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102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO “GENERAL KAREL PALECEK”

Por • 24 Dez , 2008 • Categoria: 03. REPORTAGEM Print Print
As Unidades Militares dos novos países europeus serão uma constante no "Operacional".

As Unidades Militares dos novos países europeus serão uma constante no "Operacional". (Foto 102. Pruzkumný Prapor)

INTRODUÇÃO

Este artigo não tem a intenção de fazer emergir todos os principais factos que marcaram a história do pára-quedismo militar no período da República Socialista da Checoslováquia e das suas unidades mais representativas.

Acresce que com a divisão deste território da Europa Central, em finais do ano de 1992, formaram-se duas repúblicas independentes: a República Checa (Boémia e Morávia) e a República Eslovaca (Eslováquia).

Embora pacífica, esta cisão provocou alguns pequenos atritos na divisão do património histórico, económico, social e até militar.

Para a temática que interessa aos nossos leitores e que vamos abordar, é frequente ver os dois países reivindicarem para o seu património histórico individual factos relevantes, como é o caso da maior operação levada a efeito por pára-quedistas checoslovacos, em 27 de Maio de 1942, e que redundou no atentado contra o “representante do 3º Reich para os territórios do auto-denominado PROTECTORADO da BOÉMIA E MORÁVIA”: o General da polícia nazi, REINHARD HEYDRICH.

Em 27 de Maio de 1942, dois pára-quedistas das Forças Armadas checoslovacas formados no estrangeiro (Manchester – Inglaterra), JOSZEF GABCÍK e JAN KUBIS, atentaram na cidade de Praga contra este destacado oficial nazi, depois de terem sido infiltrados por salto em pára-quedas.

Este episódio marcou decisivamente a história da resistência antifascista europeia durante a 2ª Guerra Mundial, emprestando os seus heróis intervenientes, nos dias de hoje, os seus nomes para as mais diversas finalidades: ruas, localidades, e até unidades militares, como é o caso da principal unidade pára-quedista eslovaca: o 5º REGIMENTO DE FORÇAS ESPECIAS “JOSZEF GABCÍK” (SLOVKL-5 PLUK SPECIALNEHO URCENIA), sedeado em Zilina.

Assim, neste artigo, vamos procurar mostrar, com as limitações que este tipo de unidades impõe, algumas curiosidades históricas, orgânica, insígnias e a real importância da única unidade de reconhecimento das Forças Armadas da República Checa: o 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO “GENERAL KAREL PALECEK”.

O 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO é uma unidade pára-quedista com características únicas no seio das Forças Armadas da República Checa.

O 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO é uma unidade pára-quedista com características únicas no seio das Forças Armadas da República Checa. (Foto 102. Pruzkumný Prapor)

ACTIVAÇÃO: HISTÓRIA BREVE

A história da formação e activação do 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO tem inicio em 1994, quando o DESTACAMENTO DE RECONHECIMENTO DE LONGO RAIO DE ACÇÂO é activado e sedeado na cidade de Kromeriz.

Posteriormente, esta unidade é transferida para a guarnição de Prostejov e, por motivo de reorganização das Forças Armadas Checas, em 1 de Outubro de 2000, é integrada na 1ª Divisão Mecanizada e adopta outra designação: 11º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO.

Em consequência das contínuas reformas levadas a efeito pelas Forças Armadas Checas, em 1 de Dezembro de 2003, são dissolvidas as seguintes unidades de reconhecimento: 2º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO (Strasice); 4º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO (Bechyne) e 7º BATALHÂO DE RECONHECIMENTO (Kromeriz).

A dissolução destas três unidades vai, finalmente, dar origem à activação e formação do 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO, subordinado ao Comando de Forças Conjuntas (Olomouc), tornando-se na única unidade de reconhecimento (pára-quedista) das Forças Armadas da República Checa.

MISSÃO E POSSIBILIDADES

O 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO é uma unidade especial, muito embora o conjunto dos seus efectivos integrem alguns militares das forças regulares em tarefas administrativas e outras de carácter menos técnico.

Um grupo de reconhecimento em missão de observação (Foto do 102.Pruzkumný Prapor)

Um grupo de reconhecimento em missão de observação (Foto do 102.Pruzkumný Prapor)

Tem como missão conduzir acções de:

– reconhecimento clássico;

– reconhecimento óptico-electrónico aéreo com veículos não tripulados;

– reconhecimento de longo raio de acção;

– raids;

– monitorar determinadas situações numa área predefinida;

– resgate e exfiltração;

– reconhecimento e destruição de objectivos remuneráveis;

– acções antiterroristas com eliminação física dos potenciais elementos;

– auxílio às forças de segurança na protecção das fronteiras nacionais;

– protecção de objectivos vitais (económicos; militares ou outros assim considerados).

Esta unidade pode ainda desenvolver acções conjuntas com outras unidades de combate regular, porém dentro de um planeamento preliminar e definido.

No Teatro de Operações do Afeganistão, a prática do tiro de precisão foi uma constante. (Foto 102. Pruzkumný Prapor)

No Teatro de Operações do Afeganistão, a prática do tiro de precisão foi uma constante. (Foto 102. Pruzkumný Prapor)

PESSOAL/ MATERIAL E FORMAÇÃO

Apesar de ser uma unidade de escalão batalhão e única no seio das Forças Armadas Checas, o Ministério da Defesa não se tem poupado a esforçados, dotando a mesma com armamento (veículos de reconhecimento de combate – “BpzV” -, radares e veículos de reconhecimento não tripulados “SOJKA III TV/TVM”) e equipamento que a coloca ao nível das melhores do mundo.

