C-295M APRESENTADO NA BASE AÉREA N.º 6
Por Miguel Machado • 7 Abr , 2009 • Categoria: 01. NOTÍCIAS PrintA Esquadra 502 – até agora sediada em Sintra na Base Aérea n.º 1 – está desde hoje, 7 de Abril de 2009, oficialmente na Base Aérea n.º 6 no Montijo, no mesmo dia em que foram apresentados publicamente os três primeiros aviões de transporte táctico C-295M que a Força Aérea recebeu recentemente.
A cerimónia de hoje no Montijo foi presidida pelo Chefe do Estado-Maior da Força Aérea, General PILAV Luis Araújo, e contou com a presença de representantes da firma fornecedora, a EADS-CASA, da DEFAERLOC/EMPORDEF , a entidade que comprou as aeronaves C295M para o Estado Português, autoridades civis e militares nacionais e estrangeiras e convidados de toda a estrutura da Força Aérea.
O evento teve lugar no hangar da Esquadra 502 onde estavam estacionados dois C-295M perante a formatura geral da Esquadra sob o comando da Major PILAV Diná Azevedo, 2º comandante da 502. Depois da apresentação ao CEMFA procedeu-se à cerimónia oficial de transferência dos “Elefantes” para a Base Aérea N.º 6 tendo o comandante da Esquadra 502, o Tenente-Coronel PILAV Luís Graça recebido o Guião da Esquadra das mãos do comandante da sua nova unidade, Coronel PILAV Cartaxo Alves.
Seguiu-se uma intervenção do Director do Programa do C-295M e de seguida do CEMFA e finalmente a bênção das aeronaves pelo Capelão Chefe da Força Aérea Portuguesa.
Estava encerrada a cerimónia e todos os presentes puderam tomar contacto directo com as aeronaves.
Portugal adquiriu 12 aeronaves C-295M, sendo 7 de transporte táctico e 5 de patrulha marítima.
Foi no passado dia 18 de Novembro de 2008, em Madrid, na Base Aérea de Getafe, que teve lugar entrega pela firma EADS à DEFAERLOC, do 1º C-295M que Portugal encomendou em Fevereiro de 2006. A DEFAERLOC, Locação de Aeronaves Militares, SA, empresa do grupo EMPORDEF (Empresa Portuguesa de Defesa SGPS), comprou os aparelhos com o financiamento de instituições bancárias para os colocar à disposição da Força Aérea pelo sistema de “leasing operacional”, ou seja, mediante o pagamento de uma determinada importância anual. Segundo a Lei de Programação Militar a verba autorizada para este programa é da ordem dos 400 milhões de euros a pagar até 2021.
A Divisão de Transporte Aéreo Militar da EADS prestará o chamado “Full-In Service Support” num período mínimo inicial de 5 anos. A importância deste aspecto pode ser aferida pela ausência de procedimento semelhante no contrato do EH-101 – também adquirido em leasing – e os problemas daí decorrentes. No âmbito das contrapartidas negociadas para este contrato a EADS apoiará o desenvolvimento da indústria aeronáutica em Portugal.
Reajustamento organizacional
No último trimestre de 2007 foram formados na EADS CASA em Sevilha a major Diná Azevedo e o major Pedro Bernardino com o Type Rating C295 (o curso de qualificação inicial) a que se seguiu, na Base Aérea de Getafe, um curso de 3 semanas na Ala 35, uma das unidades de transporte do Mando Aéreo de Combate do Ejército del Aire (Força Aérea Espanhola). Estes dois oficiais estão adstritos à missão portuguesa que acompanha em Sevilha o processo de aceitação desta nova aeronave da FAP, o qual inclui, entre outros aspectos, o acompanhamento dos testes de certificação, qualificação e finalmente de aceitação de cada uma das aeronaves. Seguiram-se outros pilotos e técnicos de várias especialidades ligadas a este novo sistema de armas.
Os C-295 estão atribuídos à Esquadra 502 onde está já em curso um programa de abate progressivo da frota C-212, com a “inibição” gradual das aeronaves de acordo com um planeamento destinado, por um lado a manter operacionais os aviões necessários às missões atribuídas e por outro evitar investimentos avultados em grandes revisões. No máximo dentro de dois anos apenas os C-212-300 estarão a voar. A capacidade principal destes últimos AVIOCAR recebidos pela Força Aérea, em 1994, é a vigilância marítima, ou seja, a mesma dos últimos C-295 a ser entregues em 2010. É assim previsível que por essa altura, quando as novas aeronaves estiverem totalmente operacionais, estes sejam os últimos C-212 a ser abatidos ao efectivo da Força Aérea Portuguesa.
Como em aviação não se improvisa, ou pelo menos deve-se improvisar o mínimo indispensável, desde o inicio de 2007 as esquadras que operam o C-212 sofreram um reajustamento organizacional. Os pilotos da Esquadra 401 (dotada de C-212-300 e C-212-100, para operações de reconhecimento aéreo, guerra electrónica e vigilância marítima) começaram a ser qualificados para cumprir também missões da 502 (transporte aéreo táctico e geral, busca e salvamento). Nesse sentido os “Cientistas” da 401 passaram a efectuar missões típicas dos “Elefantes” da 502 como por exemplo os destacamentos em S. Tomé (entretanto terminado) ou o lançamento de pára-quedistas.
Embora se mantenham cerca de uma dúzia de aeronaves C-212 operacionais no Continente, Madeira e Açores, deverá ser definitivamente “desligado do serviço” durante o próximo ano, no caso da série 100 e em 2010 a série 300 (vigilância marítima).
Adeus “AVIOCAR”, bem-vindo C-295
Estamos assim a assistir ao fim de mais uma época no transporte aéreo em Portugal, a qual se iniciou logo após o fim da guerra em África e só agora, passadas três décadas irá terminar. Os C-212-100 chegados a Portugal entre Outubro de 1974 e Abril de 1976 para substituir os “Noratlas”, cumpriram e preparam-se para o fazer até ao fim – irão ainda voar em simultâneo com os C-295 – as missões atribuídas com segurança e eficiência, nunca esquecendo que tem cabido também à Esquadra 502 a fundamental missão de “escola de formação de pilotos em multimotores”.
Para quem foi passageiro frequente – embora a maioria das vezes só com “bilhete de ida”, como é o caso dos antigos pára-quedistas militares do “Operacional” – é com saudade que o vemos partir mas também com o sentimento que cumpriu o seu dever, teve o seu tempo e está na hora de ser substituído.
Adeus “AVIOCAR”, bem-vindo C-295M!
Filme da Força Aérea Portuguesa
Miguel Machado é
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