DIA DA BRIGADA DE REACÇÃO RÁPIDA ASSINALADO EM SINTRA
Por Miguel Machado • 14 Set , 2009 • Categoria: 03. REPORTAGEM PrintA Brigada de Reacção Rápida do Exército assinalou em 13 de Setembro de 2009 mais um dia festivo e mais uma vez esta comemoração teve lugar fora do quartel. A Vila de Sintra acolheu em 12 e 13 de Setembro as habituais acções destinadas a mostrar publicamente os equipamentos e actividades desta grande unidade e a cerimónia militar do “Dia da Brigada de Reacção Rápida”.
A cerimónia militar que foi presidida pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, General Pinto Ramalho e teve a presença do Presidente da Câmara Municipal local, Dr. Fernando Seara, seguiu o figurino tradicional nestas ocasiões, com uma formatura geral de efectivos das diferentes unidades que constituem a Brigada de Reacção Rápida. Presente ainda a OMLT (Operational Mentor and Liasion Team) que neste final de Setembro ruma a Cabul para substituir a equipa semelhante que se encontra no Afeganistão. Na realidade estas duas OMLT foram constituídas não na totalidade mas maioritariamente por militares da BRR.
No local escolhido para a parada militar, a “Volta do Duche” junto ao “Palácio da Vila”, a formatura só foi possível adoptando um curioso alinhamento – quem nem causou mau aspecto visual. No decurso cerimónia procedeu-se à entrega do Estandarte Nacional à OMLT, realizou-se a tradicional Homenagem aos Mortos, imposição de condecorações a militares da BRR que se destacaram no cumprimento das suas missões (vários nos teatros de operações exteriores), o comandante da brigada, Major-General Raúl Cunha fez um discurso de balanço da actividade da unidade antes último ano, do qual retiramos as passagens para este artigo e o General Pinto Ramalho endereçou uma mensagem ao pessoal militar e civil da brigada que foi lida publicamente perante as forças em parada.
Do discurso do MGen Raúl Cunha, comandante da brigada:
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O processo de transformação do Exército determinou a criação em 01 de Janeiro de 2006 da Brigada de Reacção Rápida, herdeira das tradições da, entretanto extinta, Brigada Aerotransportada Independente. Ficaram portanto congregadas na mesma Grande Unidade, as Forças de Operações Especiais, As Forças de Comandos e as Forças Pára-Quedistas, conjugando-as com uma Unidade de Helicópteros, no sentido de lhes proporcionar a terceira dimensão do campo de batalha e com um Grupo de Artilharia de Campanha que fornece à Brigada os meios de apoio de fogos necessários à tipologia de emprego de uma Unidade de Reacção Rápida. Adicionalmente, e sedeadas noutras Unidades do Sistema de Forças Nacional, a Brigada pode contar com os restantes normais apoios, nomeadamente, em Reconhecimento pelo Esquadrão de Reconhecimento do Regimento de Cavalaria Nº3, em Engenharia por uma Companhia de Engenharia da Escola Prática de Engenharia e em Defesa Aérea por uma Bateria de Artilharia Anti-Aérea do Regimento de Artilharia Anti-Aérea Nº1. A Brigada de Reacção Rápida conta ainda com um Batalhão de Apoio Aeroterreste da Escola de Tropas Pára-Quedistas que proporciona apoio em Abastecimento Aéreo, Equipamento Aéreo e Precursores.
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Todo este acervo operacional de excelência busca a sua sustentação no Comando Completo que exerço sobre as oito Unidades de Escalão Regimental, da Estrutura Fixa do Exército e que com toda a justiça, importa designar:
Escola de Tropas Pára-Quedistas
Centro de Tropas Comandos
Centro de Tropas de Operações Especiais
Regimento de Infantaria 3
Regimento de Infantaria 10
Regimento de Infantaria 15
Regimento de Artilharia 4
Unidade de Aviação Ligeira do Exército
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Mas o trabalho no seio da Brigada, não se esgota no seu perfil de grande Unidade Operacional, porquanto para além de toda uma metodologia de treino operacional, é de relevar também o seu essencial papel na obtenção e formação dos novos soldados de Portugal. E tal desiderato baseia-se na premissa da Brigada de Reacção Rápida incluir no seu agregado organizacional três Centros de Formação, designadamente a Escola de Tropas Pára-Quedistas, O Centro de Tropas de Operações Especiais e o Centro de Tropas Comandos, onde são ministrados os cursos fundamentais para a preparação das respectivas forças.