Outro aspecto que já é uma tradição é o carácter voluntário de todos os seus integrantes, mesmo aqueles provenientes das unidades regulares e que são integrados em tarefas com carácter menos operacional.

Todos os restantes militares que integram as unidades operacionais, para além das suas especialidades técnicas, têm de ter um denominador comum: o curso de pára-quedismo.

O Exército Checo não dispõe de uma Escola de Pára-quedismo. Contudo, dispõem de uma área de formação básica aeroterrestre na Academia Militar de Vyskov (região da Morávia), onde os jovens dão os primeiros passos e aprendem a saltar em pára-quedas.

O Departamento de Formação Aeroterrestre da ACADEMIA MILITAR DE VYSKOV promove, assim, uma preparação básica que tem a duração mínima de 4 semanas. Após a formação técnica em terra, são realizados os saltos em pára-quedas, considerando-se concluído o curso após a realização do quinto salto.

Posteriormente, o 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO tem capacidade para ministrar cursos de abertura manual operacional a todos aqueles que integrem as suas unidades de combate e reconhecimento.

O Curso de Abertura Manual Operacional termina após a realização do 30º salto, depois de saltos com retardos que vão desde os 5 segundos até 50 segundos.

Insígnia oficial do 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO " General Karel Palecek ".
Insígnia oficial do 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO ” General Karel Palecek “.

DISTINTIVO DE IDENTIFICAÇÃO DA UNIDADE E UNIFORMES

O distintivo principal do 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO tem a forma circular com o fundo verde e debruado a vermelho, expressando desta forma a sua vocação aeroterrestre e de reconhecimento.

Ao centro um pára-quedas como símbolo-chave de unidade de reconhecimento-pára-quedista.

As asas representam a capacidade da unidade em executar o reconhecimento aéreo.

Os raios simbolizam o carácter nobre da unidade.

O punhal representa a sua capacidade em empreender o combate através de pequenas unidades especiais, bem como a aptidão para o uso de meios não convencionais.

Relativamente aos uniformes, esta unidade para além dos regulamentados e em uso oficial nas Forças Armadas Checas, dispõe de outros muito específicos, principalmente para missões especiais com infiltração HALO/HAHO.

É ainda importante referir que nesta unidade coabitam dois tipos diferentes de boinas:

– a de cor “vermelho-grenat” é exclusiva para os militares habilitados com o Curso de Pára-quedismo;

– a “verde” é exclusiva para os militares oriundos das unidades regulares e sem qualquer formação aeroterrestre.

Distintivo de qualificação exclusiva para os operacionais do 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO " General Karel Palecek ". (Col. do autor)

Distintivo de qualificação exclusivo dos operacionais do 102º Batalhão de Reconhecimento "Karel Palecek". (Col. do autor)

Distintivo de identificação de unidade para uso no uniforme de cerimónia. (Col. do autor)

Distintivo de identificação de unidade para uso no uniforme de cerimónia. (Col. do autor)

NOTAS:

(*) Com excepção das insígnias e distintos que são da colecção do autor, todas as fotos foram cedidas pelo Comando do 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO, via autor.

(*) O autor agradece ao Tenente-Coronel pára-quedista Jindrich STARÝ (Comandante do 102º BATALHÃO DE RECONHECIMENTO até ao fim do primeiro semestre de 2008)  toda a atenção prestada, bem como a cedência e envio de todo o material fotográfico que ilustra este artigo.

General KAREL PALECEK alguns traços biográficos(*)

Nascido em 28 de Janeiro de 1896, em Pilsen, o General KAREL PALECEK foi o primeiro Comandante das Tropas Pára-quedistas na história das Forças Armadas checoslovacas.

Com uma participação muito activa na 1ª Guerra Mundial, esteve nas frentes de combate de Halic, na área de Jzerna e em Zlocov como membro da Legião Checoslovaca na Rússia.

Em 1920 opta definitivamente pela carreira das armas e adquire uma grande experiência de comando à frente de inúmeras unidades operacionais, entre elas o 46º Regimento de Infantaria (Chomutov).

Em Março de 1939, juntamente com um grupo de oficiais vai para Inglaterra onde presta serviço na área das Informações. Nomeado Chefe do «GRUPO ESPECIAL “D”», em 2 de Julho de 1942, liderou diversas operações no âmbito das informações em diferentes lugares.

É ainda neste período que assume a difícil tarefa de seleccionar os pára-quedistas checoslovacos que irão participar na “OPERAÇÃO ANTHROPOID” e que culminou com o assassinato do General nazi REINHARDT TRISTAN EUGEN HEYDRICH, máximo representante do 3ª Reich no auto-denominado Protectorado da Boémia e Morávia (nome pelo qual ficou conhecida a ex-Checoslováquia anexada pelos nazis em 1939).

Em Março de 1945 é transferido para a Frente Oriental (Kosice).

Após o difícil período da 2ª Guerra Mundial retorna ao seu país com o posto de Tenente-Coronel e assume funções na área das Informações.

Mais tarde é colocado na Arma de Infantaria com a missão de preparar um grupo que iria integrar a primeira unidade pára-quedista.

Em 1948, o Coronel KAREL PALECEK é nomeado Comandante das TROPAS PÁRA-QUEDISTAS, sendo de imediato promovido ao posto de Major-General.

Pelo percurso da sua carreira militar, o General KAREL PALECEK é uma personalidade única na história militar checa, sendo considerado um herói da 1ª e 2ª Guerra Mundial e pioneiro na activação e formação das unidades pára-quedistas checoslovacas.

Faleceu a 12 de Março de 1962.

General KAREL PALECEK
General KAREL PALECEK

(*) Biografia elabora pelo autor com base em múltiplas fontes oficiais.

Organograma da unidade
Organograma da unidade

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