BATALHA DO VIMEIRO: VISITA AO CENTRO DE INTERPRETAÇÃO
Por Miguel Machado • 26 Jul , 2011 • Categoria: 06. PORTUGAL EM GUERRA - SÉCULO XIX, 14.TURISMO MILITAR
Dentro de dias, a 21 de Agosto, assinala-se mais um aniversário, o 203.º, da Batalha do Vimeiro. Nesse ano de 1808 ingleses e portugueses derrotaram nesta batalha no Concelho da Lourinhã o exército francês, pondo fim àquilo que passou à história como Primeira Invasão francesa.
Em 2008, duzentos anos depois da batalha, na localidade que deu nome ao confronto e junto ao monumento que cem anos antes havia sido erigido para a assinalar, foi construído o Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro. Iniciativa que pouco a pouco parece estar a ser replicada em vários locais das “Linhas de Torres”, muito ajuda o visitante interessado a compreender o que ali se passou e, ao mesmo tempo, tem servido de local dinamizador de várias actividades ligadas à temática militar. Das exposições de modelismo a ponto de partida para passeios pedestres, este Centro de Interpretação, mantido pela Câmara Municipal da Lourinhã e pela Junta de Freguesia do Vimeiro-Lourinhã, é o local que hoje propomos aos nossos leitores visitar.
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Monumento comemorativo do centenário da batalha, implantado no cimo da colina do Vimeiro, junto onde hoje está o Centro de Interpretação.
As comemorações do bicentenário das “Linhas de Torres” – construídas a partir de 1809 para deter a “3.ª Invasão” e que não integravam o Vimeiro, passando mais a Sul, por Torres Vedras – que terminaram recentemente, felizmente ao contrário do que é habitual entre nós, deram lugar a abundante informação publicada quer em suporte papel quer digital – o blog http://linhasdetorres.blogspot.com/ deve ser o sítio que mais informação conseguiu recolher sobre a temática, muito mais que alguns sítios oficiais, dedicados a aspectos sectoriais e focados nos seus patrocinadores – e, mesmo que sem grande coordenação, foram levadas a cabo muitas actividades de impacto nacional, parte das quais aliás com a presença das mais altas figuras do Estado e consequente divulgação pela comunicação social. Foram assim comemorações que chegaram certamente ao conhecimento da generalidade da população portuguesa quer por via das iniciativas nacionais quer das locais, patrocinadas pelas autarquias da região em causa, muitas com a colaboração do Exército e, por incrível que possa parecer, com forte empenhamento financeiro de entidades estrangeiras, nomeadamente na criação da Rota Histórica das Linhas de Torres.
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Ao fundo à esquerda, o Centro de Interpretação. Nesta “esplanada” do Monumento ao Centenário, podem ser apreciados vários painéis de azulejos com cenas dos acontecimentos da época das Invasões Francesas.
Assim mais do que escrever sobre a Batalha do Vimeiro, outros mais informados já o fizeram e quem se interessar facilmente acede à informação, apresentamos hoje o Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro, esperando motivar os leitores para uma visita ao local e à região.
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O edifício foi construído de modo a permitir, do seu interior, visualização de parte importante do campo de batalha. Em primeiro plano uma réplica de peça de artilharia do reinado de D. Maria I. Ao fundo à direita a loja do Centro, com um conjunto bem razoável de recordações alusivas .
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A Associação Napoleónica Portuguesa cedeu alguns dos elementos museológicos expostos, nomeadamente uniformes e réplicas de armas. Aqui o uniforme de um soldado português de Caçadores n.º 6 em 1810.
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Uniforme de soldado inglês na Guerra Peninsular em 1808 pertencente ao 9.º Regimento “of Foot”, cedido pelo Museu Militar de Lisboa.
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A uniformologia da época está patente não só nos manequins mas também em vários outros suportes das pinturas em tela e aguarelas aos azulejos passando pelas miniaturas.
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A “batalha construída” pelo Arquitecto/Professor Augusto Silva e alunos da Escola Dr. Afonso Pereira Rodrigues da Lourinhã, permite uma interessante visualização do campo de batalha…
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…com inúmeras situações do combate no Vimeiro e a ele associadas, envolvendo largas centenas de imagens.
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Originais das principais armas de fogo e armas brancas usadas na época e algumas miniaturas de armamento pesado também estão disponiveis.
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Uma curiosidade entre outras o facto da Royal Navy ter dado o nome de “Vimiera” (em honra à batalha) a mais do que um dos seus navios de guerra.
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A segunda sala mais dedicada a expoisões temporárias apresentava à data da visita, entre outros elementos, uma exposição alusiva às comemorações do Centenário da Batalha.
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Estão expostas (e vendem-se) gravuras alusivas às várias invasões francesas, quase e sempre em locais ainda hoje reconheciveis, da autoria de Salvador Ferreira.
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Do mesmo autor, no piso inferior do Centro, um monuental painel de azulejos com uma intrepretação da Batalha do Vimeiro.
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Muitos dos turistas que hoje frequentam a praia de Paimogo certamente ignoram quem já por ali andou!
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Os adeptos dos passeios pedestres têm na região uma sugestão que percorre 17.600m em 4 etapas (PR 3 “Pelos caminhos da Batalha do Vimeiro”), e onde locais que foram palco dos combates de 1808 podem ser visitados.

Estátua “Ao Soldado Português da Guerra Peninsular” de Helder Silva e Fernando Sarzedas, numa rotunda da povoação do Vimeiro, evoca o espirito de sacrificio dos soldados anónimos de então.
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Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro; Rua do Monumento, nº 17 – A 2530 – 835 Vimeiro – Lourinhã T +351 261 988 471; Telm +351 910084726 www.cm-lourinha.pt/turismo cibatalhavimeiro@cm-lourinha.pt facebook: CIBV – Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro
Sobre a Guerra Peninsular no “Operacional”, leia GUERRA PENINSULAR: 200 ANOS DEPOIS
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