo-nos para a nave central da antiga aerogare civil do aeroporto de Le Bourget, onde se encontra a exposição dedicada aviação na 1ª Guerra Mundial e também um espaço sobre o nascimento da aviação. Antes, note-se, aproveitamos para almoçar no “L’Helice” que tem área de restaurante propriamente dito – serviço à lista – espaço para comidas mais ligeiras adquiridas no local. Depois de recuperar forças, passagem pela loja do museu com um sem número de artigos disponíveis para venda e, então, fomos ao inicio da aviação com os aparelhos dos irmãos Voisin.
Esta enorme ala do museu, vários níveis em altura, com passadeiras para os visitantes poderem ver as aeronaves “em voo” bem de perto, é mais um mundo, com dezenas de aviões de várias nacionalidades, muitos manequins devidamente fardados e equipados, viaturas, armamento, e toda uma panóplia de acessórios ligados “ao ar”. É ainda neste sector que os amantes dos modelos podem ver milhares de miniaturas de aviões de todos os tipos e nacionalidades. E os “ases” da aviação, pilotos que marcaram este conflito nos ares.
Dos aparelhos do inicio da aviação aos dirigíveis, passando por balões cativos, aviões “artilheiros” (autênticos AC-130 “gunship” da 1ª Guerra!) e dezenas de biplanos (e triplanos) deste primeiro conflito, aqui podemos ter uma noção do que foi a aviação nos primeiros anos de vida, do desenvolvimento que conheceu e dos protagonistas, na paz e na guerra, desta actividade que marcou como poucas outras o século XX.
Veja aqui a primeira parte deste artigo: EM PARIS NO MUSEU DO AR E DO ESPAÇO (I)
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