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Assim a nível do Treino Operacional, a Brigada de Reacção Rápida exerceu o seu esforço na obtenção de capacidades com as seguintes actividades operacionais:
No âmbito das Sub-Unidades operacionais da Brigada o desempenho treinou-se nos Exercícios SECTORIAIS. No âmbito da Brigada como um todo, no Exercício APOLO e no Exercício ORION a começar brevemente. No âmbito da Força de Reacção Imediata o Exercício LUSIADA. No âmbito dos compromissos internacionais com a NATO:
Preparação da NATO Response Force 13 (NRF13), missão cometida ao 2º Batalhão de Infantaria Pára-Quedista, cujo processo de certificação nacional foi recentemente concluído.
Preparação da NATO Response Force 14 (NRF14), missão cometida à 1ª Bateria de Bocas de Fogo, cujo processo de certificação nacional foi recentemente concluído.
Preparação da NATO Response Force 15 (NRF15), missão cometida ao Special Operations Task Group (SOTG), cujo processo de certificação nacional vai ocorrer no mês de Dezembro.
No âmbito dos Aprontamentos das Forças Nacionais Destacadas para o Teatros de Operações do Afeganistão, foi efectuado o aprontamento e projecção da 1ª OMLT (Operational Mentor and Liaison Team), encontrando-se a 2ª OMLT pronta para ser projectada dentro de dias para o referido Teatro de Operações, concorrencialmente com este aprontamento a Brigada contribuiu com a Force Protection que integra o Módulo de Apoio.
No âmbito Internacional, os seguintes Exercícios:
ARRCADE FUSION do Estado-maior da Brigada no Allied Rapid Reaction Corps (ARRC)
MADERAL da Força de Operações Especiais.
Decorrente das actividades de treino operacional, e das capacidades consequentemente adquiridas, o empenho real da Brigada desenvolveu-se no âmbito Internacional com a projecção, sustentação e emprego no Teatro de Operações do Afeganistão, onde os nossos militares têm cumprido missões de elevado risco, mas sempre com um nível de proficiência profissional e anímica de excepção.
Acresce aqui dizer que aos bons resultados obtidos, não foi estranho o nível da preparação a montante, subjacente num processo de obtenção de recursos humanos com os perfis adequados, uma formação exigente, um treino operacional duro e realista e um aprontamento musculado e muitas vezes nos limites da capacidade de apoio da própria Brigada.
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No âmbito da instrução, e numa permanente vontade de extrapolar limites de proficiência, o desafio está patenteado na proposta de criação (na Escola de Tropas Pára-quedistas) de um Centro de Excelência NATO na área Aeroterrestre, algo que se considera de fulcral interesse e importância para o nosso Exército e mesmo para o País.
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Também um conjunto de participações e empenhamentos, baseados na sua estrutura territorial, concorreram para que o seu quadro de missões fosse plenamente atingido.
Assim, a participação da Brigada de Reacção Rápida em missões de apoio e colaboração com os sistemas de protecção civil, nomeadamente no auxílio em situações de cheias e no combate aos fogos, revelou todo um conjunto de actividades que consubstanciam uma das mais nobres missões que podem ser cometidas a uma Unidade do Exército: o apoiar a população portuguesa em caso de necessidade e em situações de calamidade.
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(A) Brigada de Reacção Rápida, preparada para os exigentes desafios do futuro, constitui-se como um elemento fundamental e indispensável, dum Exército que se pretende moderno, adequadamente sustentado e capaz de actuar em todo o Espectro da Conflitualidade actual.
(…)
No final da cerimónia efectuou-se uma visita à exposição de materiais patente no largo do “Palácio da Vila” e seguiu-se uma demonstração raramente vista naquele local (havia quem afirmasse mesmo nunca vista!). A equipa de pára-quedismo “Falcões Negros” efectuou um salto de precisão a partir de um Alouette III da Força Aérea Portuguesa, aterrando junto ao público que ali assistia ao evento, arrancando calorosas salvas de palmas!
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